domingo, 27 de dezembro de 2015

“Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade” (Lc. 2,39).

A grande reflexão de hoje é a própria segunda leitura. 
Ao falarmos sobre a Sagrada Família, somos convidados a viver a experiência que Paulo chama aos da comunidade de Colosso a viverem: “sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência” (Col. 3,12b). Foi no ambiente familiar, na companhia de seus pais, que Jesus aprendeu essas virtudes divinas.
Junto com essas qualidades espirituais, aprendeu a como ser suporte, suportar, “uns aos outros”. Animando-os nos momentos de queda. Incentivando-os nas horas em que a fé parece sucumbir.
Foi no ambiente familiar que Jesus aprendeu o que é perdão. Que não se perdoa apenas sete vezes; mas setenta vezes sete.
Na família Jesus aprendeu a amar, “pois o amor é o vínculo da perfeição” (Col 3,14b). Aprendeu a amar com os desprendimento de seu pai José, e na entrega de sua mãe Maria. Ainda em família, Jesus aprendeu a agradecer sempre. Foi em casa que Ele, crescendo em sabedoria, graça e estatura, aprendeu a ouvir a Palavra de Deus. Em Nazaré era admoestado e ensinado com sabedoria. Foi me família que aprendeu a cantar a “Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças” (Col. 3,16).
Maria o modelo de solicitude para com seu esposo. José amando sua esposa, não sendo grosseiro com ela. Nos ensinam qual o relacionamento entre esposa e esposo. Nada de grandioso, de extraordinário. Como Filho obediente, Jesus aprendeu a obedecer, só assim pode fazer a vontade do Pai do Céu. A harmonia conjugal fez com que Jesus pudesse responder aquilo para que ele encarnou. Jamais foi intimidado pelos seus pais da terra para que não desanimasse em sua caminhada.

Queridos e queridas, é possível viver como a Sagrada Família. Basta ouvir e viver a Palavra de Deus. Colocar em prática aquilo que nos ensina Paulo na sua carta aos Colossenses 3,12-21.

sábado, 26 de dezembro de 2015

“Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 10,22b).

Logo após a celebração do Natal, temos a festa de Santo Estêvão.
Sendo um dos primeiros diáconos, foi o primeiro mártir após o surgimento da Igreja. Fora escolhido pela comunidade cristã grega para se colocar a serviço da mesa para as viúvas e órfãos. “Cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At. 6,8).
A simplicidade e a humildade do serviço de Estêvão o fez forte e grande diante de Deus e dos homens. Repleto da graça de Deus, e revestido do poder do Espírito Santo, Estêvão realizava “grandes sinais entre o povo” (At. 6,8).  Não havia pedido nada para si. Fora escolhido pelos seus para ser um simples dispensador da caridade dentre os irmãos. Um missionário da misericórdia de Deus que não faz acepção de pessoas, mas acolhe a todos.
As qualidades para a escolha foi definida pelos apóstolos. Para o serviço da mesa, deveriam ser escolhidos homens de “boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” (At. 6,3). Segue o livro dos Atos dos Apóstolos dizendo que escolheram, dentre outros, Estêvão, “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At. 6,5b).
Ser cheio de fé significa colocar-se nas mãos de Deus. Não temer a missão dada. Não colocar impedimentos para que a misericórdia de Deus aja no mundo. Estar pleno do Espírito Santo é confiar que Deus age em nós. Que nossas palavras são inspiradas por Deus. É enfrentar as situações mais adversas da vida.

Ao celebramos a festa de santo Estêvão logo após a celebração do Natal, devemos recordar que mesmo na adversidade da manjedoura, mesmo na simplicidade do estábulo, a alegria do Evangelho deve ser confirmada pela pregação e pela misericórdia, pois foi por misericórdia que a Trindade Santa decidiu pela encarnação do Filho. E santo Estêvão soube entender isso, e nos deixou seu exemplo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ser Diácono

Quais os pré-requisitos para ser diácono? Qual o procedimento adotado na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro?

Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja restaurou o Diaconato como grau Permanente do Sacramento da Ordem. Não aboliu o celibato, mas permitiu que homens casados pudessem ser ordenados diáconos, deixando, assim o seu estado laical, e passando a fazer parte do clero diocesano, compondo a estrutura hierárquica da Igreja (Bispos-Presbítero-Diáconos).

É importante notar que a vocação diaconal surge, concretamente, no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 6, a partir do versículo 1. Nesta passagem encontramos a instituição dos sete primeiro diáconos, que tiveram como missão servir às viúvas e órfãos dos cristãos de origem grega. Foram instituídos para manter a unidade e a paz dentro da comunidade dos seguidores de Jesus.

A motivação teológico-espiritual do diaconato vem de Jesus que se apresentou como o servidor no meio de todos. “Eu estou no meio de vós como aquele que serve (Lc. 22,27)”. Em outra passagem, “porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mc 10,45//Mt 20,28). E o Lava Pés, último gesto de serviço, Jesus afirmou: “pois bem, eu que sou o Mestre e o Senhor lavei os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo: vocês devem fazer o mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,14-15). Está deve ser a perspectiva de todo aquele que se apresenta para ser diácono: o Serviço. Todo vocacionado ao diaconato deve ter diante de si a capacidade de se colocar no lugar de quem serve.

Ao acolher aqueles que buscam colocar sua vida a serviço da comunidade local e da Igreja como Diáconos Permanentes, a Arquidiocese do Rio de Janeiro destaca alguns pontos de discernimento para esta vocação específica.
O processo de discernimento vocacional deve levar em consideração quatro critérios objetivos: pessoais, eclesiais, familiares, comunitários (cf. Documento 96 da CNBB – Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil – Formação, Vida e Ministério. n. 135-147).

Quanto aos critérios pessoais, deve-se observar “saúde, idade canônica para ordenação (25 para solteiros e 35 para casados). Situação civil e profissional; capacidade de liderança; autocrítica e interesse pela formação permanente”.
Os critérios eclesiais referem-se à atividade pastoral desenvolvida pelo candidato dentro da Igreja. Deve apresentar “maturidade na fé; ter uma visão da Igreja solidária com a realidade atual; capacidade para ouvir, dialogar e acolher; vida sacramental; espírito de oração e de contemplação; espírito de serviço, principalmente aos mais pobres; interesse pelo estudo da Palavra de Deus e da doutrina da Igreja”.

Em relação aos critérios familiares, se o candidato for casado, deverá a esposa dar o seu consentimento e aceitação, bem como os filhos; ter estabilidade na vida matrimonial; mínimo de cinco anos de vida matrimonial.
Os critério comunitários devem contemplar: a “consciência de que será diácono da Igreja e não de um grupo ou comunidade determinada; engajamento pastoral de cinco ano ou mais; Visão do ministério como dom e serviço; união com os bispos-presbíteros-diáconos; visão de pastoral de conjunto; abertura missionária; aceitação pela comunidade e pelo presbítero.

Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a caminhada para o diaconato é composta de um período Propedêutico, onde se aprofunda a vocação diaconal. Em geral dura oito meses (podendo ser ampliada para alguns em determinados casos). Em seguida, dá-se a entrada na Escola Diaconal Santo Efrém, período maior da formação, de quatro a cinco anos. E por último, o escrutínio, ou seja, visitas feitas à comunidade e à família do candidato antes da provável ordenação.

O processo inicia-se em Janeiro com apresentação do candidato à Comissão Arquidiocesana dos Diáconos Permanentes (CADIPERJ) que avalia as indicações das comunidades junto com o corpo diretor da Escola Diaconal.
O diaconato é uma das vocações da Igreja. Não basta querer. É preciso que Deus tenha feito esse chamado. E que a Igreja, através daqueles que são colocados para ajudar no discernimento, identifique elementos mínimos para essa vocação.

Mais informações podem ser obtidas através do e-mail cadiperj@gmail.com.
(postado em http://arqrio.org/formacao/detalhes/976/ser-diacono)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. (Jo. 6,68)

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. (Jo. 6,68)
O evangelista João coloca na boca de Pedro essa profissão de fé. Após o discurso sobre o pão da vida (o pão que alimenta, o pão que encoraja, o pão que exige ir ao encontro do outro) muitos discípulos começaram a abandonar o caminho que percorriam com Jesus.
A fé é exigente. A fé não pode ficar presa. A fé não é estagnada. A fé se concretiza em ações. “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Estava nu e me vestistes. Estava doente e encarcerado e fostes me visitar” (Mt 25,31-46).  Assim disse Jesus que deveríamos agir. Tiago, em sua carta, afirma que “sem obras, a fé é morta” (Tg 2,17b.).
“Buscai primeiro o Reino de Deus, e tudo mais vos será acrescentado” (Mt 6,33). Buscar o reino é buscar vida eterna. E quem pode dar vida se não Jesus; “eu sou o caminho, a verdade e a VIDA” (Jo. 14,6. Grifo meu). Em seguida, “eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10b.). E dar vida é gerar vida. É fazer com que o outro tenha vida.
Muitas vezes, procuramos Jesus entre os mortos. Não temos a coragem de reconhecer que ele está no meio de nós, vivo. “Porque procurai dentre os mortos aquele que está vivo?” (Jo. 24,5d). Jesus vive. E de que forma vive? Vive através de sua Igreja. Vive através dos cristãos batizados. Vive naqueles que buscam e promovem a paz (Mt. 5,9a). Vive naqueles que são perseguidos por causa da justiça (Mt. 5, 10). Vive nos misericordiosos (Mt 5,7).
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de Vida eterna”. Aqueles primeiros que encontraram Jesus procuravam palavras e gestos de encorajamento para o nosso desânimo. Para a falta de fé. Assim, irmãos e irmãs, somente Jesus pode nos garantir palavras de mudança. Somente ele tem palavras de Vida; e de vida eterna. “Por melhor que seja alguém, chega o dia em que há de faltar, só o Deus vivo a palavra mantêm, e jamais ele a de falhar”.

Somente Jesus tem palavras que podem nos manter vivos eternamente.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

“A melhor oração é amar”

“A melhor oração é amar”.
Prezados irmãos, muitas vezes falamos sobre oração. Procuramos pessoas, ou leituras, que nos “ensinem” a orar. Existem várias “escolas” místicas de oração. Vários santos tornaram seu caminho de encontro com Deus público. Fazendo disso, uma forma de se chegar até o criador, e Pai de todos.
Uns chamaram de Caminho; outros Exercícios Espirituais; Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja; Regras. Em fim, uma infinidade de nomes ao movimento que faz a alma em direção a Deus, e que retornando ao orante se transforme em vida para os outros.
Neste sentido, Santo Inácio de Loyola, ao fazer a primeira anotação sobre o que são os Exercícios Espirituais, afirma que são “os diferentes modos de a pessoa se preparar e dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e afastando-as, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vida para o bem da mesma pessoa” (EE 1, 1ª Anotação).
É necessário entender um termo que aparece, e alguma vezes torna-se de difícil compreensão: “afeições desordenadas”. Segundo a versão dos Exercícios Espirituais, de Joaquim Abranches, sj, tradução das Edições Loyola (1985), em nota de rodapé, encontramos que “as afeições desordenadas são todas as aspirações profundas (conscientes ou inconscientes) do homem, que o levam a uma aversão a Deus, e pelas quais tende a desviar-se e a sair da ordem estabelecida por Deus, na qual tudo converge para Cristo, e nele para o Pai”. Ou seja, em resumo, são as chamada “vontades”; nossos “quereres”. Uma utilização equivocada do Livre Arbítrio. Sobre isso, nos diz Paulo aos Coríntios, “Posso fazer tudo o que quero. Sim. Mas nem tudo me convém” (I Cor. 6,12a.).
A oração deve ser um momento de revisão de vida. Um confrontar a própria vontade com a necessidade de fazer a vontade de Deus. “Nem todo que me diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu” (Mt. 7,21). Toda oração deve questionar como estamos vivendo a caridade. E caridade se pratica com aquele que nada pode nos retribuir. O que poderíamos dar em troca para Jesus pela sua morte na cruz? Ele se entregou sem esperar nada de nós. Sem esperar nada por aqueles que ele estava dando a vida. Nada.
Orar é confrontar a vida com o que nos pede Deus. E isso só se tem diante de sua palavra, a Sagrada Escritura. Diante dos “mestres” de oração. Diante de um movimento de sair de si, de libertar-se das “afeições desordenadas”.
Orar é dispor a alma para Cristo, deixando de lado tudo aquilo que impede de fazer a vontade de Deus. Tornar-se livre diante das coisas, de tal modo que se possa dizer, em oração, que quem perde a vida por causa de Cristo vai encontra-la (Mt. 10,39b).
Orar é dispor a alma para a salvação. Orar é privar-se de tudo o que impede de atingir esse fim. Orar é tornar-se “indiferente” às coisas criadas para que possamos atingir o fim de nossa alma, a salvação.

E livres das nossas “afeições ordenadas” possamos optar por Cristo, escolhendo-o como Senhor de nossa vida de nossos quereres e de nossas vontades.

domingo, 30 de agosto de 2015

"Guardareis e os poreis em prática"

"Ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir para que vivais e entreis na posse da terra prometida". Moisés falou ao povo sobre qual o caminho a seguir para entrar na Terra que Deus havia prometido. Observando as leis do Senhor, e seus decretos.
Em seguida, ele relembra que "nada deva ser acrescentado ou tirado" à palavra que é era anunciada. Ninguém deve colocar ou por nada à Palavra que Deus transmitiu a Moisés.
O autor do Deuteronômio acrescenta que devemos guardar e colocar em prática esta lei, pois nela está a sabedoria e a inteligência.
O salmista pergunta quem morará na casa do Senhor. E responde que a pessoa que caminha sem pecado; que pratica a justiça; que pensa e guarda a verdade em eu íntimo; além de não caluniar o outro. Para habitar na casa do Senhor, continua o salmista, é preciso não prejudicar o irmão; não cobri de insultos o vizinho; e por último, não empresta com usura, ou seja, dá sem receber em troca.
Aquele que pratica essa palavra vive a verdadeira religião. Aquela pura e sem mancha, ou seja, olha, preocupa-se e faz o bem ao outro: assiste ao doente, visita o preso, alimenta o faminto, dá de beber a quem tem sede, e de comer a quem tem fome. Cobre o nu, veste o indigente.
A lei divina serve para purificar o coração do ser humano. A lei que vem de Deus, e não dos homens, purifica as maldades do coração, que torno o homem impuro: "más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo". Tudo que é maldade e imoralidade  não vem de fora, mas saem do coração humano, tornando o homem impuro.
Somente a Palavra de Deus pode purificar o homem. Purificar o coração humano, tornando o ser humano um verdadeiro adorador de Deus.
Assim, queridos e queridas, ao ouvir a Palavra de Deus aprendamos a viver de forma pura vivendo a Palavra de Deus demonstrando caridade com o próximo.
(Leituras do dia. Dt 4,1-2.6-8; Sl 14(15); Tg 1,17-18.21b-22.27; Mc 7,1-8.14-15.21-23)
Oração: "Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!"

domingo, 9 de agosto de 2015

Festa de São Lourenço, padroeiro dos Diáconos

Festa de São Lourenço, padroeiro dos Diáconos

10 de agosto, Festa de São Lourenço, padroeiro dos diáconos. Mas, quem são os diáconos, e como surgiram na Igreja?
No livro dos Atos dos Apóstolos (At 6,1-6), após o crescimento dos seguidores do cristianismo, muitos de língua grega começaram a se queixar de que suas viúvas eram deixadas de lado. Os apóstolos resolveram, então, o problema mandando que a comunidade escolhesse homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria para que a eles fossem confiadas as tarefas pedidas pelos cristãos. E assim foi feito.
A comunidade cristã nascente começou a ver nos diáconos um modelo de serviço, a Igreja que serve é personificada no diácono. Assim, Paulo diz a Timóteo (I Tm 3,8-13) que os diáconos devem “ser pessoas descentes, homens de palavra, não viciados no vinho nem afetos a lucros torpes” (I Tm 3,8). E acrescenta que saibam “guardar o mistério da fé com uma consciência pura” (I Tm 3,9).
Depois de um período em que o diaconato era apenas um degrau para se chegar ao presbiterado, a Igreja, no Concílio Vaticano II restabeleceu o diaconato como grau permanente do sacramento da ordem. A constituição dogmática Lumen Gentium determina que “daqui em diante poderá o diaconato ser restabelecido como grau próprio e permanente da hierarquia (...). E que poderá ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados”.
A partir de então, a Igreja vem aprofundando esse restabelecimento de uma vocação que havia ficada latente na história da Igreja. A novidade estava na possibilidade de que recebessem o sacramento da ordem homens que tinha o sacramento do matrimônio. Mesmo que fosse no grau inferior da ordem.
O Direito Canônico regulamenta as atividades formativas e de atuação do diaconato. Destaca que são ministros ordinários do Batismo e do Matrimônio. São ministros da exposição e bênção solene do Santíssimo Sacramento. Têm a faculdade de pregar a palavra de Deus e de fazer homilias nas celebrações da santa missa.
Em 2007, os bispos do CELAM reunidos em Aparecida na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, afirmaram que os diáconos permanentes são ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia. Além disso, devem “acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, aonde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja”.
A CNBB, no documento 96, tendo como base a Conferência do CELAM, enumerou algumas das “fronteiras geográficas e culturais”. No número 58, os bispos brasileiros dizem que o “diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da caridade com os pobres, envolvidos com a conquista de sua dignidade e de seus direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo. Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e pelas provações da vida. Reveste-se de especial compaixão pelos: migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os tóxico-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência ou trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados/as, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem terra e os trabalhadores das minas. Em razão da graça sacramental recebida e da missão canônica, compete aos diáconos administrar os bens e as obras de caridade e promoção social da Igreja”.
Portanto, a Festa de São Lourenço, celebrada em toda Igreja neste dia 10 de agosto, lembra-nos que a Igreja é serviço, e serviço aos pobres e a todos aqueles que buscam a justiça misericordiosa de Deus.
Ao recordar o martírio de São Lourenço, a Igreja nos convida a pedir a Deus a graça de voltarmos nosso olhar para os bens mais preciosos da Igreja, os pobres. Se sua comunidade tem a graça de ter um diácono, ore por ele. Se ainda não tem, peça ao Senhor que suscite operários para a messe diaconal.
Oremos pelos Diáconos:
Deus e Pai Nosso, fortalece com a graça do Espírito Santo os diáconos de vossa Igreja, para que desempenhem com alegria, fidelidade e em espírito de comunidade eclesial, o seu ministério de diáconos, seguindo os passos de vosso Filho, Jesus Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos”.
 Nós vos pedimos pelas famílias dos diáconos casados: que sejam autênticas “igrejas domésticas”, segundo o exemplo da Sagrada Família de Nazaré, e delas surjam vocações sacerdotais e religiosas.
Virgem Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, rogai pelos ministros do Senhor! São Lourenço, diácono e mártir, rogai pelos diáconos, servos do Povo de Deus! Amém!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Quem é Nicodemos?

Quem é Nicodemos?

No livro O Evangelho Segundo João, o Pe. Carlo M. Martini afirma que Nicodemos é um “presbítero”, ou seja, um “adulto” que já “fez uma carreira e por isso tem certas prerrogativas e certos deveres externos a salvaguardar. (...) Sente o peso de sua reputação, de sua importância. Por isso tem medo de comprometer-se; tem medo de enfrentar abertamente a Palavra de Deus”.

Olhando Nicodemos por esta perspectiva nos vemos aí refletidos. Nos achamos maduros, ou adultos na fé. Caminhamos na Igreja há muito tempo. Ocupamos um lugar de destaque na comunidade. Somos Coordenadores ou Coordenaras; Ministros; Agentes de Pastoral; Trabalhamos na caridade social; Somos voluntários em muitos serviços. Há os que pertencem ao clero, e são vistos e julgados por todos (pois as pessoas esperam que os clérigos tenham atitudes distintas das suas). Então, o Pe. Martini diz: “tendo já chegado a uma certa responsabilidade externa, tem medo de comprometer-se: e este medo o impede de escutar as novas exigências da Palavra de Deus”.

Martini nos apresenta Nicodemos como aquele que busca, através dos elementos intelectuais, um conhecimento de Jesus. Acredita que por suas categorias cognitivas vai entender a mensagem de Jesus. Entretanto, não se pode reduzir a Palavra de Deus à mera doutrina humana. A atitude de Nicodemos é de quem diz que quer saber das coisas, e afirma “eu creio que tenho métodos para sabê-las”. “E por isso a minha situação já é aquela de quem ou sabe ou quer comunicar, ou então procura saber com os métodos ordinários de eficiência, através dos quais se afirma o saber. Nicodemos está nesta situação, que é situação de fechamento à novidade misteriosa da Palavra”.

Outro ponto interessante neste encontro. Como falei anteriormente, Nicodemos é o um homem velho; não velho em idade (apenas), mas velho em posição dentro da sociedade religiosa de seu tempo. O seu grande medo é “não se pode começar tudo de novo”. Este impasse é pensado por ele, pois na “realidade a Palavra de Deus pode pedir que se recomece da estaca zero, e isso espanta” (lembremos de Abraão, Noé, Moisés, Jó e muitos outros).

“Nicodemos tem pouca confiança no poder de Deus. (...) Ele já estabeleceu os limites daquilo que se pode e que não se pode fazer: é um “presbítero” que já chegou, que em seu ponto de chegada se fecha às ulteriores compreensões do mistério de Deus. Este é o homem a quem João dirige a sua pregação”.

Quantas vezes nos instalamos em nossas certezas religiosas e não deixamos a Palavra de Deus agir em nossas vidas? Quantas vezes nos preocupamos mais com o que vai ser dito de nós mesmos e não nos abrimos à ação de Deus em nossa pastoral? O encontro de Jesus com Nicodemos vai além do meramente institucional. Vai além da posição social que ocupa o interlocutor. Ela reflete nossa situação dentro da própria Igreja. Ao meditarmos esse encontro, nos vemos ai dentro.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Semente - Mostarda - Parábolas

A liturgia deste domingo nos brindou com um conjunto de três passagens que nos levam a meditar sobre o lugar da oração em nossas vidas.
Inicialmente, nos fala do germinar; em seguida, a grandiosidade do grão de mostarda; e termina com o mistério das parábolas.
Para nós, hoje, não há mais mistério quanto ao germinar de uma semente. Sabemos, pela ciência, como isso acontece. Podemos até fazer modificações na estrutura da semente, manipulando-a geneticamente (experiência essa feita pelo monge agostiniano Mendel, botânico e meteorologista). Entretanto, este parábola é ainda nos é atual. O que nos importa são as condições para que essa semente brote: plantar (colocar na terra, fazer uma cova, enterrar); regar (colocar água); deixar que os dias e as noites passem. Assim, a semente germina e cresce. Estas são as condições para que a semente cumpra sua função, gerar folhas, espigas e grãos. Quando amadurece, o fruto está pronto para a colheita.
Nada mais bonito do que olhar para nosso crescimento espiritual. A Palavra de Deus deve ser planta para que o Reino de Deus possa crescer. Acolher a palavra com amor e carinho. Orar. Meditar. Contemplar. Deixar-se impregnar por esta palavra. Tirando de dentro de nós tudo aquilo que pertence a Deus. Deixar que novos frutos nasçam. Gerar espigas com grãos. E então, partir em missão, pronto para a colheita.
O Grão de Mostarda. Menor semente conhecida. Mas gera um arbusto forte e grandioso. Onde as aves constroem os seus ninhos. Abrigam-se. Assim é o Reino de Deus em nós. Começa pequeno e vai crescendo. Torna-se uma árvore grandiosa. Passamos a ser refúgio para aqueles que nos busca. Somos missionários do reino, pois deixamos que outros se abriguem em nós.
E por último, falar em parábolas. As parábolas são comparações. Nos ajudam a compreender mistérios espirituais que são difíceis de se explicar humanamente. Mas, por outro lado, são realidades humanas que nos aproximam de Deus. Nos fazem ver a concretude do Reino de Deus.
Assim, irmãs e irmãos, cultivemos a semente do Reino de Deus que foi planta em nós pelo Batismo e pelos outros Sacramentos. Deixemos crescer essa planta. Sejamos acolhedores. Que se abriguem em nós pessoas que busquem a presença de Deus em suas vidas. Vamos dar sombra e abrigo para aqueles e aquelas que ainda estão voando, sem um ninho para pousar.
Busquemos novos métodos e novo ardor missionário. Quais parábolas do século XXI servem para explicar o Reino de Deus.
Deus vos abençoe nesta semana.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Pentecostes

Queridas e queridos, neste domingo, 24 de maio de 2015, celebramos a Solenidade de Pentecostes.
Nossa liturgia nos brindou com duas narrativas sobre esse evento espiritual na vida dos primeiros seguidores de Jesus.
No livro do Atos dos Apóstolos (At 2,1-11), Lucas faz uma narrativa pirotécnica. Fala de vento impetuoso, línguas de fogo, e diz que os apóstolos começaram a falar em outras línguas, ou que, pelo menos, as pessoas entendiam em sua língua materna aquilo que era proclamado por eles.
A segunda narrativa encontra-se no evangelho de João (Jo. 20,19-23). Mais simples. Menos pirotécnica. Demonstra a situação dos discípulos: medo.
A narrativa lucana está inserida na expansão e no crescimento da Igreja. Lucas estava deslumbrado com a a nova fé. Com a forma com que aqueles homens, e mulheres, pouco letrados, demonstravam a fé com destemor. Somente um acontecimento forte (vento impetuoso) poderia ter mudado a vida deles. Ninguém sairia anunciando uma pessoa que havia morrido sem uma experiência espiritual marcante. Em Lucas, vive-se a experiência do Sinai antes das tábuas da Lei. A nova aliança, a partir de Jesus, reflete a mesma experiência do Sinai.
Em João, essa experiência se dá de uma outra forma. Estando os discípulos trancados em casa, por medo dos judeus, Jesus se coloca no meio deles. Sem haver a necessidade de se abrir as portas.
Somente a Paz pode extirpar o medo de testemunho. O medo não pode ser realidade na vida daqueles que viveram essa experiência de Jesus. Não cabe mais o medo. E somente a paz pode tirar o medo. Por isso, ele diz "a paz esteja convosco".
Mas a paz não estingue as marcas do sofrimento. Quem sofre com paz aprendeu a colocar nas mãos de Deus os acontecimentos difíceis da vida.
Mas quem pode experimentar pessoalmente as palavras e ações de Jesus deve partir em missão. Mas esta não é uma missão qualquer. É uma missão de paz. Por isso, antes de enviar em missão, Jesus deseja a paz novamente aos seus discípulos. O Pai enviou Jesus em missão de paz. Então, Jesus transfere essa missão para seus discípulos. Serem portadores da Paz.
Mas somente quem tem o Espírito Santo pode dar a Paz, pois a paz implica em perdoar as ofensas sofridas. Assim, ele afirma que os pecados serão perdoados ou retidos dependendo de nossa ação diante dele. Ele já havia ensinado, na oração do "pai-nosso" a pedir: "perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". A ação de pedir perdão implica em perdoar também. Se Deus te perdoar, você deve perdoar, caso contrário, seu perdão estará retido.
Irmãs e irmãos, poderíamos enumerar vários outros momentos de Pentecostes na sagrada escritura.
Entretanto, ao festejarmos Pentecostes, devemos partir em missão de Paz. Deus nos chama a perdoar as ofensas sofridas. As marcas ficam, mas as atitudes mudam.
Deus vos abençoe.

sábado, 9 de maio de 2015

Dia das mães

Dia das mães, sua origem é variada. Diz-se que tenha surgido na Grécia antiga. Há ainda os que defendem surgimento nos Estados Unidos. No Brasil, em 1932 o presidente Getúlio Vargas oficializou a data como sendo o segundo domingo do mês de Maio. E que Dom Jaime de Barros Câmara teria autorizado a celebração desse dia na Arquidiocese do Rio de Janeiro em 1947.
Trago à lembrança a mãe dos setes filhos do livro dos Macabeus (2Mc 7,1-41). Um exemplo de fé e de firmeza. O Rei Antioco queria que os hebreus renegassem a sua fé. Foram buscar os mais velhos, pois se eles fraquejassem, com certeza os mais novos aceitariam as heresias.
Entretanto, seguindo o exemplo de Eleazar, a mãe dos irmãos macabeus deu a sua vida pela fé. Animou cada um dos filhos a entregarem a vida e a não cometerem apostasia, ou seja, desviar-se e afastar-se da fé.
Essa mãe viu cada um dos seus sete filhos serem torturados pelo rei. Viu cada um morrer, do mais velho ao mais novo. Por fim, ela mesma foi morta sob tortura.
O segundo livro dos Macabeus (7,20) diz que "sobremaneira admirável e digna de abençoada memória foi a mãe, a qual vendo morrer seus sete filhos no espaço de um dia, soube portar-se animosamente por causa da esperança que tinha no Senhor". Foi um exemplo de fé para seus filhos e para toda a comunidade. Não renegou a fé.
O mesmo texto continua, "a cada um deles (dos filhos) exortava na língua dos seus antepassados, cheia de coragem e animando com força viril a sua ternura feminina" (2 Mc 7,20). Firme, não deixou a ternura ser abalada. Com ternura, soube ser exemplo aos filhos com a firmeza de um guerreiro.
Animava os filhos dizendo: "Não sei como vocês apareceram no meu ventre. Não fui eu que dei a vocês o espírito e a vida, nem fui eu que dei forma aos membros de cada um de vocês. Foi o Criador do mundo, que modela a humanidade e determina a origem de tudo. Ele, na sua misericórdia, lhes devolverá o espírito e a vida, se vocês agora se sacrificarem pelas leis dele (2 Mc 7,22-23).
E com essas palavras falava a cada um dos filhos. "Por último, depois dos filhos, foi morta a mãe" (2 Mc 7,41).
Queridas mães, vocês são as transmissoras da fé aos seus filhos. Felizes aquelas que tem bom senso e sabem orientar filhos para a fé em Jesus. (Eclo 25,8).
E por fim, a mãe de Jesus, Maria passou da tristeza a alegria. Da dor e do sofrimento do Filho soube suportar tudo em Deus. Ela exultou no Espírito e disse: "meu espírito se alegra em Deus meu salvador". A mãe Maria, chamada das dores, esteve ao lado dos apóstolos (At 1,14).
Oremos a Maria por todas as mães. Que Deus abençoe a todas vocês que são os pilares da fé em suas casas e famílias.
"Ó Deus, que quiseste se fazer presente no meio de nós através de Maria, que se tornou a mãe de Jesus e nossa mãe, enviai o vosso Espírito Santo para que nossas mães sejam exemplo de fé e esperança. Amém!"

domingo, 5 de abril de 2015

Cristo Ressuscitou

Queridas irmãs e irmãos,
Cristo ressuscitou, vive no nosso meio. Aleluia!
Começamos o período Pascal. Até a festa de Pentecostes, estaremos celebrando a Páscoa.
Quero partilhar com vocês algo interessante. Qual é o cheiro da ressurreição? Você já fez o exercício de tentar sentir esse odor?
Vejam, em Betânia, na casa de um leproso, de nome Simão, Jesus foi ungido por uma mulher (não identificada, em Mateus e Marcos). Somente João diz que essa mulher era Maria.
João diz que o cheiro do perfume tomou conta de toda a casa. Detalhe não encontrado nos outros dois evangelistas.
Mas num ponto, todos concordam, eram alguns dias antes da Páscoa. Isso é fundamental, pois a unção pré morte fora feita ainda com Jesus em vida.
Jesus é perfumado. Seu corpo é preparado não para a sepultura; mas para a vida, vida que será retomada após a Ressurreição.
Após ser descido da cruz, Nicodemos traz trina quilos de perfume para ungir o corpo do Senhor, antes do coloca-lo no sepulcro.
Na madrugada após o Sábado, mulheres vão ao túmulo com vasos de perfume para ungir o corpo do Senhor.
Irmãs e irmãos, vejam, a Ressurreição tem um odor, um cheiro. E não é cheiro de morte. É cheiro de vida. E de vida eterna. Só os cadáveres apodrecem e cheiram mal. Jesus não era um cadáver. Ele veio para que todos tivessem vida, e vida em abundância. Somente quem tem vida pode dar vida. Por isso, a morte não podia vencer Jesus, pois ele é o autor da vida. Ele é gerador de vida. Ele dá a vida para que todas as outras vidas sejam resgatadas.
Mas essa vida tem um cheiro. Cheiro de perfume. Cheiro bom. Agradável, pois Jesus é agradável. É bom.
Hoje somos chamados e exalar esse cheiro. A comunhão eucarística nos permite trazermos esse cheiro para nós. O sacramento do Batismo nos insere nesses vasos onde etão colocados os perfumes. Somos banhados com o perfume de Jesus para exalarmos o seu odor nos ambientes em que vivemos. O Sacramentos da Penitência restabelece o odor divino que nos foi dado com o sopro da vida. Os sacramentos da Ordem e do Matrimônio servem para a conservação desse odor no serviço ao próximo. O Sacramento da Crisma nos banha com o cheiro do Espírito Santo (Deus com o Pai e o Filho). E na Unção dos Enfermos, nosso corpo é preparado para a restauração da vida física e espiritual. Neste sacramento, participamos dos sofrimentos do Senhor, e nos preparamos para a ressurreição junto com ele.
Irmãs e irmãos, deixemos que o cheiro da ressurreição tome conta de nossas vidas. Exalemos esse bom odor. Sejamos mensageiros da ressurreição de Jesus. Sejamos perfume onde estivermos. Que as pessoas possam sentir o cheiro do Senhor Ressuscitado através de nossa vida. Somos vasos de perfume. Carregamos em nós o cheiro da Ressurreição.
Feliz Páscoa.
Cristo Ressuscitou! Vive no nosso meio! Aleluia!

domingo, 1 de março de 2015

"Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz"!

Liturgia de hoje: Marcos 9,2-10: 

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus.  Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

Comentário:

A liturgia de hoje nos apresenta o episódio da Transfiguração de Jesus.
Três pontos: "Pedro tomou a palavra e disse a Jesus"; "Pedro não sabia o que dizer"; "E da nuvem saiu uma voz".
Diante da transfiguração, de um evento místico, Pedro toma a palavra e quer falar qualquer coisa. Quantas vezes agimos assim. Estamos diante de Jesus Sacramentado, e sem saber o que dizer, vamos multiplicando as palavras. Falando. Falando. Falando. Não sabemos o que dizer. Colocamos nossas ansiedades. Nossas expectativas. Nossos desejos. Ou aquilo que achamos que os outros necessitam ouvir.
Pedro não sabia o que dizer, pois estava com "muito" medo. Somos nós. Não sabemos o que dizer, pois estamos medrosos diante do mundo espiritual que nos cerca. 
A Palavra de Deus é verdade, é vida. Deus quando fala, sabe o que fala. 
No início do evangelho de Marcos, quando ele nos fala do batismo de Jesus, temos a seguinte palavra divina: "Tu é o meu filho amado, em ti está o meu agrado".
A liturgia de hoje nos é muito simples, saber ouvir a palavra do Filho amado pelo Pai.
Ouvir é colocar em prática. Ouvir e fazer-se outro Cristo. Ouvir é transfigurar-se.
Irmãos e irmãs, aprendamos a estar a serviço. Deus nos acompanhe nesta caminhada quaresmal.
Oremos: "Ó Deus, que nos mandastes ouvir vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A difícil arte de Perdoar

Irmãos e irmãs,
A liturgia de hoje nos convida a meditarmos como devemos orar.  Jesus nos ensina que não é multiplicando palavras que Deus nos ouve. Mas sendo diretos e objetivos. Até o silêncio é uma forma de oração. Quantas vezes presenciamos grupos diante do Santíssimo multiplicando palavras. O silêncio, diante de Jesus Sacramentado incomoda.  Pois é no silêncio que nos conhecemos de verdade.
Jesus nos ensina a orar. Mas após dizer como devemos orar, ele resume a oração do Pai Nosso ao perdão ao próximo. Essa é a verdadeira essência do Pai Nosso,  o Perdão. Se não somos capazes de perdoar aqueles que nos ofendem, como podemos estar junto de Deus? Como podemos nos apresentar sendo sua imagem e semelhança? Como podemos dizer que somos filhos e filhas de Deus?
Saber perdoar, essa é a lição de hoje no nosso processo de conversão quaresmal. Na cruz Jesus pediu que seus algozes fossem perdoados, pois não sabiam o que estavam fazendo. Em seu martírio, Estêvão pediu a Deus que este pecado (apedrejamento) não fosse  levado em conta.
Aprendamos a perdoar sempre.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Esmola, Jejum e Oração

Ao iniciarmos a primeira semana da Quaresma, a liturgia eclesial nos propõem a meditação do Juízo Final, narrada em Mateus 25,31-46.
O período quaresmal iniciou-se na Quarta-feira de Cinza. E fomos convocados a viver a Caridade, o Jejum e a Oração.
Hoje, somos brindados com as palavras de Jesus sobre o que é fazer caridade. Ele diz que uns serão levados ao Reino e outros deixados. Uma clara referência de que os filhos das traves ficarão na danação eterna.
E para entrar no Reino não há muita dificuldade, apesar de a porta ser estreita.
"Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me deram de beber. Era estrangeiro e me receberam em sua casa. Estava sem roupa e me vestiram. Estive doente e cuidaram de mim. Estava preso e foram me visitar".
Simples. Não precisa de muita explicação. Todos e todas que viverem isso. Todos e todas e que fizerem isso a um dos pequeninos que forem dos irmãos e irmãs, é a Jesus que se esta fazendo. Nossa fé é comunitária e não individualista e intimista. Nossa oração nos impulsiona ao encontro do próximo(a). Se jejuamos, jejuamos para o serviço missionária. Jejum sem ação é morto. Não tem vida. Não nos aproxima de Deus.
Irmãs e irmãos, nesta primeira semana da quaresma, como anda a sua ação missionária?
Reflita.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. (6,45-52)

Depois de saciar os cinco mil homens, Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar. Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: “Coragem, sou eu! Não tenhais medo!” Então subiu com eles na barca, e o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido.

Reflexão

Três episódios. Primeiro, Marcos revela que Jesus acabara de saciar cinco mil homens. É a passagem da multiplicação dos pães. Jesus revelou-se como alimento. Aquele que fortifica a fé, a alma, e o espírito.
Em seguida, Jesus determina que seus discípulos partam para a outra margem, indo para Betsaida (Casa da Pesca).
O terceiro, Jesus parte para orar. Sobe o monte. Vai ao encontro do Pai. Era preciso ouvir as instruções. Agradecer pelo milagre da multiplicação dos pães. E preparar-se para acalmar a tempestade.
Jesus vai ao encontro dos discípulos que estão na barca. Esta significa as situações de nossa vida. Vivemos várias situações no dia-a-dia. Tempestades. Ventos. Ondas gigantes. E Jesus vem ao nosso encontro de uma maneira inusitada. Ele passa pelos nossos problemas para nos ajudar a resolvê-los.
Quando Ele vem ao nosso encontro nos assustamos. Mas ele diz “coragem”, “sou eu”. Ele sobe na barca, e tudo é resolvido. Os problemas são resolvidos.
Entretanto, o coração endurecido dos discípulos não nos deixa ver o que acontece de miraculoso em nossas vidas.
É hora de mudar. Deixe Jesus mudar sua vida. Mude sua vida com Jesus.

Deus abençoe 2015.