Mataram
o meu menino.
Matar crianças é mais velho do que andar para trás. Estive
pensando o que dizer sobre o episódio do policial que matou um menino de 10 anos
com um tiro na cabeça. No jargão policial, isso se chama “queima de arquivo”,
ou então, “execução sumária”.
A cabeça, logo depois de coração, é o órgão responsável por
comandar todo o corpo. É a sede da razão. Lugar onde se concebe todas as ações
humanas. Alguns santos falam em “sede da vontade”. A vontade precede toda ação
humana. Antes de agir, o ser humano concebe sua ação no cérebro, que está na
cabeça (desculpem-me).
Mataram o meu menino. Quando o Estado executa uma criança, e
o policial representa o Estado de Direito Democrático, ele nos fala o seguinte:
“existem crianças que não deveriam existir”.
Entretanto, Jesus nos falou bem claro, “deixem as crianças virem a mim”.
Essa criança não teve a oportunidade de ir até Jesus. O estado não permitiu.
Aliás, foi o Estado quem matou Jesus também. Uma sociedade que vai eliminando
Deus de seu meio torna-se uma sociedade morta. Uma sociedade que mata seus
filhos e filhas. Sodoma e Gomorra foram exemplos disso.
“Deixem as crianças virem a mim”. O meu menino não pode, nem
teve a oportunidade de ir até Jesus. O Estado não deixou. Ele foi morto. Com um
tiro na cabeça. Ele foi impedido de mudar de vida. Mas uma certeza eu tenho, o “Reino
de Deus pertence a eles (crianças)”.
“Eu garanto a vocês, quem não receber o Reino de Deus como
uma criança, não entrará nele” (Mc. 10,15). Segundo o evangelista, o caminho
para o Reino de Deus passa para ser criança. Mas ao invés de acharmos que Jesus
falava de pureza, estamos equivocados. A criança, em seu tempo, ocupava um
lugar de desprezo. Era a última para tudo. Até o 13 anos ficava com as mulheres no lugar a parte na
sinagoga; eram as últimas a fazerem a refeição; não tinham direitos. Por isso,
a frase de Jesus impactou seus ouvintes.
Mataram o meu menino. Uma sociedade que mata pelo aborto,
mata pela arma. Uma sociedade que aplaude o assassinato é uma sociedade doente.
A vida deve ser preservada sempre. Por isso, sou contra a pena de morte. Os
governos não tem direito de tirar a vida de ninguém, somente Deus ( é claro que
isso é para os crentes). Nenhuma violência deve ser combatida com violência. “Guarde
a espada na bainha. Pois todos que usam da espada, pela espada morrerão” (Mt.
26,52).
Mataram o meu menino. Sabe por quê? Porque mataram Deus em
seus corações. Pregaram na cruz o próprio Deus, autor da vida. Tiraram de suas
vidas Deus, pois queriam o seu lugar. A serpente disse aos primeiro pais que se
infringissem a regra de não comer do
fruto da árvore do meio do jardim, eles se tornariam como deuses: “e vocês se
tornarão como deuses, conhecedores do bem e do mal”.
Mataram o meu menino. Mas somos cristãos. Seguimos os
valores e ensinamento de Jesus Cristo. Enquanto Igreja não posso admitir que
matem nossas crianças. Pois meu mestre disse: “eu vim para que todos tenham
vida, e a tenham em abundância”. Aquele menino (meu menino) deu a vida para que
pudéssemos refletir sobre a vida. Deus á autor da vida. Somente ele pode tirar
a vida. Quem não sabe acolher e valorizar a vida, não deve servir ao Estado,
nem a sociedade, quanto mais com uma arma na mão.
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