domingo, 24 de setembro de 2017

“O senhor está perto da pessoa que o invoca”

Hoje nos deparamos com dois textos que falam do nosso “ser-humano”. Do que há de humano na própria humanidade.
O profeta Isaías (Is. 55,6-9) nos fala de um Deus que se deixa encontrar. Mas só quem se afasta de iniquidade, de praticar injustiças, de maquinações, pode encontrar a Deus, e o invocar com fé sincera.
Jesus nos fala de um “patrão”, de um dono de uma vinha. Este necessita de trabalhadores. O tempo da colheita chegou. Então, o Reino de Deus é comparado a essa vinha. Interessante é vermos Deus como o patrão; e Jesus o capaz que faz a contratação e paga cada um dos servidores.
Por outo lado, há um contrato de trabalho, onde se estipula o valor que será pago pelo serviço executado. Cada grupo de trabalhadores inicia o serviço num determinado horário. Mas Jesus deixa bem claro que o valor da atividade laboral será uma moeda de prata.
Uns chegaram pela madrugada, em torno das seis horas da manhã, ou quando sol começa a surgir. Há os que foram chamados às nove horas. Por volta da metade da manhã. E nos fala daquele que chegaram ao meio dia. E por fim, de trabalhadores que iniciam sua atividade pelo fim da tarde, um pouco antes de sol se por.
Lembremos que o combinado pelo serviço era de uma moeda de prata. Esse foi o trato inicial. Deus sempre age com justiça. A lógica divina difere da nossa lógica capitalista.
Começa o acerto das contas dos trabalhadores. O “patrão” começou a pagar pelos últimos. Aqueles que, segundo texto, trabalharam apenas uma hora. Receberam uma moeda de prata, tal como aqueles que iniciaram sua atividade laborial na madrugada. Vendo aquilo, os primeiros acharam que receberiam mais, pois se os últimos contratados receberam uma moeda de prata e só trabalharam uma hora, os primeiros acharam que deveriam ganhar mais. Essa é a nossa lógica capitalista de ver o mundo. Mas Jesus está nos educando para olhar nossa realidade através da lógica divina e não humana. Pois a lógica humana é mesquinha, injusta e invejosa.
Lembremos que há um patrão que contrata os serviços. Há um “contrato” de trabalho onde ficou acertado o valor da diária. Existem trabalhadores convocados para cada hora do dia. E que o parâmetro do pagamento é de uma moeda de prata.
Por outro lado, o dinheiro pertence ao dono da vinha, como a própria vinha. Quem estipula o valor a ser pago é o dono. Ele tem o valor máximo a ser pago, uma moeda de prata. Mensuramos nossa atividade de trabalho pelo tempo trabalhado, e não pela qualidade do trabalho. Quem disse que quem trabalha mais tempo tem uma qualidade melhor? Nós medimos o tempo e o valoramos. Deus “mede” as pessoas e as relações humanas e divinas que elas produzem.
Desde o livro do Levítico, Deus havia acordado o valor e a forma de trabalho. O patrão não deveria reter o valor da diária até o dia seguinte. O pagamento deveria ser justo.
O que vemos hoje, é como devemos prestar atenção no nosso serviço para Deus. Deus não se importa com o tempo que estamos na Igreja. Não! Deus quer que façamos de nossas relações sociais uma modelo de família, onde um pai-mãe trata seus filhos de forma igual, não importa a idade. Do mais velho ao mais novo, todos tem o mesmo direito. Ninguém está acima de ninguém. Se assim acontece em nossas famílias e em nossas casas, porque não agirmos do mesmo modo nas coisas de Deus? Na Igreja de Deus? No grupo, na pastoral, no ministério? Antiguidade não é posto. Formação acadêmica não garante privilégios. Jesus disse que quem quisesse ser o maior fosse o servidor de todos. Aquele/a que deseja ser o maior na comunidade deverá ser o/a que está sempre disponível a servir. Aquele/a que está sempre pronto para a cruz. Aquele/a aquela que caminha para o calvário. Que aceita a paixão. Pois sabe que é pela cruz que se chega à ressurreição. Não existe entrada no Reino sem cruz. Paulo disse, “Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27a).
Aproximemo-nos de Deus enquanto há tempo, enquanto ele se deixa encontrar. Façamos de nossas vidas uma ação de graças constante. Revistam-nos do Evangelho. Vive ou morrer seja para nós um mero detalhe.
“O senhor está perto da pessoa que o invoca”, diz o salmista. Invoquemos o Senhor nos dias de angústia para que possamos suportar a Dor. Invoquemos o Senhor no dia da alegria para darmos graças pelas consolações recebidas. Vivos para Deus, e mortos para as coisas do mundo sejamos sempre gratos a Deus que está ao nosso lado.

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