segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

“Buscai antes de tudo o reino de Deus e a sua justiça, e o resto vos darão por acréscimo” (Mt. 6,33)

A justiça é um valor a ser conquistado. Mulheres e homens, em todos os momentos da história, estão sempre envolvidos à procura da justiça.
Filosofias políticas. Pensamentos sociológicos. Esquemas religiosos. Todos buscam entender as relações sociais da humanidade. Muitas vezes, fazer justiça é dar oportunidades a todos de terem as mesmas coisas. Para outros, justiça é valorizar o que cada um pode oferecer ao conjunto da sociedade. Há os que entendem justiça como valorização das conquistas individuais.
O título desse texto é uma frase de Jesus Cristo. Associa justiça ao Reino de Deus. E o Reino de Deus é um lugar onde qualquer pessoa pode entrar. Entretanto, é preciso algumas ações para isso. Dentre elas, preocupar-se em amenizar o sofrimento alheio: fome, sede, doença, privação da liberdade, ausência de moradia. Todos os que se voltam para o sofrimento alheio compartilham da justiça divina. Além disso, ouvimos “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
Quem vive a experiência da justiça divina deve sair de si. Não deve ficar apenas na lei, mas ir adiante. “Se a vossa justiça não superar a dos letrados e fariseus, não entrareis no reino de Deus” (Mt. 5,20). A justiça divina é sentir as dores dos que sofrem. 
Justiça, para Deus, é defender o direito daqueles que estão privados dele. É não caçoar dos pobres. “Quem caçoa do pobre ofende o Criador dele, quem se alegra com a desgraça não ficará impune” (Pv 17,5).
A justiça do reino de Deus consiste em paz e alegria. Ninguém participa da luta, o tempo todo, sem alegria, sem esperança, sem vontade de ver a alegria no rosto do outro. Pois, “o reinado de Deus (...) consiste na justiça, na paz e na alegria do Espírito Santo. Quem serve assim o Messias, agrada a Deus e é estimado pelos homens. Assim, pois, procuremos o que favorece a paz mútua e é construtivo” (Rm. 14,17-19).
Para sermos portadores da paz e da justiça, devemos viver aquilo que nos impulsiona a andar para frente: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, modéstia, autodomínio. Devemos abandonar sentimentos que nos destroem: devassidão, idolatria, inimizades, rixas, inveja, cólera, ambição, discórdias, facções, ciúmes. 
O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium, diz que “a paz social não pode ser entendida como ausência de violência”. E acrescenta, “as reivindicações sociais, que tem a ver com a distribuição de renda, inclusão social dos pobres e dos direitos humanos não podem ser sufocados com o pretexto de construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma minoria feliz”. E finaliza, “a dignidade da pessoa humana e o bem comum estão por cima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios. Quando estes valores são afetados, é necessária uma voz profética”.
A experiência de quem luta pela paz e pela justiça social, transforma-se em força quando é pensada para os outros, assim, “o resto vos darão por acréscimo”. Pois, tudo que quereis que vos façam, fazei aos outros também. Assim, uma luta por justiça não pode estar associada a benefícios pessoais, mas a conquistas sociais, para todos e para todas.
A mudança só vem pela união, unidade de sentimentos. Vem para luta! Vem pra rua! A conquista e a vitória nos aguardam. Tendes fé! Tendes coragem!
Parafraseando o Papa Francisco, digo que é perigoso e prejudicial habituar-se ao que nos leva a perder a maravilha, a fascinação, o entusiasmo da fraternidade e da justiça.

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