Recebi de uma professora da Rede Municipal (e Estadual também) a carta que se segue, endereçada ao nosso Arcebispo. Esta foi entregue a Dom Luis Henrique para que fizesse chegar as mãos de nosso Arcebispo.
Se a publico, é o grito de uma professora que é católica, praticante. Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão. Coordenadora da PASCOM de sua paróquia. É uma cristã que entende seus compromissos sociais, exigência do Evangelho de Jesus.
Leiam. Meditem. Reflitam nas palavras de nossa irmã. Registra que os grifos feitos são meus.
Excia. Rev. Dom Orani João Tempesta,
Arcebispo do Rio de Janeiro
Pax!
Sei que V. Excia. tem muitos assuntos para se preocupar,
e lamento profundamente ter que trazer mais um peso. Contudo, era necessário
que eu o fizesse, pois o que está em jogo é a EDUCAÇÃO PÚBLICA de nossa cidade.
O prefeito Eduardo Paes e sua secretária Claudia Costin estão faltando com a
verdade! É uma vergonha o que estão fazendo conosco. Eles assinaram duas atas
de reunião em audiência com o SEPE, se comprometendo a atender as
reivindicações do sindicato, mas para isso era necessário que suspendêssemos a
greve, e nós o fizemos. Retornamos para as escolas
Acreditamos! Demos um voto de confiança ao prefeito e sua
secretária. Eles não cumpriram o acordo feito com o sindicato. Simplesmente,
fizeram um plano de carreira à revelia dos professores, e mais, fizeram uma
reforma na educação do nosso município que não nos atende e prejudica a
comunidade escolar. Sou professora da rede, desde 1978. São 35 anos de
dedicação. Nunca vivi um momento tão desesperador, com ameaça de exoneração, assédio
moral por parte das coordenadorias de educação e das direções das unidades
escolares. Não sou filiada a nenhum partido político e a nenhuma corrente do sindicato.
Sou simplesmente uma professora que sabe de seus direitos e deveres e que é
filiada ao sindicato desde o início da carreira, e desejo uma educação pública
de qualidade para as classes populares. Segue, abaixo, um breve relato que foi
encaminhado para os pais e responsáveis dos alunos da rede municipal,
esclarecendo o movimento atual, pelo SEPE, nosso sindicato.
“Nós, profissionais de
educação das escolas e creches da cidade do Rio de Janeiro, iniciamos o ano de
2013 exigindo que a prefeitura recebesse o nosso sindicato para conversarmos
sobre os diversos problemas da educação da Cidade Maravilhosa. Infelizmente,
foi preciso entrarmos em greve para o Prefeito Eduardo Paes nos receber. Mas,
mesmo assim, a prefeitura não negocia, ameaça cortar o ponto e demitir
grevistas. Desconta dos nossos salários, mesmo desautorizada pela Justiça, tira
nossas gratificações; manda a polícia nos reprimir com bombas, choques e cassetetes;
mente e usa o dinheiro público para pagar notas na mídia no horário nobre;
manipula a população, jogando- a contra nosso movimento. Calunia nosso sindicato
e nossos diretores. Gasta dinheiro público, mandando telegramas para os
profissionais em greve. E, o mais absurdo, não ouve a sociedade e continua nos
criminalizando, como se fazer greve não fosse um direito, mas um crime.
Criminoso é o governo que além de ser autoritário e não nos ouvir, some com verbas
carimbadas da educação e com isso não garante escolas e creches suficientemente
estruturadas para funcionar. Durante esses quase dois meses de greve, não
saímos das ruas, com atos e passeatas belíssimas, que convocaram a população a
defender a escola pública. O apoio dos pais e da comunidade ao nosso movimento
tem sido fundamental. O nosso compromisso é com o aluno. Já ao prefeito, que,
aliás, confessou publicamente em entrevista à rádio Band News que jamais
colocaria seu filho na escola pública”.
DE QUEM É A CULPA DA GREVE? É DO PREFEITO QUE NÃO NEGOCIA.
ELE É O RESPONSÁVEL PELA CONTINUIDADE DA GREVE. "Por isso é que uma das razões da necessidade da ousadia de quem
se quer fazer professora, educadora, é a disposição pela briga justa, lúcida,
em defesa de seus direitos como no sentido da criação das conceições para a
alegria na escola..." (do artigo de Ana Maria Coutinho).
Querido Dom Orani, sendo católica praticante, paroquiana
da Igreja Sangue de Cristo, na Tijuca, ministra extraordinária da Sagrada
comunhão e coordenadora da PASCOM, peço que o senhor interceda nessa grave
questão, solicitando ao prefeito que negocie com o sindicato, o SEPE, que é o
nosso representante legal. Estamos esgotados com essa greve e queremos retornar
as nossas escolas, tendo a garantia que os nossos alunos terão um ensino de
qualidade e não uma escola que obrigue, a nós professores, lecionar disciplinas
a quais não fomos preparados. Os nossos alunos merecem e têm o direito de terem
professores especializados. Reze pelos profissionais, que cada vez mais são
massacrados pelo prefeito desse município. Pelo AMOR DE DEUS interceda junto ao prefeito Eduardo Paes.
MISERICÓRDIA!!!!!!!
Mais uma vez peço perdão pelo transtorno e humildemente
peço vossa bênção e vossas orações, por mim e por todos os profissionais da
EDUCAÇÃO dessa cidade.
Em 20 de outubro de 2013.
Professora Maria de Fátima Lopes
Felix Soares
E.M. Panamá e E.M. Soares Pereira
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