segunda-feira, 4 de julho de 2016

“Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20)

Algumas vezes na vida nos deparamos com algumas situações que não sabemos que atitude tomar; ou o que dizer; ou ainda, como reagir.
Os discípulos de Jesus haviam presenciado uma situação de calamidade pública. Pessoas com fome. Mas mesmo estando nesta situação, tinham forças para ir até Jesus. Vendo aquele povo, Jesus teve compaixão, pois não tinham o que comer. Sabendo de sua missão de anunciar aos pobres a boa nova, e que nem só de pão vive o homem, Ele sabia que o pão alimenta o corpo para que a alma se predisponha para ouvir, entender e acolher a Palavra de Deus.
Este ó preambulo para a compreensão do evangelho de hoje, Mateus 16,13-19.
Os apóstolos estavam sempre com Jesus. Viam suas ações. Ouviam suas palavras. Presenciavam os conflitos com os quais Jesus tinha com os fariseus e saduceus. As disputas religiosas em torno do como vivenciar a experiência pessoal com Deus.
Jesus levou seus discípulos para fora do burburinho da cidade. Um lugar à parte. Cesárea de Filipe. Esta região era afastada de Jerusalém. Vizinha a Galileia. É aí onde Jesus fará a pergunta que todos nós fazemos a nós mesmos em algum instante da vida: “Quem sou eu”?
É a pergunta fundante de nossa existência. Queremos saber quem somos nós e qual a nossa missão nesta vida. Para que existimos. Qual nossa missão nessa vida. Para cada um de nós, Deus designou uma tarefa.
Ao perguntar aos seus discípulos “e para vós, quem sou eu”? Jesus quer saber, primeiro, se os apóstolos sabem quem eles mesmos são. Porque o estão seguindo. Porque deixaram tudo para ir atrás dele. Então, a primeira pergunta a ser respondida é “Quem sou eu”? Mas não é uma resposta superficial que ele quer. Essa pergunte é a base de nossa existência. É uma pergunta que vai ao profundo do nosso ser. Que vai além das aparências. Que busca nas raízes da nossa humanidade o encontro com o criador. “Quem sou eu”?
Mas nós nos reconhecemos como pessoas diante de outro. É ele quem nos dá identidade. É o outro que me fez refletir sobre a minha pessoa. Então, Jesus pergunta “Quem sou eu”? Se somos discípulos, buscamos um traço de nossa identidade, de nossa personalidade, de nosso “eu” no próprio Deus. Pois ele é nossa fonte geradora, a força motriz do nosso “eu” que está no sopro de vida dado pelo criador no momento do nascimento da humanidade, do ser humano.
Pois bem, se sabemos quem somos, sabemos também onde queremos ir. O que queremos alcançar. Com que quem queremos partilhar a vida. Assim, Jesus quer saber se seus discípulos conseguem ver com os olhos dos outros quem ele é. Daí, então, a pergunta, “quem dizem os homens ser o Filho do Homem”? Ou seja, você identificar o que as pessoas falam de mim? Você consegue se ver nos outros? Você consegue ver o que os outros pensam de mim, Jesus? As respostas são múltiplas e variadas. Os outros olham Jesus como sendo uma representação do passado. Alguém distante da realidade deles. 
Então, a pergunta, “e vós quem dizeis que eu sou”? E vós, diante daquilo que vocês acompanham e ouvem, e vós que caminham comigo, e vós que fizeram a experiência do próprio eu, “quem dizeis que eu sou”?
A resposta não poderia ser outra. “Tu és o Filho do Deus vivo”. Tu és a razão de nossa existência. Tu és aquele que está na minha essência, na minha existência, no princípio de tudo. Meu eu, minha identidade humana faz sentido somente contigo. Tu és Deus! E como tal, tu atinges o mais fundo do meu ser. Sem ti, minha existência, minha identidade perde sentido. Meu “eu” fica sem rumo, perdido, a deriva. 
Jesus passa a ser a rocha onde tudo se constrói. Onde toda a existência está sustentada. Sem ele, ficamos perdidos no passado. Numa distância que cega e não deixa ver a realidade nova que se aproxima. É Jesus que dá a chave para a nova vida. Seres humanos novos. Livres do que escraviza. Do que aprisiona. Do que mata. Do que se desliga do céu. 
Deixe Jesus fazer parte de sua vida. Deixe Jesus fazer parte do seu eu. Não tenhas medo de que ele seja o seu próprio eu, como disse São Paulo, “não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
Ao fim de nossa vida terrena, poderemos dizer, “combati o bom combate,  completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7).

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