Certa vez ouvi essa frase: "A Igreja é o que ela celebra!" Achei interessante. A pessoa que a citou falava sobre a Constituição Dogmática do Sacrosanctum Concilium, do Vaticano II, que versa sobre a reforma da Sagrada Liturgia.
O professor dizia que o Concílio teve que, primeiro, falar sobre Liturgia, pois tudo deriva daquilo que nos coloca diante do mistério divino: a Celebração Litúrgica.
Entretanto, quando falamos de Celebração Litúrgica, ficamos presos apenas a celebração da santa Missa. Mas existe uma riqueza celebrativa na Igreja muito profunda. Claro que é da Celebração da Missa que deriva todo o processo celebrativo. Portanto, ela se torna fonte e ápice de tudo o que faz da Igreja ser missionária e anunciadora do evangelho.
O Concílio abriu algumas portas. A Missa não mais celebrada de costas. A utilização da língua vernácula. A riqueza das leituras bíblicas. A atualização do calendário litúrgico. A introdução de determinadas festas. A maior participação dos fiéis leigos na Santa Missa. A forma de decorar a Igreja. A sobriedade nas celebrações. A retirada daquilo que tornou-se excesso nas celebrações, tornando-as mais propícias para o nosso tempo.
Isso gerou muita confusão. Muitas pessoas, alguns do clero, acharam que tudo havia sido mudado. Que não se deveria ter mais a chamada devoção. A piedade. A contrição diante do mistério celebrado. Isso mesmo, mistério. É um mistério um Deus que se faz homem. É um mistério um Deus que se dá em alimento. É um mistério um Deus que vem resgatar a sua criação.
A introdução de músicas. As repostas dadas pelo povo durante a celebração. As posturas corporais. O silêncio. São ações que devem ser estudadas, refletidas, oradas para que não se cometa excessos.
Vou destacar apenas uma dessas questões, que sinto falta nos dias atuais: o SILÊNCIO.
Muitas de nossas celebrações, com raríssimas exceções, são muito barulhentas. Principalmente, no que ser refere às músicas. Devemos ter a consciência de que não estamos num show, nem fazendo um show. O animador vocal é um instrumento de Deus. A música não é apêndice. Ela deve ajudar ao fiel refletir sobre o Mistério celebrado. Deve está em consonância com a liturgia do dia. Levar a todos e a todas ao encontro pessoal com Jesus. E para isso, o critério para a escolha da música não deve ser se é bonita, seu eu gosto, se eu sei tocar e cantar. Caso a equipe de canto não conheça a letra e a melodia, procure os meios para tal. Em nossos dias, a internet é uma excelente biblioteca fonográfica. O excesso de música não favorece ao SILÊNCIO.
E porque o SILÊNCIO é importante? Ele nos faz entrar em sintonia com a Palavra de Deus, com o Corpo de Deus - que comungamos. Com as necessidades pessoais e do próximo, do irmão, do outro.
Em alguns momentos devemos fazer silêncio: logo após o sacerdote dizer, Oremos. Após a homilia. Após a comunhão.
Algumas comunidades inventaram música na ação de graças. Outras introduziram danças. E há aquelas onde se faz oração de louvor. Não. Desculpe-me. Mas não é o momento para isso. A ação de graças é o momento único, pessoal. É entre você, comungante. e Deus. Após a Comunhão deve-se cessar toda forma de barulho, de ruído, de interferência nesta comunicação.
Na Liturgia das Horas, existe um apêndice que se chama Ação de Graças após a Missa. São várias orações para serem recitadas pelo fiel, em SILÊNCIO. No coração. Após a comunhão deveríamos pensar como os discípulos de Emaús: "Não ardia o nosso coração enquanto ele falava?"
Irmãs e irmãos. Se você chegou até aqui, parabéns. Repense os barulhos que você está fazendo na missa. Deixe o silêncio cantar.
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