Na liturgia católica neste fim de semana, quarto domingo do Advento, uma semana antes da celebração do Natal, meditamos sobre a a formação da Sagrada Família.
O evangelho é de Mateus 1,18-24. Ele narra a chamada "Origem de Jesus". Situa essa origem na perspectiva terrena, sua Encarnação. Tornar-se carne. Passa a ter um corpo carnal. Deixa a sua condição de ser divino, e assume a condição humana (menos no pecado, como disse Paulo).
Mateus nos apresenta três personagens, Jesus-Maria-José. E, é claro, o anjo como mensageiro de Deus.
Ser mensageiro de Deus, essa é a função de Deus. Nosso primeiro ponto de meditação começa aí. Ser mensageiro de Deus na vida das pessoas. Somos sempre chamados a darmos razão da nossa esperança (1 Pedro. 3,15). O anjo anuncia que Deus está agindo na vida daquela família. Que o Senhor precisa de José e de Maria para se cumprir a palavra anunciada pelo profeta. Que eles são escolhidos para serem portadores da encarnação do próprio Deus na humanidade.
Era preciso os dois consentimentos, o primeiro de Maria, agora, o de José. Deus só age na humanidade com o consentimento daqueles que são destinados a estar dentro do projeto de salvação. Deus não nos violenta. Quer que nos aceitemos de coração a missão dada a nós.
Segundo, se Maria era Imaculada, José é o Justo. E ser justo, é aderir "ao misterioso desígnio de Deus, é justo porque se “ajusta” ao modo de agir de Deus, arrisca com Deus, embora os contornos do Seu Plano permaneçam obscuros e, em certos aspectos, incompreensíveis"(Pe. Adroaldo Palaoro,sj). E era "reto, íntegro, autêntico, bom". Tal como Maria, sem dizer uma palavra, deu seu sim a Deus também.
José é o homem que ensina como se ouve a voz de Deus no silêncio. Em nenhum momento do texto José interpela o anjo. Ouve! Medita! Reflete! Acolhe! Acordo do sono que paralisa, e vai agir. Tal como Maria, a mãe, que logo após o anúncio do anjo vai ao encontro de Isabel, José via ao encontro de Maria. Acolhe! Protege! Dá segurança para a obra de Deus.
O evangelista acrescenta que tudo era para que fosse cumprido tal como estava na tradição religiosa de seu povo. A recordação da profecia serve para mostrar que se realizava a salvação para a remissão dos pecados. Se o pecado levou o homem e a mulher a serem "expulsos" do paraíso, a encarnação de Jesus é a garantia do retorno, pois os pecados serão perdoados.
O texto termina falando do Emanuel. Às vezes, entendemos essa palavra como um nome próprio. Entretanto, era um grito de guerra do exército de Israel. Invocava-se a presença de Deus na luta, na guerra, na batalha. O comandante dizia emanu (conosco), e a tropa respondia el (Deus). Assim, se avançava sobre o inimigo. Com "Deus conosco". "Emanu" "El".
Agora, esse Deus vem ao nosso encontro para que possamos vencer a batalha contra o pecado. É um confronto que vai além da guerra física. É uma guerra espiritual. Uma guerra contra aquilo que nos afasta do amor Misericordioso de Deus. Uma guerra contra a falta de solidariedade, de caridade, de acolhimento. Uma guerra contra toda e sofrimento.
Gritar "emanu el" é colocar Deus à frente de todo sofrimento. De ter a certeza e a esperança de que ele está conosco, que está junto, que vai na batalha, que dá o suporte necessário para enfrentar as dificuldades da vida.
Assim, temos a certeza de que estamos entre os povos chamados a "ser discípulos de Jesus Cristo" (Rm. 1,6). Ele é o Deus que está conosco, o "emanu el".
Certos de que contamos com a vitória em Cristo, celebremos esse Natal com a esperança que nos coloca na vitória diante do pecado.
Então, oremos: Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que, conhecendo
pela mensagem do Anjo a encarnação do vosso
Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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