"Toda escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". (II Tm 3,16-17). Acesse https://diaconiadapalavra.blogspot.com/. Comentários da liturgia diária.
sábado, 27 de junho de 2020
E vós, quem dizeis que eu sou?
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-19
Naquele tempo: 13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" 14 Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas". 15 Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" 16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". 17 Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz es tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".
Palavra da Salvação.
Reflexão
Hoje celebramos a Solenidade de São Pedro e São Paulo. A palavra Solenidade traz uma importância para o que celebramos hoje.
Apesar de fazermos o comentário sobre o evangelho, as leituras adicionais servem para conhecermos um pouco mais sobre esses dois.Mas, elas me servirão como apoio a minha reflexão.
Na primeira leitura, Pedro está preso. E é libertado pelo anjo. Na segunda leitura, Paulo diz a Timóteo que ele já cumpriu sua missão e que está pronto para partir dessa vida.
No evangelho temos uma cena marcante. É a chamada "confissão de Pedro". Jesus estava numa, digamos assim, "intimidade" com a sua pequena comunidade. Então, os levou para um lugar à parte. E, diante do que estavam vivendo, ouvindo, vendo, lhes pergunta "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem"? Eles respondem. Mostram a Jesus o que os outros dizem Dele. Entretanto, isso pouco importa para Jesus. Na verdade, Ele quer saber se os discípulos entenderam quem Ele é. E aí, a pergunta, "E vós, quem dizeis que eu sou"? Antes de comentar a resposta de Pedro, sugiro que você faça a mesma pergunta para si, Quem é Jesus para mim? Não responda de imediato. Reflita. Reze. Olhe para a vida de Jesus.
"E vós, quem dizeis que eu sou"? Pergunta fundamental. Na verdade, Jesus está dizendo, porque vocês ainda estão caminhando comigo? O que vocês entenderam de tudo que ouviram e viram?
Dá-se a resposta de Pedro, "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Temos dentro dessa resposta dois elementos importantes. Primeiro, Pedro, e a comunidade dos discípulos, reconhecem Jesus como Messias, como aquele que vai resgatar o povo que negou Deus no Gênesis. E segundo, ele o Filho de Deus, o Filho do Homem. Observemos que Pedro, ou pelo menos Mateus (judeu) faz Pedro proclamar o nome de Deus. Essa revelação não é possível por meio apenas do conhecimento humano. É preciso a experiência pessoal de Deus na vida, para que o Espírito revele quem é Jesus.
A resposta de Jesus para Pedro, serve para nós, "Feliz és tu (...) porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está no céu". A experiência é humana. Mas revelação é divina. A experiência se dá na observação das coisas da vida. Mas a revelação de Jesus nos pobres, nos pequeninos, é feita pelo Pai.
Então, todo aquele que reconhece a presença de Deus em Jesus, está apto a gerar "Igreja" na vida do outro. Está apto há ser sinal de misericórdia, de acolhimento, de ser missionário/missionária da Civilização do Amor.
O texto destaca não apenas a liderança de Pedro. Mas também, que a continuidade do trabalho de Jesus se reflete na comunidade, na Igreja. E que Pedro também passará pelas mesmas dores que Jesus.
Uma pena que no próximo domingo não daremos continuidade ao texto, pois Pedro dirá a Jesus que ele não sofrerá. Jesus afasta Pedro e diz que o pensamento dele é de satanás. Mas essa, é uma outra conversa.
Façamos hoje esse exercício de contemplação. "E vós, quem dizeis que eu sou"? Amém.
Bom domingo.
Lembre-se: Fique em Casa. Ainda não estamos livres da contaminação do coronavírus. Não temos leitos suficientes nos hospitais para os casos graves. Tomem cuidado. Preservem-se. Lembremos sempre que confiar em Deus não é tentá-lo. "Não tentarás o Senhor teu Deus".
sábado, 20 de junho de 2020
Não tenhais medo!
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,26-33
Disse Jesus a seus apóstolos: 26 Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
Palavra da Salvação.
Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao que refletimos no domingo passado. Ainda continuamos na catequese da missão, dentro do contexto do Sermão da Missão.
Nossa reflexão de hoje não pode ser dissociada da primeira leitura. A atividade profética está ligada a perseguição social, política e religiosa.
Jeremias, Jesus e a Comunidade, que são testemunhas reais da presença de Deus no meio de nós, serão perseguidos porque anunciam um Reino de Vida (Reino de Deus) em oposição ao reino de morte daqueles que só tramam a destruição, que só vivem da e para a violência, que viram às costas para proposta do vida gerado pelo Reino de Deus.
Na primeira leitura, Jeremias lamenta-se porque está sofrendo perseguição. Suas palavras não foram acolhidas pelos sacerdotes e pela comunidade que o escutava. Estão à sua espreita. Procuram prendê-lo por alguma palavra que diga que seja contrária às maldades de seu tempo.
Entretanto, ele sabe que sua ação é uma ação que vem de Deus. Jeremias nada mais faz do que falar das coisas de Deus e aquilo que Deus lhe pede, mesmo que vá contra os poderes constituídos, pois ele fala da defesa da vida.
Jeremias confia em Deus, "o Senhor está ao meu lado". E isso basta.
No evangelho, Jesus continua sua instrução aos seus discípulos e missionários. Ele nos mostra que todos e todas que assumirem a opção pelo Reino de Deus passarão por momentos de sofrimento e perseguição. As "regras" do Reino dos Céus, da nova sociedade, da nova humanidade, são contrárias ao interesses daqueles que governam para o mal.
Jesus declara que sua palavra, seus ensinamentos, seu evangelho não podem ficar restritos a determinados ambientes. Não podemos confinar a palavra de Deus apenas nos templos, ou nos nossos grupos religiosos, ou apenas às nossas práticas devocionais individualistas. Tudo que se ouve, tudo que se reza, tudo que se medita, deve ser proclamado em alto e bom som, "proclamai sobre o telhado".
Para nós, no século XXI, os telhados são as redes sociais, e nossas emissoras de rádio e TV. Não podemos usar desses meios para manter a opressão. Não podemos usar desses meios para defender a morte, o racismo, as perseguições, a homofobia, a misogenia, a destruição da natureza, a eliminação da cultura e das terras indígenas. A vida de Jesus, seu pensamento, seu evangelho devem anunciados e vividos pela comunidade. Não se pode mais viver escondido.
Em seguida, ele nos alerta sobre o medo. Claro, todos temos medo. Faz parte da vida humana. Jesus teve medo, "Pai, afasta de mim esse cálice". O medo nos impe de sermos anunciadores da verdade. Em nome do medo nos calamos. Por medo, nos calamos diante da morte, dos atos de violência, de discriminação, de calúnias.
O medo nos faz dissociar o corpo da alma. Mas Jesus mostra a sua unidade. Corpo e alma fazem parte do mesmo ser. Aquele que busca Deus em espírito e verdade (alma), faz da sua vida um anúncio amoroso da comunhão divina com a humanidade (corpo).
Por último, Jesus declara que Deus nos dá a vida. O exemplo usado por Ele é muito significativo, pardais e cabelo. Duas coisas pouco valorizadas. Se Deus valoriza o que aos olhos dos homens não tem valor, quanto mais valorizará a vida daqueles que assumem o profetismo e o anúncio da Civilização do Amor. Onde as relações sociais são regidas pela aceitação, pelo acolhimento, pela solidariedade, pelo respeito, pela confiança em Jesus.
Concluo com um comentário do evangelho que li hoje:
"A comunidade que levar a sério a mensagem de Jesus, superando dificuldades e medos, anunciando com determinação a chegada do Reino, transformando situações de morte em vida, terá, não como prêmio, mas como consequência, a certeza do testemunho do próprio Jesus diante do Pai (cf. vv. 32-33). De fato, receber o testemunho de Jesus diante do Pai é a certeza de que a vida foi levada a sério. Levar a vida a sério e conduzi-la de acordo com o evangelho é um ato de coragem" (https://www.vidapastoral.com.br/roteiros/12o-domingo-do-tempo-comum-21-de-junho/). Amém!
domingo, 14 de junho de 2020
"Reino dos Céus está próximo"
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 9,36-10,8
Naquele tempo: 36 Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37'A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!' 10,1 Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. 2 Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. 5 Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: 'Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! 6 Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7 Em vosso caminho, anunciai: O Reino dos Céus está próximo'. 8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!
Palavra da Salvação.
Reflexão.
Durante toda a semana que acabou, viemos refletindo sobre a catequese de Jesus, ou Sermão da Montanha, como é conhecido.
O texto de hoje está dentro da perspectiva do Sermão da Missão. Jesus escolhe e instrui seus discípulos como devem agir enquanto evangelizadores, enquanto missionários, enquanto pregadores e anunciadores do Reino do Céus. A quem deve ir primeiro.
Observemos o texto. "Vendo Jesus as multidões". Que multidão era essa que seguia Jesus? Temos por hábito olhar esse multidão do lugar social que ocupamos. Isso é normal. Nosso olhar para a história de Jesus difere do olhar de Jesus.
Qual é a multidão que Jesus vê? Ele vê as pessoas que perderam a esperança na vida; que não acreditam mais nas suas lideranças religiosas e políticas. Uma multidão de doentes: cegos, coxos, aleijados, leprosos, "endemoniados", famintos. Eram essas as pessoas que seguiam Jesus, pois encontravam nele refúgio, conforto, direção. São "ovelhas sem pastor".
Qual era a função principal do pastor? Alimentar, cuidar, dar a direção, proteger no redil. E as "multidões" não encontravam isso em seus pastores. Rumavam sem direção. Só eram cobradas, excluídas, rejeitadas.
Segundo, Jesus então, diz que a "messe é grande". Outra imagem. A messe é o lugar da colheita. Aquilo que se planta deve ser colhido. Mas é necessário que se tenham operários para isso. Mas, são poucos os operários. E Jesus mostra a necessidade de se pedir operários a Deus. Esse é outro tema interessante. Quem são esses operários? Quem pode ser operário da messe? Todo e toda aquele/aquela que esteja disposto/disposta a partir em missão. Não importa seu estado de vida, casado, solteiro, celibatário. Importa ter disposição. E isso, Jesus mostra naqueles que ele chamou, os doze. Cada um tinha uma origem. Cada um tinha uma visão de mundo. Cada um esperava um acontecimento. Mas, Jesus os reuniu para anunciar o Reino dos Céus.
Para anunciar esse novo reino é preciso ter coragem. Coragem para enfrentar os "espíritos maus", curar as enfermidades e doenças, principalmente as sociais. Espíritos racistas, misógenos, fascistas, homofóbicos, que só pensam em desmatar a Amazônia, que invadem terras indígenas.
Jesus enviou os 12 para as ovelhas perdidas de Israel. A alguns anos atrás, li um livro que tinha como título "Como evangelizar os batizados". Interessante, ele falava que os que já tinham sido batizados precisavam assumir seu batismo no mundo. Nas atitudes, nas palavras, nas ações. No se fazer diferente perante os pecados sociais que saltam aos nossos olhos. Isso é anunciar que o "Reino dos Céus está próximo". E que essa boa nova seja dada de graça, pois a recebemos de graça.
Amigas e amigos, surge um esperança. Um novo jeito de vivermos está no meio de nós. O amor, a solidariedade, a fraternidade, o perdão, a aceitação, o carinho, o acolhimento. Gestos de Jesus que devem ser transmitidos por nós. Amém.
(O nosso texto de hoje é muito rico. Existem muitas mais coisas que poderíamos falar. Entretanto, como diz Santo Inácio de Loyola, "não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente").
quinta-feira, 11 de junho de 2020
"Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor."
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6,51-58
("meu corpo é comida, meu sangue é bebida")
Naquele tempo: disse Jesus às multidões dos judeus: 51'Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo'. 52 Os judeus discutiam entre si, dizendo: 'Como é que ele pode dar a sua carne a comer?' 53 Então Jesus disse: 'Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem
e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em mim e eu nele. 57 Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre.'
Palavra da Salvação.
Reflexão
Celebração da Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Num determinado comentário, eu ouvi o pregador dizendo que a celebração de hoje se une à Quinta-feira Santa. Entretanto, a leitura do evangelho de hoje não faz menção a ceia pascal.
O marca a leitura de hoje é Jesus dizer que seu corpo é comida, e seu sangue é bebida. Um linguagem simbólica, claro. Espero que você compreenda isso. A catequese de Jesus é um ressignificar das práticas religiosas de seu tempo, e nos ensina que, em cada tempo histórico, devemos nós fazermos a releitura do mistério da sua vida, atualizar.
A celebração pascal tinha na refeição seu ponto central. Ervas amargas, pão sem fermento, carne. Tudo isso, revestido com as roupas de fuga, com as vestimentas de quem vai ter que sair correndo ainda durante a noite.
Observemos que João destaca que Jesus se dirige a multidão dos judeus, e não aos seus discípulos, ou ao povo em geral. Essa é uma referência importante. Pois as palavras que Jesus falava estavam relacionadas diretamente com as práticas judaicas da páscoa.
Ao dizer que esse é o pão vivo descido dos céus, ele faz referência ao maná, com o qual Deus alimentava o povo no deserto toda manhã. E cada um tinha a porção necessária para aquele dia, não havia acúmulo. O maná não podia ser guardado.
Jesus diz que sua carne é comida e seu sangue é bebida. O que significa isso? Jamais comeríamos a carne do Senhor em sua composição humana. E não beberíamos o sangue físico. Mas ele quer nos dizer que devemos ser um com ele através da imitação daquilo que ele fez. É dar-se. É consumir-se pela implantação do Reino de Deus no meio de nós. É viver fazendo o bem. É acolhendo a todas e a todos. Sem discriminação, sem racismo, sem violência contra os mais fracos. Não revidando as agressões sofridas. Sendo manso e humilde de coração. Procurando a Verdade. Buscando as ovelhas perdidas. Recolocá-las no redil. Ser misericordiosos. Sofrer as dores do mundo. Não de associar aos que matam, aos que destroem a natureza, aos que, pela corrupção, impedem que os pobres tenham saúde, educação, saneamento, transporte digno, momentos de lazer, estudo.
Comer a carne, e beber o sangue é assumir a rejeição dos que são contrários a proposta de igualdade entre as pessoas, entre os irmãos.
A celebração de hoje não é para nos imobilizar diante do ostensório. A celebração de hoje não é para nos congelar dentro de templos. A celebração de hoje não para me fechar em fundamentalismos, em ritualísticas, em pompas e circunstâncias. A celebração de hoje é para nos impulsionarmos a aproveitar o momento de reclusão social (por conta do coronavírus) a nos dedicarmos a leitura e meditação da palavra de Deus, e fazermos bons propósitos para quando a vida puder ser vivida fora de nossos templos familiares.
"Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de Deus" (primeira leitura, Dt 8,3). O alimento sustenta o corpo, a palavra sustenta a vida, dá ânimo. Não podemos ficar somente no alimento físico. É preciso nos alimentarmos da Palavra de Deus.
Na celebração do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, busquemos nos alimentar da palavra de Deus, proclamada e meditada todos os dias. É tempo de ressignificar a celebração de hoje.
domingo, 7 de junho de 2020
Deus enviou o seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por ele.
Fazer memória da Trindade é lembrar que Deus é comunidade. Que age no mundo através de três dimensões. A dimensão do Pai que reflete a Inteligência amorosa; a dimensão da Vontade revelada pelo Filho na graça recebida; e a dimensão da Liberdade que gera comunhão através do Espírito Santo.
A primeira leitura (Ex 34,4b-6.8-9) nos mostra um itinerário, um roteiro, de como orar.
Inicialmente, temos um lugar de encontro com Deus; a disposição para fazer esse encontro. Moisés é conduzido ao Monte Sinai (à noite). É nesse lugar que se dará o encontro. Leva consigo as tábuas. Poderíamos dizer, que leva a Palavra de Deus.
Desse encontro de oração, Moisés nos ensina a vermos os atributos de Deus-Pai. Ele diz que Deus é "misericordioso, clemente, paciente, rico em bondade, fiel". Já nos indica como devem ser nossas ações, pois se somos feitos a imagem e semelhança da Trindade ("façamos o homem à nossa imagem e semelhança") devemos ter os mesmos atributos.
Uma humanidade que se identifica com Deus, não pode se esquecer das pessoas. Não pode discriminar, rejeitar, desejar a morte.
Moisés, então, pede que Deus caminhe com seu povo ("caminha conosco"); implora para que perdoe as nossas culpas, apesar de "sermos um povo de cabeça dura". E por último, que o Pai nos acolha como sua propriedade.
Na segunda leitura (II Cor 13,11-13), Paulo nos indica dois caminhos a seguir, um pessoal, outro comunitário.
No caminho pessoal devemos trabalhar pelo nosso próprio aperfeiçoamento. E no caminho comunitário, devemos ir ao encontro do outro para encorajá-lo, para cultivar a concórdia, para viver em paz. Sendo assim, "o Deus do amor e da paz estará convosco".
O aperfeiçoamento pessoal leva a ação na comunidade. Na sociedade. "Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito". "Ele faz nascer o sol sobre bons e sobre maus". Então, a luz de Deus ilumina a todos e a todas. Nossa luz, nossa perfeição não é para nós, mas para a humanidade, para os outros.
Assim, a GRAÇA do nosso Senhor Jesus Cristo; o AMOR de Deus; e a COMUNHÃO do Espírito Santo estará "com todos vós".
Evangelho (Jo 3,16-18).
Este trecho está dentro do contexto do encontro de Nicodemus com Jesus.
No fim da primeira parte dessa conversa (Jo 3,15), Jesus afirma que o Filho do Homem será levantado "a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna".
O evangelho de hoje inicia com a seguinte fala de Jesus: "Deus amou tanto o mundo...". Disse Santo Inácio de Loyola, "o amor consiste mais em obras do que em palavras". O amor de Deus pelo mundo é tão grande que ele "deu o seu Filho unigênito". E, todo aquele/aquela que Nele crer terá a vida eterna, em oposição a morte eterna.
Deus não enviou o Filho para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Inácio de Loyola, nos seus Exercícios Espirituais, ao propor a contemplação da Encarnação, afirma que a Trindade olhava a "superfície do mundo" e viram "como todos desciam ao inferno, determinaram, em sua eternidade, que a segunda Pessoa se faça homem para salvar o gênero humano" (EE - 102). Partindo dessa contemplação, somos chamados a VER a redenção do gênero humano em Jesus Cristo. E a redenção está em acreditar na Boa Nova anunciada por Jesus e pelos seus discípulos (Mc 16,15).
Crer em Jesus Cristo é crer na sua Boa Nova. Crer na Boa Nova é crer que é possível construir uma humanidade baseada no amor, na vida, na decência política. Acreditar em uma humanidade anti-racista, anti-misógena, anti-homofóbica. É crer na preservação do meio ambiente, na nossa "Casa Comum" (Laudato Si, 2015).
Cantemos com o Salmista, "A vós louvor, honra e glória eternamente"!
Que a GRAÇA do nosso Senhor Jesus Cristo; o AMOR de Deus; e a COMUNHÃO do Espírito Santo estará "com todos vós"
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,16-18
16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito,
para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
Palavra da Salvação.
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