"Toda escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra". (II Tm 3,16-17). Acesse https://diaconiadapalavra.blogspot.com/. Comentários da liturgia diária.
domingo, 31 de maio de 2020
"Recebei o Espírito Santo"
Solenidade de Pentecostes.
Maio/2020 - ano do coronavírus.
A Solenidade de Pentecostes, depois da celebração da Páscoa, é a maior celebração que fazemos.
Esta celebração nos remete ao momento em que Jesus, antes de partir para o Pai, envia sobre seus discípulos, o Espírito Santo.
As leituras de hoje apresentam duas formas dessa manifestação na vida dos discípulos. Cada uma com um objetivo diferente, mas que se tornam uma coisa só.
Na primeira leitura, do livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, vemos uma manifestação pirotécnica. Ventania, língua de fogo. O autor narra que os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo. Uma forte ventania, diz Lucas. Espírito e vento tem a mesma raiz etimológica. Essa ação fez com que todos os discípulos falassem a língua da variedade de povos que estavam em Jerusalém naquele instante. A ventania foi o sinal para se iniciar a unidade desfeita em Babel, Quem recebe o Espírito Santo não pode ficar calado. Não pode guardar para si essa presença maravilhosa de Deus em suas vidas. O Espírito leva à missão, ao anúncio, ao caminhar, ao ir ao encontro. E as maravilhas de Deus devem ser proclamadas em todas as línguas. As línguas dos negros, dos indígenas, dos LGBTQ+, das mulheres, das crianças, da natureza. Cada grupo tem um jeito de se relacionar com o mundo. Todos tem o direito de ouvir as maravilhas que Deus opera na vida deles.
O evangelho, mesmo na sua brevidade, nos traz uma lição profunda da manifestação de Jesus e do Espírito Santo em nossas vidas.
As portas estavam fechadas. Os discípulos estavam com medo de encarar os judeus. "Portas fechadas"! Quais são os nossos medos que nos trancam? Podemos distinguir alguns. Preconceitos, certezas, doutrinas, racismos, violência com o outro. Por medo, nos fechamos nesses espaços que parecem nos dar segurança.
Entretanto, o Espírito rompe essas barreiras, essas portas. Jesus se poem no meio dos sues discípulos. Jesus se coloca no nosso meio. Jesus diz, "A paz esteja convosco", ou seja, libertem-se dos medos. Saiam das celas. Eu vos anuncio a Paz. Mas, essa paz não se desfaz das marcas da tortura. As marcas provam que é Jesus. As marcas ficam. A forma de olhar para elas é que muda. Agora, as marcas da dor se transformam em alegria, "os discípulos se alegraram por verem o Senhor". A alegria que o Espírito manifesta em nós é uma alegria que ressignifica tudo e todos. Por isso, a necessidade de mostrar as marcas da tortura.
A alegria manifestada pelo reencontro com o Senhor é uma alegria missionária. Uma alegria que deve levar ao anúncio da sua ressurreição. Uma alegria que move a proclama o amor misericordioso de Deus. Um amor que perdoa. Que unifica. Que nos religa na criação. Que nos tornas irmãos e irmãs. Que nos faz aceitar o outro como ele é. Que transforma a situação de pecado. Que liberta do preconceito, de misoginia, do racismo, do atentado contra a natureza, a "Casa Comum". Que rejeita toda violência contra os povos indígenas. Que por amor, nos faz ficarmos em casa para que não haja disseminação do coronavírus. É um amor com novo sentido.
Esse amor gera unidade na diversidade. Esse amor nos faz pertencentes ao mesmo corpo de Cristo, a humanidade. Apesar da diversidade de ministérios, de atividades, de dons tudo se unifica, pelo Espírito, em Jesus.
Ao celebrarmos Pentecostes, digamos com o salmista, "Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda face renovai". Amém.
As leituras de hoje são:
At 2,1-11
1 Cor 12,3b-7.12-13
Jo 20,19-23
domingo, 24 de maio de 2020
"Ide e fazei discípulos meus todos os povos".
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 28,16-20
Naquele tempo: 16 Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. 18 Então Jesus aproximou-se e falou: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. 19 Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo'.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Estamos às vésperas da Solenidade de Pentecostes. A festa
da unidade. A festa da consolidação do Reino de Deus no meio de nós. A festa da
verdade.
Segundo Lucas (autor dos Atos dos Apóstolos), após a
ressurreição, Jesus permaneceu ainda quarenta dias falando do Reino de Deus.
Os discípulos achavam que Jesus restabeleceria a autonomia
política de Israel: “é agora que vais restaurar o Reino de Israel”? Entretanto,
não cabe aos discípulos saber os tempos determinados pelo Pai para os
acontecimentos. Ao discípulo, cabe, somente, ser missionário, anunciador do
evangelho de Jesus, de sua vida, animados pelo Espírito Santo.
Após anunciar a missão dos discípulos, e lhes enviar, Ele
ascende aos céus. Essa visão causa espanto e êxtase; e eles ficaram olhando
para o céu. Entretanto, dois homens aparecem e chamam os discípulos à
realidade. Não é hora de ficar parado. É hora de partir em missão.
Na segunda leitura, ao falar à comunidade de Éfeso, Paulo
nos exorta a pedirmos um espírito de sabedoria que nos revele e faça conhecer,
que abra nossos corações à luz para que reconheçamos a força que Deus operou em
Cristo.
No evangelho temos uma profundidade que nos revela a quem
é destinado o Evangelho.
Na cena em que as mulheres não encontraram Jesus no
sepulcro, elas recebem a tarefa de anunciar aos outros que O encontre na
Galileia.
A Galileia tem um significado existencial para os discípulos.
Jesus nasceu na Galileia. Os magos tiveram seu encontro com Jesus na Galilei,
onde, prostrados, adoraram Jesus e lhe ofertaram suas riquezas. Na Galileia
Jesus chamou os primeiros discípulos, e escolheu os doze. Instruiu. Ensinou.
Se a Galileia foi o lugar onde se teve o encontro com o
Senhor, é na Galileia que se deve começar a missão dada por Jesus.
O encontro com o Senhor gera duas atitudes: uma de
prostração (reconhecendo a realeza de Jesus). E a outra, de Dúvida, de espanto.
A ação de se prostrar lembra os magos. Lembra-nos o colocar nossas riquezas,
aquilo que damos mais valor, aos pés de Jesus, em atitude de despojamento.
A Dúvida não é de toda ruim. A Dúvida é uma gota de
estímulo para a fé se tornar mais sólida e profunda (lembremos de Nicodemus, a
mulher Samaritana).
Após esse contato, Jesus dá a última instrução, ”ide e
fazei discípulos meus todos os povos”. Mais do que uma instrução, é uma ordem.
Somente as autoridades podem dar ordens. Por isso, Ele disse, “toda autoridade
me foi dada no céu e na terra”.
Aquele que ouve o anuncio, e é batizado, torna-se membro
da nova humanidade, da nova criação, da nova sociedade. O Batismo é a aceitação
da boa nova de Jesus. Quem se faz discípulo, se batiza, e torna-se missionário.
Todas e todos que se tornam discípulos, ensinam a observar
tudo o que Jesus ordenou. E para que isso possa se concretizar em nossas vidas,
Jesus disse “estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Na véspera de Pentecostes, aprendamos a não ficar olhando
para o céu, mas encaremos a nossa realidade e sejamos anunciadores do evangelho
de Jesus.
domingo, 17 de maio de 2020
"A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia"
Primeira Leitura. VI Domingo da Páscoa
(Atos 8,5-8.14-17)
Leitura dos Atos dos apóstolos.
Naqueles dias, 8 5 Filipe desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo. 6 A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia, escutando-o unanimemente e presenciando os prodígios que fazia. 7 Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos paralíticos e coxos.8 Por esse motivo, naquela cidade reinava grande alegria. 14 Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. 15 Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, 16 visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. 17 Então os dois apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo. Palavra do Senhor.
Depois da tortura e do martírio de Estêvão, primeiro cristão a dar a vida por Jesus, a comunidade cristã de Jerusalém se divide. Uma parte vai para a Samaria, com Filipe, um dos sete diáconos.
Percebamos que a comunidade parte para a periferia. Para regiões consideradas pagãs pelos judeus. A comunidade cristã aprende quem são os destinatário exclusivos da nova sociedade. Da nova humanidade.
Os discípulos não podem ficar presos no centro do poder, político e religioso. É preciso partir em missão, e o Espírito da Verdade (evangelho) conduz a comunidade.
A periferia ouve. A periferia se converte. A periferia muda de vida. Deus opera grandes ações na periferia. A periferia é digna de receber o batismo e o Espírito Santo.
Hoje, temos periferias existenciais que precisam ser evangelizadas. Que precisam ouvir a palavra de Deus. Que precisam do batismo e do Espírito Santo. Não nos deixemos influenciar pelas riquezas do centro do poder. Ser cristão é estar imbuído do Espirito da Verdade, é partir para os locais onde não chega o poder religioso institucional. É estar ao lado das mulheres que sofrem violência, dos negros que são mortos pelo poder do Estado e sofrem discriminação por causa da cor da pele. Dos grupos indígenas que tem sua cultura e terras violentadas em nome do lucro, do dinheiro. De Mulheres e homens que sofrem discriminação por terem feito uma opção sexual diferente. De Doentes que sofrem a falta de condição social dos hospitais.
Somos chamados a anunciar a palavra nesses ambiantes. A sermos sinal da presença de Deus nesses ambiantes. A não temer a periferia. De não ter medo de ira para a Samaria.
(Atos 8,5-8.14-17)
Leitura dos Atos dos apóstolos.
Naqueles dias, 8 5 Filipe desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo. 6 A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia, escutando-o unanimemente e presenciando os prodígios que fazia. 7 Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos paralíticos e coxos.8 Por esse motivo, naquela cidade reinava grande alegria. 14 Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. 15 Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, 16 visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. 17 Então os dois apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo. Palavra do Senhor.
Depois da tortura e do martírio de Estêvão, primeiro cristão a dar a vida por Jesus, a comunidade cristã de Jerusalém se divide. Uma parte vai para a Samaria, com Filipe, um dos sete diáconos.
Percebamos que a comunidade parte para a periferia. Para regiões consideradas pagãs pelos judeus. A comunidade cristã aprende quem são os destinatário exclusivos da nova sociedade. Da nova humanidade.
Os discípulos não podem ficar presos no centro do poder, político e religioso. É preciso partir em missão, e o Espírito da Verdade (evangelho) conduz a comunidade.
A periferia ouve. A periferia se converte. A periferia muda de vida. Deus opera grandes ações na periferia. A periferia é digna de receber o batismo e o Espírito Santo.
Hoje, temos periferias existenciais que precisam ser evangelizadas. Que precisam ouvir a palavra de Deus. Que precisam do batismo e do Espírito Santo. Não nos deixemos influenciar pelas riquezas do centro do poder. Ser cristão é estar imbuído do Espirito da Verdade, é partir para os locais onde não chega o poder religioso institucional. É estar ao lado das mulheres que sofrem violência, dos negros que são mortos pelo poder do Estado e sofrem discriminação por causa da cor da pele. Dos grupos indígenas que tem sua cultura e terras violentadas em nome do lucro, do dinheiro. De Mulheres e homens que sofrem discriminação por terem feito uma opção sexual diferente. De Doentes que sofrem a falta de condição social dos hospitais.
Somos chamados a anunciar a palavra nesses ambiantes. A sermos sinal da presença de Deus nesses ambiantes. A não temer a periferia. De não ter medo de ira para a Samaria.
sábado, 16 de maio de 2020
Não vos deixarei órfãos
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 14,15-21
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
15 Se me amais, guardareis os meus mandamentos,
16 e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco:
17 o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós.
18 Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.
19 Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis.
20 Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós.
21 Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Palavra da Salvação.
Reflexão
A leitura do evangelho de hoje ainda está dentro do contexto das instruções de Jesus logo após a última ceia pascal dele com seus discípulos.
Observamos que Jesus promete o envio do Espírito Santo, o qual ele chama de Defensor.
Para o texto grego, Defensor significa advogado, conselheiro, intercessor, consolador. É esse espírito que vai acompanhar a comunidade cristã nascente, e age hoje na Igreja. Esse espírito é chamado ainda de Espírito da Verdade. Ele tem como missão manter o "ensinamento do evangelho intacto e coerente". A Verdade suscitada pelo espírito de Deus leva a comunidade a "superar as mentiras e hipocrisias presentes no mundo". Mundo que nega os valores do evangelho. Mundo que se opõem ao amor. Mundo que vive num sistema injusto de poder e dominação, que viola a dignidade da pessoa humana. Mundo racista, misógino, homofóbico. Que não preserva a natureza, a "Casa Comum".
Esse Espírito é prometido a todos e a todas. E "Só é capaz de receber o Espírito da Verdade quem vive uma relação de amor com Jesus e com o próximo".
Esse amor se manifesta na caridade, dar de comer a quem tem fome, saciar os sedentos, vestir os nus, visitar os encarcerados e doentes, acolher os refugiados.
É o Espírito da Verdade que suscita nos cristãos consolar os que chorão, saciar os que tem fome e sede de justiça, os promotores da paz. Esse espírito faz suportar as perseguições e incompreensões. É esse mesmo Espírito que faz germinar amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio (Gl 5).
É esse Espírito que nos guia a anunciar a boa-nova a toda criatura (Mc 16,15b).
Deixemos envolver pelo Espírito Santo. Sejamos comprometidos com Deus e com a humanidade. Sejamos promotores da solidariedade e da paz.
sábado, 9 de maio de 2020
"Na casa do meu Pai há muitas moradas"
Hoje celebramos o 5º Domingo da Páscoa. Celebramos o dia das Mães. E continuamos nossa caminhada rumo ao Reino de Deus, dentro de nossa quarentena.
As leituras, nos levam a refletir sobre como a comunidade cristã começou a se organizar (1ª leitura). E como será nossa morada no Reino de Deus (evangelho).
A liturgia da Palavra se abre com a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, onde apresenta um conflito dentro da comunidade. Jerusalém era uma cidade grande. Um centro político, econômico e religioso do seu tempo. Por ali, passavam, e viviam, pessoas de várias nacionalidades (isso está descrito no início do livro dos Atos dos Apóstolos). Algumas dessas pessoas haviam se convertido ao judaísmo. Dentre elas, com certeza, houve quem tivesse conhecido Jesus. E ainda, os que ouviam as pregações dos apóstolos e se convertiam (isso descrito no início do livro dos Atos dos Apóstolos).
Essa comunidade começou a viver um dilema e uma crise. Os cristãos de origem grega começaram a perceber que suas viúvas, seus pobres, não eram servidos como deveriam. Então, não querendo se afastar da comunidade, foram aos dirigentes e lhes puseram essa questão. Essa querela precisava ser resolvida. Não poderia haver diferenças no tratamento. Na comunidade cristã não pode haver classes sociais, divisões, classe de fiéis.
Entretanto, os apóstolos tinham uma missão específica, pregar a Palavra e fazer as orações pela comunidade. O serviço das mesas era feito pela própria comunidade. Pelo que podemos entender, já deveria existir pessoas que eram responsáveis pela distribuição do pão. A comunidade começa a ter um ordenamento de funções. Não que uma fosse superior a outra. Mas uma forma de que todas e todos pudessem ser atendidos e atendidas em suas necessidades, tanto materiais quanto espirituais.
Os apóstolos, então, propõem à comunidade de origem grega, que escolham sete homens para que pudessem exercer essa tarefa de servi-los. Os gregos se reúnem e escolhem. Sete homens de oração, de discernimento, de fé. Todos eram de origem grega. Isso porque deveriam entender as necessidades deles. Foram apresentados aos apóstolos. Estes oraram e lhes impuseram as mãos. Ou seja, deram a eles a autorização para servir as mesas no nome dos apóstolos. Associamos esse texto à escolha dos diáconos, pois a palavra grega para designar “serviço” é diácono. (Futuramente, faremos um texto falando da missão dos diáconos nos tempos modernos, onde estão, quais são as novas mesas que precisam ser servidas).
O evangelho de hoje nos apresenta o texto onde Jesus diz que vai nos preparar um lugar para ficarmos juntos dele. E que quando estiver preparado esse lugar, virá e nos levará junto com ele. Existe uma canção que diz, “o meu lugar é o céu, é lá que eu quero morar”. A instauração do Reino de Deus é o lugar para o qual estamos destinados. Crentes e não crentes. Cristãos e não cristãos. Se agirmos com humanidade, solidariedade, preocupação com os pobres, com os que passam fome e sede, com os que estão nus, encarcerados ou doentes, e acolhermos os refugiados, com certeza estaremos no caminho para a casa do Pai, pois lá existem muitas moradas.
Jesus fez uma afirmação, “na casa de meu Pai há muitas moradas”. E acrescentou, dizendo que iria nos “preparar um lugar”, e que quando tivesse preparado esse lugar, voltaria e nos levaria, afim de que estivéssemos lado dele.
Já pensou nisso? Jesus nos trata com tanto carinho que se preocupa como vamos viver no Reino do Pai, na casa do Pai. Cada um de nós temos um lugar especial, preparado pelo próprio Cristo, a pedra angular de nossa fé (2ª leitura). Da mesma forma que preparamos um lugar em nossas casas para a nossa convivência, para recebermos uma visita, Jesus nos prepara um lugar para nossa morada definitiva. Nós nos entristecemos com a partida de nossos amigos/amigas, parentes. Mas, esquecemos que quando alguém parte é porque a morada eterna já está pronta, e o senhor vem nos buscar. Creiamos! Essa é a nossa fé.
Existe uma morada. E para se chegar é preciso conhecer o caminho. E Jesus afirma que nós já sabemos o caminho. Tomé, então, contesta dizendo que não sabem para onde Jesus vai e, portanto, não conhecem o caminho. Jesus replica dizendo, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Primeiramente, a expressão “Eu sou”. Era com essa expressão que Deus era chamado no meio judaico. “Aquele que é”. Foi esse nome que Deus disse a Moisés que deveria dizer quem ele era. Portanto, Jesus é Deus, é o rosto do Pai no meio de nós. Quem viu Jesus, viu o Pai. Jesus e o Pai formam uma unidade, como nós formamos uma unidade com Jesus. Quem vê os cristãos vê Jesus. Quem vê Jesus, vê o Pai, portanto, somos nós reflexos do Pai, em Jesus.
Jesus afirma ser o Caminho. Todo caminho leva a algum lugar. No nosso caso hoje, esse caminho nos leva a morada do Pai, onde há um lugar para nós. Mas, Jesus é o caminho que leva à solidariedade, ao amor fraterno, à mudança nas relações sociais. Jesus é o Caminho concreto que nos pede mudança de vida, de atitude. Jesus é o caminho que nos liberta de todo tipo de preconceito, de racismos, de misoginia. Jesus é o caminho que aponta para a preservação da “Casa Comum”, da natureza, do meio ambiente.
Jesus é a Verdade. Essa é uma questão polêmica. Pilatos perguntou a Jesus, “mas, o que é a Verdade”? Essa é uma questão filosófica. Devemos tomar cuidado com a verdade. Normalmente, ouvimos as pessoas dizerem que cada um tem a sua verdade. Mas, cuidado! Existe uma falsa verdade (travestida de verdade) que defende a morte, o extermínio, a aniquilação de pessoas e da natureza. Isso não é verdade. A Verdade tudo perdoa, tudo espera, tudo crê, tudo suporta. A verdade não faz nada de inconveniente. Alguns poderiam dizer, mas isso São Paulo disse que era o amor, a caridade. E o que é a Verdade senão o amor-caridade? A Verdade resgata! A Verdade vai ao encontro do que estava perdido. A Verdade cura em dia de Sábado. A Verdade não condena usando regras e doutrinas. A Verdade recoloca no caminho e aponta a morada do Pai.
E por último, Jesus diz ser a Vida. Por ele ser a Vida ele pode dar a sua vida por nós. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus irmãos”. E se somos um com ele, nossa vida deve ser oferecida também em resgate daqueles que ainda se encontram fora do Caminho, por aqueles que ainda não entenderam a Verdade que Jesus trouxe. O oposto à Vida é a morte. Sejamos portadores de Palavras de Vida. Palavras que destroem a morte. Palavras que levam ao encontro dos excluídos, dos abandonados, dos doentes, dos encarcerados, dos famintos e sedentos. Jesus deu a vida por todas e por todos, independentemente da religião que professam, ou não professam. Jesus se apresentou como gerador de vida, e vida em abundância.
Hoje somos convocados a servir a mesa das irmãs e irmãos que sofrem discriminação de qualquer espécie, que sofrem preconceitos, que são excluídos da vida. Somos chamadas e chamados a nos prepararmos para seguir no Caminho da Verdade que gera Vida e nos leva à casa do Pai, onde há muitas moradas.
Deus vos abençoe. Boa semana.
As leituras, nos levam a refletir sobre como a comunidade cristã começou a se organizar (1ª leitura). E como será nossa morada no Reino de Deus (evangelho).
A liturgia da Palavra se abre com a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, onde apresenta um conflito dentro da comunidade. Jerusalém era uma cidade grande. Um centro político, econômico e religioso do seu tempo. Por ali, passavam, e viviam, pessoas de várias nacionalidades (isso está descrito no início do livro dos Atos dos Apóstolos). Algumas dessas pessoas haviam se convertido ao judaísmo. Dentre elas, com certeza, houve quem tivesse conhecido Jesus. E ainda, os que ouviam as pregações dos apóstolos e se convertiam (isso descrito no início do livro dos Atos dos Apóstolos).
Essa comunidade começou a viver um dilema e uma crise. Os cristãos de origem grega começaram a perceber que suas viúvas, seus pobres, não eram servidos como deveriam. Então, não querendo se afastar da comunidade, foram aos dirigentes e lhes puseram essa questão. Essa querela precisava ser resolvida. Não poderia haver diferenças no tratamento. Na comunidade cristã não pode haver classes sociais, divisões, classe de fiéis.
Entretanto, os apóstolos tinham uma missão específica, pregar a Palavra e fazer as orações pela comunidade. O serviço das mesas era feito pela própria comunidade. Pelo que podemos entender, já deveria existir pessoas que eram responsáveis pela distribuição do pão. A comunidade começa a ter um ordenamento de funções. Não que uma fosse superior a outra. Mas uma forma de que todas e todos pudessem ser atendidos e atendidas em suas necessidades, tanto materiais quanto espirituais.
Os apóstolos, então, propõem à comunidade de origem grega, que escolham sete homens para que pudessem exercer essa tarefa de servi-los. Os gregos se reúnem e escolhem. Sete homens de oração, de discernimento, de fé. Todos eram de origem grega. Isso porque deveriam entender as necessidades deles. Foram apresentados aos apóstolos. Estes oraram e lhes impuseram as mãos. Ou seja, deram a eles a autorização para servir as mesas no nome dos apóstolos. Associamos esse texto à escolha dos diáconos, pois a palavra grega para designar “serviço” é diácono. (Futuramente, faremos um texto falando da missão dos diáconos nos tempos modernos, onde estão, quais são as novas mesas que precisam ser servidas).
O evangelho de hoje nos apresenta o texto onde Jesus diz que vai nos preparar um lugar para ficarmos juntos dele. E que quando estiver preparado esse lugar, virá e nos levará junto com ele. Existe uma canção que diz, “o meu lugar é o céu, é lá que eu quero morar”. A instauração do Reino de Deus é o lugar para o qual estamos destinados. Crentes e não crentes. Cristãos e não cristãos. Se agirmos com humanidade, solidariedade, preocupação com os pobres, com os que passam fome e sede, com os que estão nus, encarcerados ou doentes, e acolhermos os refugiados, com certeza estaremos no caminho para a casa do Pai, pois lá existem muitas moradas.
Jesus fez uma afirmação, “na casa de meu Pai há muitas moradas”. E acrescentou, dizendo que iria nos “preparar um lugar”, e que quando tivesse preparado esse lugar, voltaria e nos levaria, afim de que estivéssemos lado dele.
Já pensou nisso? Jesus nos trata com tanto carinho que se preocupa como vamos viver no Reino do Pai, na casa do Pai. Cada um de nós temos um lugar especial, preparado pelo próprio Cristo, a pedra angular de nossa fé (2ª leitura). Da mesma forma que preparamos um lugar em nossas casas para a nossa convivência, para recebermos uma visita, Jesus nos prepara um lugar para nossa morada definitiva. Nós nos entristecemos com a partida de nossos amigos/amigas, parentes. Mas, esquecemos que quando alguém parte é porque a morada eterna já está pronta, e o senhor vem nos buscar. Creiamos! Essa é a nossa fé.
Existe uma morada. E para se chegar é preciso conhecer o caminho. E Jesus afirma que nós já sabemos o caminho. Tomé, então, contesta dizendo que não sabem para onde Jesus vai e, portanto, não conhecem o caminho. Jesus replica dizendo, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Primeiramente, a expressão “Eu sou”. Era com essa expressão que Deus era chamado no meio judaico. “Aquele que é”. Foi esse nome que Deus disse a Moisés que deveria dizer quem ele era. Portanto, Jesus é Deus, é o rosto do Pai no meio de nós. Quem viu Jesus, viu o Pai. Jesus e o Pai formam uma unidade, como nós formamos uma unidade com Jesus. Quem vê os cristãos vê Jesus. Quem vê Jesus, vê o Pai, portanto, somos nós reflexos do Pai, em Jesus.
Jesus afirma ser o Caminho. Todo caminho leva a algum lugar. No nosso caso hoje, esse caminho nos leva a morada do Pai, onde há um lugar para nós. Mas, Jesus é o caminho que leva à solidariedade, ao amor fraterno, à mudança nas relações sociais. Jesus é o Caminho concreto que nos pede mudança de vida, de atitude. Jesus é o caminho que nos liberta de todo tipo de preconceito, de racismos, de misoginia. Jesus é o caminho que aponta para a preservação da “Casa Comum”, da natureza, do meio ambiente.
Jesus é a Verdade. Essa é uma questão polêmica. Pilatos perguntou a Jesus, “mas, o que é a Verdade”? Essa é uma questão filosófica. Devemos tomar cuidado com a verdade. Normalmente, ouvimos as pessoas dizerem que cada um tem a sua verdade. Mas, cuidado! Existe uma falsa verdade (travestida de verdade) que defende a morte, o extermínio, a aniquilação de pessoas e da natureza. Isso não é verdade. A Verdade tudo perdoa, tudo espera, tudo crê, tudo suporta. A verdade não faz nada de inconveniente. Alguns poderiam dizer, mas isso São Paulo disse que era o amor, a caridade. E o que é a Verdade senão o amor-caridade? A Verdade resgata! A Verdade vai ao encontro do que estava perdido. A Verdade cura em dia de Sábado. A Verdade não condena usando regras e doutrinas. A Verdade recoloca no caminho e aponta a morada do Pai.
E por último, Jesus diz ser a Vida. Por ele ser a Vida ele pode dar a sua vida por nós. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus irmãos”. E se somos um com ele, nossa vida deve ser oferecida também em resgate daqueles que ainda se encontram fora do Caminho, por aqueles que ainda não entenderam a Verdade que Jesus trouxe. O oposto à Vida é a morte. Sejamos portadores de Palavras de Vida. Palavras que destroem a morte. Palavras que levam ao encontro dos excluídos, dos abandonados, dos doentes, dos encarcerados, dos famintos e sedentos. Jesus deu a vida por todas e por todos, independentemente da religião que professam, ou não professam. Jesus se apresentou como gerador de vida, e vida em abundância.
Hoje somos convocados a servir a mesa das irmãs e irmãos que sofrem discriminação de qualquer espécie, que sofrem preconceitos, que são excluídos da vida. Somos chamadas e chamados a nos prepararmos para seguir no Caminho da Verdade que gera Vida e nos leva à casa do Pai, onde há muitas moradas.
Deus vos abençoe. Boa semana.
sábado, 2 de maio de 2020
"Eu sou a porta das ovelhas"
Olá. Espero que tudo esteja bem com você e com sua família.
Hoje, vou fazer diferente. Primeiro, vou postar o comentário, depois o texto bíblico.
Chegamos ao 4º Domingo da Páscoa. Estamos a caminho da celebração da Solenidade de Pentecostes.
Vou iniciar com um breve retrospectiva do que já rezamos e ouvimos até agora.
1º Domingo da Páscoa, Jesus deixa o túmulo. Maria Madalena, Pedro e João não encontram ninguém no túmulo, pois nada prende Jesus.
2º Domingo da Páscoa. Jesus entra onde estavam seus apóstolos e lhes deseja a paz. A paz que conforta. A paz que faz ver que o "morto" estava vivo. Que ressuscitara. Além disso, diante a incredulidade de Tomé, Jesus declarou que bem-aventurados eram os que acreditariam sem terem visto.
3º Domingo, a caminhada de Emaús. A tristeza dos discípulos se tornou alegria quando o "forasteiro" reparte o pão diante diante deles. Além de declararem que seus corações ardiam enquanto ele falava pelo caminho. E no caminho Jesus se revela.
Hoje, Jesus fala do redil. Fala das ovelhas. Fala da porta de entrada para se ir ao encontro das ovelhas. Diz que as ovelhas seguem o pastor porque conhecem sua voz. E sabem que essa voz os conduz às águas repousantes (salmo); que faz as ovelhas pastarem em verdes pastagens. Sentem-se em paz, e seguranças com o pastor.
Jesus se apresenta, nessa parte do texto, como a porta do redil. E acrescenta que dizendo que "quem entrar por mim será salvo, entrará e sairá e encontrará pastagem". Jesus se revela como o Caminho. Um caminho que nos conduz para a criação de uma nova sociedade, de um novo mundo, de uma nova humanidade. Onde não exista ódio. Onde os seres humanos que se reconheçam como tal independentemente de quem quer seja. Não importa orientação sexual, cor da pele, posição social. Jesus é a porta que nos faz encontrar uma ambiente de paz. E conclui, "eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância".
Passar por essa porta, significa suportar "com paciência aquilo que sofreis por ter feito o bem" (1 Pd 2,20).
A promessa de se viver numa nova terra, "é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si".
Hoje somos parte dessa promessa. Deus se faz presente no meio de nós. Jesus é a porta que nos dá acesso ao Reino dos Céus. Sejamos solidários. Sejamos acolhedores. E digamos juntos, "Deus eterno e todo-poderoso, condiz-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do pastor". Amém.
Evangelho de Jesus Cristo segundo João. (Jo 10,1-10)
Naquele tempo, disse Jesus
"Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.
Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas.
A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem.
Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz.
Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos".
Jesus disse-lhes essa parábola, mas não entendiam do que ele queria falar.
Jesus tornou a dizer-lhes: "Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.
Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem.
O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância".
Palavra da Salvação.
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