“A
melhor oração é amar”.
Prezados
irmãos, muitas vezes falamos sobre oração. Procuramos pessoas, ou leituras, que
nos “ensinem” a orar. Existem várias “escolas” místicas de oração. Vários
santos tornaram seu caminho de encontro com Deus público. Fazendo disso, uma
forma de se chegar até o criador, e Pai de todos.
Uns
chamaram de Caminho; outros Exercícios Espirituais; Liturgia das Horas, oração
oficial da Igreja; Regras. Em fim, uma infinidade de nomes ao movimento que faz
a alma em direção a Deus, e que retornando ao orante se transforme em vida para
os outros.
Neste sentido,
Santo Inácio de Loyola, ao fazer a primeira anotação sobre o que são os Exercícios
Espirituais, afirma que são “os diferentes modos de a pessoa se preparar e
dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e afastando-as,
procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vida para o
bem da mesma pessoa” (EE 1, 1ª Anotação).
É
necessário entender um termo que aparece, e alguma vezes torna-se de difícil
compreensão: “afeições desordenadas”. Segundo a versão dos Exercícios
Espirituais, de Joaquim Abranches, sj, tradução das Edições Loyola (1985), em
nota de rodapé, encontramos que “as afeições desordenadas são todas as
aspirações profundas (conscientes ou inconscientes) do homem, que o levam a uma
aversão a Deus, e pelas quais tende a desviar-se e a sair da ordem estabelecida
por Deus, na qual tudo converge para Cristo, e nele para o Pai”. Ou seja, em
resumo, são as chamada “vontades”; nossos “quereres”. Uma utilização equivocada
do Livre Arbítrio. Sobre isso, nos diz Paulo aos Coríntios, “Posso fazer tudo o
que quero. Sim. Mas nem tudo me convém” (I Cor. 6,12a.).
A oração
deve ser um momento de revisão de vida. Um confrontar a própria vontade com a
necessidade de fazer a vontade de Deus. “Nem todo que me diz Senhor, Senhor
entrará no Reino dos Céus. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do
meu Pai, que está no céu” (Mt. 7,21). Toda oração deve questionar como estamos
vivendo a caridade. E caridade se pratica com aquele que nada pode nos
retribuir. O que poderíamos dar em troca para Jesus pela sua morte na cruz? Ele
se entregou sem esperar nada de nós. Sem esperar nada por aqueles que ele
estava dando a vida. Nada.
Orar é
confrontar a vida com o que nos pede Deus. E isso só se tem diante de sua
palavra, a Sagrada Escritura. Diante dos “mestres” de oração. Diante de um
movimento de sair de si, de libertar-se das “afeições desordenadas”.
Orar é
dispor a alma para Cristo, deixando de lado tudo aquilo que impede de fazer a
vontade de Deus. Tornar-se livre diante das coisas, de tal modo que se possa
dizer, em oração, que quem perde a vida por causa de Cristo vai encontra-la (Mt.
10,39b).
Orar é
dispor a alma para a salvação. Orar é privar-se de tudo o que impede de atingir
esse fim. Orar é tornar-se “indiferente” às coisas criadas para que possamos
atingir o fim de nossa alma, a salvação.
E
livres das nossas “afeições ordenadas” possamos optar por Cristo, escolhendo-o
como Senhor de nossa vida de nossos quereres e de nossas vontades.
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