Tenho ouvido muitas coisas sobre os massacres nos presídios. O nível de desumanização, nesses locais, é alarmante. Deveriam ser espaços de ressocialização e de caminhos para a reinserção na sociedade, como nos pede, não só a luta pelos Direitos Humanos, mas, muitos humanistas, como o Papa Francisco.
Nos horroriza as informações recebidas nas trocas de correspondência, entre a governadora de Roraima e o governo golpista do Sr. Michel Temer. Ela pede ajuda federal, explicita e oficialmente; o ministro da Justiça nega, também oficialmente, mas vem a publico dizer, descaradamente, não ter sido acionado.
Os membros do governo ilegítimo não conseguem expressar sequer uma emoção. São frios em suas respostas, tratam o episódio com espantosa indiferença. De vez em quando, aparece um sincericida que diz ter sido bom o massacre, porque bandido bom é bandido morto. Estamos nas mãos de uma gente sem compaixão ... e, eu não consigo conceber qualquer atividade política sem compaixão, sem humanidade, sem respeito à dor alheia.
Mas não quero me dirigir a esses homens “fortes e destemidos” e machistas e cheios de razão do desgoverno.
Quero me dirigir a homens e mulheres sensíveis, que ainda choram, se emocionam e se compadecem das histórias humanas...
Aos que ainda acreditam nas pessoas...
Aos que compreendem que residem nas desigualdades as mazelas da sociedade...
Aos que acreditam no projeto de Jesus de Nazaré de vida plena para todas as pessoas...
Aos que se levantam todos os dias com a destemida obstinação de construir uma sociedade mais justa e igualitária...
Caso não tivesse as oportunidades que teve na vida, você seria o que é, faria o que faz, viveria como vive?
Passei por um homem de minha idade deitado numa praça do centro do Rio e me perguntei: por que ele e não eu?
Por que aqueles quase 100 morreram nas rebeliões e não eu? Muitos dirão: porque eram criminosos e você, não.
Esta resposta não basta.
Quando os privilégios estão à frente dos direitos, condenamos muita gente que poderia ser luz para a sociedade, mas que, ao invés disso, “torna-se o seu terror”.
Não podemos aceitar que aqueles irmãos nossos, mortos nos presídios, mereciam tal morte. Ninguém merece.
Alguns me dirão: mas são criminosos. E isso nos dá o direito de nos igualarmos a eles na prática do crime?
Aos que reclamam que temos outros problemas, que os aposentados são desrespeitados, que a escola pública não está a contento, que a saúde não atende corretamente as pessoas, digo que temos acordo total. Isso, no entanto, não inviabiliza a nossa luta pelos direitos humanos de todas as pessoas.
As mães e os filhos dos que morreram violentamente nas últimas rebeliões sofrem a dor que não podemos mensurar.
A luta dos direitos humanos vem ao encontro de todo homem e toda mulher e se faz presente na busca da educação de qualidade, da saúde, da previdência e de todos os direitos sociais, humanos.
Existe uma clara intenção de “limpeza social”, de “gentrificação”, de “higienização”, de “perseguição aos pobres”. Com isso, não temos acordo.
Você sabe quantos deles eram pobres, negros e moradores de favelas, desprovidos dos direitos básicos de todo ser humano? Pense uma vez: “por que eles e não eu”.
Reimont Ottoni (Vereador na Cidade do Rio de Janeiro)
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