No dia 10 de agosto, a Igreja celebra a festa litúrgica de São
Lourenço, padroeiro dos Diáconos Permanentes. De hoje, até o dia 10 vou
publicar quatro artigos que tratam do diaconato dentro da Igreja.
Primeiramente, falarei sobre os aspectos históricos, destacando
o Diaconato Permanente na Igreja primitiva, no Concílio Vaticano II, na América
Latina e no Brasil. Seguirei a estrutura apresentada no documento 96 da CNBB
que trata das Diretrizes para o “Diaconado
Permanente da Igreja no Brasil”.
Em seguida, apresentarei os fundamentos teológicos do diaconato
permanente. Logo depois, sobre as atividades pastorais as quais os diáconos são
chamados a exercer. E por último, destacarei a vocação diaconal.
Espero contribuir para o processo de formação dos Diáconos
Permanentes, bem como uma compreensão do povo de Deus sobre a necessidade dos
diáconos na vida pastoral e ministerial da Igreja.
I. Aspectos
históricos.
O Diaconato foi instituído pelos apóstolos. Em Atos dos
Apóstolos, capítulo 6, versículos de 1 a 6, vemos como e porque se deu a
criação dos Diáconos. Acrescentamos, ainda, as cartas de Paulo a Filemôn (1,1)
e na Primeira Carta a Timóteo (3,8-13).
Inicialmente, eram para servir à mesa, pois as viúvas não judias
reclamavam que elas não eram assistidas. A mesa da palavra e a mesa do pão.
Surgiram para evitar um conflito dentro da comunidade. Agiam como
conciliadores. Foram escolhidos dentro os discípulos. Sete homens de fé e de
boa reputação.
A Igreja pós-apostólica sempre viu nos Diáconos uma graça de
Deus no serviço ministerial. Sendo assim, a Didaqué afirmava que estes deveriam
ser escolhidos dentre homens “dóceis, desprendidos, verazes e firmes”.
Inácio de Antioquia afirmava que “eles fazem parte da hierarquia
e que devem ser honrados como Cristo”. Hermas
o comparava a “pequenas pedras quadradas e brancas” na construção da Igreja. A Disdacalia Apostolorum aconselha que
cada cidade deveria ter o número suficiente de diáconos; e afirma que eles
sejam “os ouvidos e a alma dos bispos”. Clemente de Roma via “nos profetas do
Antigo Testamento uma prefiguração da existência” dos diáconos.
Hipólito de Roma afirmava que o diáconos é ordenado pela
imposição das mãos do bispo e não do presbitério, pois ele é ordenado “não para
o sacerdócio, mas para o ministério do bispo”. O Testamento do Senhor dizia que o “o primeiro ofício do diácono é
acolher as ordens do bispo e executá-las”. Os pontificais fazem referência às
suas funções litúrgicas.
Tendo um desejo ao retorno das Igrejas primitivas, o “Concílio
Vaticano II restaurou o diaconato como grau próprio e permanente (grifo meu) da hierarquia e estabeleceu condições
teológico-pastorais favoráveis para que esse ministério pudesse desenvolver-se
plenamente”.
O Papa Paulo VI deu a primeira regulamentação sobre a formação
dos Diáconos Permanentes através da Carta Apostólica Sacrum Diaconatus Ordinem (10/06/1967), e Ad Pascedum (15/08/1972). Em 1998 a Congregação para a Educação
Católica e a Congregação para o Clero divulgaram as “Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes” e o “Diretório do Ministério eda Vida dos
Diáconos Permanentes”.
Na América Latina, o fato marcante foi a ordenação dos primeiros
Diáconos Permanentes feitas pelo Papa Paulo VI no encerramento do Congresso
Eucarístico de Bogotá, na Colômbia, em 22/08/1968. Dentre os ordenados estavam
quatro brasileiros.
Vários encontros regionais e continentais marcaram a restauração
do Diaconato Permanente. Destaco o I Congresso Latino-americano e Caribenho de
Diaconato Permanente, de 13 a 16 de agosto de 1998, em Lima, Peru, cujo lema
foi: “Um novo rosto para a Igreja”.
Desde 1979, na Conferência Episcopal Latino American a
Caribenha, a Igreja do continente vem destacando a importância e a necessidade
do ministério diaconal. Em Medellín, expressou-se a “necessidade de formar
diáconos que sejam capazes de criar novas comunidades cristãs e ativar as
existentes”. Em Puebla, reconhece-se “que o carisma do diácono tem grande
eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre”. Na conferência de
Santo Domingo, destaca-se a “importância para o serviço de comunhão na América
Latina e o amplo serviço em nosso continente”. Em 2007, na Conferência de
Aparecida, com a presença do atual Papa Francisco, como redator do relatório
final, apresentou os “diáconos permanentes como discípulos missionários de
Jesus Servidor, ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia”
(205).
No Brasil, as primeiras manifestações se deram com resenhas de
artigos publicados na Europa sobre o assunto. Foram “elencados os motivos
favoráveis à restauração e enfatizando o auxílio aos presbíteros nas áreas
rurais”. Destacou-se a necessidade de uma formação especial para os candidatos.
“Foi proposto que não houvesse um único
modelo de diaconal, mas uma diversidade, de acordo com o carisma de cada
diácono e necessidades pastorais”. Como ainda estamos presos nos modelos
paroquiais, não vislumbramos outros modelos de diaconias.
Foram realizados vários encontros que contribuíram para o
amadurecimento da opção pelo diaconado no Brasil. O primeiro, em São Paulo, em
fevereiro de 1965; o segundo, em Campinas, agosto de 1966, onde se reuniram
bispos, presbíteros e religiosos. Foram tratados temas como: “formação e
seleção de candidatos; atuação dos diáconos nas comunidades, não como meros
suplentes dos presbíteros, nem como substitutos dos ministros leigos; relação
do diácono com o bispo e com os presbíteros”.
Paralelamente, as conclusões do encontro de Campinas, algumas
experiências de formação diaconal começam a existir no Brasil. Em 1966, em
Salvador-BA, Dom Eugênio de Araújo Sales, administrador Apostólico daquela
Arquidiocese, inicia o primeiro curso para os candidatos do Regional Nordeste 3
(março/1966). Em seguida, o Regional Centro-Oeste, e o Regional Sul 3.
Juntou-se a eles as dioceses de Volta Redonda-RJ, João Pessoa e Campina Grande,
na Paraíba, e Taubaté em São Paulo.
Em junho de 1970 foi realizado o Primeiro Encontro Nacional
sobre o Diaconato. Em junho de 1981, no VI Encontro Interregional do Diaconado
Permanente e II Encontro Nacional, em Campo Grande-MS, foi eleita a primeira
Comissão Nacional de Diáconos do Brasil. Em 2003 foi criada a instituição da
CND com seus estatutos canônico e civil, aprovados pela CNBB em 2004.
“Muitos encontros em âmbito regional e nacional foram realizados
em todo os Brasil, consolidando o processo de implantação do diaconato
permanente e abrindo novas perspectivas pastorais”.
Muito bom tomar conhecimento do diacontato .
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