Lucas nos mostra que o fato ocorreu
num dia de Sábado, no shabat. Dia em que os judeus se recolhem e nada podem fazer.
Muitos dos atritos de Jesus com os fariseus, mestres da lei e doutores se deu
em dia de Sábado. A observância máxima da lei. Situa o dia: Sábado.
Em seguida, o evangelista nos
mostra que Jesus está na Sinagoga, local de culto, de oração. E que Jesus não
está aí numa atitude passiva, mas tem voz ativa nesta Sinagoga. O autor revela
que Jesus “começou a ensinar”. Ensinar, etimologicamente, significa “colocar
sinal, marcar”. Para Jesus, ensinar significa colocar no coração dos seus
ouvintes aquilo que Deus-Pai quer que seja feito. Não sabemos o que Jesus
estava ensinando. O evangelista não nos revela. Mas neste caso, não faz a menor
importância. Mas podemos supor que Jesus estivesse falando sobre o bem e o mal.
Como fomos criados para a bondade, pois fomos feitos à imagem e semelhança de
Deus e da Trindade, que é bondade, que é amor. Mas que o coração do homem se
fechou à graça de Deus a partir do momento que decidiu, em seu coração, não
acatar a lei de não tocar, nem comer, o fruto da árvore do meio do jardim. A
partir de então o próprio ser humano começou a criar leis que o escravizavam, e
não libertavam.
Aparece, então, um homem com a mão
ressequida. Uma mão atrofiada. Que pela aparência, não serviria para nada. Era
o caos. O nada. O princípio. O mundo sem forma antes da criação.
Aparece um homem com mão
ressequida. Era Sábado. Estavam na Sinagoga. Jesus ensinava. Todos acreditavam
que Jesus nada faria. Mas diante dele está um homem que precisa de misericórdia
de Deus. Que necessita do acolhimento de Jesus. Que precisa restaurar sua vida
social e religiosa.
Toda a comunidade parou para ver a
reação de Jesus. Se ele curasse o homem, estaria indo contra a lei. Se não o
curasse, estaria indo contra suas palavras de fazer o bem. Então, como agir?
Jesus sabia o que ia no pensamento
deles. Os conhecia bem. Sabiam que eram mais inquisidores do que homens de fé e
de Deus, apesar de estarem na Igreja, ou seja, na sinagoga.
Conhecendo o que pensavam, ele vem
com a pergunta fundamental, “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal”?
Quer dizer, Deus poderia deixar de salvar uma vida porque é dia de Sábado? Deus
deixaria de fazer o bem porque a Lei manda assim? Deus deixaria de curar
alguém, de trazer de volta à vida, porque é Sábado?
O que é permitido? Fazer o bem ou o
mal? Se “Deus é amor”, só podemos fazer o bem, pois somos feitos à “sua imagem
e semelhança”. Jesus é a imagem de Deus, pois é Deus. Mas, também é homem. “Verdadeiramente
Deus, Verdadeiramente Homem”. São João Paulo II disse que Jesus era o “rosto
humano de Deus, e o rosto divino do Homem”.
Num gesto simples, Jesus manda o
homem levantar a mão. Ele obedece. A mão fica curada. Levantar a mão para que,
curada, possa louvar e agradecer a Deus pelo dom da vida. Pela graça recebida. Pela
sua reinserção na vida cotidiana da sociedade. Ele passou a estar inserido em
todas as atividades da vida. Inclusive trabalhar para ganhar o pão de cada dia.
Os legalistas, os fundamentalistas
ficaram com raiva. Ou melhor, com “muita raiva”. Quem está afastado de Deus, e
vive a religião da lei, não compreende o que é fazer o bem. O que é romper com
o legal para salvar uma vida.
São Paulo disse aos Romanos, “O
amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento
perfeito da Lei” (Rm 13,10).
Queres ser perfeito, “vende tudo o
que tens, dá aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois vem se segue-me”
(Mt. 19,21).
Não deixe que a lei sufoque o seu
lado bom.
(texto de referência, Lucas 6,6-11)
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