II. Fundamentos
Teológicos
No documento 96, os bispos do Brasil, destacam que “Cristo,
Profeta, Sacerdote e Pastor é enviado pelo Pai como ‘diácono’ de sua Vontade, para realizar, pela força do Espírito
Santo, de maneira plena e definitiva, o projeto de salvação da humanidade”.
Sendo assim, “a missão e o ministério de Cristo constituem a fonte dos
ministérios e o modelo da ministerialidade da Igreja”. E ainda acrescenta que
“Cristo escolhe e envia ministros para anunciar a Boa Nova da salvação (Mc.
16,15)”.
A diaconia da Igreja dá-se através da pregação da Palavra feita
pelos apóstolos, conduzidos pelo Espírito Santo. Eles não cessaram de
testemunhar o Reino de Deus e a presença de Cristo Ressuscitado.
O “ministério apostólico perdura até hoje na Igreja. É
transmitido, de geração em geração, graças à sucessão apostólica, que assegura
a continuidade entre os ministérios atuais e o ministério dos Apóstolos. O
mesmo dom do Espírito Santo garante a identidade da missão (LG, n.20)”.
Sendo assim, “a diaconia, na Sagrada Escritura e na Igreja
primitiva, constitui-se como uma característica do cristão, realidade
existencial e modo de agir do discípulo de Jesus”.
Assim, “a missão da Igreja reveste-se de caráter universal.
Através da ordenação, ela coloca seus ministros em estado de missão,
confiando-lhes a mesma tarefa que recebeu de seu fundador: a unidade e a
salvação do gênero humano”.
Portanto, “os vários ministérios, assumidos como carismas do
Espírito e reconhecidos como serviços prestados à comunidade, situam-se no
âmbito da diaconia eclesial. A Igreja sempre conheceu larga variedade de
serviços, uns ligados à coordenação e orientação das comunidades (ministérios
ordenados ou hierárquicos), outros relacionados às necessidades concretas das
comunidades (ministérios não ordenados)”.
Dentro do contexto dos ministérios ordenados, “o diáconos
define-se como sacramento de Cristo Servo e como expressão da Igreja servidora”.
Sendo o ministério eclesiástico instituído por Cristo, torna-se de instituição
divina. Sendo assim, “cabe à Igreja estabelecer os espaços dessa participação
no ministério sacramental”.
Há um relacionamento entre os três graus do sacramento da ordem
(episcopado, presbiterado e diaconado). Este se realiza através da “unidade do
sacramento e da diversidade de carisma e funções”.
“A diaconia é comum a todos os cristãos, no entanto, existe uma
forma específica de participação no ministério de Cristo, marcada
sacramentalmente”. Pela imposição das mãos do bispo, o diácono “recebe,
publicamente, de modo irrevogável e definitivo, o mandato e a missão do
serviço”.
A identidade do diácono “encontra-se na ordem do ser”. Portanto,
“não deve ser definido a partir das funções ou dos poderes que lhe são
confiados. Ele recebe, através da ordenação sacramental, uma marca indelével.
Em sua significação encontra-se a especificidade do diaconado” (Puebla n. 698).
Em Puebla, os bispos latino-americanos e caribenhos entenderam
que “o diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça
sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma
Igreja servidora e pobre”.
Então, o que significa esse ministério atribuído ao diaconado?
“Com a ordenação diaconal, a Igreja evidencia que o serviço da Palavra e da
caridade, primeiras exigências da evangelização, requerem testemunhas em
integral comunhão com a Igreja, para poderem anunciar com autoridade a Palavra
infalível da salvação definitiva e irrevogável”.
Tendo sua missão ligada ao Cristo-Servo, o diácono “evidencia e
potencializa a dimensão do serviço”. Ele passa a ser “ícone de Cristo-Servidor”
o que “constitui sua identidade profunda”. Portanto, “ao vê-lo deveríamos ser
interpelado aos gestos concretos e à alegria do serviço”.
Afirmou São João Paulo II, em 1987, que “o serviço do diácono é
o serviço da Igreja sacramentalizado. O vosso não é apenas dos muitos
ministérios, mas deve ser, como o definiu Paulo VI, uma força motriz para a diaconia da Igreja (grifo meu). Com vossa
ordenação estais configurados a Cristo na sua função de Servo. Vós deveis
também ser sinal vivos da condição de servos da sua Igreja”.
Para que possam exercer sua função de servos, os diáconos
“contam com a graça sacramental, pela qual, junto com os bispos e presbíteros,
são postos à parte para uma missão específica e irrevogável”. Portanto, “o
diaconado faz parte do sacramento da Ordem, e os diáconos exercem seu
ministério a partir de uma graça sacramental”. Sendo assim, o “diaconado é
sacramento da caridade em sentido amplo(...), pertence a estrutura fundamental
da própria Igreja”.
Os diáconos passam a ser “expressão do ministério ordenado
colocado o mais próximo possível da realidade laical e do protagonismo dos
leigos”. Na Conferência de Aparecida, em 2007, os bispos disseram esperar “dos
diáconos um testemunho evangélico e impulso missionário para que sejam
apóstolos em suas famílias, em seus
trabalhos, em suas comunidades em nas novas fronteiras de Missão”.
O diácono encontra-se em três ambientes bem definidos: “o
serviço da caridade, a evangelização, a ação litúrgica”.
No serviço da caridade, o diácono é chamado a assumir a “opção
preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos”. E ainda, “é apóstolo da
caridade com os pobres, envolvidos com a conquista de sua dignidade e de seus
direitos econômicos, políticos e sociais”.
No serviço da Palavra, deverá ser, primeiramente, ouvinte. Deve
fazer “a leitura meditada e orante da Sagrada Escritura, que é escuta humilde e
cheia de amor daquele que fala”.
No serviço da liturgia, deve mostrar que não há dissociação
entre vida social e Eucaristia. Há uma “profunda relação entre Eucaristia e
serviço social. O diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a
eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor”.
O documento 96, da CNBB, que está me servindo de base, enumera
locais de atuação dos diáconos.
“Na
promoção social e na vivência das obras de misericórdia, o diácono assume a
opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da
caridade com os pobres, envolvido com a conquista da sua dignidade e dos seus
direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo.
Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e provações da vida e reveste-se de
especial compaixão pelos pobres, pelos desempregados, sem-terra, sofredores de
rua. “migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as
vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de
HIV e de enfermidades endêmicas, os tóxico-dependentes, idosos, meninos e
meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência dou do trabalho
infantil, mulheres maltratadas, vitimas de exclusão e do tráfico para a
exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de
desempregados, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que
vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores
sem terra e os trabalhadores das minas” (DAp, n. 402). Em razão da graça
sacramental recebida e da missão canônica, compete aos diáconos administrar os
bens e as obras de caridade e promoção social da Igreja”.
Sua participação nas pastorais eu conhecia, mas outras funções eu desconhecia. Esses esclarecimentos deveriam ser passado sempre que possível para nós leigos.
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