Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.
Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.
Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.
Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Como gostaríamos, junto a Maria, de recomeçar a adquirir a verdadeira ciência e a elevada sabedoria das verdades divinas.
Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar este desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.
Primeiro, uma lição de silêncio. Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada. O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.
Uma lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “filho do carpinteiro”! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui, restabelecer a consciência da nobreza do trabalho; aqui, lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim. Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo nosso Senhor. (Das Alocuções do Papa Paulo VI - Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de 1964. In Oficio das Leituras. Festa da Sagrada Família. 30/12/2016).
"Toda escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". (II Tm 3,16-17). Acesse https://diaconiadapalavra.blogspot.com/. Comentários da liturgia diária.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
domingo, 25 de dezembro de 2016
Palavra-Luz
Hoje é dia de Natal. Dia de contemplar a presença de Deus, feito homem, como criança, no meio de nós.
Recordo o Gênesis, onde Deus convivia com a humanidade. A narrativa da criação dos seres humanos nos coloca numa intimidade tal com Deus, envoltos em sua graça, que nada poderia nos separar do amor de Deus.
Entretanto, a desobediência humana à vontade divina, nos retirou do paraíso. Da convivência com Deus. De sua graça. Deus, então, promete um retorno. Dá-nos a esperança de que o retorno é possível. A serpente terá sua cabeça esmagada pela descendência da mulher. Se por uma mulher o pecado entrou no mundo, por uma mulher a salvação virá até nós. Se o pecado nos retirou do paraíso, ou seja, da convivência com a graça de Deus, nos será dado um menino, pelo qual virá a remissão dos pecados, abrindo-nos a porta do paraíso.
Hoje é Natal! E quem nos anuncia isso? O mensageiro, aquele que vai pelos vales e pelos montes. Que não se cansa. Que leva a palavra de Deus. Que proclama a paz e a esperança. Que vai adiante dos filhos e filhas de Deus. Que aponta para o próprio Deus que vem ao nosso encontro. Que nasce. Que passa a viver as vicissitudes humana. Que experimenta nossa fraqueza. Que passa a sofrer nossas dores. Que busca anunciar a paz, a misericórdia, a esperança para todos e todas que são por ele amados. Para os que promovem a paz e buscam a justiça. Para os que são misericordiosos.
Hoje é Natal! Contemplamos um menino que nasce. Mas que já existia antes de todos os tempos. Palavra que criou e para a qual tudo foi criado. Palavra que gerou vida, e dessa vida surgiu a Luz para iluminar o caminho dos que andavam nas trevas; na escuridão do pecado; no erro; na intolerância; no desprezo; no ódio; na guerra. Luz que ilumina o mais íntimo do nosso ser. O mais escondido dos nossos segredos. Luz que ilumina a vida. Luz que veio trazer vida, e vida em plenitude.
A Palavra gerou Luz (“Disse Deus: - Exista a luz. E a Luz existiu” Gn. 1,1). A Palavra gerou vida (“Nela havia vida” Jo.1,4a), que é fonte de Luz.
E para que serve a luz? Para iluminar! E para tirar das trevas. Para apontar o caminho; por isso, “como são belos os pés do mensageiro”. Sempre há uma mensagem de paz, de esperança, de fraternidade. De vida!
Hoje é Natal! Uma luz brilha em nossas vidas. Essa luz “verdadeira que ilumina todo homem” (Jo. 1,9), vem ao nosso encontro. E todos que recebem essa luz, tornaram-se capazes de serem “filhos de Deus” (Jo.1,12), pois “não nasceram do sangue nem do desejo da carne, nem do desejo do varão, mas de Deus” (Jo. 1,13). É como disse Jesus a Nicodemos, “se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo.3,5). E ainda, “se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus” (Jo.3,3). Quão bela, divina e iluminada experiência, “nascer de novo”. Jesus nasce “de novo”. Sua encarnação é um renascer. É um tornar a vida humana. É um viver essa experiência humana de ser criatura. Esvaziando-se da divindade (Fl.2,6-7), e tornando-se servo de todos, na mesma condição humana, menos no pecado.
Hoje é Natal! Pois, em Jesus Cristo, a lealdade e a fidelidade da lei que fora promulgada por Moisés foi cumprida; “faça-se a tua vontade” (Lc.22,42). E ainda, “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt.6,10).
Hoje é Natal! E o Filho de Deus nos revela o Pai através do seu nascimento. E o Filho nos revela o Pai através de sua Luz. E o Filho nos revela o pai através de sua Palavra. E o Filho nos revela o Pai através da sua missão de mensageiro.
Hoje é Natal! Sejamos discípulos missionários dessa Boa Nova. Sejamos portadores dessa notícia que foi enviada a todos os povos (os magos), e aos pastores (povo pobre). Sejamos anunciadores da mensagem que hoje celebramos. “Paz na terra a todos os homens de boa vontade”.
Feliz Natal.
Recordo o Gênesis, onde Deus convivia com a humanidade. A narrativa da criação dos seres humanos nos coloca numa intimidade tal com Deus, envoltos em sua graça, que nada poderia nos separar do amor de Deus.
Entretanto, a desobediência humana à vontade divina, nos retirou do paraíso. Da convivência com Deus. De sua graça. Deus, então, promete um retorno. Dá-nos a esperança de que o retorno é possível. A serpente terá sua cabeça esmagada pela descendência da mulher. Se por uma mulher o pecado entrou no mundo, por uma mulher a salvação virá até nós. Se o pecado nos retirou do paraíso, ou seja, da convivência com a graça de Deus, nos será dado um menino, pelo qual virá a remissão dos pecados, abrindo-nos a porta do paraíso.
Hoje é Natal! E quem nos anuncia isso? O mensageiro, aquele que vai pelos vales e pelos montes. Que não se cansa. Que leva a palavra de Deus. Que proclama a paz e a esperança. Que vai adiante dos filhos e filhas de Deus. Que aponta para o próprio Deus que vem ao nosso encontro. Que nasce. Que passa a viver as vicissitudes humana. Que experimenta nossa fraqueza. Que passa a sofrer nossas dores. Que busca anunciar a paz, a misericórdia, a esperança para todos e todas que são por ele amados. Para os que promovem a paz e buscam a justiça. Para os que são misericordiosos.
Hoje é Natal! Contemplamos um menino que nasce. Mas que já existia antes de todos os tempos. Palavra que criou e para a qual tudo foi criado. Palavra que gerou vida, e dessa vida surgiu a Luz para iluminar o caminho dos que andavam nas trevas; na escuridão do pecado; no erro; na intolerância; no desprezo; no ódio; na guerra. Luz que ilumina o mais íntimo do nosso ser. O mais escondido dos nossos segredos. Luz que ilumina a vida. Luz que veio trazer vida, e vida em plenitude.
A Palavra gerou Luz (“Disse Deus: - Exista a luz. E a Luz existiu” Gn. 1,1). A Palavra gerou vida (“Nela havia vida” Jo.1,4a), que é fonte de Luz.
E para que serve a luz? Para iluminar! E para tirar das trevas. Para apontar o caminho; por isso, “como são belos os pés do mensageiro”. Sempre há uma mensagem de paz, de esperança, de fraternidade. De vida!
Hoje é Natal! Uma luz brilha em nossas vidas. Essa luz “verdadeira que ilumina todo homem” (Jo. 1,9), vem ao nosso encontro. E todos que recebem essa luz, tornaram-se capazes de serem “filhos de Deus” (Jo.1,12), pois “não nasceram do sangue nem do desejo da carne, nem do desejo do varão, mas de Deus” (Jo. 1,13). É como disse Jesus a Nicodemos, “se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo.3,5). E ainda, “se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus” (Jo.3,3). Quão bela, divina e iluminada experiência, “nascer de novo”. Jesus nasce “de novo”. Sua encarnação é um renascer. É um tornar a vida humana. É um viver essa experiência humana de ser criatura. Esvaziando-se da divindade (Fl.2,6-7), e tornando-se servo de todos, na mesma condição humana, menos no pecado.
Hoje é Natal! Pois, em Jesus Cristo, a lealdade e a fidelidade da lei que fora promulgada por Moisés foi cumprida; “faça-se a tua vontade” (Lc.22,42). E ainda, “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt.6,10).
Hoje é Natal! E o Filho de Deus nos revela o Pai através do seu nascimento. E o Filho nos revela o Pai através de sua Luz. E o Filho nos revela o pai através de sua Palavra. E o Filho nos revela o Pai através da sua missão de mensageiro.
Hoje é Natal! Sejamos discípulos missionários dessa Boa Nova. Sejamos portadores dessa notícia que foi enviada a todos os povos (os magos), e aos pastores (povo pobre). Sejamos anunciadores da mensagem que hoje celebramos. “Paz na terra a todos os homens de boa vontade”.
Feliz Natal.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
“Deus é uma criança que brinca”(Jacob Boehme)
Aproxima-se
o Natal. Festa da esperança, da solidariedade, da fraternidade, do mistério de
um Deus que se fez “menino” com ternura e doçura. Um menino que salva. “Deus se
humanizou”.
Festa da
Esperança. Esperança para aqueles que viram seu mundo desmoronar por causa de
uma doença grave, por um filho/filha que tenha morrido, por uma esposa/esposo
que tenha perdido seu cônjuge, por um filho/filha que tenha perdido seus
pai/mãe, por amigos(as) que tenham perdido seus amigos(as). É festa da
Esperança porque são perdas inevitáveis, que nos deixam tristes. É Festa da
Esperança porque diante das dificuldades, encontramos forças fazer memória
aquilo de bom que vivenciamos juntos. É Festada da Esperança porque há uma
espera que não vemos agora, mas que contemplaremos no futuro. É Festa da Esperança
porque pelo simples fato de Esperar, vivemos! Vivemos a Espera. A Espera de que
os pobres possam ter comida nas mesas, os sem teto, casa para morar; sem terra,
espaço para plantar; os doentes, a cura; os famintos, comida; os sedentos,
água; os encarcerados, a justiça; os sem salário, a força para continuar na
luta.
É Festa da
Esperança porque Deus viu a aflição do seu povo, e veio libertá-lo. E como
libertou? Através de Moisés. É Festa da Esperança porque Deus quer contar com
cada um de nós para a libertação do jugo do opressor seja feita em conjunto, em
grupo, em assembleia, em união e unidade. Poderia Deus libertar seu povo sem
ajuda de ninguém? Claro que sim. Mas ele não o quis assim. Deus quer nosso
envolvimento em todos os seus atos. Até na hora da cura, Jesus perguntava, “o
que queres que eu lhe faça”! Deus respeita a condição e a vontade humana, por
isso se fez homem, para aprender o que era ser “criatura”.
E Deus se
fez ser humano como qualquer um de nós. Da concepção ao nascimento. Estava
inserido numa família, pai-mãe-filho. Tinha primos. Morava numa cidade, num
bairro, numa casa (apesar de seu nascimento ter-se dado num estábulo, onde
vivem os animais). Sentiu dores. Dores de perdas, dores de morte, dores de
partida. Chorou quando da morte do seu amigo Lázaro. Alegrou-se quando de sua
ressurreição. Encorajou seus companheiros, “não tenhais medo”!
Por isso, é
Festa da Esperança.
É Festa da
Solidariedade. Solidariedade porque Deus se fez igual a nós (menos no pecado).
Deus sentiu as dores dos humanos. Sentiu as necessidades dos humanos. Fez-se um
com a humanidade. Encarnou para saber o que era ser humano. Quais as nossas
virtudes, e quais as nossas carências. Em sua encarnação pode viver e
experimentar tudo o que o ser humano experimenta e vive. Sentiu quais são as
nossas provações. Viveu nossos sofrimentos, nossas fomes, nossas sedes, nossas
desesperanças e esperanças. Por isso, pode ser solidário com a humanidade. Por
isso, disse, “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que estão fazendo”. Por nos
ter sido Solidário, pode dizer que “felizes os que promovem a Paz porque serão
chamados de filhos de Deus”. Por nos ter sido Solidário, pode dizer, “felizes
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Por nos ter sido
Solidário, pode dizer, “felizes os puros de coração, porque verão a Deus”.
É Festa da
Fraternidade. E o que é ser fraterno? Fraterno é olhar para o outro e se
identificar como um ser humano igual. E olhar para o outro e ver nas dificuldades
dele/a as mesmas imperfeições minhas. Fraternidade é sofre as dores do outro,
com o outro ou pelo outro. Fraternidade é ser injuriado, caluniado, perseguido
e sentir-se alegre, pois foram ações sofridas não por mim, mas por todos os que
estão sendo perseguidos na história da humanidade. É Festa da Fraternidade
porque nos une num só coração. Numa só Esperança, numa só Solidariedade. É
festa que nos faz um só coração que anima a todos.
É Festa do
Mistério de Deus. E Mistério não se explica. Mistério se acolhe e guarda no
coração. Não há explicação lógica para Mistério, se não, deixaria de ser
Mistério. É mistério porque nos é inconcebível um Deus fazer-se homem. É
mistério porque nos é incompreensível um Deus sentir fome. É mistério porque não
cabe na nossa lógica humana um Deus morto por tortura. É mistério porque esse
Deus se revela nos mais fracos, nos doentes, nos famintos, nos encarcerados,
nos sem casa e terra, nos sem emprego, nos sem salário. É mistério porque
esconde na fragilidade de uma criança a remissão dos nossos pecados. É mistério porque apesar de ser Deus, Todo
Poderoso, esvaziou-se de seu poder e assumiu a condição humana, frágil, débil,
caída.
“Deus se
humanizou”. Quis fazer a experiência de criatura. Tornou-se um de nós, por isso
nos entende. Nos acompanha. Está ao nosso lado. Ele é a força. Ele é a
Esperança. E ele é o “EMANUEL”, o Deus conosco. O “emanu” (conosco) “el”
(Deus). Esse era o grito de guerra do exército de Israel nos tempos antigos.
Antes de cada batalha, o comandante gritava três vezes, “emanu”, e a tropa,
animada, respondia, “el”.
Queridas e
queridos, crentes e não crentes, religiosos(as), sigamos em frente. Ainda há
muitas batalhas até o fim da guerra. Mas “Deus está Conosco”. Digamos juntos “emanu
– el”.
Duas frases
fecham esse texto:
“Sede
prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas”. (Jesus Cristo). E sua
atualização, “Hay que endurecese, pero sin perder la ternura jamás”.
Feliz
Natal! Um Ano de 2017 repleto de conquistas e consolidações dos direitos dos
trabalhadores.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
"Emanu El" - Deus Conosco!
Na liturgia católica neste fim de semana, quarto domingo do Advento, uma semana antes da celebração do Natal, meditamos sobre a a formação da Sagrada Família.
O evangelho é de Mateus 1,18-24. Ele narra a chamada "Origem de Jesus". Situa essa origem na perspectiva terrena, sua Encarnação. Tornar-se carne. Passa a ter um corpo carnal. Deixa a sua condição de ser divino, e assume a condição humana (menos no pecado, como disse Paulo).
Mateus nos apresenta três personagens, Jesus-Maria-José. E, é claro, o anjo como mensageiro de Deus.
Ser mensageiro de Deus, essa é a função de Deus. Nosso primeiro ponto de meditação começa aí. Ser mensageiro de Deus na vida das pessoas. Somos sempre chamados a darmos razão da nossa esperança (1 Pedro. 3,15). O anjo anuncia que Deus está agindo na vida daquela família. Que o Senhor precisa de José e de Maria para se cumprir a palavra anunciada pelo profeta. Que eles são escolhidos para serem portadores da encarnação do próprio Deus na humanidade.
Era preciso os dois consentimentos, o primeiro de Maria, agora, o de José. Deus só age na humanidade com o consentimento daqueles que são destinados a estar dentro do projeto de salvação. Deus não nos violenta. Quer que nos aceitemos de coração a missão dada a nós.
Segundo, se Maria era Imaculada, José é o Justo. E ser justo, é aderir "ao misterioso desígnio de Deus, é justo porque se “ajusta” ao modo de agir de Deus, arrisca com Deus, embora os contornos do Seu Plano permaneçam obscuros e, em certos aspectos, incompreensíveis"(Pe. Adroaldo Palaoro,sj). E era "reto, íntegro, autêntico, bom". Tal como Maria, sem dizer uma palavra, deu seu sim a Deus também.
José é o homem que ensina como se ouve a voz de Deus no silêncio. Em nenhum momento do texto José interpela o anjo. Ouve! Medita! Reflete! Acolhe! Acordo do sono que paralisa, e vai agir. Tal como Maria, a mãe, que logo após o anúncio do anjo vai ao encontro de Isabel, José via ao encontro de Maria. Acolhe! Protege! Dá segurança para a obra de Deus.
O evangelista acrescenta que tudo era para que fosse cumprido tal como estava na tradição religiosa de seu povo. A recordação da profecia serve para mostrar que se realizava a salvação para a remissão dos pecados. Se o pecado levou o homem e a mulher a serem "expulsos" do paraíso, a encarnação de Jesus é a garantia do retorno, pois os pecados serão perdoados.
O texto termina falando do Emanuel. Às vezes, entendemos essa palavra como um nome próprio. Entretanto, era um grito de guerra do exército de Israel. Invocava-se a presença de Deus na luta, na guerra, na batalha. O comandante dizia emanu (conosco), e a tropa respondia el (Deus). Assim, se avançava sobre o inimigo. Com "Deus conosco". "Emanu" "El".
Agora, esse Deus vem ao nosso encontro para que possamos vencer a batalha contra o pecado. É um confronto que vai além da guerra física. É uma guerra espiritual. Uma guerra contra aquilo que nos afasta do amor Misericordioso de Deus. Uma guerra contra a falta de solidariedade, de caridade, de acolhimento. Uma guerra contra toda e sofrimento.
Gritar "emanu el" é colocar Deus à frente de todo sofrimento. De ter a certeza e a esperança de que ele está conosco, que está junto, que vai na batalha, que dá o suporte necessário para enfrentar as dificuldades da vida.
Assim, temos a certeza de que estamos entre os povos chamados a "ser discípulos de Jesus Cristo" (Rm. 1,6). Ele é o Deus que está conosco, o "emanu el".
Certos de que contamos com a vitória em Cristo, celebremos esse Natal com a esperança que nos coloca na vitória diante do pecado.
Então, oremos: Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo
pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso
Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
O evangelho é de Mateus 1,18-24. Ele narra a chamada "Origem de Jesus". Situa essa origem na perspectiva terrena, sua Encarnação. Tornar-se carne. Passa a ter um corpo carnal. Deixa a sua condição de ser divino, e assume a condição humana (menos no pecado, como disse Paulo).
Mateus nos apresenta três personagens, Jesus-Maria-José. E, é claro, o anjo como mensageiro de Deus.
Ser mensageiro de Deus, essa é a função de Deus. Nosso primeiro ponto de meditação começa aí. Ser mensageiro de Deus na vida das pessoas. Somos sempre chamados a darmos razão da nossa esperança (1 Pedro. 3,15). O anjo anuncia que Deus está agindo na vida daquela família. Que o Senhor precisa de José e de Maria para se cumprir a palavra anunciada pelo profeta. Que eles são escolhidos para serem portadores da encarnação do próprio Deus na humanidade.
Era preciso os dois consentimentos, o primeiro de Maria, agora, o de José. Deus só age na humanidade com o consentimento daqueles que são destinados a estar dentro do projeto de salvação. Deus não nos violenta. Quer que nos aceitemos de coração a missão dada a nós.
Segundo, se Maria era Imaculada, José é o Justo. E ser justo, é aderir "ao misterioso desígnio de Deus, é justo porque se “ajusta” ao modo de agir de Deus, arrisca com Deus, embora os contornos do Seu Plano permaneçam obscuros e, em certos aspectos, incompreensíveis"(Pe. Adroaldo Palaoro,sj). E era "reto, íntegro, autêntico, bom". Tal como Maria, sem dizer uma palavra, deu seu sim a Deus também.
José é o homem que ensina como se ouve a voz de Deus no silêncio. Em nenhum momento do texto José interpela o anjo. Ouve! Medita! Reflete! Acolhe! Acordo do sono que paralisa, e vai agir. Tal como Maria, a mãe, que logo após o anúncio do anjo vai ao encontro de Isabel, José via ao encontro de Maria. Acolhe! Protege! Dá segurança para a obra de Deus.
O evangelista acrescenta que tudo era para que fosse cumprido tal como estava na tradição religiosa de seu povo. A recordação da profecia serve para mostrar que se realizava a salvação para a remissão dos pecados. Se o pecado levou o homem e a mulher a serem "expulsos" do paraíso, a encarnação de Jesus é a garantia do retorno, pois os pecados serão perdoados.
O texto termina falando do Emanuel. Às vezes, entendemos essa palavra como um nome próprio. Entretanto, era um grito de guerra do exército de Israel. Invocava-se a presença de Deus na luta, na guerra, na batalha. O comandante dizia emanu (conosco), e a tropa respondia el (Deus). Assim, se avançava sobre o inimigo. Com "Deus conosco". "Emanu" "El".
Agora, esse Deus vem ao nosso encontro para que possamos vencer a batalha contra o pecado. É um confronto que vai além da guerra física. É uma guerra espiritual. Uma guerra contra aquilo que nos afasta do amor Misericordioso de Deus. Uma guerra contra a falta de solidariedade, de caridade, de acolhimento. Uma guerra contra toda e sofrimento.
Gritar "emanu el" é colocar Deus à frente de todo sofrimento. De ter a certeza e a esperança de que ele está conosco, que está junto, que vai na batalha, que dá o suporte necessário para enfrentar as dificuldades da vida.
Assim, temos a certeza de que estamos entre os povos chamados a "ser discípulos de Jesus Cristo" (Rm. 1,6). Ele é o Deus que está conosco, o "emanu el".
Certos de que contamos com a vitória em Cristo, celebremos esse Natal com a esperança que nos coloca na vitória diante do pecado.
Então, oremos: Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo
pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso
Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Promessa de salvação ao que espera no Senhor
Livro do Profeta Isaías (32,15–33,6)
Naqueles dias, se derramará sobre nós o espírito do alto. Então, o deserto se tornará jardim e o jardim crescerá como o bosque; no deserto haverá lugar para a honestidade, a justiça terá o seu jardim; a paz será o fruto da justiça,e o cultivo da justiça produzirá tranqüilidade e segurança permanente. O meu povo viverá num ambiente de paz, morando com confiança em lugares seguros. Mas o bosque se desfolhará todo e a cidade terá profunda decadência. Felizes vós que plantais, contando com muitas águas, e soltais livremente o boi e o asno. Ai de ti que roubas sem que ninguém te roube, saqueias, sem que ninguém te saqueie! Ao completares o roubo, virá alguém roubar-te; ao terminares o saque, virão saquear-te. Senhor, tem piedade de nós, que estivemos à tua espera; dá-nos ajuda cada dia, salva-nos na hora da aflição. Fugiram os povos ao fragor do trovão, dispersaram-se com medo de tua presença. Seus despojos se juntarão como um monte de lagartas, e serão atacados como por vorazes gafanhotos. O Senhor é o Altíssimo, pois habita nos céus; ele enche Sião de ordem e justiça. Os teus dias serão de segurança, a sabedoria e a ciência constituem as riquezas da salvação: o teu tesouro é o temor do Senhor.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Conhecimento do mistério escondido em Cristo Jesus
Conhecimento do mistério escondido em Cristo Jesus
Embora os santos doutores tenham explicado muitos mistérios e maravilhas, e pessoas devotadas a esse estado de vida os conheçam, contudo, a maior parte desses mistérios está por ser enunciada, ou melhor, resta para ser entendida.
Por isso é preciso cavar fundo em Cristo, que se assemelha a uma mina riquíssima, contendo em si os maiores tesouros; nela por mais que alguém cave em profundidade, nunca encontra fim ou termo. Ao contrário, em toda cavidade aqui e ali novos veios de novas riquezas.
Por este motivo o apóstolo Paulo falou acerca de Cristo: Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência de Deus (Cl 2, 3). A alma não pode ter acesso a estes tesouros, nem consegue alcançá-los se não houver antes atravessado e entrado na espessura dos trabalhos, sofrendo interna e externamente e sem ter primeiro recebido de Deus muitos benefícios intelectuais e sensíveis e sem prévio e contínuo exercício espiritual.
Tudo isto é, sem dúvida, insignificante; são meras disposições para as sublimes profundidades do conhecimento dos mistérios de Cristo, a mais alta sabedoria a que se pode chegar nesta vida.
Quem dera reconhecessem os homens ser totalmente impossível chegar à espessura das riquezas e da sabedoria de Deus! Importa antes entrar na espessura das labutas, suportar muitos sofrimentos, a ponto de renunciar à consolação e ao desejo dela. Com quanta razão a alma, sedenta da divina sabedoria, escolhe antes em verdade entrar na espessura da cruz.
Por isso, São Paulo exortava os efésios a não desanimarem nas tribulações, a serem fortíssimos,enraizados e fundados na caridade, para que pudessem compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de serem cumulados até receber toda a plenitude de Deus (Ef 3, 17-19).
Já que a porta por onde se pode entrar até esta preciosa sabedoria é a cruz, e é porta estreita, muitos são os que cobiçam as delícias que por ela se alcançam; pouquíssimos os que desejam por ela entrar.
Do Cântico espiritual, de São João da Cruz, presbítero (Red. B, str. 36-37, Edit. E. Pacho, S. Juan de la Cruz, Obras completas, Burgos, 1982, p. 1124-1135). (Sec. XVI)
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Choro!
Choro!
Choro pelos meus filhos!
Choro pelos meus netos!
Choro pelos idosos!
Choro pelos pobres!
Choro pelos estudantes!
Choro pelos professores do ensino fundamental!
Choro pelos doentes pobres!
Choro pelos que não vão se aposentar!
Choro pelos que vão morrer!
Choro!
"Mas, aí de vós ricos: comecem a chorar e gritar por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. Suas riquezas estão podres, suas roupas foram roídas pela traça; o vosso ouro e vossa prata estão enferrujados. Vós amontoastes tesouros para o fim dos tempos. Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos vossos campos: retidos por vós, esse salário clama, e os protestos dos trabalhadores chegaram ao ouvido do Senhor. Vós tivestes na terra uma vida de conforto e luxo; vós estais ficando gordo para o dia da matança! Vós condenastes e matastes o justo, e ele não conseguiu defender-se" (Tg. 5,1-6).
Choro pelos meus filhos!
Choro pelos meus netos!
Choro pelos idosos!
Choro pelos pobres!
Choro pelos estudantes!
Choro pelos professores do ensino fundamental!
Choro pelos doentes pobres!
Choro pelos que não vão se aposentar!
Choro pelos que vão morrer!
Choro!
"Mas, aí de vós ricos: comecem a chorar e gritar por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. Suas riquezas estão podres, suas roupas foram roídas pela traça; o vosso ouro e vossa prata estão enferrujados. Vós amontoastes tesouros para o fim dos tempos. Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos vossos campos: retidos por vós, esse salário clama, e os protestos dos trabalhadores chegaram ao ouvido do Senhor. Vós tivestes na terra uma vida de conforto e luxo; vós estais ficando gordo para o dia da matança! Vós condenastes e matastes o justo, e ele não conseguiu defender-se" (Tg. 5,1-6).
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
"Como são belos os pés que anuncia a paz"!
Hoje celebramos a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina.
Dois textos se completam os textos litúrgicos de hoje. Um, o evangelho de Lucas (1,39-47), e outro, na liturgia das horas, Ofício das Leituras, tirado de Isaias (52,7-13).
Nos dois textos, que se complementam, como é bom ver a ação de Maria. Mulher forte e guerreira. Ciosa do sofrimento de seu povo. Sabedora de que somente Deus é aquele que dá a paz. Uma paz que leva ao serviço. Que não acomoda. Nem fica sentada. Uma paz que anuncia sem dizer uma palavra: "Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar"? Disse Isabel ao ouvir a saudação de Maria. O que teria Maria dito para que a criança, que Isabel trazia no ventre, pulasse de alegria? A saudação, acredito eu, deve ter sido, שלום, ou seja, Paz, Shalom. E porque essa saudação? Pois, como diz Isaias, "Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: “Reina teu Deus"! Maria conhecia esse texto. Sabia que deveria anunciar a paz. Sempre. Onde estivesse. Mas, mais do que anunciar a paz, ela trazia o príncipe da Paz. Jesus fará a oração da Paz junto aos discípulos.
A Festa que celebramos hoje, encontra-se em sintonia com a mensagem do Natal que se aproxima. Sempre o Natal deve ser celebrado em Paz. Deve anunciar a Paz. Nos levar a verdadeira paz tão esperada por todos nós. A paz que gera serviço ao outro. A paz que gera ação de inclusão social. A paz que se preocupa com a vida do próxima. A paz que não retem salários. A paz que não gera guerra. A paz que constroem pontes. A paz que acolhe todos e todas, indiferentemente de sexo, cor, religião.
Maria! Mulher! Forte! Guerreira! Soube ouvir a voz de Deus e tudo guardou, e agiu sempre que foi preciso.
A Festa de hoje, nos lembra que nosso espírito se alegra em Deus, pois ele é o Senhor da vida.
"Alegrai-vos sempre no Senhor"!
Terceiro Domingo do Advento. "Permaneçamos firmes no caminho do bem".
A introdução do Ato Penitencial recorda que "a verdadeira alegria brota dos corações convertidos, cuja vida se deixa conduzir pelos ensinamentos de Jesus".
O evangelho, tirado de Mateus 11,2-11, nos traz uma anúncio da missão de Jesus diante de uma situação aparentemente desfavorável.
Três personagens aparecem: João, seus discípulos e Jesus.
João está preso. Privado da liberdade por causa de sua pregação. Havia manifestado o erro cometido pelo rei. Sendo fiel à palavra de Deus não poderia omitir-se em denunciar. Para o profeta não cabe escolha. Ele deve sempre denunciar aquilo que não é conforme a palavra de Deus, custe o que custar, até mesmo a prisão (ou a morte).
A palavra de Deus não tem limites nem alcance. Mesmo preso, João recebe notícias do que está acontecendo. Bem certo, que seus discípulos levem até ele as notícias. Deveriam ter falado da manifestação pública de Jesus. Como na época, existiam muitos falsos profetas, João manda seus discípulos irem até Jesus e fazerem a pergunta: "É tu aquele que há de vir..."?
Jesus sabia que aqueles homens viam da parte de João. Deveria conhecê-los. Então, sabe qual resposta João esperava ter. Uma certa senha, ou contra-senha. João precisa ter a certeza de que seu trabalho estava completo, pois ele havia sido o mensageiro que preparou o caminho para a vinda de Jesus.
Jesus respondeu: "Ide contar o que estais ouvindo e vendo". Primeiro ponto. Os discípulo foram procurar uma resposta, e tiveram que fazer uma experiência: ouvir e ver. O que se vê? Como se vê? Quem vê assimila com o coração. Quem ouve, com a inteligência, o entendimento, a compreensão.
Os discípulos de João deixaram-se fazer a experiência de "ver" cegos recuperarem a vista; de surdos ouvirem; de paralíticos andarem; de leprosos curados; mortos ressuscitarem. E o mais importante, por isso deixado por último, "os pobres são evangelizados". E manda um recado para específico para João: "Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim".
"Os pobres são evangelizados". Certa vez, fui perguntado, "o que é evangelizar"? Então, hoje nos vem a resposta. É saber inserir dentro da sociedade excludente os que são os preferidos de Deus, cegos, surdos, coxos, mortos, leprosos. São estes que nos receberão no reino dos céus. São estes que estavam ao lado da manjedoura quando Jesus nasceu. Foram esses aqueles que ouviram a palavra de Jesus e lhe disseram, "a quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna" (Jo. 6,68).
Então, Jesus dialogo com toda a comunidade a respeito de João. Ele pregava uma nova forma de vida. Um novo jeito de relacionar-se. Não usava roupas finas, não estava entrincheirado nos palácios, não viva no meio dos poderosos. Ele havia sido designado para preparar a vinda de Jesus. E hoje, nós somos chamados a preparar esse caminho. Não nos palácios, não com roupas suntuosas, não com mesas fartas. Mas sim ao lado dos que nada tem a oferecer. Cegos, coxos, paralíticos, leprosos, mortos. Aos que estão excluídos de nossa sociedade. Aos que estão nos palácios vivendo com regalias as custas do sofrimento do povo. Aos que esbanjam, enquanto muitos estão morrendo à minguá.
No dia em que celebramos a alegria, somos chamados a ser promotores da Esperança, da Paz, do Amor de Deus por nós.
Por isso, rezemos junto com o salmista, e digamos: "Vinde, Senhor, para salvar o vosso povo"!
A introdução do Ato Penitencial recorda que "a verdadeira alegria brota dos corações convertidos, cuja vida se deixa conduzir pelos ensinamentos de Jesus".
O evangelho, tirado de Mateus 11,2-11, nos traz uma anúncio da missão de Jesus diante de uma situação aparentemente desfavorável.
Três personagens aparecem: João, seus discípulos e Jesus.
João está preso. Privado da liberdade por causa de sua pregação. Havia manifestado o erro cometido pelo rei. Sendo fiel à palavra de Deus não poderia omitir-se em denunciar. Para o profeta não cabe escolha. Ele deve sempre denunciar aquilo que não é conforme a palavra de Deus, custe o que custar, até mesmo a prisão (ou a morte).
A palavra de Deus não tem limites nem alcance. Mesmo preso, João recebe notícias do que está acontecendo. Bem certo, que seus discípulos levem até ele as notícias. Deveriam ter falado da manifestação pública de Jesus. Como na época, existiam muitos falsos profetas, João manda seus discípulos irem até Jesus e fazerem a pergunta: "É tu aquele que há de vir..."?
Jesus sabia que aqueles homens viam da parte de João. Deveria conhecê-los. Então, sabe qual resposta João esperava ter. Uma certa senha, ou contra-senha. João precisa ter a certeza de que seu trabalho estava completo, pois ele havia sido o mensageiro que preparou o caminho para a vinda de Jesus.
Jesus respondeu: "Ide contar o que estais ouvindo e vendo". Primeiro ponto. Os discípulo foram procurar uma resposta, e tiveram que fazer uma experiência: ouvir e ver. O que se vê? Como se vê? Quem vê assimila com o coração. Quem ouve, com a inteligência, o entendimento, a compreensão.
Os discípulos de João deixaram-se fazer a experiência de "ver" cegos recuperarem a vista; de surdos ouvirem; de paralíticos andarem; de leprosos curados; mortos ressuscitarem. E o mais importante, por isso deixado por último, "os pobres são evangelizados". E manda um recado para específico para João: "Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim".
"Os pobres são evangelizados". Certa vez, fui perguntado, "o que é evangelizar"? Então, hoje nos vem a resposta. É saber inserir dentro da sociedade excludente os que são os preferidos de Deus, cegos, surdos, coxos, mortos, leprosos. São estes que nos receberão no reino dos céus. São estes que estavam ao lado da manjedoura quando Jesus nasceu. Foram esses aqueles que ouviram a palavra de Jesus e lhe disseram, "a quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna" (Jo. 6,68).
Então, Jesus dialogo com toda a comunidade a respeito de João. Ele pregava uma nova forma de vida. Um novo jeito de relacionar-se. Não usava roupas finas, não estava entrincheirado nos palácios, não viva no meio dos poderosos. Ele havia sido designado para preparar a vinda de Jesus. E hoje, nós somos chamados a preparar esse caminho. Não nos palácios, não com roupas suntuosas, não com mesas fartas. Mas sim ao lado dos que nada tem a oferecer. Cegos, coxos, paralíticos, leprosos, mortos. Aos que estão excluídos de nossa sociedade. Aos que estão nos palácios vivendo com regalias as custas do sofrimento do povo. Aos que esbanjam, enquanto muitos estão morrendo à minguá.
No dia em que celebramos a alegria, somos chamados a ser promotores da Esperança, da Paz, do Amor de Deus por nós.
Por isso, rezemos junto com o salmista, e digamos: "Vinde, Senhor, para salvar o vosso povo"!
sábado, 10 de dezembro de 2016
Nove anos de Ordenado
Aos Diáconos da Turma São Francisco de Assis
(2007)
São 9 anos de Ordenado. 12 anos de caminhada vocacional
Hoje fazemos nove anos de ordenados. Parabéns. Uma
graça pastoral muito grande para as comunidades às quais servimos.
Neste dia, retomo o texto de Atos dos Apóstolos,
capítulo sexto, dos versículos um ao sete para uma breve reflexão dessa
caminhada.
Aparentemente, uma pequena divisão começa a surgir
no meio dos discípulos. Nada estranho aos apóstolos que haviam passado por
isso. Em alguns momentos, uns querendo ser melhores que os outros; e ainda os
que queriam sentar-se ao lado de Jesus no reino.
A comunidade crescia. Agora, não somente judeus,
mas pessoas de diversas outras nações começavam a juntar-se aos que criam em
Jesus. Era preciso cuidar, pastorear aquelas pessoas. Era preciso acolher cada
um e cada uma dentro da sua cultura e forma de se expressar religiosamente
falando; além de falar a mesma língua. Aqui nasce a inculturação. É preciso
falar a língua de quem ouve a Palavra de Deus (At. 2,6c.).
Os apóstolos reúnem a comunidade. Colocam que não
é função deles servirem a mesa e descuidarem da pregação da Palavra de Deus.
Então, decidiram propor a escolha de homens que pudessem fazer a ligação entre
a Palavra e a Mesa. Entre a oração e a caridade. Entre a Eucaristia e o
Serviço. E para isso, deram as características necessárias para a escolha
dessas pessoas na comunidade. Que fossem “respeitados” (ou de “boa fama”),
“repletos do Espírito”, e de “prudência” (ou “sabedoria”). Homens que a
comunidade reconhecesse que vivam conforme a pregação dos Apóstolos.
Ser “respeitado”, ou de “boa fama”. Não significa
estarem totalmente isentos de pecados. Mas homens que se reconhecem pecadores e
necessitados da misericórdia de Deus. E que este pecado não os impede de falar
e agir movidos pela graça do Espírito Santo.
Ser “repletos do Espírito”. Confiar sempre na
providência de Deus. Acreditar que Deus age conforme seu Espírito anima. Crer
que Deus age em todas as circunstâncias.
Ser “prudentes”. Não agir por medo humano, mas
buscar a vontade de Deus em tudo o que acontece na comunidade. Ser capaz de
entender o que precisa ser feito de acordo com a Palavra de Deus. Ser mais fiel
a Deus do que aos homens.
Assim, irmãos, ao fazermos a meditação orante da
palavra, aprendamos como o Senhor quer que sejamos. Deixemos o Espírito Santo
agir em nós. Guiados pela Palavra de Deus e iluminados pelo Espírito Santo,
estaremos sendo “respeitado, repletos do Espírito, e prudentes”.
Que Santo Estêvão nos abençoe nesse dia. Que São
Francisco de Assis, padroeiro de nossa turma, nos faça cada vez mais solícitos
à necessidade dos sofredores. Que São Lourenço nos inspire a ver nos pobres a
riqueza de Deus e de sua igreja.
Amém!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
"Alegra-te, cheia de graça"!
Dia oito de dezembro celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
Mais do que falar sobre a concepção sem pecado de Maria. Mais do que falar sobre o dogma em si. Quero refletir com você sobre a profundidade das leituras bíblicas, principalmente a leitura do Gênesis e do Evangelho. Duas atitudes diferentes de um chamado de Deus.
No Gênesis vemos Deus em constante diálogo com os seres humanos, aqui representados por Adão e Eva. Um diálogo intrigante se olharmos mais de perto. Deus havia dado aos seres humanos de ter uma vida confortável. Uma vida envolta na graça divina diariamente. Sem maiores intercorrências.
Mas a escritura lembra que Deus procurou Adão logo após ele ter comido do fruto da árvore que lhe havia sido pedido que não tocasse. É interessante neste ponto pois no lembra Jesus nos convidando a estarmos sempre vigilantes. Ele diz que o espírito é forte, mas a carne é fraca. Além disso, acrescentou que o dia do juízo virá em dia que menos se espera, portanto, devemos estar vigilantes sempre, em oração. E na oração do Pai Nosso rezamos, "e não nos deixeis cair em tentação...".
Neste dia, é logo a primeira leitura que nos faz pensar sobre a nossa vida espiritual. Como estamos com a vida de Oração. Como vivemos nossa prática caritativa.
Em seguida, rola todo o discurso que já sabemos de cor. Mas uma coisa sempre me marcou nesse texto. Adão culpa a quem por ter comido o fruto? Claro que todos responde, "Eva". Mas se nos detivermos mais atentamente ao texto, veremos que não é correta essa reposta. Diz Adão: "A mulher que tu me destes por companheira..." (Gn. 1,12). Vejam, Adão diz a Deus que a mulher que Ele havia dado por companheira. Sempre temos a tendência em colocar a culpa em alguém. Adão diz que a "culpa" é de Deus, pois foi ele que havia dado aquela companheira. Aquela "mulher". Mas recordemos que Adão não vira em nenhum dos seres criados aquele que lhe era semelhante. Então, Deus formou de sua costela, de seu DNA, de sua célula tronco, um ser semelhante a ele. E Adão se agradou desse ser feminino.
Sempre procuramos culpados para os nossos fracassos fora de nós mesmos.
O evangelho (Lc. 1,26-38) nos brinda com uma das mais belas passagens da escritura, Deus em diálogo com o ser humano, com uma mulher. Dizemos, se por uma mulher entrou o pecado no mundo, por outra mulher nos veio a salvação (estou tomando emprestada a frase de Paulo: "se por um homem entrou o pecado no mundo, por outro homem, Jesus Cristo, veio a salvação).
Deus sempre se preocupou com a humanidade. Logo após a queda Deus preparou um plano de retorno ao paraíso, ao Reino de Deus.
Existem várias cenas dentro de uma mesma cena. Estas podem ser enxergadas a partir de vários ângulos. Existe uma região, Galileia; existe uma cidade, Nazaré; existe um ser humano, Maria; existe o divino, anjo Gabriel.
Partamos de Maria. Ela está situada no tempo e no espaço. Isso garante a Jesus uma descendência humana, uma linhagem. Uma ligação com a humanidade. Lembremos que no fim da primeira leitura, Adão nomeia a mulher de "Eva", pois é a mãe de todos os viventes. Maria passa a ser a mãe de todos os novos viventes. Viventes no espírito.
Haveria uma tristeza em Maria? Porque o anjo diz "alegra-te cheia de graça"? Percebamos, se estamos em graça, na graça de Deus, não podemos estar tristes. A tristeza não vem de Deus. Todos os que estão na graça de Deus estão alegres. A saudação causou estranheza a Maria. A alegria poderia transformar-se em temor, por isso o anjo avisa, "não tenhas medo, encontrastes graça diante de Deus". É assim que devemos encarar as surpresas de Deus em nossa vida, como "graça".
Em seguida, ele diz o que ocorrerá. Maria não é boba. Sabe como se dá a concepção. Por isso, é preciso a explicação do anjo. Guarda em pureza e castidade, ela reúne as condições necessárias para ser a mãe de Deus. A serpente quis que a humanidade se afastasse de Deus. Mas Deus nos quer sempre ao seu lado. Vejam, Deus colocou inimizade entre os seres humanos e o mal. Não é possível a convivência, pois "Deus é amor", e sendo amor, se somos feitos a sua imagem e semelhança, somos também amor. Maria é o símbolo máximo do amor humano a Deus. Quando amamos, buscamos fazer a vontade do outro, "faça-se em mim segundo a tua palavra".
Queridas e queridos, hoje celebramos a grande festa de fecundidade espiritual em nós. Ouçamos a voz do anjo. Deixemos Deus agir em nossa vida. Alegremo-nos, exultemos. Não tenhamos medo Deus está conosco, pois "encontrastes graça diante de Deus". Nosso pecado não pode ser maior que a nossa graça. A graça de Deus nos liberta, nos salva, nos conduz ao Reino de Deus.
Aprendamos a dizer "Faça-se". Agremo-nos. Vivamos confiantes em Deus, e não em nós mesmos como Adão e Eva fizeram.
Mais do que falar sobre a concepção sem pecado de Maria. Mais do que falar sobre o dogma em si. Quero refletir com você sobre a profundidade das leituras bíblicas, principalmente a leitura do Gênesis e do Evangelho. Duas atitudes diferentes de um chamado de Deus.
No Gênesis vemos Deus em constante diálogo com os seres humanos, aqui representados por Adão e Eva. Um diálogo intrigante se olharmos mais de perto. Deus havia dado aos seres humanos de ter uma vida confortável. Uma vida envolta na graça divina diariamente. Sem maiores intercorrências.
Mas a escritura lembra que Deus procurou Adão logo após ele ter comido do fruto da árvore que lhe havia sido pedido que não tocasse. É interessante neste ponto pois no lembra Jesus nos convidando a estarmos sempre vigilantes. Ele diz que o espírito é forte, mas a carne é fraca. Além disso, acrescentou que o dia do juízo virá em dia que menos se espera, portanto, devemos estar vigilantes sempre, em oração. E na oração do Pai Nosso rezamos, "e não nos deixeis cair em tentação...".
Neste dia, é logo a primeira leitura que nos faz pensar sobre a nossa vida espiritual. Como estamos com a vida de Oração. Como vivemos nossa prática caritativa.
Em seguida, rola todo o discurso que já sabemos de cor. Mas uma coisa sempre me marcou nesse texto. Adão culpa a quem por ter comido o fruto? Claro que todos responde, "Eva". Mas se nos detivermos mais atentamente ao texto, veremos que não é correta essa reposta. Diz Adão: "A mulher que tu me destes por companheira..." (Gn. 1,12). Vejam, Adão diz a Deus que a mulher que Ele havia dado por companheira. Sempre temos a tendência em colocar a culpa em alguém. Adão diz que a "culpa" é de Deus, pois foi ele que havia dado aquela companheira. Aquela "mulher". Mas recordemos que Adão não vira em nenhum dos seres criados aquele que lhe era semelhante. Então, Deus formou de sua costela, de seu DNA, de sua célula tronco, um ser semelhante a ele. E Adão se agradou desse ser feminino.
Sempre procuramos culpados para os nossos fracassos fora de nós mesmos.
O evangelho (Lc. 1,26-38) nos brinda com uma das mais belas passagens da escritura, Deus em diálogo com o ser humano, com uma mulher. Dizemos, se por uma mulher entrou o pecado no mundo, por outra mulher nos veio a salvação (estou tomando emprestada a frase de Paulo: "se por um homem entrou o pecado no mundo, por outro homem, Jesus Cristo, veio a salvação).
Deus sempre se preocupou com a humanidade. Logo após a queda Deus preparou um plano de retorno ao paraíso, ao Reino de Deus.
Existem várias cenas dentro de uma mesma cena. Estas podem ser enxergadas a partir de vários ângulos. Existe uma região, Galileia; existe uma cidade, Nazaré; existe um ser humano, Maria; existe o divino, anjo Gabriel.
Partamos de Maria. Ela está situada no tempo e no espaço. Isso garante a Jesus uma descendência humana, uma linhagem. Uma ligação com a humanidade. Lembremos que no fim da primeira leitura, Adão nomeia a mulher de "Eva", pois é a mãe de todos os viventes. Maria passa a ser a mãe de todos os novos viventes. Viventes no espírito.
Haveria uma tristeza em Maria? Porque o anjo diz "alegra-te cheia de graça"? Percebamos, se estamos em graça, na graça de Deus, não podemos estar tristes. A tristeza não vem de Deus. Todos os que estão na graça de Deus estão alegres. A saudação causou estranheza a Maria. A alegria poderia transformar-se em temor, por isso o anjo avisa, "não tenhas medo, encontrastes graça diante de Deus". É assim que devemos encarar as surpresas de Deus em nossa vida, como "graça".
Em seguida, ele diz o que ocorrerá. Maria não é boba. Sabe como se dá a concepção. Por isso, é preciso a explicação do anjo. Guarda em pureza e castidade, ela reúne as condições necessárias para ser a mãe de Deus. A serpente quis que a humanidade se afastasse de Deus. Mas Deus nos quer sempre ao seu lado. Vejam, Deus colocou inimizade entre os seres humanos e o mal. Não é possível a convivência, pois "Deus é amor", e sendo amor, se somos feitos a sua imagem e semelhança, somos também amor. Maria é o símbolo máximo do amor humano a Deus. Quando amamos, buscamos fazer a vontade do outro, "faça-se em mim segundo a tua palavra".
Queridas e queridos, hoje celebramos a grande festa de fecundidade espiritual em nós. Ouçamos a voz do anjo. Deixemos Deus agir em nossa vida. Alegremo-nos, exultemos. Não tenhamos medo Deus está conosco, pois "encontrastes graça diante de Deus". Nosso pecado não pode ser maior que a nossa graça. A graça de Deus nos liberta, nos salva, nos conduz ao Reino de Deus.
Aprendamos a dizer "Faça-se". Agremo-nos. Vivamos confiantes em Deus, e não em nós mesmos como Adão e Eva fizeram.
domingo, 27 de novembro de 2016
Pontes
“A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que
apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une” (Milton Santos).
Para enxergar o que nos une é necessário ouvir o outro, entender
seu pensamento, valorizar sua opinião.
Entretanto, muitas vezes, quando não encontram palavras ou
ideias para contra argumentar, buscam desqualificar o discurso ou a pessoa do interlocutor.
Cria-se rótulos. Desfaz-se do outro. Deixa-se de buscar soluções
juntas para criar barreiras que impeçam a construção de conquistas sociais e
para a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras.
Diana Luz Pessoa de Barros, em “Procedimentos de Desqualificação de Discursos” (vide na internet),
nos alerta para os dois tipos de desqualificação que normalmente fazemos, seja
de forma consciente ou inconsciente. Ela alerta para a “Desqualificação do Sujeito”
e a “Desqualificação do Discurso”.
A “desqualificação do sujeito” dá-se quando reduzimos o outro às
categorias que consideramos negativas, sem fundamento, sem autoridade pessoal.
Um exemplo, quando Jesus voltara a sua terra natal e estava discursando na
sinagoga, os fariseus disseram, “de onde lhe vem essa sabedoria e esses
milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? (grifo meu)...” (Mt 13,54-55). Em outro
momento, registra Mateus (12,24) que ao verem a ação de Jesus de expulsar
demônios, disseram: “Ele expulsa os demônios pelo poder de Beelzebu, o príncipe
dos demônios”. Claramente, os interlocutores de Jesus não tendo como contra
argumentar diante dos fatos, querem se desfazer de seu discurso e prática.
Em outras circunstâncias, temos ações e palavras de
desqualificação. Dizemos que as pessoas pertencem ao partido A, B ou C. Que são
interlocutores dos gestores. Que representam interesses privados, próprios ou
partidários. Diz-se que o outro pertence a oposição e que isso é ruim.
Diante de dois interlocutores devemos tomar o cuidado de ler
suas palavras e ações com a razão, e não com a emoção. A emoção, fundamental
para o equilíbrio humano, pode cegar a racionalidade e nos levar a cometer atos
que depois nos arrependemos.
A tolerância é a melhor forma de se compreender o que o outro
diz e faz. O autor de uma música escreveu, “e com os que erram feio o bastante,
que você consiga ser tolerante” (Frejat). Tolerar é buscar entender. É construir
pontes. É colocar-se na posição de quem vai ao encontro para compreender.
Não tolerar, causa desânimo. Desespero. Falta de perspectiva. E
isso cansa. Mas, então, surge a esperança, o amor, combustível para o recomeço.
Essa é uma das características do ser humano, ter a capacidade de RECOMEÇAR. E
aí, o mesmo autor diz, “desejo que você tenha a quem amar, e quando estiver bem
cansado, ainda exista amor para recomeçar”. Só se recomeça quando o amor é
capaz de trazer de volta a esperança. Amar. Esse é o verbo. Essa é a ação. Essa
é a esperança. Podemos amar alguém, uma causa, uma ideia.
E aí, podemos gritar juntos: “já não me preocupo se eu não sei
por que, às vezes o que eu vejo quase ninguém vê. E eu sei que você sabe, quase
sem querer, que eu vejo o mesmo que você” (Renato Russo). Pois “temos nosso
próprio tempo”, mesmo sendo uma “gota d´água” ou um “grão de areia”. Porque “é
preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar para
pensar, na verdade não há”.
Caminhemos avante. Não desanimemos. A vida vale a pena. A
unidade é uma construção possível. Não dos desfaçamos das pessoas. Construamos
pontes com os escombros dos muros que derrubamos.
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
domingo, 6 de novembro de 2016
Bem aventurados...
Celebramos a Solenidade de Todos os Santos e Santas de Deus. No Brasil, esta solenidade é transferida para o primeiro domingo após a festa litúrgica para que possamos aurir os frutos espirituais desta festa.
Os textos propostos são tirados do livro do Apocalipse e da Primeira Carta de São João. Claro que existem outros textos que nos falam da santidade dos filhos de Deus. No próprio livro de Mateus encontramos no mesmo capítulo cinco, um pouco mais adiante, no versículo 48, a seguinte fala de Jesus: "sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito". Neste casa, perfeição e santidade são entendidas como sinônimas. Mateus coloca essa frase na boca de Jesus logo após falar do amor que devemos ter aos que não são perfeitos, que são pecadores, aqueles os quais tratamos como inimigos. Jesus conhecia a escritura, como bom judeu que era. Tinha em mente, quando fala da santidade e perfeição, o que está prescrito no livro do Levítico, capítulo 19 versículo 2: "sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo". Ser santo deve ser uma atitude de todo aquele que crê, não só para o cristão, mas para todos os que creem. A santidade é inerente a todos.
São Pedro, na sua primeira, capítulo 1 versículos 14 a 16, lemos: "Como filhos obedientes, não vos deixeis modelar pelos desejos de antes, quando vivíeis na ignorância; pelo contrário, visto que é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso agir; pois assim está escrito: Sede santos, porque eu sou santo".
No texto do Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), a santidade está na marca que os filhos de Deus recebem, o sangue do cordeiro. Ser santo é viver a tribulação com fé. Com a esperança da ressurreição. João apresenta uma visão do juízo final. E como serão reconhecido os eleitos. Aqueles que passaram pela tribulação e foram resgatados pelo sangue do cordeiro porque viveram as tribulações na fé em Jesus Cristo.
Na Primeira Carta de São João, vemos como o carinho de Deus é profundo. João afirma que Deus nos deu um presente. E não é um presente qualquer; é um grande presente, é um presente de amor, "sermos chamados filhos de Deus". Não é uma "lembrancinha". É um Presente. Ser filho de Deus não é qualquer coisa. Exige uma mudança de vida. Exige ser tal como o Pai é. E o Pai é santo, e recebemos dele essa santidade como presente. E se é presente, devemos usa-la. Pois seria uma desfeita muito grande ganhar um presente de Deus e não tomar posse desse presente.
O evangelho, tirado de Mateus (5,1-12a), apresenta o caminho da santidade. O autor apresenta oito bem-aventuranças e mais uma. Dessas oito, duas falam a quem pertence o Reino de Deus. Primeiramente, para estar no Reino de Deus é preciso ser "pobre em espírito". E "ser pobre em espírito" é confiar inteiramente em Deus. É colocar nele toda a nossa esperança. Acessamos ao Reino de Deus não por nossos méritos e nossos bens, mas por graça de Deus. E somente os "pobres em espírito" enxergam isso. Além desses, outros que herdarão o Reino dos Céus, são aqueles "perseguidos por causa da justiça". A justiça em um tema muito caro a Deus. Ser justo é uma atitude divina. Ser justo é dar ao outro a chance de ter uma vida livre da escravidão.
Resta-nos seis bem aventuranças. As outras estão relacionadas com a vida pessoal para se chegar a ser santo e "possuir" o Reinos dos Céus. Jesus trabalha as necessidades espirituais (ou psíquicas) de nossa existência. "aflitos", "mansos", "fome e sede", "misericordiosos", "puros de coração", os que "promovem a paz".
Quantas aflições vivemos no nosso dia-a-dia. Doenças, guerras, violência, intolerâncias. Aflições diárias. Quem vive essas aflições com fé, colocando as dores nas mãos de Deus, será consolado. Terá a consolação no Reino dos Céus.
Mansidão. Não é ser bobo. Não é aceitar violências pessoais de forma gratuita. O manso vê as aflições com os olhos de Deus. O manso não reage com violência. O manso busca ver o que há de bom nas pessoas. Isso lhes garante a paz, e a posse definitiva da terra.
Fome e sede são duas necessidades humanas. Mas lembremos, "nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus". Entretanto, existe uma abstração para fome e sede. O desejo de justiça. Ser justo, ou esperar a justiça gera uma necessidade tal como a fome e a sede. Estes, no Reino serão saciados.
Misericordiosos. Ser misericordioso é agir com justiça. É ser manso. É ver, no outro, a presença de Deus. É agir como misericórdia. É dar o presente de amor de Deus. É enxergar no outro a filiação divina, e com isso, ele como um irmão. Todos os misericordiosos encontrarão misericórdia.
Ser puro de coração. É olhar o mundo como Deus. É buscar a presença de Deus em tudo. Ou mostrar que certas ações acontecem pela ausência de Deus. Somente os puros de coração tem a capacidade de ver a Deus.
Promotores da paz. Construtores de pontes. Tolerantes. Destruidores de muros. Deus é paz. Disse Jesus, "eu lhes dou a paz; eu vos dou a minha paz". A Paz é uma característica de Deus. E todos aquele que promovem a paz são chamados "Filhos de Deus".
E por último, os perseguidos pela justiça. Todo aquele que busca por justiça e prega a justiça é perseguido pelos promotores da exclusão. Os intolerantes não suportam os promotores da paz. Estes herdarão o Reino dos Céus.
Quando os santos forem injuriados e perseguidos, por causa da sua fé em Deus, não desanimem, mas alegrem-se, porque a recompensa será grande nos céus. Desse mesmo jeito trataram o Filho de Deus, e porque com conosco seria diferente?
Oremos a Deus, implorando que sua graça nos santifique na plenitude de seu amor, para que, desta mesa de peregrinos, passemos ao banquete do seu reino.
Os textos propostos são tirados do livro do Apocalipse e da Primeira Carta de São João. Claro que existem outros textos que nos falam da santidade dos filhos de Deus. No próprio livro de Mateus encontramos no mesmo capítulo cinco, um pouco mais adiante, no versículo 48, a seguinte fala de Jesus: "sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito". Neste casa, perfeição e santidade são entendidas como sinônimas. Mateus coloca essa frase na boca de Jesus logo após falar do amor que devemos ter aos que não são perfeitos, que são pecadores, aqueles os quais tratamos como inimigos. Jesus conhecia a escritura, como bom judeu que era. Tinha em mente, quando fala da santidade e perfeição, o que está prescrito no livro do Levítico, capítulo 19 versículo 2: "sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo". Ser santo deve ser uma atitude de todo aquele que crê, não só para o cristão, mas para todos os que creem. A santidade é inerente a todos.
São Pedro, na sua primeira, capítulo 1 versículos 14 a 16, lemos: "Como filhos obedientes, não vos deixeis modelar pelos desejos de antes, quando vivíeis na ignorância; pelo contrário, visto que é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso agir; pois assim está escrito: Sede santos, porque eu sou santo".
No texto do Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), a santidade está na marca que os filhos de Deus recebem, o sangue do cordeiro. Ser santo é viver a tribulação com fé. Com a esperança da ressurreição. João apresenta uma visão do juízo final. E como serão reconhecido os eleitos. Aqueles que passaram pela tribulação e foram resgatados pelo sangue do cordeiro porque viveram as tribulações na fé em Jesus Cristo.
Na Primeira Carta de São João, vemos como o carinho de Deus é profundo. João afirma que Deus nos deu um presente. E não é um presente qualquer; é um grande presente, é um presente de amor, "sermos chamados filhos de Deus". Não é uma "lembrancinha". É um Presente. Ser filho de Deus não é qualquer coisa. Exige uma mudança de vida. Exige ser tal como o Pai é. E o Pai é santo, e recebemos dele essa santidade como presente. E se é presente, devemos usa-la. Pois seria uma desfeita muito grande ganhar um presente de Deus e não tomar posse desse presente.
O evangelho, tirado de Mateus (5,1-12a), apresenta o caminho da santidade. O autor apresenta oito bem-aventuranças e mais uma. Dessas oito, duas falam a quem pertence o Reino de Deus. Primeiramente, para estar no Reino de Deus é preciso ser "pobre em espírito". E "ser pobre em espírito" é confiar inteiramente em Deus. É colocar nele toda a nossa esperança. Acessamos ao Reino de Deus não por nossos méritos e nossos bens, mas por graça de Deus. E somente os "pobres em espírito" enxergam isso. Além desses, outros que herdarão o Reino dos Céus, são aqueles "perseguidos por causa da justiça". A justiça em um tema muito caro a Deus. Ser justo é uma atitude divina. Ser justo é dar ao outro a chance de ter uma vida livre da escravidão.
Resta-nos seis bem aventuranças. As outras estão relacionadas com a vida pessoal para se chegar a ser santo e "possuir" o Reinos dos Céus. Jesus trabalha as necessidades espirituais (ou psíquicas) de nossa existência. "aflitos", "mansos", "fome e sede", "misericordiosos", "puros de coração", os que "promovem a paz".
Quantas aflições vivemos no nosso dia-a-dia. Doenças, guerras, violência, intolerâncias. Aflições diárias. Quem vive essas aflições com fé, colocando as dores nas mãos de Deus, será consolado. Terá a consolação no Reino dos Céus.
Mansidão. Não é ser bobo. Não é aceitar violências pessoais de forma gratuita. O manso vê as aflições com os olhos de Deus. O manso não reage com violência. O manso busca ver o que há de bom nas pessoas. Isso lhes garante a paz, e a posse definitiva da terra.
Fome e sede são duas necessidades humanas. Mas lembremos, "nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus". Entretanto, existe uma abstração para fome e sede. O desejo de justiça. Ser justo, ou esperar a justiça gera uma necessidade tal como a fome e a sede. Estes, no Reino serão saciados.
Misericordiosos. Ser misericordioso é agir com justiça. É ser manso. É ver, no outro, a presença de Deus. É agir como misericórdia. É dar o presente de amor de Deus. É enxergar no outro a filiação divina, e com isso, ele como um irmão. Todos os misericordiosos encontrarão misericórdia.
Ser puro de coração. É olhar o mundo como Deus. É buscar a presença de Deus em tudo. Ou mostrar que certas ações acontecem pela ausência de Deus. Somente os puros de coração tem a capacidade de ver a Deus.
Promotores da paz. Construtores de pontes. Tolerantes. Destruidores de muros. Deus é paz. Disse Jesus, "eu lhes dou a paz; eu vos dou a minha paz". A Paz é uma característica de Deus. E todos aquele que promovem a paz são chamados "Filhos de Deus".
E por último, os perseguidos pela justiça. Todo aquele que busca por justiça e prega a justiça é perseguido pelos promotores da exclusão. Os intolerantes não suportam os promotores da paz. Estes herdarão o Reino dos Céus.
Quando os santos forem injuriados e perseguidos, por causa da sua fé em Deus, não desanimem, mas alegrem-se, porque a recompensa será grande nos céus. Desse mesmo jeito trataram o Filho de Deus, e porque com conosco seria diferente?
Oremos a Deus, implorando que sua graça nos santifique na plenitude de seu amor, para que, desta mesa de peregrinos, passemos ao banquete do seu reino.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
"é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida"
A palavra de Deus exorta, corrige, consola. Hoje, ao fazermos memória de nossos falecidos, lembramos que só a palavra de Deus pode nos consolar das perdas que vamos tendo ao longo de nossa vida.
Algumas perdas são para nós irreparáveis. Mas toda perda é consolável pela palavra de Deus.
A leitura do livro de Jó nos leva a ter a certeza de que a vida vai além das aparências. O autor lembra que a visão final de Deus se dará após ser destruída a pele e a carne, ou seja, a morte. Sem essa irmã, como diria São Francisco de Assis, não se é possível chegar até Deus. Mas passada a tormenta, os próprios olhos contemplarão o Senhor. Não mais se verá pelo ouvir dizer dos outros, mas se terá a visão do próprio Deus.
Essa certeza, nos dá o apóstolo Paulo ao afirmar que, em Jesus Cristo, recebemos a reconciliação. Ou seja, em Jesus acaba o desterro de Adão e Eva. Em Jesus, somos resgatados para o paraíso. A Cruz do Senhor é a porta de retorno ao Paraíso, ao Reino de Deus.
E assim se dará, pois o próprio Jesus disse que a vontade do Pai era que o Filho não perdesse um só daqueles que o Pai lhe confiou. E que cada um seja ressuscitado no fim dos tempos. E o fim dos tempos chega com a nossa morte. "Se morremos com Cristo, com ele ressuscitaremos". Essa é a certeza de nossa fé. Cremos em Cristo, morto e ressuscitado. Cremos que na casa do pai há muitas moradas.
Crendo que a ressurreição é uma certeza que está confirmada, podemos repetir com o salmista: "Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida".
Tendo a certeza de que todos os nossos irmãos fiéis defuntos estão na presença de Deus, habitando o "santuário do Senhor", rezemos juntos: "Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé no Cristo ressuscitado, para que seja mais viva a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".
Algumas perdas são para nós irreparáveis. Mas toda perda é consolável pela palavra de Deus.
A leitura do livro de Jó nos leva a ter a certeza de que a vida vai além das aparências. O autor lembra que a visão final de Deus se dará após ser destruída a pele e a carne, ou seja, a morte. Sem essa irmã, como diria São Francisco de Assis, não se é possível chegar até Deus. Mas passada a tormenta, os próprios olhos contemplarão o Senhor. Não mais se verá pelo ouvir dizer dos outros, mas se terá a visão do próprio Deus.
Essa certeza, nos dá o apóstolo Paulo ao afirmar que, em Jesus Cristo, recebemos a reconciliação. Ou seja, em Jesus acaba o desterro de Adão e Eva. Em Jesus, somos resgatados para o paraíso. A Cruz do Senhor é a porta de retorno ao Paraíso, ao Reino de Deus.
E assim se dará, pois o próprio Jesus disse que a vontade do Pai era que o Filho não perdesse um só daqueles que o Pai lhe confiou. E que cada um seja ressuscitado no fim dos tempos. E o fim dos tempos chega com a nossa morte. "Se morremos com Cristo, com ele ressuscitaremos". Essa é a certeza de nossa fé. Cremos em Cristo, morto e ressuscitado. Cremos que na casa do pai há muitas moradas.
Crendo que a ressurreição é uma certeza que está confirmada, podemos repetir com o salmista: "Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida".
Tendo a certeza de que todos os nossos irmãos fiéis defuntos estão na presença de Deus, habitando o "santuário do Senhor", rezemos juntos: "Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé no Cristo ressuscitado, para que seja mais viva a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Compromisso Social
Sou católico apostólico romano. Creio em Deus Pai todo Poderoso.
Creio em Jesus Cristo, único filho de Deus. Gerado e não criado. Creio no
Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, e que santifica todas as coisas.
Creio na Igreja, una, Santa, católica e apostólica. Confesso um batismo para a
remissão dos pecados. Creio que Maria, virgem, concebeu pela ação do Espírito
Santo, e deu à luz, Jesus Cristo, que sofreu a paixão, morreu, ressuscitou e
está vivo no meio de nós. Creio na comunhão dos santos. Creio na ressurreição.
Na vida eterna.
Creio que Jesus se faz presente na Eucaristia. Creio nos sinais
deixados por Jesus para a concretização do plano de salvação. Creio que Maria,
nossa Senhora, mãe de Jesus, é co-redentora. E que foi concebida imaculada. Que
foi assunta aos céus.
Minha fé se baseia na Sagrada Escritura, no Magistério da Igreja,
e na Tradição apostólica.
Jesus Cristo disse, tive fome e me destes de comer, tive sede e
me destes de beber, era preso e fostes me visitar, estava doente e fostes me
ver, estava sem roupa e me vestistes, era peregrino e me acolhestes. Além
disso, sempre questionou as autoridades de seu tempo com sua ação
misericordiosa. Em sua pregação afirmou, não são os sãos que precisam de
médico, e sim os doentes; eu não vim para os justos mas para os pecadores. E
acrescentou, eu quero misericórdia e não sacrifício. Comia com pecadores.
Acolhia prostitutas. Tocou e curou leprosos. Caminhou com aqueles que eram
excluídos da sociedade.
Dentre seus apóstolos havia gente de tudo que era condição:
zelota, publicano, pescador, incrédulo, temerosos. Mas todos fizeram uma
experiência do poder de Jesus. Poder espiritual, expulsava demônios, e poder
temporal, curava doentes físicos. Jesus é Deus.
Toda minha fé me leva a olhar para as relações sociais com um
olhar diferenciado da exclusão. Jesus, em sua prática, nunca excluiu ninguém.
As pessoas mesmas se excluíam.
Eivado dessa carga religiosa, declaro meu voto em Marcelo Freixo 50. Esse voto é um voto
pela luta daqueles que tombaram defendendo a vida dos mais pobres. Aqueles que
deram voz aos excluídos e marginalizados de nossa sociedade. Ao votar em
Freixo50 continuo a luta pela Educação Pública e de Qualidade. Pela Saúde
Pública de Qualidade, com acesso aos mais modernos e complexos tratamentos
financiados pelo poder público. Por uma cidade onde a mobilidade seja prioridade
para a população trabalhadora, que não defende o interesse dos donos das
empresas de transporte. Por uma cidade que valorize toda a forma de expressão
cultural. Por uma cidade aberta a todas as manifestações religiosas, independentemente
do credo que professem. Por uma cidade que valorize a infância, as mulheres.
Que deem dignidade aos excluídos, aos pobres. Que todos possam viver com
dignidade de seu próprio trabalho sem se venderem para os poderosos (aliás, a
mãe de Jesus disse, “derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes”).
João de Deus.
João de Deus.
Em trinta
de outubro voto Freixo50.
domingo, 23 de outubro de 2016
"este último voltou para casa justificado"
(Lc.18,9-14) Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda.’ O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’ Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.”
Estamos diante de uma das passagens que nos faz olharmos para nós mesmos e pensarmos, "minha relação com Deus baseia-se nas leis, ou na experiência da misericórdia divina"? Onde está a verdadeira religião, ou seja, onde colocamos nossa vivência religiosa, nos preceitos ou na relação amorosa que Jesus revela de Deus?
Se menosprezar as práticas, Jesus faz uma sátira (cf. Bíblia do Peregrino. Paulus Editora. página 2515, comentário) com a situação religiosa daqueles que se colocam diante de Deus. Existem duas posturas, a de quem faz o que manda a lei, o que determinam os preceitos, o que se pode ou não pode. Do outro lado, estão aqueles que sabem que são pecadores, que estão doentes, que, aparentemente, sabem que não deveriam se colocar diante de Deus. Entretanto, este último sabia que precisava da misericórdia divina. Que era desprezado pelo povo, mas Deus, que ele identificava como pai, o que queria por perto.
O fariseu, cioso da lei, cumpridor da lei, vangloria-se de suas práticas. É quase um Deus, perfeitíssimo. Cumpre tudo o que se manda na lei. Paga o dízimo, não é injusto, não comete adultério, não é ladrão. E além disso, jejua duas vezes por semana, quer dizer, faz mais do que manda a lei.
Ao dizer que pagava o dízimo do que possuía, diferencia-se do publicano. Estes eram tidos como pecadores porque trabalhavam cobrando os impostos para Roma, e por isso, exigiam mais do que o necessário. E não recolhiam o que determinava a lei. O pecado do publicano, roubar, era considerado injusto. Ao exigir mais do que necessário não agia com misericórdia. Adultério, a princípio está relacionado à relação sexual de um pessoa casada com outra não casada (ou casada). Entretanto, ao se alterar qualquer valor na cobrança de impostos estava-se adulterando também. Então o fariseu quer dizer que ele é melhor do que o publicano, pois não adultera nem a lei.
Para se justificar diante de Deus, o fariseu lista todas as boas obras que a lei mandava praticar. Pensava consigo que se tudo isso fizesse, estaria bem com Deus. Inchava-se de orgulho por ser diferente daquele publicano. Achava-se melhor do que ele.
Eis a primeira meditação: ajo assim?
Então, o publicano, sabendo-se menor diante de Deus, e não fazendo-se quase igual a Deus, bate no peito, ação de humildade e de humilhação. Reconhece-se pecador. Não merecedor de estar na presença divina. Não é santo. Não vive uma vida virtuosa de acordo com a lei. Mas sabe-se pecador, e necessitado da misericórdia divina.
Sem muitas palavras, o publicano não fez uma lista de suas virtudes. Mas, ao reconhecer-se pecador, atingiu o coração de Deus, pois assim pediu ao senhor misericórdia.
Jesus afirma que este voltou justificado.
Assim escreveu padre Adroaldo Palaoro: "Nesta parábola, Jesus revela também um Deus desprovido de dogmatismos, de controle e de poder. O Deus de Jesus não é um juiz com um catálogo de leis que tem necessidade de mandar, impor, verificar. Basta-lhe a misericórdia, a compaixão. A misericórdia torna o Deus de Jesus acessível a tudo que é imperfeito, limitado, humano. A misericórdia constitui a resposta à indigência do ser humano. Ela oferece a possibilidade de pôr de lado o julgamento e a condenação. O passado de erros e fracassos é substituído pelo presente de aceitação e perdão. Onde não há misericórdia, não há sequer esperança para o ser humano. A misericórdia é a resposta de Deus ao delírio do ser humano de querer ser perfeito; é a única força capaz de deter o ser humano naquele processo de auto-divinização, própria do fariseu. Jesus propõe um modo de ser humano inseparável da misericórdia do Pai: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc. 6,36)
Ser misericordioso “como” Deus constitui o mais elevado convite e a mensagem mais profunda que o ser humano recebe sobre como tratar a si mesmo e aos outros.
Estamos diante de uma das passagens que nos faz olharmos para nós mesmos e pensarmos, "minha relação com Deus baseia-se nas leis, ou na experiência da misericórdia divina"? Onde está a verdadeira religião, ou seja, onde colocamos nossa vivência religiosa, nos preceitos ou na relação amorosa que Jesus revela de Deus?
Se menosprezar as práticas, Jesus faz uma sátira (cf. Bíblia do Peregrino. Paulus Editora. página 2515, comentário) com a situação religiosa daqueles que se colocam diante de Deus. Existem duas posturas, a de quem faz o que manda a lei, o que determinam os preceitos, o que se pode ou não pode. Do outro lado, estão aqueles que sabem que são pecadores, que estão doentes, que, aparentemente, sabem que não deveriam se colocar diante de Deus. Entretanto, este último sabia que precisava da misericórdia divina. Que era desprezado pelo povo, mas Deus, que ele identificava como pai, o que queria por perto.
O fariseu, cioso da lei, cumpridor da lei, vangloria-se de suas práticas. É quase um Deus, perfeitíssimo. Cumpre tudo o que se manda na lei. Paga o dízimo, não é injusto, não comete adultério, não é ladrão. E além disso, jejua duas vezes por semana, quer dizer, faz mais do que manda a lei.
Ao dizer que pagava o dízimo do que possuía, diferencia-se do publicano. Estes eram tidos como pecadores porque trabalhavam cobrando os impostos para Roma, e por isso, exigiam mais do que o necessário. E não recolhiam o que determinava a lei. O pecado do publicano, roubar, era considerado injusto. Ao exigir mais do que necessário não agia com misericórdia. Adultério, a princípio está relacionado à relação sexual de um pessoa casada com outra não casada (ou casada). Entretanto, ao se alterar qualquer valor na cobrança de impostos estava-se adulterando também. Então o fariseu quer dizer que ele é melhor do que o publicano, pois não adultera nem a lei.
Para se justificar diante de Deus, o fariseu lista todas as boas obras que a lei mandava praticar. Pensava consigo que se tudo isso fizesse, estaria bem com Deus. Inchava-se de orgulho por ser diferente daquele publicano. Achava-se melhor do que ele.
Eis a primeira meditação: ajo assim?
Então, o publicano, sabendo-se menor diante de Deus, e não fazendo-se quase igual a Deus, bate no peito, ação de humildade e de humilhação. Reconhece-se pecador. Não merecedor de estar na presença divina. Não é santo. Não vive uma vida virtuosa de acordo com a lei. Mas sabe-se pecador, e necessitado da misericórdia divina.
Sem muitas palavras, o publicano não fez uma lista de suas virtudes. Mas, ao reconhecer-se pecador, atingiu o coração de Deus, pois assim pediu ao senhor misericórdia.
Jesus afirma que este voltou justificado.
Assim escreveu padre Adroaldo Palaoro: "Nesta parábola, Jesus revela também um Deus desprovido de dogmatismos, de controle e de poder. O Deus de Jesus não é um juiz com um catálogo de leis que tem necessidade de mandar, impor, verificar. Basta-lhe a misericórdia, a compaixão. A misericórdia torna o Deus de Jesus acessível a tudo que é imperfeito, limitado, humano. A misericórdia constitui a resposta à indigência do ser humano. Ela oferece a possibilidade de pôr de lado o julgamento e a condenação. O passado de erros e fracassos é substituído pelo presente de aceitação e perdão. Onde não há misericórdia, não há sequer esperança para o ser humano. A misericórdia é a resposta de Deus ao delírio do ser humano de querer ser perfeito; é a única força capaz de deter o ser humano naquele processo de auto-divinização, própria do fariseu. Jesus propõe um modo de ser humano inseparável da misericórdia do Pai: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc. 6,36)
Ser misericordioso “como” Deus constitui o mais elevado convite e a mensagem mais profunda que o ser humano recebe sobre como tratar a si mesmo e aos outros.
sábado, 15 de outubro de 2016
"Toda escritura é inspirada por Deus..."
Nossa liturgia desse domingo, 16/10/2016, está baseada em três leituras: Ex.17,8-3; 2Tm.3,14-4,2; Lc.18,1-8. Bem oportunas para o momento em estamos vivendo em nosso país.
Inicialmente, vemos os hebreus em guerra com os amalecitas. Um fato nos salta aos olhos, a posição de Moisés em relação à luta. Duas figuras se destacam, Moisés e Josué. Percebemos o quanto era a organização do povo israelita. Josué era o comandante dos homens de batalha. Moisés o homem da oração e do contato com Deus. Os dois trabalhavam em conjunto. Um confiava no outro.
Num determinado ponto da narrativa aparecem Araão e Ur, dois ajudantes de Moisés. Percebemos que nem para guerra, nem para a oração, deve-se estar sozinho. Na hora da batalha, seja ela física ou espiritual, a força da comunidade é fundamental. Cada um no seu campo.
Entretanto, a batalha física estava intimamente ligada a batalha espiritual. "Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia". A força daqueles guerreiros estava nas mãos de Moisés, e na sua confiança em Deus. Mas, braços e mãos iam cansando. A posição não era a das mais confortáveis. Era necessária a ajuda dos outros dois, Araão e Ur. Eles sustentavam os braços de Moisés. Ajudavam na sustentação da oração. Moisés conduzia a batalha espiritual,Josué a batalha física. Percebemos, inicialmente, que as batalhas nos dia-a-dia, as pequenas lutas que vamos travando, seja no plano físico ou espiritual dependem da nossas orações e das orações da comunidade.
No Evangelho de Lucas temos a clássica cena da mulher que interpela um juiz iníquo. Um juiz não temente a Deus (parece o nosso país nos dias de hoje). Mas aquela mulher tinha uma característica, era persistente. Persistente no pedido; tal como Moisés que foi persistente na sustentação da batalha. Assim somos convidados a sermos persistentes. Nenhum mal, nenhuma "não", nenhuma perda momentânea pode tirar nossos sossego. Nossos direitos são conquistados no grito, na persistência, com a boca. A mulher do evangelho nos ensina que diante de Deus, ou dos poderosos desse mundo, devemos ser persistentes nas nossas reivindicações. Não cansar jamais.
E por último, é a palavra de Deus que é fonte de toda nossa luta. A escritura é "útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, e para educar na justiça. Todo e toda aquele e aquela que persevera na Palavra de Deus e na oração está apto e qualificado "para toda boa obra".
É a Palavra que nos anima a estarmos sempre atentos às necessidades dos mais pobres, dos sofredores, dos perseguidos por causa do Reino. Paulo, falando a Timóteo, diz: "proclamava a palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com paciência e doutrina".
Se Moisés não tivesse diante de si a Palavra de Deus; se não Moisés não tivesse exortado a Josué, Araão e Ur, se ele mesmo não tivesse deixado se tocar pela palavra de Deus, a vitória não teria chegado.
Portanto, orar, insistir, e viver a Palavra de Deus são três ações que nos fazem vencedores e vencedoras.
Oremos: Deus eterno e todo poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
"O dragão começou a perseguir..."
Assim está escrito no livro do Apocalipse (12,13a). Vendo essa imagem, perguntamos, que dragão é esse? O que simboliza do dragão? Porque João traz essa imagem?
A princípio, o dragão representa o mal. Tudo e todos que são contrários à vontade de Deus. Que não deixam o reino de Deus se concretizar. Ou que nos impedem de viver e praticar a justiça.
O dragão rouba a dignidade dos filhos e filhas de Deus. O dragão rouba garantias sociais. O dragão que rouba salário, direito previdenciário. O dragão que persegue. Que corta investimentos sociais. Que rouba a nossa fé. Que rouba a esperança. Que rouba a paz. O dragão fica a espreita para roubar, matar, devorar tudo o que possa ir contra ele.
Maria sempre esta atenta às necessidades dos seus amigos. Na festa das Bodas de Caná, ela não está sentada a mesa como uma conviva. Ele está atenta a tudo o que está acontecendo na festa. Ele circula por todos os ambientes da casa. Tem intimidade na casa. É ouvida pelos empregados. Sua palavra é uma ordem. Tem a liberdade de tomar decisões.
Vendo que o vinho viria a faltar, ela intervem junto ao filho dizendo, "eles não tem mais vinho". Que cena linda. Indo além das aparências, vemos ela intercedendo junto ao Filho. Poderíamos imaginar ela falando, 'eles estão perdendo a fé; estão sem rumo, a velha bebida chegou ao fim; é preciso um vinho novo, uma vida nova, uma palavra de esperança e de fé'. Jesus, então, ouvindo e vendo a apreensão de sua mãe, age. Percebamos que participam desse milagre, Jesus, Maria e os empregados. O meste sala e o noivo não sabem o que está acontecendo. Estão fora da cena.
Um detalhe, são seiscentos litros de água. Não é pouca coisa. Dá-se o milagre. Os empregos tiram água da talha. Levam água. Mas o que vai ser colocado no cálice é o vinho. Vinho novo. Da nova e eterna aliança. O vinho que será derramado para a remissão dos nossos pecados. O sangue do próprio senhor. A transformação se dá na caminhada. A mudança se dá na vida. Através das mãos dos pobres. dos serviçais, e não passa pela mesa dos convivas. Os que testemunham o milagre são os que estão a margem da festa.
Ao celebrarmos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, lembremos de todos os pobres, dos indigentes, dos desempregados, dos sem esperança, dos tristes, dos famintos, dos sedentos dos encarcerados, dos sem terra teto, dos sem teto, dos que são vilipendiados em seus direitos sociais e trabalhistas. Dos idosos que não são tratados com dignidade. Dos que tem suas aposentadorias roubadas.
Volvemos nosso olhar para os pobres desse nosso país. Assim, digamos, Ó Deus, "alimentados com o corpo e o sangue de vosso Filho, nós vos suplicamos, dai ao vosso povo, sob o olhar de nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!"
A princípio, o dragão representa o mal. Tudo e todos que são contrários à vontade de Deus. Que não deixam o reino de Deus se concretizar. Ou que nos impedem de viver e praticar a justiça.
O dragão rouba a dignidade dos filhos e filhas de Deus. O dragão rouba garantias sociais. O dragão que rouba salário, direito previdenciário. O dragão que persegue. Que corta investimentos sociais. Que rouba a nossa fé. Que rouba a esperança. Que rouba a paz. O dragão fica a espreita para roubar, matar, devorar tudo o que possa ir contra ele.
Maria sempre esta atenta às necessidades dos seus amigos. Na festa das Bodas de Caná, ela não está sentada a mesa como uma conviva. Ele está atenta a tudo o que está acontecendo na festa. Ele circula por todos os ambientes da casa. Tem intimidade na casa. É ouvida pelos empregados. Sua palavra é uma ordem. Tem a liberdade de tomar decisões.
Vendo que o vinho viria a faltar, ela intervem junto ao filho dizendo, "eles não tem mais vinho". Que cena linda. Indo além das aparências, vemos ela intercedendo junto ao Filho. Poderíamos imaginar ela falando, 'eles estão perdendo a fé; estão sem rumo, a velha bebida chegou ao fim; é preciso um vinho novo, uma vida nova, uma palavra de esperança e de fé'. Jesus, então, ouvindo e vendo a apreensão de sua mãe, age. Percebamos que participam desse milagre, Jesus, Maria e os empregados. O meste sala e o noivo não sabem o que está acontecendo. Estão fora da cena.
Um detalhe, são seiscentos litros de água. Não é pouca coisa. Dá-se o milagre. Os empregos tiram água da talha. Levam água. Mas o que vai ser colocado no cálice é o vinho. Vinho novo. Da nova e eterna aliança. O vinho que será derramado para a remissão dos nossos pecados. O sangue do próprio senhor. A transformação se dá na caminhada. A mudança se dá na vida. Através das mãos dos pobres. dos serviçais, e não passa pela mesa dos convivas. Os que testemunham o milagre são os que estão a margem da festa.
Ao celebrarmos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, lembremos de todos os pobres, dos indigentes, dos desempregados, dos sem esperança, dos tristes, dos famintos, dos sedentos dos encarcerados, dos sem terra teto, dos sem teto, dos que são vilipendiados em seus direitos sociais e trabalhistas. Dos idosos que não são tratados com dignidade. Dos que tem suas aposentadorias roubadas.
Volvemos nosso olhar para os pobres desse nosso país. Assim, digamos, Ó Deus, "alimentados com o corpo e o sangue de vosso Filho, nós vos suplicamos, dai ao vosso povo, sob o olhar de nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!"
"Viva a mãe de Deus e nossa"!
Hoje celebramos a solenidade da padroeira do Brasil, nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Elevada a padroeira do Brasil a 110 anos, hoje olhamos para essa pequena imagem e lembramos de sua fala, "olhou para a pequenez de sua serva, doravante as gerações hão de me chamar de bendita". És bendita entre as mulheres, ó mãe, porque soubestes ouvir a voz de Deus, e aceitastes a missão a ti anunciada. És bendita, pois soubestes ver a necessidade dos teus filhos, e interveio junto ao Filho, mesmo sabendo que não poderias intervir nos destinos divino. És bendita porque nunca deixastes de anunciar, "façam tudo o que ele lhes disser". É bendita, pois tu também fez o que lhe foi pedido pelo Pai, e deu seu "sim", o seu "faça-se". És bendita, pois em ti a promessa de um messias pode ser cumprida. És bendita, pois dentre todas as mulheres, tu fostes a escolhida. És bendita porque por causa de ti, Deus derrubou os poderosos do seu trono. És bendita, porque abriu para nós a porta que leva ao vinho novo; o vinho que restaura todo pecado, o vinho que gera vida. És bendita, pois nunca ficastes sentada na mesa dos convivas, mas preocupava-se com a festa do céu. És bendita, pois de ti nos veio o novo, rompendo com o antigo.
Ó Maria, Imaculada, Conceição, Aparecida teu povo hoje te venera. Faz descer sobre nós o Espírito Santo do Pai e do Filho, o vinho novo que nos dá a força necessária de sermos os discípulos missionários de teu Filho. Cubramos com manto cor de anil. Dai ao povo brasileiro paz constante e prosperidade completa. Favorecei-nos com os efeitos contínuos de vosso amor. Não nos deixeis cair em tentação. Ora por nós, agora e na hora da nossa morte. Amém!
Elevada a padroeira do Brasil a 110 anos, hoje olhamos para essa pequena imagem e lembramos de sua fala, "olhou para a pequenez de sua serva, doravante as gerações hão de me chamar de bendita". És bendita entre as mulheres, ó mãe, porque soubestes ouvir a voz de Deus, e aceitastes a missão a ti anunciada. És bendita, pois soubestes ver a necessidade dos teus filhos, e interveio junto ao Filho, mesmo sabendo que não poderias intervir nos destinos divino. És bendita porque nunca deixastes de anunciar, "façam tudo o que ele lhes disser". É bendita, pois tu também fez o que lhe foi pedido pelo Pai, e deu seu "sim", o seu "faça-se". És bendita, pois em ti a promessa de um messias pode ser cumprida. És bendita, pois dentre todas as mulheres, tu fostes a escolhida. És bendita porque por causa de ti, Deus derrubou os poderosos do seu trono. És bendita, porque abriu para nós a porta que leva ao vinho novo; o vinho que restaura todo pecado, o vinho que gera vida. És bendita, pois nunca ficastes sentada na mesa dos convivas, mas preocupava-se com a festa do céu. És bendita, pois de ti nos veio o novo, rompendo com o antigo.
Ó Maria, Imaculada, Conceição, Aparecida teu povo hoje te venera. Faz descer sobre nós o Espírito Santo do Pai e do Filho, o vinho novo que nos dá a força necessária de sermos os discípulos missionários de teu Filho. Cubramos com manto cor de anil. Dai ao povo brasileiro paz constante e prosperidade completa. Favorecei-nos com os efeitos contínuos de vosso amor. Não nos deixeis cair em tentação. Ora por nós, agora e na hora da nossa morte. Amém!
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
"Esta é uma geração perversa" (Lc. 11,29b)
Ao ver aquela multidão que só queria se beneficiar dos milagres dele, Jesus chama sua geração de perversa.
Os sinais acompanhariam o messias. Ele faria prodígios no meio do povo.
Entretanto, um dos maiores feitos de Jesus não fora somente os milagres físicos. Ele queria que a multidão entendesse sua palavra, sua pregação. Não basta ter a cura física se o coração continua doente. Não basta a cura física se as relações sociais ainda são de dominação e exclusão. A cura física serve para se colocar a caminho, em missão, para nos tornarmos discípulos missionários.
O mundo foi feito pela palavra, "e Deus disse, faça-se... e foi feito". É a palavra que muda, que converte.
E mais uma vez, Jesus dá o exemplo com os estrangeiros. Os que não estavam na comunhão judaica, a Rainha de Sá, e o povo de Nínive. Apesar de a palavra vir do povo da aliança, ela é universal, cabe para todos os que querem ouvir.
Diz São Paulo aos romanos, citando o livro do Deuteronômio, "a palavra esta perto de ti, em trua boca e em teu coração" (Rm 8,8).
Sendo assim, é a palavra que cura, que salva que liberta. É a palavra que rompe muros, que constrói pontes. Que une as pessoas. Que nos faz todos irmãos sob o mesmo Pai, tendo a filiação divina através de Jesus, confirmada pelo Espírito Santo.
Bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a poem em prática. Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e praticam a justiça.
Desçamos das nossas certezas doutrinárias, e nos façamos discípulos missionário da Palavra de Deus.
Os sinais acompanhariam o messias. Ele faria prodígios no meio do povo.
Entretanto, um dos maiores feitos de Jesus não fora somente os milagres físicos. Ele queria que a multidão entendesse sua palavra, sua pregação. Não basta ter a cura física se o coração continua doente. Não basta a cura física se as relações sociais ainda são de dominação e exclusão. A cura física serve para se colocar a caminho, em missão, para nos tornarmos discípulos missionários.
O mundo foi feito pela palavra, "e Deus disse, faça-se... e foi feito". É a palavra que muda, que converte.
E mais uma vez, Jesus dá o exemplo com os estrangeiros. Os que não estavam na comunhão judaica, a Rainha de Sá, e o povo de Nínive. Apesar de a palavra vir do povo da aliança, ela é universal, cabe para todos os que querem ouvir.
Diz São Paulo aos romanos, citando o livro do Deuteronômio, "a palavra esta perto de ti, em trua boca e em teu coração" (Rm 8,8).
Sendo assim, é a palavra que cura, que salva que liberta. É a palavra que rompe muros, que constrói pontes. Que une as pessoas. Que nos faz todos irmãos sob o mesmo Pai, tendo a filiação divina através de Jesus, confirmada pelo Espírito Santo.
Bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a poem em prática. Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e praticam a justiça.
Desçamos das nossas certezas doutrinárias, e nos façamos discípulos missionário da Palavra de Deus.
domingo, 9 de outubro de 2016
"Levanta-te e vai! A tua fé te salvou"
Lucas 17,11-19 - os dez leprosos.
Nossa liturgia de hoje narra a cura dos 10 leprosos. Além da cura do Sírio Naamã (2Rs. 5,14-17).
Muitos dos pregadores destacam o agradecimento dos que foram curados. Entretanto, vou destacar outro aspecto dessas leituras, a universalidade da palavra de Deus.
Lembremos o que diz Paulo a Timóteo (2Tm 2,8-13), "a palavra de Deus não está algemada". Não se pode prender a palavra de Deus. Ela está dentro de nós. Ela faz parte de nossa vida. Aprisiona-se o corpo, mas não a fé, a palavra. Quem traz em si a palavra de Deus nunca será prisioneiro, por mais que prendam o corpo.
Naamã faz a experiência da cura pela palavra. O profeta Elizeu havia dado uma solução simples e rápida para a sua cura, levar-se sete vezes no rio Jordão. Dando crédito a palavra do profeta, Naamã se viu curado.
No evangelho, Jesus cura dez leprosos. Vejamos, os leprosos eram excluídos da convivência social e religiosa. Eram colocados a parte. Não podiam se aproximar das pessoas. Alguns andavam com uma sineta para que os outros soubessem que eram leprosos. Alimentavam-se pela caridade das pessoas que deixavam os alimentos em lugares onde passavam para pegar, sem ter contato.
Na narrativa de hoje, com certeza, Jesus deveria estar passando por um desses lugares. Por isso o encontro com esses leprosos.
Nos chama a atenção a fala deles. Eles pedem que se tenham compaixão. Que sofra junto, ou que participe daquela situação.
O que nos salta aos olhos é que a palavra de Jesus é livre. Ela atua onde quer. Até no meio daqueles que não tem a mesma fé que a nossa. Que não estão na mesma Igreja. No mesmo grupo. Deus age onde quer, quando quer, como quer. A palavra de Deus "não está algemada".
Nossos textos de hoje, nos impulsionam a ir ao encontro de todos. De toda crença. De todas as pessoas. Anunciar as maravilhas que o Deus de Israel e de Jesus fazem na nossa vida. Não discriminar, pois a fé, muitas vezes se revela onde se menos espera, em pessoas que não estão na mesma igreja que nós.
Prezadas e prezado, vivamos a experiência da universalidade de Deus. Façamos de nossa fé uma experiência pessoal e profunda de ir ao encontro dos excluídos e não crentes da mesma fé.
Assim, podemos orar junto com a Igreja: "Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".
Nossa liturgia de hoje narra a cura dos 10 leprosos. Além da cura do Sírio Naamã (2Rs. 5,14-17).
Muitos dos pregadores destacam o agradecimento dos que foram curados. Entretanto, vou destacar outro aspecto dessas leituras, a universalidade da palavra de Deus.
Lembremos o que diz Paulo a Timóteo (2Tm 2,8-13), "a palavra de Deus não está algemada". Não se pode prender a palavra de Deus. Ela está dentro de nós. Ela faz parte de nossa vida. Aprisiona-se o corpo, mas não a fé, a palavra. Quem traz em si a palavra de Deus nunca será prisioneiro, por mais que prendam o corpo.
Naamã faz a experiência da cura pela palavra. O profeta Elizeu havia dado uma solução simples e rápida para a sua cura, levar-se sete vezes no rio Jordão. Dando crédito a palavra do profeta, Naamã se viu curado.
No evangelho, Jesus cura dez leprosos. Vejamos, os leprosos eram excluídos da convivência social e religiosa. Eram colocados a parte. Não podiam se aproximar das pessoas. Alguns andavam com uma sineta para que os outros soubessem que eram leprosos. Alimentavam-se pela caridade das pessoas que deixavam os alimentos em lugares onde passavam para pegar, sem ter contato.
Na narrativa de hoje, com certeza, Jesus deveria estar passando por um desses lugares. Por isso o encontro com esses leprosos.
Nos chama a atenção a fala deles. Eles pedem que se tenham compaixão. Que sofra junto, ou que participe daquela situação.
O que nos salta aos olhos é que a palavra de Jesus é livre. Ela atua onde quer. Até no meio daqueles que não tem a mesma fé que a nossa. Que não estão na mesma Igreja. No mesmo grupo. Deus age onde quer, quando quer, como quer. A palavra de Deus "não está algemada".
Nossos textos de hoje, nos impulsionam a ir ao encontro de todos. De toda crença. De todas as pessoas. Anunciar as maravilhas que o Deus de Israel e de Jesus fazem na nossa vida. Não discriminar, pois a fé, muitas vezes se revela onde se menos espera, em pessoas que não estão na mesma igreja que nós.
Prezadas e prezado, vivamos a experiência da universalidade de Deus. Façamos de nossa fé uma experiência pessoal e profunda de ir ao encontro dos excluídos e não crentes da mesma fé.
Assim, podemos orar junto com a Igreja: "Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".
terça-feira, 4 de outubro de 2016
"Maria escolheu a melhor parte, é essa não lhe será tirada"
Com essa frase o evangelista Lucas encerra a narrativa de hoje, memória de São Francisco de Assis. (Lc.10,42).
A proposição do tema está relacionado com os nossos afazeres. Jesus é recebido em casa das irmãs Marta e Maria. A primeira, prontamente se coloca ao serviço doméstico, enquanto a outra, coloca-se em posição de quem quer ouvir o que Jesus tenha a dizer.
A cena é interessante. Existem duas posturas. A de quem serve sem ouvir, e a de quem ouve para servir.
Assim somos nós. Muitas vezes entramos num ativismo apostólico e deixamos de lado a oração, a meditação da palavra, a leitura e a direção espiritual, a confissão.
Ao elogiar Maria por ter escolhido a melhor parte, Jesus ressalta que antes de qualquer serviço, antes de qualquer atividade pastoral, antes de se começar as atividades diárias, é importante sentar-se aos pés dele e ouvir a sua palavra. Deixar-se iluminar pelo que ele tem a dizer. Clarear o dia com a Palavra de Deus. É ela o norte de nossas ações e palavras. É ela que nos faz entender o "senões" da vida. Os hiatos que nos aparecem cotidianamente. Somente a palavra de Deus nos faz suportar as dores e sofrimentos, a falta de compreensão. É ela nos alenta para seguirmos em frente.
"Maria escolheu a melhor parte". Aprendamos com Maria a ouvir a Palavra de Deus, para, em seguida, colocarmos em prática aquilo que ouvimos, meditamos e contemplamos.
São Francisco de Assis, rogai por nós.
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