quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

“Deus é uma criança que brinca”(Jacob Boehme)


Aproxima-se o Natal. Festa da esperança, da solidariedade, da fraternidade, do mistério de um Deus que se fez “menino” com ternura e doçura. Um menino que salva. “Deus se humanizou”.
Festa da Esperança. Esperança para aqueles que viram seu mundo desmoronar por causa de uma doença grave, por um filho/filha que tenha morrido, por uma esposa/esposo que tenha perdido seu cônjuge, por um filho/filha que tenha perdido seus pai/mãe, por amigos(as) que tenham perdido seus amigos(as). É festa da Esperança porque são perdas inevitáveis, que nos deixam tristes. É Festa da Esperança porque diante das dificuldades, encontramos forças fazer memória aquilo de bom que vivenciamos juntos. É Festada da Esperança porque há uma espera que não vemos agora, mas que contemplaremos no futuro. É Festa da Esperança porque pelo simples fato de Esperar, vivemos! Vivemos a Espera. A Espera de que os pobres possam ter comida nas mesas, os sem teto, casa para morar; sem terra, espaço para plantar; os doentes, a cura; os famintos, comida; os sedentos, água; os encarcerados, a justiça; os sem salário, a força para continuar na luta.
É Festa da Esperança porque Deus viu a aflição do seu povo, e veio libertá-lo. E como libertou? Através de Moisés. É Festa da Esperança porque Deus quer contar com cada um de nós para a libertação do jugo do opressor seja feita em conjunto, em grupo, em assembleia, em união e unidade. Poderia Deus libertar seu povo sem ajuda de ninguém? Claro que sim. Mas ele não o quis assim. Deus quer nosso envolvimento em todos os seus atos. Até na hora da cura, Jesus perguntava, “o que queres que eu lhe faça”! Deus respeita a condição e a vontade humana, por isso se fez homem, para aprender o que era ser “criatura”.
E Deus se fez ser humano como qualquer um de nós. Da concepção ao nascimento. Estava inserido numa família, pai-mãe-filho. Tinha primos. Morava numa cidade, num bairro, numa casa (apesar de seu nascimento ter-se dado num estábulo, onde vivem os animais). Sentiu dores. Dores de perdas, dores de morte, dores de partida. Chorou quando da morte do seu amigo Lázaro. Alegrou-se quando de sua ressurreição. Encorajou seus companheiros, “não tenhais medo”!
Por isso, é Festa da Esperança.
É Festa da Solidariedade. Solidariedade porque Deus se fez igual a nós (menos no pecado). Deus sentiu as dores dos humanos. Sentiu as necessidades dos humanos. Fez-se um com a humanidade. Encarnou para saber o que era ser humano. Quais as nossas virtudes, e quais as nossas carências. Em sua encarnação pode viver e experimentar tudo o que o ser humano experimenta e vive. Sentiu quais são as nossas provações. Viveu nossos sofrimentos, nossas fomes, nossas sedes, nossas desesperanças e esperanças. Por isso, pode ser solidário com a humanidade. Por isso, disse, “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que estão fazendo”. Por nos ter sido Solidário, pode dizer que “felizes os que promovem a Paz porque serão chamados de filhos de Deus”. Por nos ter sido Solidário, pode dizer, “felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Por nos ter sido Solidário, pode dizer, “felizes os puros de coração, porque verão a Deus”.
É Festa da Fraternidade. E o que é ser fraterno? Fraterno é olhar para o outro e se identificar como um ser humano igual. E olhar para o outro e ver nas dificuldades dele/a as mesmas imperfeições minhas. Fraternidade é sofre as dores do outro, com o outro ou pelo outro. Fraternidade é ser injuriado, caluniado, perseguido e sentir-se alegre, pois foram ações sofridas não por mim, mas por todos os que estão sendo perseguidos na história da humanidade. É Festa da Fraternidade porque nos une num só coração. Numa só Esperança, numa só Solidariedade. É festa que nos faz um só coração que anima a todos.
É Festa do Mistério de Deus. E Mistério não se explica. Mistério se acolhe e guarda no coração. Não há explicação lógica para Mistério, se não, deixaria de ser Mistério. É mistério porque nos é inconcebível um Deus fazer-se homem. É mistério porque nos é incompreensível um Deus sentir fome. É mistério porque não cabe na nossa lógica humana um Deus morto por tortura. É mistério porque esse Deus se revela nos mais fracos, nos doentes, nos famintos, nos encarcerados, nos sem casa e terra, nos sem emprego, nos sem salário. É mistério porque esconde na fragilidade de uma criança a remissão dos nossos pecados. É  mistério porque apesar de ser Deus, Todo Poderoso, esvaziou-se de seu poder e assumiu a condição humana, frágil, débil, caída.
“Deus se humanizou”. Quis fazer a experiência de criatura. Tornou-se um de nós, por isso nos entende. Nos acompanha. Está ao nosso lado. Ele é a força. Ele é a Esperança. E ele é o “EMANUEL”, o Deus conosco. O “emanu” (conosco) “el” (Deus). Esse era o grito de guerra do exército de Israel nos tempos antigos. Antes de cada batalha, o comandante gritava três vezes, “emanu”, e a tropa, animada, respondia, “el”.
Queridas e queridos, crentes e não crentes, religiosos(as), sigamos em frente. Ainda há muitas batalhas até o fim da guerra. Mas “Deus está Conosco”. Digamos juntos “emanu – el”.
Duas frases fecham esse texto:
“Sede prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas”. (Jesus Cristo). E sua atualização, “Hay que endurecese, pero sin perder la ternura jamás”.

Feliz Natal! Um Ano de 2017 repleto de conquistas e consolidações dos direitos dos trabalhadores.

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