Duas procissões. Uma entrava na cidade. Outra, saia da mesma cidade. Isso me lembrou os exercícios espirituais de santo Inácio que fala dos movimentos do espírito na alma humana. A experiência espiritual vive o conflito entre o bom e o mau espírito. Cada um age conforme conforme os objetivos a serem atingidos.
Olhemos as duas procissões. Primeiro, a de Jesus. Segue em direção à cidade (Naim). Junto com ele, uma grande multidão e seus discípulos. Eles seguem a vida. À sua frente, está o autor da vida, Jesus. Aquele que é capaz de nos tirar do isolamento e nos inserir na vida social-religiosa da cidade.
Do outro lado, na porta da cidade, uma outra procissão levava a morte. Um cortejo fúnebre. Sem vida. Diz o evangelista que uma grande multidão acompanha o cortejo. Os dois tem em comum a multidão que acompanha as duas procissões. Eles se encontram. Vida e Morte. Aparentemente, a procissão da vida poderia parar para ver o cortejo de morte passar. É assim que, normalmente, fazemos no dia-a-dia. Paramos para ver o mal passar, sem nada fazer. Escondemo-nos. Alguns até afirmam, "eu não tenho nada a ver com isso".
Entretanto, Jesus nos mostra como deve agir o crente. Ele para. Diante da morte ele sente compaixão, isto é, sofre com aquele/aquela que está vivendo uma situação de morte, desespero, infelicidade.
Diante do caixão e da mãe diz, "não chore"! Eu estou aqui. Eu sou o autor da vida. Não há mais morte. Ele toca no caixão. Os que o levavam, param!
Jesus olha o jovem. Contempla aquela face sem vida. Olha o corpo, mas enxerga a alma. Vê a mãe, sem aquele que poderia ser seu sustento, pois era viúva. Jesus se vê naquela cena. Somente ele e sua mãe (por isso vai deixar João como filho de Maria).
Jesus não pergunta nada. Mira o jovem, e ordena; isso, ordena, "levanta-te!". Então, o morto senta-se e começa a falar. "E Jesus o entregou à sua mãe".
Ao voltar a vida, o jovem começa a falar. Podemos perguntar, o que ele falou? O evangelista não nos conta. Entretanto, podemos imaginar, supor. Morto, voltou à vida. E todo aquele que volta à vida louva o Senhor, pois somente ele pode nos restituir à vida. Quantas pessoas hoje estão mortas? Vivem privadas da graça de Deus. Caminham no pecado. São soberbas, egoístas, falam mal dos outros. Situações de morte na nossa vida.
Após o morto falar, agradecer a Deus, Jesus o restitui à sua família, a sua mãe. Devolve-o ao convívio social, ao convívio da cidade. Aquele procissão de morte insere-se na procissão da vida. Aumenta a multidão dos que estavam seguindo Jesus. Voltam à cidade com a alegria da ressurreição.
Assim, queridos e queridas, Jesus quer restituir-nos à vida perdida pelo pecado. Não deixemos que o pecado tome conta de nossa vida. Nascemos para viver os frutos do espírito, 'amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fé, mansidão e temperança' (Gal.5,22).
Aprendemos hoje que a vida vence a morte. Que depois de sermos restituído à vida, somos entregues mãe, pois ela é aquela que nos orienta e guia. Ensina. Mostra a fé. E essa mãe vai além daquele que nos gerou no corpo. Essa mãe é a Igreja. Depois que Jesus nos resgata do pecado pelo sacramento do Perdão, e nos restitui a vida perdida, ele nos entrega aos cuidados da mãe Igreja.
Somente Deus é fonte de vida. Somente a Igreja é a genitora da vida e a que nos alimenta na fé.
Por isso, rezamos juntos: "Ó Deus, fonte de todo o bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
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