segunda-feira, 8 de abril de 2013

"...Soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo...!"

Queridas amigas e amigos,
Por algum tempo estive num retiro. Retiro pessoal. Na vida cotidiana. Alimentando-me com a Palavra de Deus. Deixando o Senhor agir em minha vida. Meu tempo ficou escasso para partilhar com vocês as maravilhas que Deus foi operando. Mas agora, nesta segunda semana da Páscoa, registro minha oração do evangelho de João 20,19-31.
O segundo Domingo da Páscoa é chamado de Domingo da Misericórdia. Este é um dos ministérios de Deus. Ser misericordioso. Mas devemos ter cuidado, Deus é misericordioso com aqueles que aceitam a misericórdia. Ele sempre está disposto a ser misericordioso conosco. Desde que assim queiramos. Ele mostra a sua vontade. Deus nos chama a estarmos ao seu lado. Deus está disposto a nos perdoar. A agir com misericórdia.
Vamos ao texto.
Inicialmente, Jesus entra no lugar onde estavam os apóstolos. Interessante notar que tinham medo dos judeus, por isso mantinham as portas trancadas. Reflitamos: quantas vezes fechamos as portas de nossa coração para a presença de Jesus? Quantas vezes, depois de vivermos uma vida de fé, de Igreja, nos fechamos na nossa preguiça pastoral? Vamos nos acostumando com o dia-a-dia, rotina, e isso nos fecha ao novo que pode surgir?
Mas Jesus restaura todas as coisas. Faz novo aquilo que está ficando carcomido pelo tempo. Nestas horas ele entra. "Invade". Ele vem ao nosso encontro sem pedir licença. Quer que mudemos de vida. Por isso, nos diz: "A paz esteja convosco". Paz. Shalom. سلام (árabe). A paz é um desejo contido no coração da humanidade. Esta paz foi perdida quando Adão e Eva romperam com a graça de Deus e tiveram que sair do paraíso. Paz é um estado de espírito. Paz é estar junto de Deus. Paz é fazer a vontade de Deus. Mesmo diante da dor e do sofrimento, podemos estar em paz: "...mostrou-lhes as mãos e o lado". Passando pelo sofrimento da Paixão e da cruz, Jesus não apagou as marcas, ele dá a paz. Saber tirar da dor e do sofrimento a paz que vem de Deus. Jesus não escondeu as marcas da dor. Mas delas tirou a paz.
Observemos que ele deseja a paz duas vezes. Mas na segunda vez, a paz vem seguida de um envio em missão. Aquele que experimenta a paz de Deus deve anunciar o evangelho. Deve viver conforme o evangelho. Disse Jesus: "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio". A missão não será fácil. Será preciso passar pela cruz. Ter as marcas daquele que é contrário à vontade de Deus. O missionário deve ter consciência que passará pelas mesmas dificuldades no mestre. O Pai enviou Jesus. Este nos envia.
A missão é confirmada pelo Espírito Santo. Os apóstolos recebem o envio. Lembremos do batismo de Jesus, o Espírito Santo desceu sobre ele em forma de pomba. A partir do Batismo, é o Espírito Santo que nos impulsiona para a missão. Ele passa ser o nosso guia.
Aqui entra um detalhe. É o Espírito Santo quem age no perdão. Na Misericórdia divina. Esta parte do texto é, muitas vezes, utilizada para apresentarmos o sacramento da Penitência. Quero pedir licença os meus leitores para fazer uma outra consideração. Jesus diz: "A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados; a quem não os perdoardes eles lhes serão retidos". Esta frase não pode ser lida fora do contexto da oração do Pai Nosso: "... perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". É interessante observar que o perdão é uma relação recíproca. Ela é uma vida de mão dupla. Se quero a misericórdia de Deus, devo perdoar o meu irmão também. Se tenho a faculdade de pedir perdão, tenho a obrigação de dar este perdão. Do que adiante termos um dia no ano em que meditamos sobre a misericórdia se não damos essa misericórdia aos outros? Se não somos missionários, evangelizadores dessa misericórdia?
Portanto, irmãs e irmãos, se queremos misericórdia, devemos ser misericordiosos. Se queremos o perdão, devemos dar o perdão. Se queremos a paz, devemos aceitar as cruzes, e as marcas que elas provocam, no dia-a-dia.
O Evangelho deste domingo tem duas partes. A primeira, a que acabamos de refletir. E a segunda, em relação a história de Tomé. Mas isto ficará para outra oportunidade. Deixo-vos com a meditação da misericórdia e da missão.
Oremos: "Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém!"

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