terça-feira, 26 de setembro de 2017

Traidores do povo

Recebi de Javé a seguinte mensagem: «Criatura humana, profetize contra os pastores de Israel, dizendo: Assim diz o Senhor Javé: Ai dos pastores de Israel que são pastores de si mesmos! Não é do rebanho que os pastores deveriam cuidar? Vocês bebem o leite, vestem a lã, matam as ovelhas gordas, mas não cuidam do rebanho. Vocês não procuram fortalecer as ovelhas fracas, não dão remédio para as que estão doentes, não curam as que se machucaram, não trazem de volta as que se desgarraram e não procuram aquelas que se extraviaram. Pelo contrário, vocês dominam com violência e opressão. Por falta de pastor, minhas ovelhas se espalharam e se tornaram pasto de feras selvagens. Minhas ovelhas se espalharam e vagaram sem rumo pelos montes e morros. Minhas ovelhas se espalharam por toda a terra, e ninguém as procura para cuidar delas. Por isso, vocês, pastores, ouçam a palavra de Javé: Juro por minha vida - oráculo do Senhor Javé: Minhas ovelhas se tornaram presa fácil e servem de pasto para as feras selvagens. Elas não têm pastor, porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho: ficam cuidando de si mesmos, em vez de cuidarem do meu rebanho. Por isso, pastores, ouçam a palavra de Javé! Assim diz o Senhor Javé: Vou me colocar contra os pastores. Vou pedir contas a eles sobre o meu rebanho, e não deixarei mais que eles cuidem do meu rebanho. Desse modo, os pastores não ficarão mais cuidando de si mesmos. Eu arrancarei minhas ovelhas da boca deles, e elas não servirão mais de pasto para eles». «Assim diz o Senhor Javé: Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas. Como o pastor conta o seu rebanho, quando está no meio de suas ovelhas que se haviam dispersado, eu também contarei as minhas ovelhas, e as reunirei de todos os lugares por onde se haviam dispersado, nos dias nebulosos e escuros. Eu as retirarei do meio dos povos e as reunirei de todas as regiões, e as trarei de volta para a sua própria terra. Aí, eu próprio cuidarei delas como pastor, nos montes de Israel, nos vales e baixadas do país. Vou levá-las para pastar nas melhores invernadas, e o seu curral ficará no mais alto dos montes de Israel. Aí, elas poderão repousar num curral bom, e terão pastos abundantes sobre os montes de Israel. Eu mesmo conduzirei as minhas ovelhas para o pasto e as farei repousar - oráculo do Senhor Javé. Procurarei aquela que se perder, trarei de volta aquela que se desgarrar, curarei a que se machucar, fortalecerei a que estiver fraca. Quanto à ovelha gorda e forte, eu a destruirei, pois cuidarei do meu rebanho conforme o direito». (Ez. 34,1-16).

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Buscarei minhas ovelhas de todos os lugares

A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: ”Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel!  Profetiza, dizendo-lhes: Assim fala o Senhor Deus aos pastores: Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos!  Não são os pastores que devem apascentar as ovelhas? Vós vos alimentais com o seu leite, vestis a sua lã e matais os animais gordos, mas não apascentais as ovelhas. Não fortalecesses a ovelha fraca, não curastes a ovelha doente, nem enfaixastes a ovelha ferida.  Não trouxesses de volta a ovelha extraviada, não procurasses a ovelha perdida; ao contrário, dominasses sobre elas com dureza e brutalidade. As ovelhas dispersaram-se por falta de pastor; tomando-se presa de todos os animais selvagens. Minhas ovelhas vaguearam sem rumo por todos os montes e colinas elevadas.  Dispersaram-se minhas ovelhas por toda a extensão do país, e ninguém perguntou por elas, nem as procurou.
Assim diz o Senhor Deus: Vede!  Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que forem dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Vou retirar minhas ovelhas do meio dos povos e recolhê-las do meio dos países para as conduzir à sua terra.  Vou apascentar as ovelhas sobre os montes de Israel, nos vales dós riachos e em todas as regiões habitáveis do país. Vou apascentá-las em boas pastagens e nos altos montes de Israel estará o seu abrigo.  Ali repousarão em prados verdejantes e pastarão em férteis pastagens sobre os montes de Israel. Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar - oráculo do Senhor Deus. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte.  Vou apascentá-las conforme o direito.
Para apascentá-las farei surgir sobre elas um único pastor, o meu servo Davi: ele as apascentará e lhes servirá de pastor. Eu, o Senhor, serei o seu Deus e o meu servo Davi será príncipe entre eles.  Eu, o Senhor, falei. Farei com eles uma aliança de paz, farei desaparecer do país os animais ferozes, de modo que poderão morar em segurança no deserto e dormir nos bosques. Farei deles e dos arredores da minha colina uma bênção; farei cair chuva a seu tempo, chuva que será uma bênção. As árvores do campo produzirão fruto e a terra dará suas colheitas, e eles estarão em segurança no seu país.  Saberão que eu sou o Senhor, quando eu lhes quebrar as barras do jugo e os libertar da mão dos que os escravizam. Não mais servirão de pilhagem para as nações, e os animais selvagens não tomarão a devorá-los.  Morarão em segurança sem que ninguém os aterrorize. Farei germinar para eles plantações tão fabulosas que não haverá mais vítimas de fome no país, nem terão de suportar a injúria das nações. Assim saberão que eu, o Senhor, sou O Deus-com-eles, e eles o meu povo, a casa de Israel oráculo do Senhor Deus. E quanto a vós, minhas ovelhas, sois as ovelhas de minha pastagem, e eu sou o vosso Deus” oráculo do Senhor Deus. (Ezequiel 34,1-6.11-16.23-31)

domingo, 24 de setembro de 2017

“O senhor está perto da pessoa que o invoca”

Hoje nos deparamos com dois textos que falam do nosso “ser-humano”. Do que há de humano na própria humanidade.
O profeta Isaías (Is. 55,6-9) nos fala de um Deus que se deixa encontrar. Mas só quem se afasta de iniquidade, de praticar injustiças, de maquinações, pode encontrar a Deus, e o invocar com fé sincera.
Jesus nos fala de um “patrão”, de um dono de uma vinha. Este necessita de trabalhadores. O tempo da colheita chegou. Então, o Reino de Deus é comparado a essa vinha. Interessante é vermos Deus como o patrão; e Jesus o capaz que faz a contratação e paga cada um dos servidores.
Por outo lado, há um contrato de trabalho, onde se estipula o valor que será pago pelo serviço executado. Cada grupo de trabalhadores inicia o serviço num determinado horário. Mas Jesus deixa bem claro que o valor da atividade laboral será uma moeda de prata.
Uns chegaram pela madrugada, em torno das seis horas da manhã, ou quando sol começa a surgir. Há os que foram chamados às nove horas. Por volta da metade da manhã. E nos fala daquele que chegaram ao meio dia. E por fim, de trabalhadores que iniciam sua atividade pelo fim da tarde, um pouco antes de sol se por.
Lembremos que o combinado pelo serviço era de uma moeda de prata. Esse foi o trato inicial. Deus sempre age com justiça. A lógica divina difere da nossa lógica capitalista.
Começa o acerto das contas dos trabalhadores. O “patrão” começou a pagar pelos últimos. Aqueles que, segundo texto, trabalharam apenas uma hora. Receberam uma moeda de prata, tal como aqueles que iniciaram sua atividade laborial na madrugada. Vendo aquilo, os primeiros acharam que receberiam mais, pois se os últimos contratados receberam uma moeda de prata e só trabalharam uma hora, os primeiros acharam que deveriam ganhar mais. Essa é a nossa lógica capitalista de ver o mundo. Mas Jesus está nos educando para olhar nossa realidade através da lógica divina e não humana. Pois a lógica humana é mesquinha, injusta e invejosa.
Lembremos que há um patrão que contrata os serviços. Há um “contrato” de trabalho onde ficou acertado o valor da diária. Existem trabalhadores convocados para cada hora do dia. E que o parâmetro do pagamento é de uma moeda de prata.
Por outro lado, o dinheiro pertence ao dono da vinha, como a própria vinha. Quem estipula o valor a ser pago é o dono. Ele tem o valor máximo a ser pago, uma moeda de prata. Mensuramos nossa atividade de trabalho pelo tempo trabalhado, e não pela qualidade do trabalho. Quem disse que quem trabalha mais tempo tem uma qualidade melhor? Nós medimos o tempo e o valoramos. Deus “mede” as pessoas e as relações humanas e divinas que elas produzem.
Desde o livro do Levítico, Deus havia acordado o valor e a forma de trabalho. O patrão não deveria reter o valor da diária até o dia seguinte. O pagamento deveria ser justo.
O que vemos hoje, é como devemos prestar atenção no nosso serviço para Deus. Deus não se importa com o tempo que estamos na Igreja. Não! Deus quer que façamos de nossas relações sociais uma modelo de família, onde um pai-mãe trata seus filhos de forma igual, não importa a idade. Do mais velho ao mais novo, todos tem o mesmo direito. Ninguém está acima de ninguém. Se assim acontece em nossas famílias e em nossas casas, porque não agirmos do mesmo modo nas coisas de Deus? Na Igreja de Deus? No grupo, na pastoral, no ministério? Antiguidade não é posto. Formação acadêmica não garante privilégios. Jesus disse que quem quisesse ser o maior fosse o servidor de todos. Aquele/a que deseja ser o maior na comunidade deverá ser o/a que está sempre disponível a servir. Aquele/a que está sempre pronto para a cruz. Aquele/a aquela que caminha para o calvário. Que aceita a paixão. Pois sabe que é pela cruz que se chega à ressurreição. Não existe entrada no Reino sem cruz. Paulo disse, “Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27a).
Aproximemo-nos de Deus enquanto há tempo, enquanto ele se deixa encontrar. Façamos de nossas vidas uma ação de graças constante. Revistam-nos do Evangelho. Vive ou morrer seja para nós um mero detalhe.
“O senhor está perto da pessoa que o invoca”, diz o salmista. Invoquemos o Senhor nos dias de angústia para que possamos suportar a Dor. Invoquemos o Senhor no dia da alegria para darmos graças pelas consolações recebidas. Vivos para Deus, e mortos para as coisas do mundo sejamos sempre gratos a Deus que está ao nosso lado.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

“Quem não está contra nós, está ao nosso favor”

Mc. 9,38-40: João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lhe proibimos, porque ele não nos segue”. Jesus disse: “Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. Quem não está contra nós, está ao nosso favor”.
Esse texto sempre me chamou a atenção. Por um lado, os discípulos queriam que somente aqueles que seguissem a Jesus tivessem a autoridade de expulsar demônios. Por outro, Jesus abre a oportunidade para que outras pessoas, mesmo de fora do grupo, mas que acreditam nele possam fazer as mesmas coisas que os discípulos.
Muitas vezes, achamos que Deus nos criou para que vivamos presos numa caixa fechada, onde não se pode fazer nada de diferente. Onde não vemos outras caixas, outras possibilidades. Outros jeitos de ser. Outras formas de vida que brota do próprio Deus, fonte da vida.
Em outra oportunidade, Jesus havia dito a Samaritana, “Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura. 24 Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (Jo. 4,23-24).
Em Jesus, Deus não se fecha em si mesmo. Não se submete a leis que nos afastam dele. As leis de Deus nos geram vida, e “vida em abundância”. Elas tratam de nossa relação conosco mesmo, com os outros, e com o próprio Deus. Deus não se fecha em si. Deus quis se dar, pois Deus é vida. Deus doa vida. Deus se deu para cada um de nós quando morreu na cruz.
At. 11,7-9: “Depois ouvi uma voz que me dizia: ‘Levante-se, Pedro, mate e coma’. Eu respondi: ‘De modo nenhum, Senhor! Porque jamais coisa profana e impura entrou na minha boca’. A voz me disse pela segunda vez: ‘Não chame de impuro o que Deus purificou’”.
Nos Atos dos Apóstolos, Pedro tem a experiência de que Deus purifica as pessoas. Purifica as relações sociais. Transforma a vida, principalmente a vida daquele que assumem a direção, o pastoreio, que vão à frente do grupo, da comunidade. Apontam a direção.
A Palavra de Deus nos ensina as relações de tolerância, de respeito. De busca de compreensão do outro. De procurar ver a vida do outro com o valor devido.

Com tolerância. Sem raiva ou rancor. Sem ódio no coração poderemos criar uma nova sociedade, uma nova relação baseada na fraternidade, na solidariedade, na liberdade.

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim”?

Esse é o texto mais difícil de ser pregado. Pedro expressa aquilo que vai no coração humano, “olho por olho, dente por dente”. Muitas vezes, a natureza humana fala mais alto: o egoísmo, o fundamentalismo, a mesquinhez, a raiva, o ódio. Pedro expressou nessa pergunta aquilo que se instalou no coração humano. O Perdão! Quantas vezes demos perdoar. No coração de Caim contra seu irmão Abel. A Sagrada Escritura está repleta de histórias sobre a “raiva” que os seres humanos nutrem por outro ser humano.
Por outro lado, os profetas, juízes e reis do Primeiro Testamento, sempre destacaram o amor de Deus pela humanidade. Mostram o plano divino para o retorno ao paraíso.
João, na sua Primeira Carta, diz, “Deus é amor”. E, certa vez ouvi, “Deus não pode não amar”. E se somos feitos a imagem e semelhança de Deus, não podemos não amar também. Nosso exemplo máximo de amor é Jesus Cristo. Aquele doou-se a si mesmo. Que deu seu corpo e seu sangue em resgate dos nossos pecados. Que deixou a “ordem” de nos amarmos uns aos outros, para que todos possam conhecer a Deus. E ainda, que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus irmãos”.
Perdoar não tem limites. Deus é infinito em sua misericórdia. Deus nos perdoa. E se trazemos em nós parte de Deus (fomos criados a sua imagem e semelhança), devemos amar também. E amar de forma incondicional.

Se “o Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso” tenhamos em nós essas características. 

sábado, 16 de setembro de 2017

Oficina dos Escritos Espirituais de Santo Inácio de Loyola

Hoje participei de uma Oficina para os Escritos Espirituais de Santo Inácio de Loyola.
Saber registrar o que Deus nos fala, e quais os nossos sentimentos em relação à escuta da voz de Deus, é um dos caminhos para encontrarmos a vontade de Deus em nossa vida.
Como exercício proposto, nos foi pedido que utilizássemos o texto de Lc. 22,7-20 para rezarmos e deixarmos registrado aquilo que Deus nos comunicou.
Para saber, o texto refere-se à última ceia judaica de Jesus, e a instituição da Eucaristia cristã.
O que me marcou neste momento foi a palavra "repartiu". Jesus repartiu o pão. Deu-se em comida. O pão que é o corpo, é repartido. É dado por nós. É colocado a serviço e em missão.
Por outro lado, a vida vem do sangue. "Sangue é vida. E do sangue, nasce a "nova aliança"; o pacto de sangue entre Deus e a humanidade. Dar o sangue significa resgatar a divindade escondida na humanidade.
Jesus manda que seus discípulos façam memória daquele momento. Devemos recordar, reviver o gesto de Jesus. "Fazer memória" é tornar a realidade o mistério da Encarnação. Ao comer do "corpo"; ao beber do "sangue", eu me doo refazendo a Nova Aliança em minha vida? Meu corpo e meu sangue, eu os reparto para que haja, e se faça, vida, e "vida em abundância"?
No evangelho de João, ao falar sobre o lava-pés, a doação que brota da Eucaristia, Jesus diz aos discípulos, "vós deveis fazer o mesmo"!

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

"Eis que faço nova todas as coisas"

De instrumento de tortura e morte, a objeto de salvação.
A cruz era o elemento mais cruel de tortura e morte criada pelos romanos. O apedrejamento era um costume judaico. Cada povo, cada cultura, cria seus instrumentos de morte par dar vasão ao não entendimento daquilo que nos é diferente.
Para a sociedade do tempo de Jesus, a cruz significava o lugar do abandono de Deus: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes”. Essas foram as palavras de Jesus. A dor. A perda de sangue. A rejeição. A zombaria. Foram tão fortes, que o próprio filho não conseguia ver o Pai. Um silêncio divino dentro do mais profundo do ser. Dentro de quem sempre colocou sua vida para Deus. Um silêncio. Um silêncio divino que incomoda a essência humana, pois somos partes de Deus. Somos criados a sua imagem e semelhança.
A morte na cruz era destinada aos piores bandidos do tempo de Jesus. E principalmente, para aqueles que se demostravam contra o império romano.
Interessante observar que tudo o que Jesus toca se santifica. A cruz de Cristo tornou-se elemento de salvação. Jesus fez de sua morte nossa passagem para o Reino de Deus. Não se chega ao Reino sem a cruz. “Pegue a sua cruz e me siga”. A cada um de nós, Deus nos deu uma cruz. Ou um “espinho”, como disse são Paulo. A cruz nos faz lembrar a nossa humanidade. A cruz nos remete a nossa dependência de Deus. A cruz tira de nós a nossa soberba, autossuficiência. Nos tornas impotente.
Existem duas formas de encarar a cruz. A primeira, é murmurando. Achando-se mais santos de todos os mortais, que não mereça a cruz. E a outra forma, é pegando a própria cruz e seguindo Jesus. É sendo sinal de salvação no meio do mundo. E dando testemunho de que a graça de Deus supera todas as dificuldades.
Deus se colocou na cruz para que pudesse passar por todos os sofrimentos humanos. Deus se colocou na cruz para que pudesse compreender a dor humana. Deus se colocou na cruz para nos mostrar que tudo pertence a Deus. Que Deus está na ordem de todas as coisas. E que quando sabemos ver Deus no sofrimento, na dor, no desespero, ele se revela, “ainda hoje estará comigo no paraíso”.
Ao ser levantado na cruz, Jesus abriu as portas do Reino dos Céus. Se quisermos ir e entrar no Reino dos Céus, essa é a chave, a cruz. Todos os que assumem a sua cruz garantem a entrada no Reino de Deus. A vida eterna passa pela cruz e pela fé em Jesus pregado na cruz. Ao passar pela cruz, Jesus gerou vida, e vida em abundância.
Oremos: “Ó Deus, que para salvar a todos despusestes que o vosso Filho morresse na cruz, a nós que conhecemos na terra este mistério, dai-nos colher no céu os frutos da redenção”.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

"Cristo é tudo em todos"


“O Senhor é muito bom para com todos”
“Não é mole não. Rapadura é doce, mas não é mole não”. Acho interessante esse ditado popular. Quem disse que para ser doce precisa ser mole? E tem outro que trata da perseverança: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”!
Olhando as leituras de hoje, somos chamados a mudarmos de vida. E nos revestirmos de Cristo. A nos tornarmos mulheres e homens de um novo tempo. Forjar uma nova civilização, baseada no amor, no respeito, no perdão. Como disse o Papa Paulo VI, criar a “civilização do amor”.
Para construir essa nova “civilização” é preciso nos revestirmos das “coisas do alto” (Cl 3,1). Devemos fazer morrer em nós o que pertence á terra, a saber, “imoralidade, impureza, paixão, maus desejos, cobiças e idolatria” (Cl 3,5-6). Pois essas coisas não agradam a Deus.
Aqueles e aquelas que buscam fazer a vontade de Deus, que estão no caminho de um bom propósito. Que querem construir novas relações sociais, devem abandonar a “ira, irritação, maldade, blasfêmia, palavras indecentes” (Cl 9,8); e “não mentir uns aos outros” (Cl. 3,9). Esses são os jeitos que o homem velho agia em nós. Jesus Cristo nos remiu de tudo isso.
Assim, devemos viver uma vida baseada nas bem-aventuranças. Aprender com ele que a pobreza é a porta para a entrada no Reino de Deus. Que a fome será completamente saciada na glória eterna. Fome de pão e de palavra. Que os que choram não o fazem em vão. Que ser tratado com ódio nos torna semelhantes ao Cristo da paixão. Jesus nos dá uma nova perspectiva de vida. Nos faz ter um olhar mais à frente. “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna”.
Por outro lado, Jesus nos adverte para tomarmos cuidado. Pois aqueles que, neste mundo, tem riquezas, que se fartam de comer sem se preocupar com os famintos, aqueles que vivem rindo na riqueza, e que são elogiados pela fortuna que tem, devem tomar cuidado. Sofrerão quando da passagem para o Reino. Não herdarão o reino. Não entrarão no Reino de Deus.
A palavra de hoje é dura. Muita dura. Mas pode se tornar doce, muito doce. Basta sabermos a vida que queremos no futuro. Consolação ou desolação?
Deixemo-nos moldar, cotidianamente, pela Palavra de Deus que vai nos transformando em mulheres e homens novos, revestidos da glória de Deus. Construtores da Civilização do Amor.
(fonte: Lc. 6,20-26. E Cl. 3,1-11)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

"Vieram para ouvir Jesus"


Vemos três atitudes de Jesus: oração noturna; escolha dos 12; pregação e cura de “muitos”.
A oração. É o momento privilegiado de encontro com Deus. Não aquela oração que repete muitas palavras. Mas a oração silenciosa que se dá no coração e na vida. Distanciado dos “barulhos” do mundo. Das agitações. Um colocar-se a parte.
Para os judeus, a montanha sempre será esse lugar. Foi na montanha que Moisés recebeu as Tábuas da Lei. Foi na montanha que Moisés se instruía com Deus. Deus se revela na montanha. Lugar distante de tudo e de todos. Cada um de nós devemos buscar nossa montanha para nosso encontro pessoal com Deus.
Jesus passa a noite toda em oração. A noite é o momento onde todos os nossos fantasmas aparecem. A noite é o momento do abandono. Da ausência de luz. Estar em oração a noite significa dizer que Deus ilumina até os momentos de tristeza, de desilusão, de decepção, de angústia. É colocar nas mãos de Deus tudo aquilo que faz parte do nosso sofrimento humano. É o momento do entendimento de que Deus está no comando, no controle, na direção de nossas vidas.
Passar a noite em oração é colocar todo o pensamento em Deus. Todo querer. Toda vontade. É submeter-se àquilo que o Pai espera de nós.
A oração precede toda tomada de decisão importante. Infelizmente, perdemos isso em nossos tempos. As decisões mais importantes de nossa vida devem ser tomadas nos momentos de consolação, de alegria, de esperança, de fé. Nunca na agonia, na tristeza, na falta de fé, nem na falta de esperança. Com certeza, ao deixarmos Deus e a oração de lado, nossas decisões tornam-se vazias e estéreis. Frustradas. Nos levando ao desânimo.
Após a oração, Jesus chama seus 12 apóstolos. Mas Jesus não chama-os para ficarem na montanha. Jesus chama seus apóstolos para estarem com eles no apostolado, na missão, na pregação da Palavra e na cura. O lugar do apóstolo não é fica refugiado na montanha. A montanha é para se abastecer de Deus e voltar para a planície.
Na planície se dá a missão. O encontro com as pessoas. Com seus problemas, com seus sofrimentos, com suas angústias. Com suas doenças. Com seus demônios que impedem de ver Deus verdadeiramente, tal como ele é. É na planície que se deforma a imagem de Deus. É na planície que está a árvore da vida que não deve ser tocada. É na planície que está aqueles e aquelas que devem ser curados das enfermidades, e onde deve ser exorcizado todo espírito mau que divide a comunidade, que afasta as pessoas, que discrimina, que acusa.
Na planície o encontro. Mas não é um encontro casual; não é um encontro qualquer. É um encontro para se ouvir a palavra de Jesus. É a palavra que transforma vidas. É a palavra que cura. É a palavra que exorciza os espíritos angustiados.
Hoje somos chamados a sermos contemplativos, mulheres e homens de oração. Somos chamados e escolhidos para sermos missionários nas planícies de nossa vida cotidiana. Anunciar a palavra e provocar a cura e o exorcismo em todos aqueles e aquelas que veem ao nosso encontro.

Encerro com a palavra que diz “a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saia dele”. Portanto, somos portadores de uma força que cura e liberta. Vivamos nossa missão. (fonte: Lc. 6,12-19).

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

“O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal”?

Temos diante de nós um breve relato muito revelador da pessoa e da personalidade de Jesus.
Lucas nos mostra que o fato ocorreu num dia de Sábado, no shabat. Dia em que os judeus se recolhem e nada podem fazer. Muitos dos atritos de Jesus com os fariseus, mestres da lei e doutores se deu em dia de Sábado. A observância máxima da lei. Situa o dia: Sábado.
Em seguida, o evangelista nos mostra que Jesus está na Sinagoga, local de culto, de oração. E que Jesus não está aí numa atitude passiva, mas tem voz ativa nesta Sinagoga. O autor revela que Jesus “começou a ensinar”. Ensinar, etimologicamente, significa “colocar sinal, marcar”. Para Jesus, ensinar significa colocar no coração dos seus ouvintes aquilo que Deus-Pai quer que seja feito. Não sabemos o que Jesus estava ensinando. O evangelista não nos revela. Mas neste caso, não faz a menor importância. Mas podemos supor que Jesus estivesse falando sobre o bem e o mal. Como fomos criados para a bondade, pois fomos feitos à imagem e semelhança de Deus e da Trindade, que é bondade, que é amor. Mas que o coração do homem se fechou à graça de Deus a partir do momento que decidiu, em seu coração, não acatar a lei de não tocar, nem comer, o fruto da árvore do meio do jardim. A partir de então o próprio ser humano começou a criar leis que o escravizavam, e não libertavam.
Aparece, então, um homem com a mão ressequida. Uma mão atrofiada. Que pela aparência, não serviria para nada. Era o caos. O nada. O princípio. O mundo sem forma antes da criação.
Aparece um homem com mão ressequida. Era Sábado. Estavam na Sinagoga. Jesus ensinava. Todos acreditavam que Jesus nada faria. Mas diante dele está um homem que precisa de misericórdia de Deus. Que necessita do acolhimento de Jesus. Que precisa restaurar sua vida social e religiosa.
Toda a comunidade parou para ver a reação de Jesus. Se ele curasse o homem, estaria indo contra a lei. Se não o curasse, estaria indo contra suas palavras de fazer o bem. Então, como agir?
Jesus sabia o que ia no pensamento deles. Os conhecia bem. Sabiam que eram mais inquisidores do que homens de fé e de Deus, apesar de estarem na Igreja, ou seja, na sinagoga.
Conhecendo o que pensavam, ele vem com a pergunta fundamental, “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal”? Quer dizer, Deus poderia deixar de salvar uma vida porque é dia de Sábado? Deus deixaria de fazer o bem porque a Lei manda assim? Deus deixaria de curar alguém, de trazer de volta à vida, porque é Sábado?
O que é permitido? Fazer o bem ou o mal? Se “Deus é amor”, só podemos fazer o bem, pois somos feitos à “sua imagem e semelhança”. Jesus é a imagem de Deus, pois é Deus. Mas, também é homem. “Verdadeiramente Deus, Verdadeiramente Homem”. São João Paulo II disse que Jesus era o “rosto humano de Deus, e o rosto divino do Homem”.
Num gesto simples, Jesus manda o homem levantar a mão. Ele obedece. A mão fica curada. Levantar a mão para que, curada, possa louvar e agradecer a Deus pelo dom da vida. Pela graça recebida. Pela sua reinserção na vida cotidiana da sociedade. Ele passou a estar inserido em todas as atividades da vida. Inclusive trabalhar para ganhar o pão de cada dia.
Os legalistas, os fundamentalistas ficaram com raiva. Ou melhor, com “muita raiva”. Quem está afastado de Deus, e vive a religião da lei, não compreende o que é fazer o bem. O que é romper com o legal para salvar uma vida.
São Paulo disse aos Romanos, “O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13,10).
Queres ser perfeito, “vende tudo o que tens, dá aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois vem se segue-me” (Mt. 19,21).

Não deixe que a lei sufoque o seu lado bom.
(texto de referência, Lucas 6,6-11)

domingo, 10 de setembro de 2017

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali”

O capítulo 18 de Mateus 35 versículos. Neste capítulo temos a pregação sobre “quem é o maior” no Reino de Deus. Em seguida, Jesus nos adverte sobre não escandalizar os pequenos que nele creem. Depois fala da “ovelha perdida”. Logo depois, entra no evangelho de hoje, fala da “correção fraterna” e da pertença à Igreja. E por último, conclui com a parábola do “servo cruel e do perdão”.
Não nos é possível entender a “correção fraterna” sem estarmos inseridos neste contexto comunitário.
Jesus, primeiramente, nos levou a pensar quem é o maior no reino dos Céus. Essa é uma tentação humana. Querer ser melhor, ser o maior dentro da comunidade. E ser o maior, na lógica humana do mundo, está relacionado com mandar, dar ordens, ter tudo a seu dispor. Jesus muda a lógica do ser maior. Devemos nos tornar como crianças. Aqui lembro que, no tempo de Jesus, as crianças não tinham valor. Não eram contadas nem consideradas. Para nós, hoje, trabalhamos a simplicidade e a forma ingênua de ver as coisas da vida. Tratamos da pureza de coração das crianças. Se assim não formos, não entraremos nos Reinos dos Céus.
Em segundo lugar, Jesus fala de não sermos causa de quedas e de escândalos. Ele não nega que essas coisas aconteçam, mas nos adverte de que “ai daqueles que os provocam”. Ainda neste contexto dos escândalos, ele nos remete aos pés, às mãos, aos olhos. Os pés podem nos levar a dois caminhos, o de Deus, ou ao do “inimigo da natureza humana”. Muitas vezes, nossos desejos e vontades são contrários à vontade de Deus, e damos vazão e eles. Paulo disse, “não faço o bem quem quero, mas faço o mal que não quero”. É melhor não dar vazão ao que nossos pés querem e entramos no Reino dos Céus, do que ardemos completamente no inferno.
Ainda dentro desta temática, Jesus nos fala das mãos que nos levam a pecar. Em tempo de tanta corrupção em nosso país, vemos mãos que roubam o dinheiro que deveria estar a serviço dos pobres e pequeninos. Vemos mãos que agridem (e não rezam), vemos mãos que rezam e se fecham para as necessidades dos pobres. Mãos que não acariciam, mas condenam. Então, Jesus diz que é melhor entrar no Reino dos Céus sem as mãos do que ter todo o corpo a arder no inferno.
E finaliza ao falar do olho. O olho é a porta da alma. Aquilo que vemos vai ao coração e ao cérebro. Os olhos são a porta para entrar no Reino dos Céus, ou o passaporte para o inferno. Pelos olhos começamos a ver o pecado, mas podemos contemplar a graça de Deus que age em nós. É pelos olhos que cobiçamos, mas é pelos olhos que vemos a vida surgir do sepulcro.
Em seguida, Jesus nos fala da ovelha perdida. De quem se afastou do rebanho. Que virou às costas para o pastor. Que não quer mais estar na comunidade. Entretanto, o “dono” da ovelha não se sente satisfeito com essa perda. Todas as ovelhas são importantes. Deus não quer que nenhum dos pequeninos se perca.
Mateus encerra esse capítulo falando do servo que obtém o perdão do patrão, mas não perdoa seu irmão.
Ai está a chave de leitura do evangelho que meditamos hoje. Todo pecado pessoal tem uma consequência social. O pecado prejudica, além do pecador, a comunidade que o cerca. Todos sofremos com os pecados uns dos outros. Por isso, Jesus adverte que devemos fazer a correção do irmão/irmã que tenha pecado. Por isso é necessário a oração diária para identificarmos nossos pecados, e fazermos a correção necessária.
Jesus nos fala hoje de misericórdia. Ir ao irmão/irmã que tenha pecado com amor e carinho. Mostrar o erro não como quem acusa, mas como quem quer que o pecador volte a comunidade, tal como a ovelha perdida. Como Zaqueu e Mateus, pecadores públicos.
Mas se isso não der certo, e aquele que quer ajudar o irmão/irmã for tratado com arrogância, que sejam chamados dois ou três membros da comunidade para dirimir a questão. Caso isso não funcione, então procure a comunidade, a Igreja. A comunidade é o lugar da perseverança na fé, é o lugar onde se ouve “o ensinamento dos apóstolos” (At. 242), onde se vive a comunhão fraterna, onde se ora em comunidade, onde se partilha o pão.

Jesus nos chama a sermos ponte entre os irmãos: “tudo o que ligares na terra será ligado no céu”. Ponte que liga nossas relações sociais, nossas ações cotidianas com o Reino dos Céus. Quem se afasta do Reino são as pessoas. A comunidade cristã nos une a Deus e ao Reino dos Céus. Por isso, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (de Jesus), eu estou ali, no meio deles” para que sejam pontes de todas as ovelhas perdidas para que retornem ao Reino dos Céus, através do perdão.
(Mt. 18,15-20)

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Festa da Natividade de Nossa Senhora.

Ao celebrarmos a Festa da Natividade de Nossa Senhora, nos vem uma pergunta: Porque lembrar do nascimento daquela que deveria nos dar o Príncipe da Paz? O Filho de Deus?
Quem é mais importante, a mãe que gera ou o Filho que Salva? Que nos dá a Vida? Que nos restitui ao equilíbrio espiritual necessário.
Da pequena Belém, da humilde Mãe de Deus, saiu aquele que dominou Israel (Mq 5,1-4a). Deus tira da pequenez, da fragilidade, daquilo que não tem força, todo o seu poder. Da insignificância, a grandiosidade. Como disse São Paulo, quando sou fraco é que sou forte.
Maria amou a Deus. Ela é a encarnação viva da esperança. Em sua vida, mesmo nos momentos de dores, ela tirava proveito espiritual. São Paulo, na carta aos Romanos, diz que “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus”. Por isso, “as gerações hão de me chamar de bendita, pois o Senhor olhou para a humildade de sua serva”. Em algumas traduções da Bíblia lemos: “o Senhor olhou para a humilhação...”. Conforme Miqueias, o povo estava abandonado. Deus assim o permitiu para que a sua Glória pudesse se manifestar. Estavam como ovelhas sem pastor, para que Jesus pudesse ser o Pastor. Estavam sem mãe, para que Maria pudesse nos ser dada como mãe: “... Filho, eis ai a tua mãe”. Como poderia ter sido mãe se não tivesse nascida?
A origem de Jesus está ligada a Maria e a José. Era preciso ter uma família santa (ou uma santa família) para que o Filho de Deus pudesse crescer em “sabedoria, estatura e graça”. Pela tradição, sabemos que os pais de Maria eram estéreis. Mas pela graça de Deus, puderam gerar aquela que nos Deus o Salvador, o “Emmanuel”, o “Deus conosco”. Aquele que veio “salvar o seu povo dos seus pecados”. Aquele que restitui à vida os mortos. Que dá vista aos cegos, que faz os coxos andarem. Que anuncia um ano da graça do Senhor. Que alimenta os famintos, que vai ao encontro dos doentes e encarcerados. Que dá de beber a quem tem sede. Que nos faz ver que muitas vezes nossa visão está obscurecida pela trave que está em nosso olho. E que é preciso remover a trave que nos cega para agirmos com misericórdia.
Saber que Maria teve uma família, é saber que Jesus se tornou "verdadeiramente homem". Festejar o seu nascimento, Natividade, é a certeza e a garantia da humanidade de Jesus. Pois ele foi o “rosto humano de Deus; e o rosto divino do homem” (São João Paulo II). Por Maria, pela sua natividade, pelo sim a Deus, temos a certeza de que sempre que o Pai olha o Filho, ele vê a humanidade de cada um de nós. Ao olhar para o Filho, Deus se lembra da aliança firmada com Abraão. Vê o arco-íris da aliança. Lembra-se das promessas. Lembra-se da vitória da vida sobre a morte. Ao ver Maria, Deus reconhece a fé de toda humanidade em seu Filho.
Jesus é o exemplo de perfeição humana. Aprendeu isso com a Mãe, Maria. 

domingo, 3 de setembro de 2017

“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida?” (Mt. 16,26)

Com esta citação, Inácio de Loyola abriu a mente de Francisco Xavier para que pudesse encontrar a vontade de Deus em sua vida.
Nesta passagem, aprendemos a purificar nossas “afeições desordenadas”. Nossos quereres, para encontrar aquilo que Deus quer para nós. Jesus mostra aos discípulos que deverá sofrer. Ser perseguido pelas autoridades. Ser morto. Ressuscitar.
Em Pedro, a resposta é meramente humana. Aquele que havia dito que Jesus era Filho do Deus vivo. Aquele que havia reconhecido a divindade de Jesus, se coloca contra a paixão de Cristo. Pedro não entendia que o Reino dos Céus passa pela paixão. Pedro colocou aquilo que vai no coração humano. Pedro não entende os caminhos de Deus.
Ao mandar que Pedro se afastasse, Jesus deixa claro que a vontade de Deus não condiz com a nossa. Mas que é preciso que conformemos nossa vida para que possamos “amar, louvar, reverencia e servir a Deus, e, assim, salvar a sua alma”.
Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar aos próprios quereres. É ir onde se é preciso. Ser missionário. É preciso pegar a própria cruz, isto é, aceitar os sofrimentos daqueles que se predispõem a caminharem com Jesus. A paixão e a morte fazem parte da vida humana. Somente aqueles e aquelas que passam por ela, podem chegar à ressurreição.
Ninguém pode salvar a própria a vida. Só Jesus é a ressurreição. Todo aquele que nele crer terá a vida eterna.

O discípulo se deixa seduzir pelo Senhor. Não há como ser diferente. O discípulo fez a experiência de Deus, uma experiência pessoal. Uma experiência que coloca a vida a serviço. Por isso, Paulo nos exorta a nos oferecermos “em sacrifício vivo”. Sendo assim, não devemos nos conformar com o mundo que nos cerca, mas transformá-lo. Essa mudança se dá quando mudamos nossa maneira de pensar e julgar, pois isso nos faz “distinguir o que é da vontade de Deus, o que é bom e o que lhe agrada”. Por isso, nosso culto espiritual se transforma em vida. E gera vida, e vida em abundância.
(textos: Jr. 20,7-9; Rm 12,1-2; Mt. 16,21-27).