segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"Ide e fazei discípulos todas as nações"

Prezadas irmãs e irmãos,
As "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora do Igreja no Brasil - 2011-2015", da CNBB, documento 94, afirma, no parágrafo 11, que "a ação evangelizadora e pastoral da Igreja trabalha pela reconciliação, o que não significa pactuar com a impunidade, a corrupção e todas as formas de desrespeito aos direitos básicos de toda pessoa (grifo meu). Diante de graves situações que fazem irmãos sofrerem, o coração do discípulo missionário se enche de compaixão e clama por justiça e paz. Angustia-se diante da inércia e mesmo da omissão. Quer atitudes que superem o mal existente e não permitam o surgimento de mais dor. Esta indignação, porém, não deve afastar o discípulo missionário do ideal de perdão e reconciliação, pois o Reino de Deus só acontece efetivamente quando se responde ao mal com o bem (Rm 12,17-21)".
A CNBB não pactua com a impunidade, a corrupção e com o desrespeito aos direitos básicos de toda pessoa. Estes direitos estão expressos na Constituição Federal de 1988. São chamados de cláusulas pétreas, significa dizer que não podem ser mexidos ou modificados. São nossas garantias sociais e individuas, que normalmente, são suspensas pelos governos ditatoriais (sejam eles de esquerda ou de direita).
O artigo 5º da Constituição garante que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante" (inciso III). Não foi o que vimos durante as manifestações dos professores na  cidade do Rio de Janeiro. Várias fotos postadas nas redes sociais, e em alguns jornais, mostraram como a Polícia, que deveria fazer cumprir a constituição, agiu com aqueles que defendiam seus direitos. Batendo. Jogando spray de pimenta. Balas de borracha (o que no Rio de Janeiro é proibido).
Ainda afirma o mesmo artigo, em seu inciso IV, que "é livre a manifestação do pensamento...". Infelizmente, o que observamos é que muitas vezes a divulgação desse pensamento é cerceado pela imprensa que distorce a verdade dos fatos. Não esclarece. Manipula. Não provoca o debate. Informa apenas aquilo que os detentores do poder, muitas vezes eleitos pela população, dizem.
O que pude observar, é que sempre os professores reuniam-se pacificamente, sem armas, em locais públicos. Isso é garantido pelo mesmo artigo 5º, em seu inciso XVI.
Ainda olhando a Constituição, em seu artigo 6º, lemos: "São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação...". O que constamos é que isso é desrespeitado, principalmente porque garantir isso à população é uma forma de tornar o povo livre. As manifestações dos professores visavam mostrar que nossos direitos básicos, garantidos na Constituição, não estão sendo observados pelos governos eleitos. Que foram enganados.
O Artigo 7º diz que um dos direitos dos trabalhadores é a garantia de um "piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho". Quando os professores reivindicam melhores salários, estão apenas querendo fazer cumprir essa determinação legal. São trabalhadores com qualificação para educar nossos filhos. Especializados. Pós-graduados. O que vemos hoje é uma inversão de valores. Parlamentares, que não tem um trabalho complexo ganham altíssimos salários. E professores, com uma complexidade profissional maior, um salário irrisório. Por que não inverter?
E para encerrar, o artigo 9º garante o direito de greve. E que compete aos trabalhadores determinar a oportunidade de o exercê-lo. Assim, nenhuma greve pode ser dita "ilegal". Pois a lei nos garante. Se algum tribunal julgar improcedente uma greve, está indo contra a Constituição. E sua decisão passa a não ter efeito. Não cabe interpretação dessa lei. Salvo haja alguma lei complementar sobre o assunto.
Assim, queridas amigas e amigos, a Igreja Católica Apostólica Romana, através dos Bispos do Brasil, defende o cumprimento daquilo que está em nossa lei máxima, a "garantia dos direitos de toda pessoa".
Ao nos engajarmos nas lutas do povo desse pais, estamos querendo, apenas, que a Constituição seja cumprida em seus direitos básicos. Nada mais. Lembro que não foram os bispos que fizeram nossa constituição. Mas toda a sociedade organizada que saia de um momento de ditadura e de restrição às liberdades sociais e civis.
Temos uma lei máxima com garantias que não são cumpridas pelos governantes. E que não são cobradas por nós. Por isso, estudar, ler, compreender, debater são atitudes cidadãs e cristãs. Não devemos ficar no achismo ou no que "ouvi dizer", pois existem manipuladores que querem desviar nossa atenção da verdade da lei.
Leia os artigos 5º, 6º, 7º, 8º e 9º. Cobre de seu parlamentar esse cumprimento. Veja o que ele já fez para que isso fosse garantido.
Deus vos abençoe.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

"E eu busquei A palavra mais certa Vê se entende O meu grito de alerta"

Queridos amigos e amigas, a greve da educação demonstra como os governos agem em relação aos pobres. São cada vez mais empurrados ladeira abaixo. E nós continuamos cegos, apesar de irmos a Missa. De comungarmos. De confessarmos.
Recebi de uma professora da Rede Municipal (e Estadual também) a carta que se segue, endereçada ao nosso Arcebispo. Esta foi entregue a Dom Luis Henrique para que fizesse chegar as mãos de nosso Arcebispo.
Se a publico, é o grito de uma professora que é católica, praticante. Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão. Coordenadora da PASCOM de sua paróquia. É uma cristã que entende seus compromissos sociais, exigência do Evangelho de Jesus.
Leiam. Meditem. Reflitam nas palavras de nossa irmã. Registra que os grifos feitos são meus.

Excia. Rev. Dom Orani João Tempesta,
Arcebispo do Rio de Janeiro
Pax!
Sei que V. Excia. tem muitos assuntos para se preocupar, e lamento profundamente ter que trazer mais um peso. Contudo, era necessário que eu o fizesse, pois o que está em jogo é a EDUCAÇÃO PÚBLICA de nossa cidade. O prefeito Eduardo Paes e sua secretária Claudia Costin estão faltando com a verdade! É uma vergonha o que estão fazendo conosco. Eles assinaram duas atas de reunião em audiência com o SEPE, se comprometendo a atender as reivindicações do sindicato, mas para isso era necessário que suspendêssemos a greve, e nós o fizemos. Retornamos para as escolas
Acreditamos! Demos um voto de confiança ao prefeito e sua secretária. Eles não cumpriram o acordo feito com o sindicato. Simplesmente, fizeram um plano de carreira à revelia dos professores, e mais, fizeram uma reforma na educação do nosso município que não nos atende e prejudica a comunidade escolar. Sou professora da rede, desde 1978. São 35 anos de dedicação. Nunca vivi um momento tão desesperador, com ameaça de exoneração, assédio moral por parte das coordenadorias de educação e das direções das unidades escolares. Não sou filiada a nenhum partido político e a nenhuma corrente do sindicato. Sou simplesmente uma professora que sabe de seus direitos e deveres e que é filiada ao sindicato desde o início da carreira, e desejo uma educação pública de qualidade para as classes populares. Segue, abaixo, um breve relato que foi encaminhado para os pais e responsáveis dos alunos da rede municipal, esclarecendo o movimento atual, pelo SEPE, nosso sindicato.
“Nós, profissionais de educação das escolas e creches da cidade do Rio de Janeiro, iniciamos o ano de 2013 exigindo que a prefeitura recebesse o nosso sindicato para conversarmos sobre os diversos problemas da educação da Cidade Maravilhosa. Infelizmente, foi preciso entrarmos em greve para o Prefeito Eduardo Paes nos receber. Mas, mesmo assim, a prefeitura não negocia, ameaça cortar o ponto e demitir grevistas. Desconta dos nossos salários, mesmo desautorizada pela Justiça, tira nossas gratificações; manda a polícia nos reprimir com bombas, choques e cassetetes; mente e usa o dinheiro público para pagar notas na mídia no horário nobre; manipula a população, jogando- a contra nosso movimento. Calunia nosso sindicato e nossos diretores. Gasta dinheiro público, mandando telegramas para os profissionais em greve. E, o mais absurdo, não ouve a sociedade e continua nos criminalizando, como se fazer greve não fosse um direito, mas um crime. Criminoso é o governo que além de ser autoritário e não nos ouvir, some com verbas carimbadas da educação e com isso não garante escolas e creches suficientemente estruturadas para funcionar. Durante esses quase dois meses de greve, não saímos das ruas, com atos e passeatas belíssimas, que convocaram a população a defender a escola pública. O apoio dos pais e da comunidade ao nosso movimento tem sido fundamental. O nosso compromisso é com o aluno. Já ao prefeito, que, aliás, confessou publicamente em entrevista à rádio Band News que jamais colocaria seu filho na escola pública”.
DE QUEM É A CULPA DA GREVE? É DO PREFEITO QUE NÃO NEGOCIA. ELE É O RESPONSÁVEL PELA CONTINUIDADE DA GREVE. "Por isso é que uma das razões da necessidade da ousadia de quem se quer fazer professora, educadora, é a disposição pela briga justa, lúcida, em defesa de seus direitos como no sentido da criação das conceições para a alegria na escola..." (do artigo de Ana Maria Coutinho).
Querido Dom Orani, sendo católica praticante, paroquiana da Igreja Sangue de Cristo, na Tijuca, ministra extraordinária da Sagrada comunhão e coordenadora da PASCOM, peço que o senhor interceda nessa grave questão, solicitando ao prefeito que negocie com o sindicato, o SEPE, que é o nosso representante legal. Estamos esgotados com essa greve e queremos retornar as nossas escolas, tendo a garantia que os nossos alunos terão um ensino de qualidade e não uma escola que obrigue, a nós professores, lecionar disciplinas a quais não fomos preparados. Os nossos alunos merecem e têm o direito de terem professores especializados. Reze pelos profissionais, que cada vez mais são massacrados pelo prefeito desse município. Pelo AMOR DE DEUS interceda junto ao prefeito Eduardo Paes.
MISERICÓRDIA!!!!!!!
Mais uma vez peço perdão pelo transtorno e humildemente peço vossa bênção e vossas orações, por mim e por todos os profissionais da EDUCAÇÃO dessa cidade.
 Em 20 de outubro de 2013.
Professora Maria de Fátima Lopes Felix Soares
E.M. Panamá e E.M. Soares Pereira

domingo, 13 de outubro de 2013

"Deus é amor"

Na primeira carta de São João, capítulo 4,8 lemos o título dessa postagem.
A partir do versículo 7 do capítulo 4, João nos convoca a que nos "amemos uns aos outros, pois o amor vem de Deus". E continua dizendo que "todo aquele que ama é filho de Deus e conhece a Deus".
Mas como sabemos que amamos a Deus? O próprio Jesus nos falou sobre isso. Quando nos contou a parábola do Samaritano. E ainda disse: "ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus irmãos" (Jo 15,13). No evangelho de João 3,16 diz Jesus a Nicodemus: "Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que quem crer não pereça, mas tenha a vida eterna".
O próprio João ainda fala: "Deus demonstrou o amor que tem por nós enviando ao mundo seu Filho único, para que vivamos graças a Ele" (1Jo. 4,9).
São Paulo não se furtou em falar do amor de Deus. Na carta aos Efésio 5,2a nos fala: "Irmãos, vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós". Em seguida, exorta os maridos a amarem suas esposas, da mesma forma que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.
Na Primeira carta aos Coríntios (1Cor 13,4-8a), na tradução da Bíblia do Peregrino, lemos: "O amor é paciente, é amável, o amor não é invejoso, nem fanfarrão, não é orgulhoso, nem faz coisas inconvenientes, não procura o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade", E continua falando, "tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará".
Os que herdarão o Reino dos Céus são aqueles que vivem o amor. E como sabemos que estamos amando verdadeiramente? O próprio Cristo nos responte em três grandes momentos nos Evangelhos. O primeiro, ao falar dos bem-aventurados (Mt 5,3-10). Em seguida, quando fazemos o bem aos que sofrem. Mateus, 25,31-40. E quando fazemos do outro a pessoa mais importante que nossos negócios e problemas: Lc 10,25-37.
Medite como você vive esse amor.
Deus vos abençoe.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"


No ato penitencial de nossas celebrações, rezamos: Confesso a Deus todo-poderoso/ e a vós, irmãos e irmãs,/ que pequei muitas vezes/ por pensamentos e palavras,/ atos e omissões,/ por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria,/ aos anjos e santos/ e a vós, irmãos e irmãs,/ que rogueis por mim a Deus nosso Senhor.
A seguir, faço uma meditação sobre os pedidos que fazemos nessa oração.

Pensamentos – pecar por pensamentos. Mateus 5,27-28. Confessamos que não tivemos os mesmos pensamentos e sentimentos de que uma pessoa batizada deveria ter. Desejamos, em nosso coração, o mal. Ou pensamos mal de alguém. Na passagem cita a cima, Jesus fala do homem que deseja uma mulher por pensamento. Mas existem outras formas de pensar mal.

Palavras – “Quem chama seu irmão de idiota merece o fogo” (Mt 5,22). Quem pecar, blasfemar, contra o Espírito Santo, não terá o perdão desse pecado. E sem perdão do pecado, não podemos entrar nos reino de Deus. (Mt 12,31).  E ainda, na epístola de São Tiago lemos: “Aquele que não comete falta ao falar, é homem perfeito”. (Tg 3,2b.) E continua o apóstolo, tido como irmão de Jesus: “A mesma coisa acontece com a língua, é um pequeno membro e , no entanto, se gaba de grandes coisas”. (Tg 3,5a).

Atos e Omissões – Aqui ficamos com o Mateus 25,31-46, o texto do juízo Final. Quando as pessoas serão separadas para estarem na glória de Deus, ou na danação eterna (ela existe, e o demônio quer que pensemos ao contrário). O inferno é uma realidade que a Igreja afirma que existe de verdade. No texto acima Jesus diz que irão para o céu aqueles que se preocupam com aqueles que sofrem nessa vida. Junte-se a esse texto, a história de Lázaro e do rico (Lc 16,19-31) E ainda, o capítulo 5,1-6, o destino do rico injusto.

Infelizmente, em muitas de nossas paróquias temos omitido essa oração de perdão. Ela implica em uma revisão de vida que muitos irmãos estão esquecendo de fazer. Ela nos questiona diretamente. Ao invés disso, pedimos que ele nos dê um coração novo. Mas novo de quê? Pedimos que ele nos renove. Mas renovar do quê?
Irmãs e irmãos, devemos nos preocupar com as nossas palavras. Com as nossas músicas. Com o que estamos fazendo na Igreja. Não devemos buscar satisfação pessoal. Ser crente é coisa séria. Ser católico é coisa. Implica numa vida de santidade cotidiana, e não apenas na missa. É ir ao encontro dos irmãos e irmãs que lutam diariamente para a construção de uma sociedade livre da injustiça. Da perseguição. Nem que para isso, sejamos nós os perseguidos.

Toda vez que você estiver na missa, pense nisso. Façam um pedido de perdão concreto. Não fique no subjetivo. Ore pedindo a Deus para que lhe consciência de suas faltas verdadeiras, e que você possa ser uma pessoa convertida.