Hoje nos deparamos com dois textos que falam do nosso “ser-humano”.
Do que há de humano na própria humanidade.
O profeta Isaías (Is. 55,6-9) nos fala de um Deus que se deixa
encontrar. Mas só quem se afasta de iniquidade, de praticar injustiças, de
maquinações, pode encontrar a Deus, e o invocar com fé sincera.
Jesus nos fala de um “patrão”, de um dono de uma vinha. Este
necessita de trabalhadores. O tempo da colheita chegou. Então, o Reino de Deus
é comparado a essa vinha. Interessante é vermos Deus como o patrão; e Jesus o
capaz que faz a contratação e paga cada um dos servidores.
Por outo lado, há um contrato de trabalho, onde se estipula o
valor que será pago pelo serviço executado. Cada grupo de trabalhadores inicia
o serviço num determinado horário. Mas Jesus deixa bem claro que o valor da
atividade laboral será uma moeda de prata.
Uns chegaram pela madrugada, em torno das seis horas da manhã,
ou quando sol começa a surgir. Há os que foram chamados às nove horas. Por
volta da metade da manhã. E nos fala daquele que chegaram ao meio dia. E por
fim, de trabalhadores que iniciam sua atividade pelo fim da tarde, um pouco
antes de sol se por.
Lembremos que o combinado pelo serviço era de uma moeda de
prata. Esse foi o trato inicial. Deus sempre age com justiça. A lógica divina
difere da nossa lógica capitalista.
Começa o acerto das contas dos trabalhadores. O “patrão” começou
a pagar pelos últimos. Aqueles que, segundo texto, trabalharam apenas uma hora.
Receberam uma moeda de prata, tal como aqueles que iniciaram sua atividade
laborial na madrugada. Vendo aquilo, os primeiros acharam que receberiam mais,
pois se os últimos contratados receberam uma moeda de prata e só trabalharam
uma hora, os primeiros acharam que deveriam ganhar mais. Essa é a nossa lógica
capitalista de ver o mundo. Mas Jesus está nos educando para olhar nossa
realidade através da lógica divina e não humana. Pois a lógica humana é
mesquinha, injusta e invejosa.
Lembremos que há um patrão que contrata os serviços. Há um “contrato”
de trabalho onde ficou acertado o valor da diária. Existem trabalhadores
convocados para cada hora do dia. E que o parâmetro do pagamento é de uma moeda
de prata.
Por outro lado, o dinheiro pertence ao dono da vinha, como a
própria vinha. Quem estipula o valor a ser pago é o dono. Ele tem o valor
máximo a ser pago, uma moeda de prata. Mensuramos nossa atividade de trabalho
pelo tempo trabalhado, e não pela qualidade do trabalho. Quem disse que quem
trabalha mais tempo tem uma qualidade melhor? Nós medimos o tempo e o
valoramos. Deus “mede” as pessoas e as relações humanas e divinas que elas
produzem.
Desde o livro do Levítico, Deus havia acordado o valor e a forma
de trabalho. O patrão não deveria reter o valor da diária até o dia seguinte. O
pagamento deveria ser justo.
O que vemos hoje, é como devemos prestar atenção no nosso
serviço para Deus. Deus não se importa com o tempo que estamos na Igreja. Não!
Deus quer que façamos de nossas relações sociais uma modelo de família, onde um
pai-mãe trata seus filhos de forma igual, não importa a idade. Do mais velho ao
mais novo, todos tem o mesmo direito. Ninguém está acima de ninguém. Se assim
acontece em nossas famílias e em nossas casas, porque não agirmos do mesmo modo
nas coisas de Deus? Na Igreja de Deus? No grupo, na pastoral, no ministério?
Antiguidade não é posto. Formação acadêmica não garante privilégios. Jesus
disse que quem quisesse ser o maior fosse o servidor de todos. Aquele/a que
deseja ser o maior na comunidade deverá ser o/a que está sempre disponível a
servir. Aquele/a que está sempre pronto para a cruz. Aquele/a aquela que
caminha para o calvário. Que aceita a paixão. Pois sabe que é pela cruz que se
chega à ressurreição. Não existe entrada no Reino sem cruz. Paulo disse, “Só
uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27a).
Aproximemo-nos de Deus enquanto há tempo, enquanto ele se deixa
encontrar. Façamos de nossas vidas uma ação de graças constante. Revistam-nos
do Evangelho. Vive ou morrer seja para nós um mero detalhe.
“O senhor está perto da pessoa que o invoca”, diz o salmista.
Invoquemos o Senhor nos dias de angústia para que possamos suportar a Dor.
Invoquemos o Senhor no dia da alegria para darmos graças pelas consolações
recebidas. Vivos para Deus, e mortos para as coisas do mundo sejamos sempre
gratos a Deus que está ao nosso lado.
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