sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

“Sedes perfeitos como o vosso pai celeste é perfeito”. (Mt. 5,48)

Lembro-me de quando Jesus disse a Pilatos que a verdade o libertaria, e Pilatos perguntou, “o que é a verdade”?
Em outro momento, Jesus disse, “eu sou o caminho, a verdade, e a vida”!
Existe uma verdade a ser buscada? Que verdade se busca? Da existência humana? De que existência falamos? São questões do ser, em filosofia se diz ontologia.
Por outro lado, existem pessoas que buscam viver, ou melhor, sobreviver. Cotidianamente, labutam para ter o que comer e onde morar. Não tem tempo para estarem no mundo das ideias. E Jesus sabia disso. Não falava de um Deus filosófico ou teológico, mas de um Deus que é Pai. Que está preocupado com as relações humanas do dia-a-dia. Do concreto. Da verdade da vida diária.
De um Deus que não faz distinção de filhas e de filhos. Mas que permite que a vida, o sol nascente, venha para todos diariamente. O sol não faz distinção. Deus também não. “Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos (Mt. 5,45)”.
Se Deus nos ensina a como dar o que é bom a todos, como podemos viver de outro jeito. Não podemos escolher a quem vamos fazer o bem. E não podemos revidar o mal com o mal. Conta a história de Santa Madre Tereza de Calcutá que ela estava na rua pedindo esmola para os pobres. Passou um homem muito rico e cuspiu na mão dela. Então, a santa teria dito, “esse para mim, agora me dê o dinheiro para os pobres”. Perfeição divina. Essa entendeu o que era ver o sol nascer e a chuva cair sobre bons e maus. O que não é bom, devemos absorver para nós. O Bem deve ser distribuído a todos e a todas. Jamais devemos dar o que temos de ruim. Se buscamos a perfeição divina, só o bem deve ser feito. Só palavras que geram vida devem sair de nossa boca.
Essa é a chave de leitura do evangelho de hoje. Dar a outra face. Orar pelos que o/a perseguem. Despojar-se até do necessário para a vida (túnica e manto). Dar a quem pedir emprestado sem nada pedir em troca. Esse é o caminho para se tornar filho/a de Deus. Amar apenas aqueles que nos amam, qual recompensa teremos, pois assim agem os maus. Aqueles que são chamados a perfeição devem ir além disso. Devem ver no outro um irmão que merece a misericórdia de Deus. Jesus foi ao encontro dos doentes, daqueles que precisavam se reintegrar à sociedade. Voltar-se para o próprio Deus. Não fez distinção de pessoas. Jesus despojou-se de sua condição divina e assumiu a nossa humanidade para nos resgatar. Deus se fez homem, e habitou no meio de nós. Devemos nos tornar divinos para irmos ao encontro dos outros que necessitam da misericórdia de Deus.
Nada de difícil no evangelho de hoje. Todos e todas que assumiram as bem-aventuranças como estilo de vida, e que são sal e luz no mundo, e que aprenderam a dar novo sentido às leis de Deus, são chamados a ser perfeitos. A ver Deus em todas as coisas e em tudo.
Buscando essa nova forma de vida, poderemos repetir com o salmista: “Bendize ó minh’alma, ao Senhor, pois ele é bondoso e compassivo”!
Amém!
(Mt. 5,38-48. 7º Domingo do Tempo Comum 2017. Lev. 19,1-2.17-18; ICor. 3,16-23)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

"Estás vendo alguma coisa"?

Marcos 8,22-26: Naquele tempo: 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, colocou as mãos sobre ele, e perguntou: 'Estás vendo alguma coisa?' 24O homem levantou os olhos e disse: 'Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam.' 25Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: 'Não entres no povoado!'
Ao fazer a lectio divina desse texto, observo nitidamente como se dá o processo de enxergar a realidade.
É preciso afastar-se da realidade para podê-la enxergar com nitidez.
1º. Não vemos nada.
2º. Passa-se a enxergar sem muita nitidez.
3º. Os olhos se abrem de verdade.
Existem pessoas que se permitem passar pelos três processo.
Existem pessoas que gostam de ficar na cegueira. Gostam de sem conduzidas.
Existem aqueles que preferem ver através de sombras. Sem muita nitidez, nem clareza.
E há os que preferem ver de verdade, mesmo que a realidade seja dura de se enxergar.
Mas é melhor ver, entender e querer mudar a realidade, do que se acomodar na cegueira. Deus nos abençoe nesse dia 15/02/2017, dia em que a maioria dos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro descobriram que só receberão seus salários de janeiro após o carnaval, ou seja, somente em março de 2017.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A busca da sabedoria

Dos Sermões de São Bernardo, abade (Sermo dediversis15:PL 183,577-579)  (Séc.XII)

Trabalhemos pelo alimento que não se perde. Trabalhemos na obra de nossa salvação. Trabalhemos na vinha do Senhor, para merecermos receber o salário de cada dia. Trabalhemos na sabedoria, pois esta diz: Quem trabalha em mim, não pecará. O campo é o mundo, diz a Verdade. Cavemos nele, pois aí está um tesouro escondido. Vamos desenterrá-lo! É assim a sabedoria, que se extrai de coisas ocultas. Todos nós a buscamos, todos nós a desejamos.
Foi dito: se quereis procurá-la, procurai. Convertei-vos e vinde! Queres saber do que te converter? Afasta-te de tuas vontades. Mas se não encontro em minhas vontades, onde então encontrarei a sabedoria? Minha alma deseja-a ardentemente; se vier a encontrá-la, isto não me basta. Cumpre pôr em meu seio uma medida boa, apertada, sacudida e transbordante. Tens razão. Feliz é o homem que encontra a sabedoria e que está cheio de prudência. Procura-a, pois, enquanto podes encontrá-la; e enquanto está perto, chama-a!
Queres saber como está perto a sabedoria? Perto está a palavra, no teu coração e na tua boca; mas somente se a procurares de coração reto. No coração encontrarás a sabedoria, e a prudência fluirá de teus lábios. Cuida, porém, de tê-la em abundância e que não te escape como num vômito.
Na verdade, se encontraste a sabedoria, encontraste mel. Não comas demasiado, para que, saciado, não o vomites. Come de modo a sempre teres fome. A própria sabedoria o diz: Aqueles que me comem, ainda têm fome. Não julgues já teres muito. Não te sacies para que não vomites e te seja retirado aquilo que pareces possuir, por teres desistido de procurar antes do tempo. Pelo fato de a sabedoria poder ser encontrada enquanto está perto, não se deve deixar de buscá-la e invocá-la. De outro modo, como disse ainda Salomão: assim como não faz bem a alguém tomar o mel em demasia, assim quem perscruta a majestade, sente-se oprimido pela glória.
Feliz o homem que encontra a sabedoria. Feliz, ou, antes, muito mais feliz quem mora na sabedoria. Talvez Salomão queira aqui significar a superabundância. São três as razões de fluírem em tua boca a sabedoria e a prudência: se houver nos lábios primeiro a confissão da própria iniquidade; segundo a ação de graças e o canto de louvor; terceiro a palavra de edificação. Na verdade pelo coração se crê para a justiça, pela boca se confessa para a salvação. De fato, começando a falar, o justo se acusa. Depois, engrandece ao Senhor. Em terceiro, se até este ponto transborda a sabedoria, deve edificar o próximo.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

"O que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram"!

São três domingos aprendendo a ser “a imagem e semelhança” de Deus, tal como fomos criados.
Aprendemos um novo estilo de vida, as bem-aventuranças.
Aprendemos que as bem aventuranças nos levam a iluminar e dar um novo sabor a nossa vida e à humanidade (ser sal e luz).
E hoje, somos chamados a dar novo sentido às leis que Deus nos dá. A reinterpretar nossas relações sociais e humanas. A não ficarmos presos diante da letra morta da lei.
A justiça divina vai além do meramente que se vê, “se vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus”. A lei não pode nos impedir de fazer o bem. E se interpretamos a lei de Deus somente ao pé de letra, o que vemos é um fundamentalismo religioso perigoso.
Jesus destaca três breves leis, “não matar”, “não cometer adultério”, “não jurar falso”. Três pecados muito comuns em nosso meio.
“Não matar”. Não basta não tirar a vida física de alguém. Jesus vai além, aperfeiçoa, vem dar “pleno cumprimento”. Quem tem inveja, mata. Quem se encoleriza contra o outro, mata. Quem age de forma discriminatória, mata. Matar pela língua. São Tiago nos fala para aprendermos a controlar a língua, pois ela pode abençoar ou amaldiçoar. E quando amaldiçoa, mata. E quem mata não entrar no Reino dos Céus.
“Não cometerás adultério”. Podemos apenas imaginar o adultério conjugal. Existem tantas outras formas de adultério. Podemos adulterar relações sociais. Podemos adulterar a palavra de Deus. Não basta ser fiel sexualmente falando. É preciso uma fidelidade de coração, de consciência, de pensamento. De unidade. Jesus dá uma nova forma de interpretação. Como o mal nasce no coração do homem, quando se olha para alguém e se deseja possuir aquela pessoa ou aquele objeto, já se adultera no coração. E quando se adultera no coração, arrumam-se jeitos e maneiras de conseguir o que se quer. Devemos preservar o coração e os sentimentos puros. Quem não adultera percebe as injustiças sociais de seu tempo. É capaz de dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, de vestir os nus, de visitar os enfermos e encarcerados, de acolher os peregrinos. De olhar o menor dos irmãos como o próprio Deus, como outro Jesus.
“Não jurarás falso”. Não contar mentira. Ser honesto com sua fé. Diz o ditado que “quem jura mente”. E muitas vezes parece verdade. As pessoas dizem, “juro por Deus”. Jesus responde, “não jure pelo céu, onde está o trono de Deus”. E alguns ainda falam, “juro por essa terra que me a de comer”. E a resposta de Jesus, “não jures pela terra onde pisas, pois é o sustento de teus pés”. E em seguida, afirma que seu sim seja sim. Que sua fé, sua pregação, seu estilo de vida (bem-aventuranças), sua luz e seu sabor (sal), sejam verdadeiros. Honestos.
Quem se propõe a seguir esse itinerário de vida não pode se aproximar do altar com o coração dividido. É preciso reconciliar-se com o próximo. Mais do que não matar, adulterar, ou levantar falso, é preciso reconciliar-se com o próximo. Aí sim, terás um coração puro, à semelhança de Deus, para apresentar tua oferta.
Olhos e mãos, direito e esquerdo. O que nos significa? Vejamos, segundo Pe. Adroaldo Palaoro, sj, são duas expressões interessantes.
“O olho direito é o olho consciente, o olho masculino, que domina, avalia e julga; que quer vencer, que quer matar; é o olhar do avarento que deseja possuir tudo”. E continua, “a mão direita é a mão do realizador, daquele que se julga capaz de conseguir tudo que deseja”. O lado direito é o lado daquele/a que mata, que adultera, que levanta falso.
“O olho esquerdo é o olho do inconsciente, o olho feminino, que aceita, admira, que observa e percebe”. Já, “a mão esquerda é a mão feminina, que percebe, que é carinhosa, que toca e cura”. É mão de quem aceitou a viver o estilo das bem-aventuranças. De quem é sal e luz no mundo.
Quem vive apenas com o olho direito se apodera de tudo, alimenta a divisão interior, “cria seu inferno nas profundezas do seu ego”. Quem apenas vive com a mão direita, “reprime muitos impulsos oblativos, e acaba se lançando no fogo de suas regiões reprimidas”.

O evangelho de hoje nos chama a um equilíbrio espiritual que nos faz assumir as bem-aventuranças dando mais claridade a nossa luz e mais sabor ao nosso sal. Tornando-se “decisivo integrar e harmonizar os dinamismos interiores para que o seguimento de Jesus não desemboque numa batalho interior que desgasta e alimenta sentimentos de culpa”. E livres de toda culpa, possamos dizer com o salmista que “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo”.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Vós sois a luz do mundo! (Mt. 5,13-16)

Estamos diante de um belo texto para nossa reflexão pessoal. Ou melhor, uma cena para contemplação. Mas não uma cena física.
Para tirarmos proveito do que estamos ouvindo hoje, é muito importante lembrarmos do evangelho das Bem Aventuranças.
Primeiramente, as Bem Aventuranças antecedem a leitura de hoje. As Bem Aventuranças nos convidam a termos aquele estilo de vida, ou seja, elas não são atitudes utópicas. Viver as Bem Aventuranças é uma opção de vida. É possível vive-las, basta querer.
A palavra de hoje nos revela como devemos ser sinal de esperança. Como devemos levar aos outros nosso estilo de vida de bem aventurados.
Ser sal, primeiro caminho. As bem aventuranças são vida, e tudo que é vida, gera vida. Dá vida. Anima a vida. Quem vive as bem aventuranças pode dar sabor a sua vida e a vida dos outros. O sal conserva (mas também mata). O sal realça sabores. O sal dá o equilíbrio necessário aos nossos alimentos. Quem vive as bem aventuranças passa a dar novo sabor a sua vida propriamente dita, e é tempero para o outro.
Ser luz. Que interessante! Todas as denominações religiosas trabalham a luz como sinal de sua fé. A luz ilumina. A luz clareia. A luz aponta caminhos ("uma luz no fim do túnel). A luz dissipa as trevas. A luz gera vida.
Hoje somos chamados para ser luz na vida dos outros. Mas devemos ser luz para nós também. Aquele/a que vive as Bem Aventuranças não pode esconder dos outros seu estilo de vida. Deve ser luz para o outro. Mostrar que é possível viver uma vida diferente.
Não colocamos a luz no chão, pois assim não ilumina. A luz é colocada em um lugar de destaque. Acima das cabeças, para que possa iluminar. 
Mas o que vai iluminar essa luz? A luz que vem das bem aventuranças dissipa as trevas do egoísmo, do ódio, da corrupção, da maledicência, do roubo, da falta de caridade e misericórdia. Ilumina a escuridão daqueles que não veem os famintos e sedentos, os doentes e encarcerados, os nus e deserdados. Aqueles que gavam pela vida sem rumo.
A luz é traduzida nas Bem Aventuranças. No amor ao próximo. No reconhecimento de que todos são filhos e filhas de Deus: os despossuídos, os deserdados, os nus, os encarcerados, os doentes, os pobres, os sem terra, os sem teto. A luz nos faz ver que cada um desses pequeninos necessitam receber a Luz que nos ilumina e nos faz enxergar as Bem Aventuranças como estilo de vida.
Mas, para a luz brilhar é preciso o candelabro. É necessário o suporte. E este suporte, para nós, é a oração, o jejum e a caridade. São esses três pilares que nos fazem viver as Bem Aventuranças. São esses três pilares que sustentam a luz que transportamos por vivermos as Bem Aventuranças que iluminam e dão sabor às novas relações sociais. Esses candelabros iluminam a luta dos que estão sem condições da dar vida digna às suas famílias.
Ao vivermos as bem aventuranças, passamos a colocar sobre os candelabros a luz que vai bilhar para todos e para todas, sem distinção. Assim, Deus será glorificado em cada uma de suas ações.
Vivamos as Bem Aventuranças. Coloquemos sabor em nossas vidas e nas vidas dos outros. E sejamos luz para todos e todas que buscam glorificar a Deus. Amém!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Nota de Falecimento

É com grande pesar que comunico a morte da democracia no Brasil. E em especial no Estado do Rio de Janeiro.
Hoje, dia 01 de fevereiro de 2017, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que tinha cercado a ALERJ, o primeiro presídio do Rio de Janeiro, casa que abriga corruptos, ladrões, investigados pela justiça. 
Estávamos em frente à ALERJ, grande maioria de servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro. Pessoas vindas de várias cidades do interior do Estado. Homens, mulheres, crianças. Famílias de trabalhadores e trabalhadoras. Senhoras professoras de cabelos brancos, demonstrando anos de vida dedicados a população do Estado do Rio de Janeiro. Senhores que dividiram sua vida entre família e trabalho. Professores, pesquisadores, servidores da justiça, da Companhia de Água e Esgoto, do Bombeiros. Trabalhadores que estão sendo privados da parcela que lhes cabe por vender sua força de trabalho, o salário. Trabalhadores que não se conformam com mudanças nos benefícios sociais que estão sedo ROUBADOS pelos golpistas dos partidos que defendem os interesses privados e particulares. De partidos que não se incomodam com a vida dos pobres, dos sem teto, dos sem terras. De partidos que só pensam em engordar suas contas bancárias para se regalar à custa da morte dos pobres.
Mas eu vos digo, ou melhor, o apóstolo Tiago diz, "E agora vocês, ricos: comecem a chorar e gritar por causa das desgraças que estão para cair sobre vocês. Suas riquezas estão podres, suas roupas foram roídas pela traça; o ouro e a prata de vocês estão enferrujados; e a ferrugem deles será testemunha contra vocês, e como fogo lhes devorará a carne. Vocês amontoaram tesouros para o fim dos tempos. Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês: retido por vocês, esse salário clama, e os protestos dos cortadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. Vocês tiveram na terra uma vida de conforto e luxo; vocês estão ficando gordos para o dia da matança! Vocês condenaram e mataram o justo, e ele não conseguiu defender-se"(Tg 5,1-6).
O apóstolo atualizou o que havia ouvido do próprio Jesus, "Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar! Ai de vocês, se todos os elogiam, porque era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas"(Lc.6,24-26).
E encerro, que nada que é feito nessa terra, no mundo dos homens, no mundo material, fica sem retorno em outra dimensão. O próprio Jesus nos deixou esse ensinamento em dois momentos distintos. Primeiramente, no evangelho de Mateus, capítulo 25,40, disse, "todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram". E segundo, na história do Rico e do Pobre Lázaro, ouvimos: "Mas Abraão respondeu: Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado" (Lc. 16,25).
Anunciamos a morte, mas proclamamos a vida. A esperança. A ressurreição. Enquanto houver uma mulher ou um homem que acredite que valha a pena manter a chama da esperança acesa, haverá vida pulsando no meio dos trabalhadores.
Mesmo com a morte da democracia no Estado do Rio de Janeiro, continuamos alertas e na luta. Nada vai nos abalar pois cremos que é possível um "novo céu e uma nova terra"(Ap. 21,1). E então, poderemos gritar como disse o profeta Isaías: "vou criar um novo céu e uma nova terra, do passado não haja lembrança"(Is. 65,17).
Avante! Na Luta!