Festa de São Mateus |
Texto oportuno para
os nossos dias. Vocação de Mateus.
O apóstolo está na
coletoria de imposto. Lugar onde a corrupção era a palavra mais forte. Ser
corrupto era a coisa mais natural para quem exercia aquele serviço. Os
fariseus, e doutores da lei, não gostavam dos coletores de impostos. Estes
estavam a serviço do império romano. Além disso, os zelotas (Jesus teve
um apóstolo zelota, Simão, o zelota. Lc. 6,15), grupo radical, que defendia uma revolta armada contra Roma, também
não gostavam dos cobradores de impostos.
Mateus, provavelmente,
já conhecia Jesus. Deveria ter ouvido alguma de suas pregações. Ou, era um
ouvinte assíduo. Jesus sabia quem era Mateus. Já deveria ter visto ele na
coletoria de impostos várias vezes. Quem sabe, acompanhou Maria no pagamento de
algum tributo. Ou ele mesmo deve ter ido pagar o imposto (”dai a César o que é
de Cesar, e a Deus o que é de Deus”).
Num breve chamado, ‘segue-me’,
Jesus diz, tenho uma nova vida para lhe dar. Tenho um reino para te oferecer.
Tenho muito mais do que essas migalhas que você ganha e que rouba das pessoas.
Tenho um sentido para sua vida. Portanto, “segue-me”! E o texto diz que “ele se
levantou e seguiu a Jesus”.
Jesus disse: “se alguém
me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e
faremos nele a nossa morada” (Jo. 14,23). E foi isso que fez Mateus. Ao guardar
a palavra de Jesus, ao aceitar o convite do senhor, Jesus vai à casa dele para
fazer morada. E quem faz morada, faz refeição. E quem faz refeição partilha da
mesma sorte. Mas neste caso, aos olhos do mundo, era Jesus que começava a fazer
parte da sorte pecadora de Mateus. Jesus sabia da repercussão de seu ato. Jesus
sabia que aquele gesto, aquele ato, iria causar espanto dos justos nas redes sócias
do seu tempo. Se fosse hoje, estaria no facebook, no twitter, no whatsapp.
Jesus seria acusado de andar com quem se diz que não presta. Um herege. Que
nunca leu os documentos da Igreja.
Jesus não tinha
tempo a perder com essas “fofocas midiáticas”. A sua resposta chama logo à consciência
de quem precisa evangelizar de verdade. “Aprendei,
pois, o que significa: Quero misericórdia e não sacrifício” (Os. 6,6). E
continuou, “eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”, pois, os “que
têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes”.
Hoje vivemos numa
sociedade doente que precisa ouvir a palavra de Misericórdia. Devemos pensar em
nossas atitudes acusatórias. Em nome de um legalismo religioso, deixamos de anunciar
a Palavra de Deus, de pregar, de viver. Nos prendemos a rituais que só tornam
esvaziados de misericórdia, de caridade, de amor.
Antes de apontar o
dedo. Antes de acusar. Reflita. Anunciei a Palavra? Vivi a misericórdia?
Caminho com os pecadores para lhes mostrar a possibilidade de um Reino que vai
além das aparências?
Por intercessão de
São Mateus, deixemos de lado a coletoria de impostos, e sigamos Jesus vivendo a
misericórdia.
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