"Toda escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". (II Tm 3,16-17). Acesse https://diaconiadapalavra.blogspot.com/. Comentários da liturgia diária.
sábado, 20 de junho de 2020
Não tenhais medo!
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 10,26-33
Disse Jesus a seus apóstolos: 26 Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
Palavra da Salvação.
Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao que refletimos no domingo passado. Ainda continuamos na catequese da missão, dentro do contexto do Sermão da Missão.
Nossa reflexão de hoje não pode ser dissociada da primeira leitura. A atividade profética está ligada a perseguição social, política e religiosa.
Jeremias, Jesus e a Comunidade, que são testemunhas reais da presença de Deus no meio de nós, serão perseguidos porque anunciam um Reino de Vida (Reino de Deus) em oposição ao reino de morte daqueles que só tramam a destruição, que só vivem da e para a violência, que viram às costas para proposta do vida gerado pelo Reino de Deus.
Na primeira leitura, Jeremias lamenta-se porque está sofrendo perseguição. Suas palavras não foram acolhidas pelos sacerdotes e pela comunidade que o escutava. Estão à sua espreita. Procuram prendê-lo por alguma palavra que diga que seja contrária às maldades de seu tempo.
Entretanto, ele sabe que sua ação é uma ação que vem de Deus. Jeremias nada mais faz do que falar das coisas de Deus e aquilo que Deus lhe pede, mesmo que vá contra os poderes constituídos, pois ele fala da defesa da vida.
Jeremias confia em Deus, "o Senhor está ao meu lado". E isso basta.
No evangelho, Jesus continua sua instrução aos seus discípulos e missionários. Ele nos mostra que todos e todas que assumirem a opção pelo Reino de Deus passarão por momentos de sofrimento e perseguição. As "regras" do Reino dos Céus, da nova sociedade, da nova humanidade, são contrárias ao interesses daqueles que governam para o mal.
Jesus declara que sua palavra, seus ensinamentos, seu evangelho não podem ficar restritos a determinados ambientes. Não podemos confinar a palavra de Deus apenas nos templos, ou nos nossos grupos religiosos, ou apenas às nossas práticas devocionais individualistas. Tudo que se ouve, tudo que se reza, tudo que se medita, deve ser proclamado em alto e bom som, "proclamai sobre o telhado".
Para nós, no século XXI, os telhados são as redes sociais, e nossas emissoras de rádio e TV. Não podemos usar desses meios para manter a opressão. Não podemos usar desses meios para defender a morte, o racismo, as perseguições, a homofobia, a misogenia, a destruição da natureza, a eliminação da cultura e das terras indígenas. A vida de Jesus, seu pensamento, seu evangelho devem anunciados e vividos pela comunidade. Não se pode mais viver escondido.
Em seguida, ele nos alerta sobre o medo. Claro, todos temos medo. Faz parte da vida humana. Jesus teve medo, "Pai, afasta de mim esse cálice". O medo nos impe de sermos anunciadores da verdade. Em nome do medo nos calamos. Por medo, nos calamos diante da morte, dos atos de violência, de discriminação, de calúnias.
O medo nos faz dissociar o corpo da alma. Mas Jesus mostra a sua unidade. Corpo e alma fazem parte do mesmo ser. Aquele que busca Deus em espírito e verdade (alma), faz da sua vida um anúncio amoroso da comunhão divina com a humanidade (corpo).
Por último, Jesus declara que Deus nos dá a vida. O exemplo usado por Ele é muito significativo, pardais e cabelo. Duas coisas pouco valorizadas. Se Deus valoriza o que aos olhos dos homens não tem valor, quanto mais valorizará a vida daqueles que assumem o profetismo e o anúncio da Civilização do Amor. Onde as relações sociais são regidas pela aceitação, pelo acolhimento, pela solidariedade, pelo respeito, pela confiança em Jesus.
Concluo com um comentário do evangelho que li hoje:
"A comunidade que levar a sério a mensagem de Jesus, superando dificuldades e medos, anunciando com determinação a chegada do Reino, transformando situações de morte em vida, terá, não como prêmio, mas como consequência, a certeza do testemunho do próprio Jesus diante do Pai (cf. vv. 32-33). De fato, receber o testemunho de Jesus diante do Pai é a certeza de que a vida foi levada a sério. Levar a vida a sério e conduzi-la de acordo com o evangelho é um ato de coragem" (https://www.vidapastoral.com.br/roteiros/12o-domingo-do-tempo-comum-21-de-junho/). Amém!
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Amém! Feliz domingo.
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