terça-feira, 7 de junho de 2016

"Não chore"!

Duas procissões. Uma entrava na cidade. Outra, saia da mesma cidade. Isso me lembrou os exercícios espirituais de santo Inácio que fala dos movimentos do espírito na alma humana. A experiência espiritual vive o conflito entre o bom e o mau espírito. Cada um age conforme conforme os objetivos a serem atingidos.
Olhemos as duas procissões. Primeiro, a de Jesus. Segue em direção à cidade (Naim). Junto com ele, uma grande multidão e seus discípulos. Eles seguem a vida. À sua frente, está o autor da vida, Jesus. Aquele que é capaz de nos tirar do isolamento e nos inserir na vida social-religiosa da cidade.
Do outro lado, na porta da cidade, uma outra procissão levava a morte. Um cortejo fúnebre. Sem vida. Diz o evangelista que uma grande multidão acompanha o cortejo. Os dois tem em comum a multidão que acompanha as duas procissões. Eles se encontram. Vida e Morte. Aparentemente, a procissão da vida poderia parar para ver o cortejo de morte passar. É assim que, normalmente, fazemos no dia-a-dia. Paramos para ver o mal passar, sem nada fazer. Escondemo-nos. Alguns até afirmam, "eu não tenho nada a ver com isso".
Entretanto, Jesus nos mostra como deve agir o crente. Ele para. Diante da morte ele sente compaixão, isto é, sofre com aquele/aquela que está vivendo uma situação de morte, desespero, infelicidade. 
Diante do caixão e da mãe diz, "não chore"! Eu estou aqui. Eu sou o autor da vida. Não há mais morte. Ele toca no caixão. Os que o levavam, param!
Jesus olha o jovem. Contempla aquela face sem vida. Olha o corpo, mas enxerga a alma. Vê a mãe, sem aquele que poderia ser seu sustento, pois era viúva. Jesus se vê naquela cena. Somente ele e sua mãe (por isso vai deixar João como filho de Maria). 
Jesus não pergunta nada. Mira o jovem, e ordena; isso, ordena, "levanta-te!". Então, o morto senta-se e começa a falar. "E Jesus o entregou à sua mãe". 
Ao voltar a vida, o jovem começa a falar. Podemos perguntar, o que ele falou? O evangelista não nos conta. Entretanto, podemos imaginar, supor. Morto, voltou à vida. E todo aquele que volta à vida louva o Senhor, pois somente ele pode nos restituir à vida. Quantas pessoas hoje estão mortas? Vivem privadas da graça de Deus. Caminham no pecado. São soberbas, egoístas, falam mal dos outros. Situações de morte na nossa vida.
Após o morto falar, agradecer a Deus, Jesus o restitui à sua família, a sua mãe. Devolve-o ao convívio social, ao convívio da cidade. Aquele procissão de morte insere-se na procissão da vida. Aumenta a multidão dos que estavam seguindo Jesus. Voltam à cidade com a alegria da ressurreição.
Assim, queridos e queridas, Jesus quer restituir-nos à vida perdida pelo pecado. Não deixemos que o pecado tome conta de nossa vida. Nascemos para viver os frutos do espírito, 'amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fé, mansidão e temperança' (Gal.5,22).
Aprendemos hoje que a vida vence a morte. Que depois de sermos restituído à vida, somos entregues  mãe, pois ela é aquela que nos orienta e guia. Ensina. Mostra a fé. E essa mãe vai além daquele que nos gerou no corpo. Essa mãe é a Igreja. Depois que Jesus nos resgata do pecado pelo sacramento do Perdão, e nos restitui a vida perdida, ele nos entrega aos cuidados da mãe Igreja.
Somente Deus é fonte de vida. Somente a Igreja é a genitora da vida e a que nos alimenta na fé.
Por isso, rezamos juntos: "Ó Deus, fonte de todo o bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

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