sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

"Acaso é esse o jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica?"

Prezados irmãos e irmãs,

A meditação de hoje é tirada de Is,58,1-9.
Isaías fala do jejum que agrada a Deus. Para Deus, jejuar não é apenas se mortificar. Para ele o jejum deve nos fazer ir ao encontro daqueles que sofrem. Dos que estão com fome, dos que estão presos, dos que estão nús, dos que são pobres e peregrinos. Jejuar é ter uma atitude missionária. Jejuar é sair de si. O jejum não deve ser uma prática apenas pessoal. O jejum deve ter uma ação social viculado a ele. O jejum é uma forma de irmos ao encontro de Deus através do próximo.
A oração era uma constante na vida de Jesus, que poderíamos afirmar que em Mt 25,31-46, Jesus atualiza essa passagem de Isaías.
Estar atento às necessidades do próximo é o que agrada a Deus. Um louvor perfeito não é feito com palavras, mas com ação. Do que nos adianta louvores, adorações, orações em língua, se ainda há pessoas com fome, sem casa para morar, sem hospitais decentes, sem escolas, sem terra para plantar, sem trabalho, sem salário justo. Se ainda temos pessoas que mendigam pelas ruas. Crianças abandonadas. Idosos jogados ao léu.
Irmãos e irmãs, que nessa quaresma possamos fazer o propósito de irmos ao encontro daqueles que sofrem. Há sempre alguma coisa que pode ser feita. Basta procuraros.

Deus abençoe a todos e a todas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Escolhe, pois, a vida!"

Prezados irmãos e irmãs,

As leituras de hoje estão em Dt 30,15-20 e Lc 9,22-25.
Aparentemente, nada haver uma com a outra. Mas nossa refelxão caminha no sentido contrário. Essas duas leituras se complementam.
O título dessa postagem é o lema da CF-2008. Espero que todos se lembrem.
Na primeira leitura, Deus apresenta um projeta de vida para o povo. Deus coloca um projeta de vida diante de cada um de nós. Deus nos dá a liberdade de escolha. Em nenhum momento Deus impoem sua vontade ao ser humano. Deus quer que nós façamos nossa opção livremente. É a liberdade. Em minha oração pessoal, Deus me questiona: sei usar minha liberdade corretament? Estou escolhendo caminhos que geram vida, ou os que levam a morte? Estou pronto para adentrar à terra que vai além do Jordão? Estu pronto para caminhar, seguindo no deserto de minha vida?
Escolher a vida é amar a Deus, obedecer sua palavra e sua voz, apegar-se a ele, somente assim poderemos habitar na terra do Senhor, aquela que Deus nos preparou e nos prometeu.
Aqui fazemos a ponte com o Evangelho de hoje.
O povo do Antigo Testamento estava caminhando no deserto quando recebeu a palavra meditada acima. Agora são os discípulos e apóstolos de Jesus que ouvem de sua boca: é preciso sofrer muito, ser rejeitado, ser morto para ressuscitar. Numa sociedade onde o sofrimento é rejeitado, onde sofrer está fora do vocabulário da maioria das pessoas, essa palavra soa estranha. Não há ressurreição sem cruz. Não há terra prometida sem deserto. Não há vida sem morte. Se estamos dispostos a seguir Jesus devemos deixar nossas vontades de lado. Devemos esquecer aquilo que nos gera morte, por mais que isso nos leve a romper com pessoas, e situações, que nos parecem importantes.
Renunciar a si mesmo é deixar seus projetos pessoais de lado. É se dedicar às coisas de Deus. É ser um missionário constantemente em qualquer lugar onde se esteja.
Tomar a própria cruz é saber aceitar as adversidades da vida. É compreender no nosso sofrimento diário a presença de Deus.
A lógica de Deus e de Jesus é diferente da do mundo. Quem perde a vida se salva. Nosso horizonte está além do Jordão. Nossa terra não é essa. Temos um outro lugar para viver. Se quisermos fincar nossas raízes nesse chão não conseguiremos transpor o Jordão. Não conseguiremos ir além. Não ressuscitaremos com Jesus.
Pensemos onde queremos chegar. Qual a nossa meta: essa terra, ou o além Jordão. Esse mundo, ou a vida eterna.

Deus abençoe a todos e a todas.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quarta-feira de Cinzas: "Converti-vos e crede no Evangelho

Prezados irmãos e irmãs,

Hoje vou deixar publicado as palavras do Papa Bento XVI e do Cardeal Emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio de Araújo Sales. Os dois textos estão publicados no Testemunho de Fé. Podem também ser lidos nos sites do Vaticano e da Arquidiocese do Rio de Janeiro (www.vatican.va e www.arquidiocese.org.br)

Deus abençoe a todos e a todas

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Necessidade da Penitência

Necessidade da Penitência

13/02/2009

Prezados ouvintes,

O Padre Antônio Vieira, em seu Sermão da Sexagésima, pronunciado na Capela Real de Lisboa, em março de 1655, classifica pregadores e ouvintes. E nesse sermão, denominado também “Sobre a Palavra de Deus”, ele prefere se incluir na categoria dos que desagradam os fiéis por lhes apresentar, nos sermões, a Doutrina católica na sua integridade. Diz ele: “Que médico há que repare no gosto do enfermo, quando trata de lhe dar saúde? Sarem, e não gostem; salvem-se, e amargue-lhes, que para isso somos médicos das almas”.

Um tema, freqüentemente ausente nas homilias da missa e em outras oportunidades, é a penitência, a necessidade da mortificação, o dever da ascese. Alguns católicos, dada a atmosfera reinante, poderão até se admirar que eu aborde o assunto, porquanto sua estrutura espiritual se encontra profundamente deformada. Esses e outros, que fazem ouvidos moucos às candentes invectivas bíblicas na matéria, detestam ouvir tratar da importância da abstinência, do jejum, de sua exigência em tempo quaresmal e em cada sexta-feira do ano. Em todas as sextas-feiras do ano? Perguntarão, surpresos. Sim, respondo eu. Ou melhor, está bem elencado no cânon 1251, do Código de Direito Canônico.

As razões de tamanha modificação na vida cristã moderna são várias, como a secularização, o subjetivismo, a contestação. Abordemos duas outras.

A primeira é o ambiente hedonista que respiramos, que se transformou em critério de comportamento ou sinal de veracidade. Tudo o que restringe o gozo dos sentidos é desprezado. Tenta-se justificar o impossível, com a ajuda de falsos guias espirituais: viver um cristianismo sem os sacrifícios da obediência a um corpo doutrinal ou isento de renúncias. Esquecem-se das palavras do Mestre: “Se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). O mesmo ocorre com as diretrizes de São Paulo, eco da pregação do Evangelho. Aos gálatas, ele escreve: “Os que são de Cristo, crucificaram a carne com as suas paixões e apetites” (5,24). E sua recomendação aos filipenses guarda, em nossos dias, toda a sua atualidade e valor: “Porque há muitos por aí que se portam como inimigos da cruz de Cristo (...) o seu fim é a perdição, pois (...) só cuidam do que é terreno” (3,18-19).

A segunda razão desse abastardamento é a falsa interpretação das normas conciliares. O Vaticano II aperfeiçoou o conceito de penitência, dando ênfase à identificação com o Cristo. As privações, os sofrimentos e outros atos, sem serem desvalorizados, assumiram mais o papel de meio para alcançar a necessária semelhança com o Senhor. Tal diretriz faz desaparecer aquela casuística que insistia mais no acidental que no essencial. Igualmente, foi dada mais liberdade na escolha do modo, mas não no cumprimento do dever, em si mesmo. Infelizmente, muitos entenderam “alterar” como suprimir a ascese que entrou em recesso para muitas pessoas que se declaram fiéis à Igreja.

Em 17 de fevereiro de 1968, foi publicada a Constituição Apostólica “Poenitemini”, sobre a “Disciplina Eclesiástica Penitencial”, que permanece em vigor, sendo excelente fonte de fundamentação e normas práticas nessa matéria. Começa assim: “Fazei penitência e crede no Evangelho: estas palavras do Senhor parece-nos devermos repeti-las hoje”. Passados poucos anos do encerramento do Concílio, o Papa Paulo VI já sentia esse drama que, no fundo, é uma traição à nossa Fé. Muitos cristãos cederam ao espírito do mundo.

As advertências não faltaram. O novo Código de Direito Canônico, deu uma estruturação jurídica à observância da penitência. Os cânones 1251 e 1253, legislando para a Igreja universal, deixam aos Bispos locais, reunidos em conferência episcopal, o direito de determinar a maneira de satisfazer esta obrigação do Evangelho, ao mesmo tempo que reafirmam a necessidade de a penitência marcar toda a vida do cristão.

O Episcopado brasileiro se manifestou na época sobre a matéria e aguardou a indispensável decisão da Santa Sé. Com data de 30 de outubro de 1986, de acordo com o Decreto da Congregação para os Bispos, o presidente da CNBB promulgou a Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico, no que se refere aos cânones 1251 e 1253. Ei-la: 1º: “Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis, nesse dia, se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade”. 2º: “A Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação, nestes dias, na Sagrada Liturgia”.

O texto, por sua clareza, dispensaria maiores comentários elucidativos. Entretanto, desejo sublinhar que as sextas-feiras de todo ano, ordinariamente, são dias de penitência. Os fiéis têm bastante liberdade de escolher o modo, a maneira e não o exercício da ascese.

Nestes dias de carnaval, que se aproximam para desagravar o Coração de Jesus, dolorosamente ofendido pelos desregramentos morais praticados, e às vésperas do início da Quaresma, torna-se muito oportuno este esclarecimento e o apelo à penitência.

No momento em que o mundo põe o prazer sem referência à lei moral num pedestal de falsa divindade, o cristão, embora minoria, deve cumprir, com maior afinco sua missão de fermento do Bem e luz nas trevas, em um mundo enlouquecido.

Termino retomando palavras do grande pregador Padre Antônio Vieira, no final de seu célebre Sermão da sexagésima (1655): “Veja o céu que ainda tem na terra quem se põe da sua parte. Saiba o inferno que ainda há na terra quem lhe faça guerra com a palavra de Deus; e saiba a mesma terra, que ainda está em estado de reverdecer e dar muito fruto: ‘Et fecit fructum centuplum’, ‘cem por um’”.

MENSAGEM RADIOFONICA
Cardeal Eugenio de Araujo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro
13/02/2009

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2009

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2009

"Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e,
por fim, teve fome" (Mt 4, 1-2)


Queridos irmãos e irmãs!

No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal). Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.

Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O “não comas” e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98). Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.

Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).

Nos nossos dias, a prática do jejum parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus. Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I). A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).

A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: PL 40, 708). Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.

Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15). Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.

De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».

Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical. Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 11 de Dezembro de 2008.

BENEDICTUS PP. XVI

"...Prepara a tua alma para a prova".

Prezados irmãos e irmãs,

As leituras da liturgia de hoje encontram-se em Eclo 2,1-13 e Mc 9,30-37.
Em eclesiástico o autro nos mostra que tudo na vida tem sua provação. Aqueles que se decidem pelo caminho de serviço a Deus também devem se preparar para a provação (versículo 1). Muitas vezes achamos que as coisas de Deus devem acontecer no tempo em que prevemos que acontençam. Não. Deus tem seu tempo, diferente do nosso.
Todos os que se colocarem no serviço do Senhor devem estar atentos aos momentos de contrariedade. Algumas vezes, Deus parece demorar em nos atender. Mas na realidade ele nos acompanha nesses momentos. Nessas horas ele nos quer mais junto dele. Ele quer que intensifiquemos nossos momentos de oração.
Basta crer. Aquele que persevera, tal como uma crinaça que se coloca inteiramente nas mãos dos pais (evangelho), encontrára um Deus compassivo e misericóridoso, que perdoa os pecados no tempo de tribulação e protege a todos os que o procuram com sinceridade.
No Evangelho, Marcos nos leva a meditar sobre a humildade. Aqueles que ocupamos cargos de liderança devemos estar dispostos a servir. Estarmos sempre a serviço, isso é o que significa Ministério. "Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos". Servir é acolher com humildade e confiança, tal como uma criança. Esta não tem ninguém mais em quem confiar do que naqueles que estão lhe orientando.
Sejamos pobres nas mãos de Deus. Entreguemo-nos para a provação.

Deus abençoe a todos e a todas.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"... Pela oração".

Prezados irmãos e irmãs,

Evangelho: Mc. 9,14-29. No fim desse evangelho Jesus diz: "Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração".
Existem vários tipos de espíritos que nos imobilizam a agirmos para fazer o bem. Egoísmo. Inveja. Ciúmes. Esses são os espíritos que nos impedem de vivermos em comunidade verdadeiramente. Esses espíritos só são eliminados através da oração diária. A adoração a Jesus no Eucaristia. O Sacramento da Penitência. O jejum seguido das obras de caridade.
Somente nos veremos livres dos espíritos que nos fazem mudos para proclamar a palavra de Deus, e surdos para ouvirmos sua palavra, quando praticarmos a oração diária.
Não esqueçam, irmãos e irmãs, de meditarem diariamente a Palavra de Deus.

Deus abençoe a todos e a todas.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"... De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida?"

Prezados irmãos e irmãs,

As leituras da liturgia de hoje estão em Gn, 11, 1-9 e Mc 8,34-9,1.
Na primeira leitura vemos a humanidade querendo construir uma torre. Querem ser poderosos. Querem alcançar o céu. Tocar no mais alto. Ira além daquilo que Deus pensou para a humanidade.
Não podemos esquecer que até fim do capítulo 11 do livro do Gêneses, temos a narração da chamada explicação da humanidade. Os autores tinham que explicar porque havia muitas línguas.
Mas o sentido espiritual escondido é mais uma vez o homem querendo se igualar a Deus.
A frase que dá título a nossa reflexão de hoje é tirada do versículo 36. Foi com esse versículo que Santo Inácio de Loyola mostrou a São Francisco Xavier de que não valeria a pena gastar toda a sua força conquistando as honrarias do mundo, se perdesse a sua alma, isto é, não tivesse a vida eterna.
Nosso problema hoje é que pensamos que a vida eterna acontece aqui e agora. Por isso lutamos para ter conforto, dinheiro, plano de saúde, escolas particulares, boa comida, casa boa e outras coisas mais. Além disso, nos meios acadêmicos vemos as vaidades científicas.
Quando Inácio conheceu Francisco Xavier, este era um jovem universitário. Conforme a biografia de Inácio, Xavier era belo, formos, inteligente. O melhor aluno.
Entretanto, a vaidade tomava conta de seu coração. Inácio percebeu que se aquele rapaz assim continuasse, viria a se perder.
Inácio tanto fez, que Xavier mudou de vida. Tornou-se Santo. Missionário no oriente.
Queridos irmãos e irmãs, meditemos em nossos corações qual tem sido nossa atitude: valorizamos as coisas do mundo, ou estamos dispostos a renunciar tudo, tomar a nossa cruz e seguir Jesus até a morte. Queremos ganhar a nossa vida, ou estamos dispostos a perdê-la por causa do Evangelho (como fez Paulo) e por causa de Jesus? Nos envergonhamos de Jesus, ou claramente demonstramos a nossa fé com argumentos plausíveis diante daqueles que nos quesitonam e questionam a Igreja?

Deus abençoe a todos e a todas

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"O Senhor olhou a terra do alto..."

Prezados irmãos e irmãs,

O título dessa reflexão é tirado do refrão do salmo responsarial da liturgia de hoje. Os textos bíblicos são: Gn 9,1-13; Sl 101(102); Mc. 8,27-33.
O livro deo Gêneses narra o fim do dilúvio. É a chamada recriação. Deus devolve ao ser humanos todo o paraíso novamente. Mas agora sem a imortalidade. A mancha do pecado permanece. Somente em Jesus seremos liberto, pois ele há de vencer a morte, conforme narra Marcos: "... ele devia ser morte e ressuscitar...".
Deus anuncia a Noé e a seus filhos que pedirá conta aos homens que derramarem o sangue de outro homem. Devemos nos ater na conduta que nós, seres humanos, devemos ter uns para com os outros, para com a natureza, e para consigo mesmo.
Em seguida, no Evangelho, Jesus interpela os apóstolos para saberem quem as pessoas dizem ser ele. Para em seguida, questionar os apóstolos sobre a mesma questão. Estamos diante de um realidade atual: a experiência pessoal de Jesus. Essa era a realidade da Igreja nascente: a experiência das apóstolos, e a experiência daqueles que começavam a se agregar aos cristãos.
Os outros são aqueles que apenas ouviram falar de Jesus. São aqueles que apenas foram atrás dos milagres de Jesus. São aqueles que gostam de ouvir Jesus falar, se sentem bem. Hoje em dia diríamos que Jesus tem uma "mensagem" bonita. Um grande motivador.
Para os apósotlos deve ser diferente. Esses devem fazer uma experiência pessoal (íntima) de Jesus. Eles convivem. Andam. Comem. Participam de toda a vida de Jesus. Foram chamados para serem os continuadores dessa missão. Não podem ficar presos apenas ao que estão vendo. Devem ir mais além.
E ai, Pedro toma a palavra. Aquele que vai ser o primeiro papa, afirma: "Tu és o messias". Essa firmação é muito forte. Reconher naquele homem, igual a eles, o messias é proclamar que Deus está no meio de nós. É olhar para um homem e ver a presença salvadora e libertadora de Deus.
Mas Jesus pede que a ninguém seja revelado isso, pelo menos por hora. Ainda é preciso que certas coisas aconteçam. Ele anuncia a paixão. Se os apóstolos fizeram a experiência pessoal de Jesus, devem saber que passarão pela paixão também. Vão sofrer. Vão morrer. Mas ressuscitarão. Os principais desse mundo vão condenar a Igreja, tal como condenaram Jesus. Nós devemos estar preparados para isso. Devemos aprender o valor do sofrimento espiritual, que muitas vezes passa pelo sofrimento físico. Dai o valor dos jejuns. O valor da abstinência. O valor da oração. Não existe jejum brando. Jejum é jejum. É aprender com o sacrifício o valor de um bem maior. É aprender a depender de Deus inteiramente. É ordenar as paixões desornadas. É saber controlar jestos, palavras. Língua. Jejum sem oração é vazio. Quando jejuamos devemos aumentar nossas orações diárias.
O evangelho termina com a cena de Pedro dizendo que Jesus não dissesse tais coisas. Pedro não conseguia conceber que o Messias fosse sofrer, afinal de contas, ele era Deus também. Mas Jesus sabe que isso é um pensamento do diabo. E sabe também que o diabo pode usar pessoas boas para nos afastar da vontade de Deus.
Fiquemos atentos ao que nos acontece no dia-a-dia. Tenha um bom diretor espiritual para ajudar você a adequar sua vida à vontade de Deus.

Deus abençoe a todos e a todas.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"O que torna o homem impuro é o que sai dele!"

Prezados irmãos e irmãs,

Nossa liturgia de hoje está em Gn 2,4-9.15-17 e Mt 7,14-23.
Em Gênesis vemos a narração da criação do jardim do Édem. Muita se fala e expecula em relação a esse lugar. Mas como nossa bíblia não é um livro de ciências, e sim um livro da experiência religiosa de um povo, vamos colocar algumas inspirações que tive durante meu momento de oração.
Primeiro, Deus forma as coisas. Deus dá existência a tudo. Tudo, para ter vida, precisa de água. Água é fonte de vida. Cuidar da água e da terra é obra de misericórdia, pois a vida brota dai, e terra e água são criações de Deus.
Em seguida, Deus cria o homem. Mas esse ainda não tem vida. A vida dada ao ser humano vem do sopro de Deus. Sopro na bíblia é o mesmo que espírito. A raiz é a mesma. Nós somos moldados apartir de Deus. Entender-se criado por Deus e entneder-se parte da natureza. É enterder-se parte do que foi criado. É entender-se como senhor das coisas, irmãos do próximo.
Terceiro, as duas árvores: da vida e do conhecimento do bem e do mal. Não vamos entender isso como uma proibição do estudo. Deus que que o homem e a humanidade construa o conhecimento. O que Deus deixa registrado é que o conhecimento científico não pode ser absolutizado, pois só Deus é absoluto.
Quarto, "se comeres desse fruto morrerás". Eta palavra difícil. Quando queremos nos igualar a Deus provocamos a nossa morte. Deixamos de lado aquele sopro vivificante. Queremos achar que o nosso sopro é suficiente. E ai nossa alma morre.
O Evnagelho fala de impureza. A primeira leitura fala de comer da árvaro da vida. O impulso de comer da árvore "proibida" não vem de fora, mas de dentro do homem. O desejo acontece dentro de cada um de nós. Alguém pode até mentir para que pequemos, mas se nossa fé é profunda, saberemos que decisões tomar.

E ai Jesus fala que o que é impuro é aquilo que sai pela nossa boca. A boca é um órgão perigoso. Ela mata. Ela mente. Ela julga sem provas. Mas, ela constroe, une, cria laços de amizade, compreende.

Aprendamos com Jesus. Deixemos que de nossas bocas sá saim palavras boas, palavras que edifiquem os corações, palavras que possasm construir a paz, palavras que levem a união das pessoas.

Deus abençoe a todos e a todas

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"E Deus viu que era bom..."

Prezados irmãos e irmãs,

Leituras: Gn 1,1-19 e Mc 6,53-56.
Quinta semana do tempo comum. O Tempo Comum é um tempo propício para contemplarmos a vida pública de Jesus. Como ele agia no dia-a-dia.
A litrugia de hoje nos leva a uma reflexão muito interessante. Marcos inicia dizendo que Jesus acabara de atrevessar o Mar da Galiléia. Na primeira leitura, O Espírito de Deus pairava sobre as águas. Jesus é conduzido pelo Espírito de Deus. Mesmo estando num barco, paira sobre as águas (não esqueçamos que em outra parte do evangelho Jesus caminha sobre as águas).
Em seguida, na primeira leitura Deus cria a luz e vê que a luz era boa. Jesus é a luz. Ele será chamado de Bom Mestre e responderá que só Deus é bom. A bondade divina leva a criação, a recriação (dilúvio) e à salavação - Jesus. As curas de Jesus são uma nova criação. Ao curar um doente, ao expulsar um espírito mal, Jesus recoloca na sociedade aquele que estava afastado do convívio. Todas as curas de Jesus eram, e são boas (e Deus viu que era bom).
Após a queda (pecado original), Deus traça seu plano de salavação da humanidade. Em Jesus essa salvação se consuma. Os doentes são curados. A fé é tão grande, que acreditavam que bastava tocar na ponta de veste para ficarem curados. E isso acontecia.
Basta acreditar num pequeno pedaço de pão, transformado no corpo do Senhor para sermos livres e libertos de todas as nossas enfermidades.
E Deus viu que era bom. Jesus é Bom. Deus é bom. Jesus é Deus. Como dizia o Papa João Paulo II: Jesus é o rosto divino do homem e o rosto humano de Deus. Verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, Jesus é a prova viva de que é possível vivermos a santidade nos dias de hoje.

Reflitamos sobre nossas ações.

Deus abençoe a todos e a todas.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco"

Prezados irmãos e irmãs,

A liturgia de hoje está em Mc 6,30-34.
Temos três momentos distintos: Primeiro, os apóstolos voltam da missão e passam a fazer um relatório para Jesus. Contam como foi a missão. Tudo o que tinham feito e ensinado. Aqui vemos a Igreja atuando.
Segundo, Jesus chama os apóstolos para um lugar deserto. Jesus nos ensina que após a missão devemos avaliar. Devemos nos retirar para orar. Olhar para dentro. Preparar-se para continuar a caminhada.
Terceiro, a missão precisa continuar. As multidões estão perdidas. Ovelhas sem pastor.

Assim devemos agir.

Peçamos a Deus que em nossa caminhada sejamos apóstolos. Homens e mulheres de oração e ação.

Deus abençoe a todos e a todas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

"Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino"

Prezados irmãos e irmãs,

A liturgia de hoje está em Mc 6,14-29.
Esse evangelho nos oferece várias reflexões. Mas quero me ater a uma que, no mundo de hoje, me parece muito importante: a questão de como utilizamos o poder que temos.
Marcos começa informando que o nome de Jesus havai se tornado muito conhecido, e que Herodes ouvira falar dele. Além disso, muitos judeus acreditavam que João havia retornado, ou que Jesus fosse um dos profestas que precederia o Messias. Mas que para que entendêssemos porque os judeus entendiam que Jesus era João ressuscitado, Marcos conta a história da morte de João.
Minha reflexão caminha por ai. O que fazemos com o poder que temos ou que nos é dado?
Herodes era rei. Como todo rei tinha poder sobre seu povo: poder de vida e de morte. Poder de condenar e de perdoar. Poder de fazer guerra ou paz. Diz o ditado popular que "palavra de rei não volta atrás". Grande bobagem. Nenhuma palavra pode ser utilizada para destruir o outro. Nenhum ordem pode ser dade para que o próximo morra. Existem muitas maneiras de decapitar alguém.
Devemos nos precaver das ordens que damos. Ordens são complicadas de serem dadas. Antes de exercermos a autoridade que nos foi dada (e que temos) devemos ouvir aqueles que nos cercam. Todo poder pode ser questionável, principalmente que gera morte. Todo poder deve gerar vida. As ações de Jesus (os diversos milagres que fez) sempre geraram vida.
Marcos nos mostra a contradição entre o pai da morte (o diabo, personificado por Herodes), e o Filho que gera Vida (Jesus).

Pensemos nas nossas ações. Pensemos na posição social que ocupamos. Pensemos no poder que nos foi dado e como estamos utilizando-o: para a vida ou para a morte?

Deus abençoe a todos e a todas.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um homem atormentado

Prezados irmãos e irmãs,

Nossa reflexão de hoje está em Mc 5,1-20. Nos parece um texto longo. Mas na realidade é uma cena que deve ser completada. Deve ser vista pelos olhos da imaginação, do coração e do espírito.
Inácio de Loyola, quando nos sugere orações de contemplação, nos manda olhar a cena. Compor a cena em nossa mente. Ver a pessoas. Ver o lugar. Ver o que acontece. Qual a reação das pessoas diante de Jesus. Qual a reação de Jesus diante do acontecido.
Em seguida, ele sugere que nos coloquemos na cena (ou não). Devemos permanecer nessa situação por um bom tempo. Depois, refletir para tirar proveito. Ver que sentimentos nos suscitaram tal contemplação.
Aqui hoje, Jesus se depara com uma pessoa atormentada (vou utilizar pessoa, pois quero entender que homens e mulheres podem passar por essa situação).
Essa pessoa está do outro lado do lago, isto é, está fora da comunidade judaica. Não pertence ao grupo dos "eleitos".
Essa pessoa atormentada se depara com Jesus. Está diante de Deus. Está diante do tudo. O atormentado já ouvira falar de Jesus. Esse espírito atormentado incomoda a pessoa.
Deus atormenta porque as práticas dessa pessoa não são as práticas de Deus ("não me atormentes!")
Mas Jesus tem um olhar carinhoso para com essa pessoa.
Jesus quer identificar quem o atormenta. Veja, é importante sabermos o nome dos nossos tormentos. É importante sabernos nomear aquilo que nos impede de um encontro pessoal e verdadeiro com Jesus. É importante dixarmos que Jesus limpe (cure) esse caminho.
Após sua libertação, a pessoas parte para o anúncio. Aquele(a) que deixa-se curar Jesus, que deixa-se libertar por Jesus, tem o impulso de anunciá-lo. Agora sim, cim um novo espírito, parte para ser um evangelizador.

Identifiquemos aquilo que nos afasta de Jesus. Peçamos a ele que nos liberte. Confessemos nossos pecados. Sejamos evangelizadores da justiça e da paz.

Deus abençoe a todos e a todas.