quinta-feira, 16 de junho de 2016

Diaconia da Caridade

Diaconia da Caridade
“(...) garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. (Mt 25,40).
Há uma música, chamada “Se calarem a voz dos profetas” de Cecília Vaz Castilho, que num dos versos diz, “no banque da festa de uns poucos, só rico se sentou; nosso Deus fica ao lado dos pobres, colhendo o que sobrou”.
No rito da ordenação, quando o bispo impõem as mãos sobre os candidatos ao diaconato, ele diz, rogando a Deus-Pai, “resplandeçam neles as virtudes evangélicas: o amor sincero, a solicitude para com os enfermos e os pobres, a autoridade discreta, a simplicidade de coração e uma vida segundo o Espírito”. E conclui a oração, dizendo, “assim, imitando na terra o vosso Filho, que não veio para ser servido, mas para servir, possam reinar com ele no céu”.
Os Diáconos Permanentes são chamados a estar juntos aos “pobres” de Deus. Devemos oferecer toda nossa liberdade, todo o nosso querer, e toda a nossa vontade aqueles que estão afastados da casa do Pai, os pobres, pecadores; os famintos e sedentos; os nus; os doentes e aprisionados; os peregrinos sem moradia.
A caridade diaconal vai muito além da assistência social. A Congregação para o Clero, no documento Diretório do Ministério da Vida dos Diáconos Permanentes (157), capítulo II, que trata do Ministério do Diácono, e fala da Diaconia da caridade (38,2), diz que “as obras de caridade, que se encontram entre os primeiros deveres do bispo e dos presbíteros” são “transmitidas (...) aos diáconos”. Segue o documento dizendo que “o serviço da caridade na área da educação cristã; a animação dos oratórios, dos grupos eclesiais jovens e das profissões laicais; a promoção da vida em todas as suas fases e da transformação do mundo segundo a ordem cristã”. E acrescenta que “nestes campos o seu serviço é particularmente precioso, porque, nas atuais circunstâncias, são muito diversificadas as necessidades espirituais e materiais dos homens às quais a Igreja deve responder”.
Tendo em vista, as “diversificadas necessidades espiritais” do homem contemporâneo, a CNBB, no documento 96 (Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil) nomeou os campos de atuação do diácono permanente: “(...) o diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da Caridade com os pobres, envolvido com a conquista de sua dignidade e de seus direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo. Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e pelas provações da vida”. Em seguida, ainda no mesmo parágrafo, citando o Documento de Aparecida, parágrafo 402, concluem que o diácono “reveste-se de especial compaixão pelos: migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os tóxicos-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados/as, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem terra e os trabalhadores das minas”.
Da leitura atenta e orante da Palavra de Deus, vemos Jesus compadecendo-se das misérias humanas. Em Lucas 9,13, diz “vocês é que têm de lhes dar de comer”. O Diácono Permanente é chamado a dar de comer aos famintos, e não somente do pão que alimenta o corpo, mas também do pão que alimenta o espírito. “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt. 4,4).
A promoção da justiça, a reinserção dos excluídos é uma exigência evangélica colocada para os Diáconos Permanentes. “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6). E ainda, a reclamação dos cristãos de origem grega quanto a precariedade do serviço prestado a eles (principalmente as viúvas), fez com que os apóstolos instituídos servidores, diáconos, para que todos pudessem ser atendidos a contento. Então, decidiram que escolhessem aqueles que lhes prestariam tal serviço, “e nós os encarregaremos dessa tarefa”.
Ao sermos ordenados diáconos, somos encarregados das tarefas as quais nos pede a Igreja (CNBB, doc 96, n. 58). Viver a diaconia conforme nossa especificidade é servir a Deus, à Igreja, e às necessidades de todos aqueles que estão dentro e fora da comunhão eclesiástica, pois, disse Jesus, “eu não vim para chamar justos, e sim pecadores”, e como ministros da diaconia, é a eles que somos enviados, em nome da Igreja, por força da imposição das mãos do bispo.

Assim, podemos repetir com Jesus, “estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário!