terça-feira, 8 de agosto de 2017

Sobre o Diaconato Permanente II: Fundamentos Teológicos

II. Fundamentos Teológicos
No documento 96, os bispos do Brasil, destacam que “Cristo, Profeta, Sacerdote e Pastor é enviado pelo Pai como ‘diácono’ de sua Vontade, para realizar, pela força do Espírito Santo, de maneira plena e definitiva, o projeto de salvação da humanidade”. Sendo assim, “a missão e o ministério de Cristo constituem a fonte dos ministérios e o modelo da ministerialidade da Igreja”. E ainda acrescenta que “Cristo escolhe e envia ministros para anunciar a Boa Nova da salvação (Mc. 16,15)”.
A diaconia da Igreja dá-se através da pregação da Palavra feita pelos apóstolos, conduzidos pelo Espírito Santo. Eles não cessaram de testemunhar o Reino de Deus e a presença de Cristo Ressuscitado.
O “ministério apostólico perdura até hoje na Igreja. É transmitido, de geração em geração, graças à sucessão apostólica, que assegura a continuidade entre os ministérios atuais e o ministério dos Apóstolos. O mesmo dom do Espírito Santo garante a identidade da missão (LG, n.20)”.
Sendo assim, “a diaconia, na Sagrada Escritura e na Igreja primitiva, constitui-se como uma característica do cristão, realidade existencial e modo de agir do discípulo de Jesus”.
Assim, “a missão da Igreja reveste-se de caráter universal. Através da ordenação, ela coloca seus ministros em estado de missão, confiando-lhes a mesma tarefa que recebeu de seu fundador: a unidade e a salvação do gênero humano”.
Portanto, “os vários ministérios, assumidos como carismas do Espírito e reconhecidos como serviços prestados à comunidade, situam-se no âmbito da diaconia eclesial. A Igreja sempre conheceu larga variedade de serviços, uns ligados à coordenação e orientação das comunidades (ministérios ordenados ou hierárquicos), outros relacionados às necessidades concretas das comunidades (ministérios não ordenados)”.
Dentro do contexto dos ministérios ordenados, “o diáconos define-se como sacramento de Cristo Servo e como expressão da Igreja servidora”. Sendo o ministério eclesiástico instituído por Cristo, torna-se de instituição divina. Sendo assim, “cabe à Igreja estabelecer os espaços dessa participação no ministério sacramental”.
Há um relacionamento entre os três graus do sacramento da ordem (episcopado, presbiterado e diaconado). Este se realiza através da “unidade do sacramento e da diversidade de carisma e funções”.
“A diaconia é comum a todos os cristãos, no entanto, existe uma forma específica de participação no ministério de Cristo, marcada sacramentalmente”. Pela imposição das mãos do bispo, o diácono “recebe, publicamente, de modo irrevogável e definitivo, o mandato e a missão do serviço”.
A identidade do diácono “encontra-se na ordem do ser”. Portanto, “não deve ser definido a partir das funções ou dos poderes que lhe são confiados. Ele recebe, através da ordenação sacramental, uma marca indelével. Em sua significação encontra-se a especificidade do diaconado” (Puebla n. 698).
Em Puebla, os bispos latino-americanos e caribenhos entenderam que “o diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre”.
Então, o que significa esse ministério atribuído ao diaconado? “Com a ordenação diaconal, a Igreja evidencia que o serviço da Palavra e da caridade, primeiras exigências da evangelização, requerem testemunhas em integral comunhão com a Igreja, para poderem anunciar com autoridade a Palavra infalível da salvação definitiva e irrevogável”.
Tendo sua missão ligada ao Cristo-Servo, o diácono “evidencia e potencializa a dimensão do serviço”. Ele passa a ser “ícone de Cristo-Servidor” o que “constitui sua identidade profunda”. Portanto, “ao vê-lo deveríamos ser interpelado aos gestos concretos e à alegria do serviço”.
Afirmou São João Paulo II, em 1987, que “o serviço do diácono é o serviço da Igreja sacramentalizado. O vosso não é apenas dos muitos ministérios, mas deve ser, como o definiu Paulo VI, uma força motriz para a diaconia da Igreja (grifo meu). Com vossa ordenação estais configurados a Cristo na sua função de Servo. Vós deveis também ser sinal vivos da condição de servos da sua Igreja”.
Para que possam exercer sua função de servos, os diáconos “contam com a graça sacramental, pela qual, junto com os bispos e presbíteros, são postos à parte para uma missão específica e irrevogável”. Portanto, “o diaconado faz parte do sacramento da Ordem, e os diáconos exercem seu ministério a partir de uma graça sacramental”. Sendo assim, o “diaconado é sacramento da caridade em sentido amplo(...), pertence a estrutura fundamental da própria Igreja”.
Os diáconos passam a ser “expressão do ministério ordenado colocado o mais próximo possível da realidade laical e do protagonismo dos leigos”. Na Conferência de Aparecida, em 2007, os bispos disseram esperar “dos diáconos um testemunho evangélico e impulso missionário para que sejam apóstolos  em suas famílias, em seus trabalhos, em suas comunidades em nas novas fronteiras de Missão”.
O diácono encontra-se em três ambientes bem definidos: “o serviço da caridade, a evangelização, a ação litúrgica”.
No serviço da caridade, o diácono é chamado a assumir a “opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos”. E ainda, “é apóstolo da caridade com os pobres, envolvidos com a conquista de sua dignidade e de seus direitos econômicos, políticos e sociais”.
No serviço da Palavra, deverá ser, primeiramente, ouvinte. Deve fazer “a leitura meditada e orante da Sagrada Escritura, que é escuta humilde e cheia de amor daquele que fala”.
No serviço da liturgia, deve mostrar que não há dissociação entre vida social e Eucaristia. Há uma “profunda relação entre Eucaristia e serviço social. O diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor”.
O documento 96, da CNBB, que está me servindo de base, enumera locais de atuação dos diáconos.

“Na promoção social e na vivência das obras de misericórdia, o diácono assume a opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da caridade com os pobres, envolvido com a conquista da sua dignidade e dos seus direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo. Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e provações da vida e reveste-se de especial compaixão pelos pobres, pelos desempregados, sem-terra, sofredores de rua. “migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os tóxico-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornografia e violência dou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vitimas de exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados, os excluídos pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem terra e os trabalhadores das minas” (DAp, n. 402). Em razão da graça sacramental recebida e da missão canônica, compete aos diáconos administrar os bens e as obras de caridade e promoção social da Igreja”.

Um comentário:

  1. Sua participação nas pastorais eu conhecia, mas outras funções eu desconhecia. Esses esclarecimentos deveriam ser passado sempre que possível para nós leigos.

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