quinta-feira, 24 de setembro de 2015

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. (Jo. 6,68)

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. (Jo. 6,68)
O evangelista João coloca na boca de Pedro essa profissão de fé. Após o discurso sobre o pão da vida (o pão que alimenta, o pão que encoraja, o pão que exige ir ao encontro do outro) muitos discípulos começaram a abandonar o caminho que percorriam com Jesus.
A fé é exigente. A fé não pode ficar presa. A fé não é estagnada. A fé se concretiza em ações. “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Estava nu e me vestistes. Estava doente e encarcerado e fostes me visitar” (Mt 25,31-46).  Assim disse Jesus que deveríamos agir. Tiago, em sua carta, afirma que “sem obras, a fé é morta” (Tg 2,17b.).
“Buscai primeiro o Reino de Deus, e tudo mais vos será acrescentado” (Mt 6,33). Buscar o reino é buscar vida eterna. E quem pode dar vida se não Jesus; “eu sou o caminho, a verdade e a VIDA” (Jo. 14,6. Grifo meu). Em seguida, “eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10b.). E dar vida é gerar vida. É fazer com que o outro tenha vida.
Muitas vezes, procuramos Jesus entre os mortos. Não temos a coragem de reconhecer que ele está no meio de nós, vivo. “Porque procurai dentre os mortos aquele que está vivo?” (Jo. 24,5d). Jesus vive. E de que forma vive? Vive através de sua Igreja. Vive através dos cristãos batizados. Vive naqueles que buscam e promovem a paz (Mt. 5,9a). Vive naqueles que são perseguidos por causa da justiça (Mt. 5, 10). Vive nos misericordiosos (Mt 5,7).
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. Aqueles primeiros que encontraram Jesus procuravam palavras e gestos de encorajamento para o nosso desânimo. Para a falta de fé. Assim, irmãos e irmãs, somente Jesus pode nos garantir palavras de mudança. Somente ele tem palavras de Vida; e de vida eterna. “Por melhor que seja alguém, chega o dia em que há de faltar, só o Deus vivo a palavra mantêm, e jamais ele a de falhar”.

Somente Jesus tem palavras que podem nos manter vivos eternamente.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

“A melhor oração é amar”

“A melhor oração é amar”.
Prezados irmãos, muitas vezes falamos sobre oração. Procuramos pessoas, ou leituras, que nos “ensinem” a orar. Existem várias “escolas” místicas de oração. Vários santos tornaram seu caminho de encontro com Deus público. Fazendo disso, uma forma de se chegar até o criador, e Pai de todos.
Uns chamaram de Caminho; outros Exercícios Espirituais; Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja; Regras. Em fim, uma infinidade de nomes ao movimento que faz a alma em direção a Deus, e que retornando ao orante se transforme em vida para os outros.
Neste sentido, Santo Inácio de Loyola, ao fazer a primeira anotação sobre o que são os Exercícios Espirituais, afirma que são “os diferentes modos de a pessoa se preparar e dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e afastando-as, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vida para o bem da mesma pessoa” (EE 1, 1ª Anotação).
É necessário entender um termo que aparece, e alguma vezes torna-se de difícil compreensão: “afeições desordenadas”. Segundo a versão dos Exercícios Espirituais, de Joaquim Abranches, sj, tradução das Edições Loyola (1985), em nota de rodapé, encontramos que “as afeições desordenadas são todas as aspirações profundas (conscientes ou inconscientes) do homem, que o levam a uma aversão a Deus, e pelas quais tende a desviar-se e a sair da ordem estabelecida por Deus, na qual tudo converge para Cristo, e nele para o Pai”. Ou seja, em resumo, são as chamada “vontades”; nossos “quereres”. Uma utilização equivocada do Livre Arbítrio. Sobre isso, nos diz Paulo aos Coríntios, “Posso fazer tudo o que quero. Sim. Mas nem tudo me convém” (I Cor. 6,12a.).
A oração deve ser um momento de revisão de vida. Um confrontar a própria vontade com a necessidade de fazer a vontade de Deus. “Nem todo que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu” (Mt. 7,21). Toda oração deve questionar como estamos vivendo a caridade. E caridade se pratica com aquele que nada pode nos retribuir. O que poderíamos dar em troca para Jesus pela sua morte na cruz? Ele se entregou sem esperar nada de nós. Sem esperar nada por aqueles que ele estava dando a vida. Nada.
Orar é confrontar a vida com o que nos pede Deus. E isso só se tem diante de sua palavra, a Sagrada Escritura. Diante dos “mestres” de oração. Diante de um movimento de sair de si, de libertar-se das “afeições desordenadas”.
Orar é dispor a alma para Cristo, deixando de lado tudo aquilo que impede de fazer a vontade de Deus. Tornar-se livre diante das coisas, de tal modo que se possa dizer, em oração, que quem perde a vida por causa de Cristo vai encontra-la (Mt. 10,39b).
Orar é dispor a alma para a salvação. Orar é privar-se de tudo o que impede de atingir esse fim. Orar é tornar-se “indiferente” às coisas criadas para que possamos atingir o fim de nossa alma, a salvação.

E livres das nossas “afeições ordenadas” possamos optar por Cristo, escolhendo-o como Senhor de nossa vida de nossos quereres e de nossas vontades.