Diácono: Mensageiro da Palavra
“Recebe
o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé
viva o que leres; ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares”.
Com essas palavras, o Bispo entrega ao Diácono o “Livro dos Evangelhos”, logo
após ter sido revestido com os paramentos litúrgicos, no dia de sua ordenação.
Primeiro,
o diácono é chamado a ser mensageiro do Evangelho de Cristo. Mais do que isso,
ele é constituído, investido como mensageiro. Não é um mensageiro qualquer. É
paramentado para isso. Passa ter a autoridade da Igreja, conferida pelo Bispo,
para tornar-se esse mensageiro especial.
O
mensageiro não fala aquilo que quer. Mas anuncia o que foi determinado. A Sagrada
Escritura designou o Arcanjo Gabriel como o mensageiro de Deus. Na cultura
grega, Hermes é o mensageiro dos deuses do Olimpo. E para simbolizar a
agilidade da mensagem, ele é representado com um par de asas em cada pé. As
asas simbolizam a agilidade do anuncio a ser comunicado. O diácono é mensageiro
do evangelho, e como tal, não pode perder tempo em anunciar aquilo para o qual
foi “constituído”.
Em
seguida, é dito que ele deve transformar “em fé viva” aquilo que lê. O
Evangelho de Jesus não é estático. “Ide pelo mundo e pregai o evangelho a toda
criatura”. Não se recebe o evangelho e se guarda para si. Ele precisa ser
anunciado. Anunciado com uma “fé viva”. Com alegria, como diz o Papa Francisco:
“O Evangelho (...) convida insistentemente à alegria. (...) Porque não havemos
de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?” (EG, 5). E ainda, “se alguém
acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o
desejo de comunica-lo aos outros?” (EG, 8).
Em
terceiro lugar, deve ensinar aquilo que crê. Ensinar significa colocar um
sinal. E o sinal é uma marca. E esta marca tem que ser a do Evangelho. Não é um
marca pessoal, mas a marca de Cristo. O Diácono foi marcado por Cristo, e agora
deve marcar os outros, com a Palavra. Deve ensinar aquilo que crê. E no que crê
o Diácono? Deve crer no Evangelho, do qual é mensageiro. Deve crer na Igreja,
da qual é ministro ordenado. Crer é dar atestado de fidelidade, de legalidade.
Crer é não ter dúvidas da pessoa a qual segue, Cristo. Ao crer, o Diácono deve
ensinar.
E por
último, deve “realizar o que ensinares”. Não basta ensinar. É preciso viver
aquilo que ensina. Jesus assim fazia, ele ensina com autoridade (Mt.7,29). É
viver o que se prega. Daí o diácono ser o ministro, também, da caridade.
Os
bispos do Brasil ampliaram a definição de caridade para os Diáconos. No
documento da CNBB, número 96, parágrafo 58, afirmam: “(...) o diácono assume a
opção preferencial pelos pobres, marginalizados e excluídos. Ele é apóstolo da
Caridade com os pobres, envolvido com a conquista de sua dignidade e de seus
direitos econômicos, políticos e sociais. Está próximo da dor do mundo.
Deixa-se tocar e sensibilizar pela miséria e pelas provações da vida”. Em
seguida, ainda no mesmo parágrafo, citando o Documento de Aparecida, parágrafo
402, dizem que o diácono “reveste-se de especial compaixão pelos: migrantes, as
vítimas da violência, os deslocados e refugiados, as vítimas do tráfico de
pessoas e sequestros, os desaparecidos, os enfermos de HIV e de enfermidades
endêmicas, os tóxicos-dependentes, idosos, meninos e meninas que são vítimas da
prostituição, pornografia e violência ou do trabalho infantil, mulheres
maltratadas, vítimas da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas
com capacidades diferentes, grandes grupos de desempregados/as, os excluídos
pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das grandes
cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem terra e os
trabalhadores das minas”.
Assim,
a missão do diácono é muito ampla. Abrange vários espaços. Não fica restrita ao
âmbito paroquial, pois é mensageiro constituído do Evangelho de Cristo. E se é
mensageiro, deve partir em missão, sempre.
E
confirmando essa designação missionária, os bispos do Brasil, no documento 74,
afirmam que “o diácono (...) será discípulo e ouvinte. (...) fará a leitura
meditada e orante da Sagrada Escritura”. E que “a familiaridade com a Palavra
de Deus facilitará o itinerário de conversão (...)” (n. 58). E ainda, que a
missão do diácono é de “comunicador da Palavra”, dando “testemunho de um
ouvinte assíduo e convicto do Evangelho” (n. 59). E sendo um “servidor da
Palavra, (...) anuncia a Palavra de Deus com a autoridade que nasce (...) da
convivência com o Evangelho” (n. 59).
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