sexta-feira, 29 de julho de 2016

Doutrina Social da Igreja

Vamos iniciar o processo eleitoral para os municípios do país.
Debates. Propostas. Programas de governo. Tudo isso será colocado em questão. Infelizmente, nesse ano, temos as olimpíadas (que tenho chamado de olimPIADAS) para desvirtuar nossa atenção. As convenções partidárias estão ocorrendo. Candidatos estão sedo escolhidos. Programas discutidos. Não podemos deixar o foco na nossa vida ser desviado por conta das olimpíadas.
Antes que haver questionamento sobre quem vamos apoiar, é importante de onde deve partir nossa orientação. Antes de escolher um candidato e um partido lembre-se de saber qual a história política dele. Não basta não ter tido cargo eletivo para que isso o faça um bom candidato. Devemos pesquisar qual foi a atuação política dessa pessoa. Qual sua história de engajamento social. O que pensa sobre vários assuntos. Acrescente-se a isso o partido que ele pertence. Isso mesmo. Nossa política é partidária e não pessoal. Os candidatos devem estar filiados em um partido. São livres para escolher o partido que quiserem. E quando se filiam significa que concordam com o programa daquele partido. E todo partido deve ter um programa de governo. É no programa que se encontra aquilo que o partido pensa em relação a como devem ser as relações sociais.
Tendo em vista este preâmbulo, a partir de hoje, vou trabalhar os doze princípios da chamada Doutrina Social da Igreja. Apesar que alguns preferem Ensinamento Social da Igreja.
Sendo assim,ao longo desse período, antes de escolher seu candidato ou o partido no qual vais votar, estude, reze e leia o que diz a Igreja como nós católicos devemos agir.Vou apresentar e comentar os princípios da Doutrina Social da Igreja, a saber: "Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus"; "A dignidade da pessoa humana"; "A solidariedade"; "O bem comum"; "A opção preferencial pelos pobres"; "Não ao capitalismo liberal"; "Não ao socialismo"; "Sim a ação subsidiária do Estado"; "Sim a socialização"; "A prioridade do trabalho sobre o capital"; "A destinação universal dos bens, sem prejuízo do direito de propriedade privada"; "O justo salário".
Em breve começarei a publicação dos artigos. 
Deus vos abençoe.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

“O Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem”!(Lc. 11,1-13)

“Senhor, ensina-nos a rezar”! Toda pessoa que busca estar em sintonia com o mistério divino sabe que somente através da oração, meditação, leitura orante chega a ouvir, entender e viver a vontade de Deus.
Com os discípulos de Jesus não foi diferente. Eles viram que os discípulos de João tinham um jeito de relacionar-se com Deus, do jeito de João, e agora querem aprender com Jesus como relacionar-se com Deus.
A vida de Jesus só fazia sentido porque ele vivia aquilo que ele orava. Jesus aprendeu que uma oração que não levasse a um encontro com o outro, tornar-se-ia vazia, sem sentido, egoísta, individualista.
Os discípulos queriam aprender com o mestre como se relacionar com Deus. Por isso, pedem a Jesus que os ensine a rezar.
A relação de Jesus com o Pai era tão grande e íntima, que Ele queria que seus discípulos vivessem essa relação.
Primeiro, devemos ter uma relação de paternidade com Deus. Ele não está longe. Encontra-se bem perto, como um pai-mãe. Mas, como é criador, seu nome é santificado, ou seja, na cultura judaica não deve ser pronunciado. Por isso, Jesus indica “aquele que é” como Pai. Deus caminha junto (em seguida, com as duas histórias seguintes, vamos entender a relação de Deus com a paternidade). Pai, santificado seja o teu nome. Você é meu Pai, mas eu vos reverencio como aquele que é criador; é todo poderoso; criador das coisas visíveis e invisíveis. Ou seja, ele é o responsável pelo que somos. As coisas visíveis é o que fazemos, as invisíveis, as coisas que vão no coração, na psique. A paternidade divina cria uma relação de intimidade com Deus. Ele não está mais distante, pois seu Reino está no meio de nós. O Reino, que é da do Pai, está próximo. E é o Pai que a de prover tudo nesse Reino.
Todo pai acolhe, abriga, provê. O Reino de Deus é esse lugar. Lugar do acolhimento, do abrigo, onde se alimenta e se vive bem. Por isso, Jesus ensina a pedir esse reino: “Venha o teu reino”. E o que vamos encontrar nesse Reino? O pão necessário que precisamos; a remissão dos pecados, o fim das tentações.
O pão, alimento comum em todas as culturas, deve ser pedido a Deus. Já na oração de Jesus ele se insere em todas as culturas. O pão é o alimento mais primitivo (primeiro) que a humanidade produz. O pão está presente em todas as mesas, pelo menos assim esperamos. O pão traz em si um simbolismo. Ele alimenta o corpo, quando feito de farinha, água e fermento; mas por outro lado, alimenta a alma, o espírito quando a Palavra de Deus é meditada, orada, internalizada e colocada em prática. Por isso, após santificar o Pai, que está no seu Reino, devemos pedir que o alimento necessário à nossa subsistência diária nos seja dado.
Pai-Santificado-Reino-Pão, ai está o que precisamos para nossa vida espiritual. Mas se temos um Pai significa que temos irmãos. E se temos irmão/irmã, devemos ter uma relação com esse irmão/irmã. E de que forma isso se dá? A relação de fraternidade se concretiza através do perdão, da misericórdia, da caridade. Por isso, purificamos nossa existência através do perdão. Todas as vezes que ofendemos ao Pai, pecado, rompemos nossa relação de fraternidade com o irmão/irmã. Então, é preciso perdoar o outro para que tenhamos nossos pecados perdoados. Jesus relaciona o pedido de perdão às ofensas com o perdoar o próximo/a.
E por fim, nos ensina a pedir que não caiamos em tentação. Mas que tentação? A tentação de não perdoar. A tentação de não agir com misericórdia. A tentação de se esquecer do irmão/irmã. A tentação do egoísmo, do individualismo. Da falta de misericórdia, de caridade, de compaixão, de acolhimento. De suportar os erros do próximo/a (uma das obras de misericórdia espiritual: “sofrer com paciência as fraquezas do próximo”). Essa é a maior das tentações, a indiferença. Deus não nos é indiferente.
Deus é o Pai que sabe dar coisas boas a seus filhos/as, mesmo que estes sejam maus, que reneguem o Pai, que não aceitem o alimento diário, que não perdoem seu/sua próximo/a. “Deus não pode não amar”, pois “Deus é amor”, sempre é amor. O amor é personificado no Espírito Santo. Por isso, Jesus diz que devemos pedir o Espírito Santo, ou seja, pedir o amor, pois o amor tudo suporta, tudo espera, tudo crê, tudo desculpa.
Por fim, lembre-se sempre de máxima: “Deus-Pai é o que ama; o Filho é o amado; e o Espírito Santo o amor”! Lembre-se, quando pedimos o Espírito Santo estamos rogando a Deus que nos envie aquele que nos faz amar o Filho, que nos mostra o Pai que é aquele que ama. E Deus ama o Filho e todos os que estão no Reino e perdoam as ofensas dos outros.

OREMOS: Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

“Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20)

Algumas vezes na vida nos deparamos com algumas situações que não sabemos que atitude tomar; ou o que dizer; ou ainda, como reagir.
Os discípulos de Jesus haviam presenciado uma situação de calamidade pública. Pessoas com fome. Mas mesmo estando nesta situação, tinham forças para ir até Jesus. Vendo aquele povo, Jesus teve compaixão, pois não tinham o que comer. Sabendo de sua missão de anunciar aos pobres a boa nova, e que nem só de pão vive o homem, Ele sabia que o pão alimenta o corpo para que a alma se predisponha para ouvir, entender e acolher a Palavra de Deus.
Este ó preambulo para a compreensão do evangelho de hoje, Mateus 16,13-19.
Os apóstolos estavam sempre com Jesus. Viam suas ações. Ouviam suas palavras. Presenciavam os conflitos com os quais Jesus tinha com os fariseus e saduceus. As disputas religiosas em torno do como vivenciar a experiência pessoal com Deus.
Jesus levou seus discípulos para fora do burburinho da cidade. Um lugar à parte. Cesárea de Filipe. Esta região era afastada de Jerusalém. Vizinha a Galileia. É aí onde Jesus fará a pergunta que todos nós fazemos a nós mesmos em algum instante da vida: “Quem sou eu”?
É a pergunta fundante de nossa existência. Queremos saber quem somos nós e qual a nossa missão nesta vida. Para que existimos. Qual nossa missão nessa vida. Para cada um de nós, Deus designou uma tarefa.
Ao perguntar aos seus discípulos “e para vós, quem sou eu”? Jesus quer saber, primeiro, se os apóstolos sabem quem eles mesmos são. Porque o estão seguindo. Porque deixaram tudo para ir atrás dele. Então, a primeira pergunta a ser respondida é “Quem sou eu”? Mas não é uma resposta superficial que ele quer. Essa pergunte é a base de nossa existência. É uma pergunta que vai ao profundo do nosso ser. Que vai além das aparências. Que busca nas raízes da nossa humanidade o encontro com o criador. “Quem sou eu”?
Mas nós nos reconhecemos como pessoas diante de outro. É ele quem nos dá identidade. É o outro que me fez refletir sobre a minha pessoa. Então, Jesus pergunta “Quem sou eu”? Se somos discípulos, buscamos um traço de nossa identidade, de nossa personalidade, de nosso “eu” no próprio Deus. Pois ele é nossa fonte geradora, a força motriz do nosso “eu” que está no sopro de vida dado pelo criador no momento do nascimento da humanidade, do ser humano.
Pois bem, se sabemos quem somos, sabemos também onde queremos ir. O que queremos alcançar. Com que quem queremos partilhar a vida. Assim, Jesus quer saber se seus discípulos conseguem ver com os olhos dos outros quem ele é. Daí, então, a pergunta, “quem dizem os homens ser o Filho do Homem”? Ou seja, você identificar o que as pessoas falam de mim? Você consegue se ver nos outros? Você consegue ver o que os outros pensam de mim, Jesus? As respostas são múltiplas e variadas. Os outros olham Jesus como sendo uma representação do passado. Alguém distante da realidade deles. 
Então, a pergunta, “e vós quem dizeis que eu sou”? E vós, diante daquilo que vocês acompanham e ouvem, e vós que caminham comigo, e vós que fizeram a experiência do próprio eu, “quem dizeis que eu sou”?
A resposta não poderia ser outra. “Tu és o Filho do Deus vivo”. Tu és a razão de nossa existência. Tu és aquele que está na minha essência, na minha existência, no princípio de tudo. Meu eu, minha identidade humana faz sentido somente contigo. Tu és Deus! E como tal, tu atinges o mais fundo do meu ser. Sem ti, minha existência, minha identidade perde sentido. Meu “eu” fica sem rumo, perdido, a deriva. 
Jesus passa a ser a rocha onde tudo se constrói. Onde toda a existência está sustentada. Sem ele, ficamos perdidos no passado. Numa distância que cega e não deixa ver a realidade nova que se aproxima. É Jesus que dá a chave para a nova vida. Seres humanos novos. Livres do que escraviza. Do que aprisiona. Do que mata. Do que se desliga do céu. 
Deixe Jesus fazer parte de sua vida. Deixe Jesus fazer parte do seu eu. Não tenhas medo de que ele seja o seu próprio eu, como disse São Paulo, “não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
Ao fim de nossa vida terrena, poderemos dizer, “combati o bom combate,  completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7).