domingo, 18 de junho de 2017

"Estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não tem pastor"

A liturgia de hoje nos convida a meditarmos sobre a Missão. A missão da Igreja, a missão pessoal de cada um de nós.
Mas a quem somos enviados?
O evangelista abre essa perícope nos levando a contemplar uma cena: Jesus vendo a multidão que o seguia. Essa multidão estava perdida, precisando de ajuda; cansada e abatida. Sem rumo. O compositor Roberto Carlos escreveu certa vez: "Olho no céu e vejo uma nuvem branca que vai passando / Olho na terra e vejo Uma multidão Que vai caminhando. / Como essa nuvem branca / Essa gente não sabe aonde vai / Quem poderá dizer o caminho certo /
É você, meu Pai".
E Jesus disse, "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos". Há muito trabalho a ser feito. Há muita gente que precisa ouvir a palavra de Deus. Há muitas pessoas que precisam mudar de vida. Há muitos cristão que precisam viver a sua vida de batizados. E nós somos chamados sermos esses anunciadores.
Em seguida, Jesus escolhe aqueles que serão os continuadores de sua missão, os discípulos. Aqui nos cabe uma breve reflexão sobre o ser discípulo. É simples, discípulo é aquele que houve o mestre, e assume para si a sua missão.
Jesus escolheu seus discípulos. Interessante observar que antes de nomeá-los, o evangelista diz o que essas pessoas deveriam fazer: 1. expulsar espíritos maus; 2. curar todo tipo de doença e enfermidade.
"Expulsar espíritos maus". Cada época tem seus espíritos maus. Cada época da história da humanidade apresenta-nos aquilo que pode nos afastar do amor de Deus.
São Paulo, na carta aos Gálatas (5,19-21), apresenta aquilo que nos afasta do amor de Deus, "fornicação, indecência, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, rixas, cólera, ambição, discórdias, facções, ciúmes, bebedeiras, comilanças". E ele continuou dizendo que "quem pratica essas coisas não herdará o Reino de Deus". Acrescento a essa lista: racismo, não pagamento de salários, preocupação com o lucro exagerado, políticas públicas que destroem conquistas trabalhistas, políticas públicas que não fazem uma previdência descente e honesta.
Em segundo lugar, Jesus dá aos seus discípulos poder para curar doenças e enfermidades. Hoje vemos muitas pessoas sofrendo de solidão, de depressão, de falta de companheiros e de amizades. São os "ciúmes, as rixas, as discórdias, as divisões (facções). Somos chamados a deixar tudo isso de lado. Rejeitar toda forma de descriminação. De intolerância. Somos missionários do "amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, modéstia, autodomínio", isto é, dos frutos do Espírito. E ele ainda continuou afirmando que "não sejamos vaidosos, provocadores, invejosos".
Assim deve agir o missionário. Ele ou ela anuncia que o "Reino dos Céus está próximo". Que o Reino se faz aqui e agora nas relações sociais justas, solidárias e fraternas. 
Jesus enumera quais devem ser as ações do discípulo missionário, "curai os doentes, ressuscitais os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios"
Curar os doentes é fazer com que toda apatia, toda falta de fé, toda inércia sejam extirpadas. Ressuscitar os mortos é trazer a vida todas e todos que se afastaram da fé. É dar vida nova aos que questionam a fé e não se deixam responder pela palavra de Deus. É ser testemunha fiel. Purificar os leprosos é tirar toda carne podre que produza relações sociais injustas, é compreender a vida do outro. É deixar de lado todo fundamentalismo religioso, é viver a misericórdia de Deus. É ir ao encontro dos encarcerados, dos dentes, é dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede. É ajudar no acolhimento dos sem teto e dos sem terra. É viver as obras de misericórdia espiritual e corporal.
De graça deveis dar, aquilo que de graça recebestes. Queridas e queridos, irmãs e irmãos, recebemos a fé por graça de Deus. E por graça de Deus sejamos missionários. Portadores de toda esperança que nos leva ao Reino. Construtores de uma nova sociedade, de uma nova sociedade. Sejamos missionários da "Civilização do Amor" (Papa Paulo VI).
Deus vos abençoe.

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