Vigésimo quinto domingo do tempo comum. Ano C. Evangelho de
Lucas, o mais voltado a misericórdia e à caridade.
Abrimos a Liturgia da Palavra com a profecia de Amós. O profeta
faz um alerta aos que maltratam os humildes, os pobres, aqueles que estão
desprovidos de dignidade humana. Essa é uma característica dos profetas,
denunciar o sofrimento dos pobres, e fazer os oráculos contra os que são
detentores de riquezas nesse mundo, e colocam em seu dinheiro toda a confiança,
desprezando o pobre.
“E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu
com esperteza” (Lc. 16,8). Que senhor é esse? Jesus ou o patrão? Não nos
importa. O que vale é refletir sobre a esperteza. Hoje, em nosso país, vivemos
uma onda de “delações premiadas”. Muitas vezes, aplaudimos. Mas, esquecemos que
corrupto e corruptor cometeram o mesmo crime: corrupção. Os dois devem ser
punidos na mesma intensidade. Um não existe sem o outro. Os dois cometem crime.
Só que um resolve baixar o valor da dívida, “delação”. Ser esperto é livrar-se
da condenação.
Em seguida, Jesus faz uma ironia (é que muitas vezes não
queremos ver ironias nas falas de Jesus. Existe uma outra clássica, “sepulcros
caiados). “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles
vos receberão nas moradas eternas”. Pura ironia. Só achamos que a morada eterna
é o Reino dos Céus, Reino de Deus. Não! Da mesma forma que há a salvação
eterna; existe a perdição (danação) eterna. E para lá vão os corruptos,
adúlteros, malfeitores, os que desviam dinheiro público, os que pregam e
defendem a pena de morte e o aborto. Jesus ponta que o caminho é estar sempre
alerta!
Em seguida, Jesus nos exorta a sermos justos com o que não nos
pertence, como fez Amós. “Se vós não sois fiéis no dinheiro injusto, quem vos
confiará o verdadeiro bem”? Não roubar. Não achar que “bandido bom é bandido
morto”. Bandido bom é aquele que se converte. Temos dois exemplos clássicos, Mateus
e Zaqueu. Não somos autores da vida. Só Deus pode tirar. Há um ditado sobre
isso, “Deus põe, Deus dispõe”. Não podemos aceitar como normal pessoas públicas
que agridem pessoas mais fracas. Que desdenha do outro. Que menospreza o
trabalhador. Que busca se enriquecer com os bens públicos.
Por último, Jesus nos alerta, “vós não podeis servir a Deus e ao
dinheiro”. Cada um tem suas exigências. Um gera vida, solidariedade, misericórdia.
O outro é responsável pela morte do trabalhador, do pobre. O dinheiro é
incompatível com a fé. Os ricos colocam no dinheiro toda a sua esperança. Acham
que podem comprar até o que é divino. Lembra-se do Rico e do pobre Lázaro?
Há um canto que diz, “nosso Deus fica ao lado dos pobres,
colhendo o que sobrou”. E é verdade. O salmista diz, “Levanta da poeira o
indigente, e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os
nobres...”.
Oremos pela Igreja, pela nossa comunidade, e por cada um de nós
a fim de possamos aprender que as riquezas materiais não sejam o valor último a
orientar a vida humana. E para que os que são eleitos que deixem-se imbuir dos
ensinamentos de Cristo e socorram os mais humildes e sofredores; e por nós,
para que saibamos cada vez mais nos desapegar dos bens materiais e testemunhar um
mundo de fraternidade, justiça, paz e fé.
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