“Senhor, ensina-nos a rezar”! Toda pessoa que busca estar em
sintonia com o mistério divino sabe que somente através da oração, meditação,
leitura orante chega a ouvir, entender e viver a vontade de Deus.
Com os discípulos de Jesus não foi diferente. Eles viram que
os discípulos de João tinham um jeito de relacionar-se com Deus, do jeito de
João, e agora querem aprender com Jesus como relacionar-se com Deus.
A vida de Jesus só fazia sentido porque ele vivia aquilo que
ele orava. Jesus aprendeu que uma oração que não levasse a um encontro com o
outro, tornar-se-ia vazia, sem sentido, egoísta, individualista.
Os discípulos queriam aprender com o mestre como se
relacionar com Deus. Por isso, pedem a Jesus que os ensine a rezar.
A relação de Jesus com o Pai era tão grande e íntima, que
Ele queria que seus discípulos vivessem essa relação.
Primeiro, devemos ter uma relação de paternidade com Deus.
Ele não está longe. Encontra-se bem perto, como um pai-mãe. Mas, como é
criador, seu nome é santificado, ou seja, na cultura judaica não deve ser
pronunciado. Por isso, Jesus indica “aquele que é” como Pai. Deus caminha junto
(em seguida, com as duas histórias seguintes, vamos entender a relação de Deus
com a paternidade). Pai, santificado seja o teu nome. Você é meu Pai, mas eu
vos reverencio como aquele que é criador; é todo poderoso; criador das coisas
visíveis e invisíveis. Ou seja, ele é o responsável pelo que somos. As coisas
visíveis é o que fazemos, as invisíveis, as coisas que vão no coração, na
psique. A paternidade divina cria uma relação de intimidade com Deus. Ele não
está mais distante, pois seu Reino está no meio de nós. O Reino, que é da do
Pai, está próximo. E é o Pai que a de prover tudo nesse Reino.
Todo pai acolhe, abriga, provê. O Reino de Deus é esse
lugar. Lugar do acolhimento, do abrigo, onde se alimenta e se vive bem. Por
isso, Jesus ensina a pedir esse reino: “Venha o teu reino”. E o que vamos
encontrar nesse Reino? O pão necessário que precisamos; a remissão dos pecados,
o fim das tentações.
O pão, alimento comum em todas as culturas, deve ser pedido
a Deus. Já na oração de Jesus ele se insere em todas as culturas. O pão é o
alimento mais primitivo (primeiro) que a humanidade produz. O pão está presente
em todas as mesas, pelo menos assim esperamos. O pão traz em si um simbolismo.
Ele alimenta o corpo, quando feito de farinha, água e fermento; mas por outro
lado, alimenta a alma, o espírito quando a Palavra de Deus é meditada, orada,
internalizada e colocada em prática. Por isso, após santificar o Pai, que está
no seu Reino, devemos pedir que o alimento necessário à nossa subsistência
diária nos seja dado.
Pai-Santificado-Reino-Pão, ai está o que precisamos para
nossa vida espiritual. Mas se temos um Pai significa que temos irmãos. E se
temos irmão/irmã, devemos ter uma relação com esse irmão/irmã. E de que forma
isso se dá? A relação de fraternidade se concretiza através do perdão, da
misericórdia, da caridade. Por isso, purificamos nossa existência através do
perdão. Todas as vezes que ofendemos ao Pai, pecado, rompemos nossa relação de
fraternidade com o irmão/irmã. Então, é preciso perdoar o outro para que
tenhamos nossos pecados perdoados. Jesus relaciona o pedido de perdão às
ofensas com o perdoar o próximo/a.
E por fim, nos ensina a pedir que não caiamos em tentação.
Mas que tentação? A tentação de não perdoar. A tentação de não agir com
misericórdia. A tentação de se esquecer do irmão/irmã. A tentação do egoísmo,
do individualismo. Da falta de misericórdia, de caridade, de compaixão, de
acolhimento. De suportar os erros do próximo/a (uma das obras de misericórdia
espiritual: “sofrer com paciência as fraquezas do próximo”). Essa é a maior das
tentações, a indiferença. Deus não nos é indiferente.
Deus é o Pai que sabe dar coisas boas a seus filhos/as,
mesmo que estes sejam maus, que reneguem o Pai, que não aceitem o alimento
diário, que não perdoem seu/sua próximo/a. “Deus não pode não amar”, pois “Deus
é amor”, sempre é amor. O amor é personificado no Espírito Santo. Por isso,
Jesus diz que devemos pedir o Espírito Santo, ou seja, pedir o amor, pois o
amor tudo suporta, tudo espera, tudo crê, tudo desculpa.
Por fim, lembre-se sempre de máxima: “Deus-Pai é o que ama;
o Filho é o amado; e o Espírito Santo o amor”! Lembre-se, quando pedimos o
Espírito Santo estamos rogando a Deus que nos envie aquele que nos faz amar o
Filho, que nos mostra o Pai que é aquele que ama. E Deus ama o Filho e todos os
que estão no Reino e perdoam as ofensas dos outros.
OREMOS: Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem
vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco,
para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que
possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
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