domingo, 10 de setembro de 2017

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali”

O capítulo 18 de Mateus 35 versículos. Neste capítulo temos a pregação sobre “quem é o maior” no Reino de Deus. Em seguida, Jesus nos adverte sobre não escandalizar os pequenos que nele creem. Depois fala da “ovelha perdida”. Logo depois, entra no evangelho de hoje, fala da “correção fraterna” e da pertença à Igreja. E por último, conclui com a parábola do “servo cruel e do perdão”.
Não nos é possível entender a “correção fraterna” sem estarmos inseridos neste contexto comunitário.
Jesus, primeiramente, nos levou a pensar quem é o maior no reino dos Céus. Essa é uma tentação humana. Querer ser melhor, ser o maior dentro da comunidade. E ser o maior, na lógica humana do mundo, está relacionado com mandar, dar ordens, ter tudo a seu dispor. Jesus muda a lógica do ser maior. Devemos nos tornar como crianças. Aqui lembro que, no tempo de Jesus, as crianças não tinham valor. Não eram contadas nem consideradas. Para nós, hoje, trabalhamos a simplicidade e a forma ingênua de ver as coisas da vida. Tratamos da pureza de coração das crianças. Se assim não formos, não entraremos nos Reinos dos Céus.
Em segundo lugar, Jesus fala de não sermos causa de quedas e de escândalos. Ele não nega que essas coisas aconteçam, mas nos adverte de que “ai daqueles que os provocam”. Ainda neste contexto dos escândalos, ele nos remete aos pés, às mãos, aos olhos. Os pés podem nos levar a dois caminhos, o de Deus, ou ao do “inimigo da natureza humana”. Muitas vezes, nossos desejos e vontades são contrários à vontade de Deus, e damos vazão e eles. Paulo disse, “não faço o bem quem quero, mas faço o mal que não quero”. É melhor não dar vazão ao que nossos pés querem e entramos no Reino dos Céus, do que ardemos completamente no inferno.
Ainda dentro desta temática, Jesus nos fala das mãos que nos levam a pecar. Em tempo de tanta corrupção em nosso país, vemos mãos que roubam o dinheiro que deveria estar a serviço dos pobres e pequeninos. Vemos mãos que agridem (e não rezam), vemos mãos que rezam e se fecham para as necessidades dos pobres. Mãos que não acariciam, mas condenam. Então, Jesus diz que é melhor entrar no Reino dos Céus sem as mãos do que ter todo o corpo a arder no inferno.
E finaliza ao falar do olho. O olho é a porta da alma. Aquilo que vemos vai ao coração e ao cérebro. Os olhos são a porta para entrar no Reino dos Céus, ou o passaporte para o inferno. Pelos olhos começamos a ver o pecado, mas podemos contemplar a graça de Deus que age em nós. É pelos olhos que cobiçamos, mas é pelos olhos que vemos a vida surgir do sepulcro.
Em seguida, Jesus nos fala da ovelha perdida. De quem se afastou do rebanho. Que virou às costas para o pastor. Que não quer mais estar na comunidade. Entretanto, o “dono” da ovelha não se sente satisfeito com essa perda. Todas as ovelhas são importantes. Deus não quer que nenhum dos pequeninos se perca.
Mateus encerra esse capítulo falando do servo que obtém o perdão do patrão, mas não perdoa seu irmão.
Ai está a chave de leitura do evangelho que meditamos hoje. Todo pecado pessoal tem uma consequência social. O pecado prejudica, além do pecador, a comunidade que o cerca. Todos sofremos com os pecados uns dos outros. Por isso, Jesus adverte que devemos fazer a correção do irmão/irmã que tenha pecado. Por isso é necessário a oração diária para identificarmos nossos pecados, e fazermos a correção necessária.
Jesus nos fala hoje de misericórdia. Ir ao irmão/irmã que tenha pecado com amor e carinho. Mostrar o erro não como quem acusa, mas como quem quer que o pecador volte a comunidade, tal como a ovelha perdida. Como Zaqueu e Mateus, pecadores públicos.
Mas se isso não der certo, e aquele que quer ajudar o irmão/irmã for tratado com arrogância, que sejam chamados dois ou três membros da comunidade para dirimir a questão. Caso isso não funcione, então procure a comunidade, a Igreja. A comunidade é o lugar da perseverança na fé, é o lugar onde se ouve “o ensinamento dos apóstolos” (At. 242), onde se vive a comunhão fraterna, onde se ora em comunidade, onde se partilha o pão.

Jesus nos chama a sermos ponte entre os irmãos: “tudo o que ligares na terra será ligado no céu”. Ponte que liga nossas relações sociais, nossas ações cotidianas com o Reino dos Céus. Quem se afasta do Reino são as pessoas. A comunidade cristã nos une a Deus e ao Reino dos Céus. Por isso, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome (de Jesus), eu estou ali, no meio deles” para que sejam pontes de todas as ovelhas perdidas para que retornem ao Reino dos Céus, através do perdão.
(Mt. 18,15-20)

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