Hoje o que me chamou a atenção foi a segunda leitura de nossa liturgia, At 8,1-8. Em especial o versículo que dá o título de nossa postagem, que aqui o coloco completo: "E todos, com exceção dos apóstolos, se dispersaram pelas regiões da Judeia e Samaria" (At 8,1b).
A Igreja se dispersou após o martírio de Estêvão, diácono. O martírio dele faz aumentar a perseguição aos seguidores de Jesus.
Os seguidores de Jesus sepultaram Estêvão e "observaram grande luto por causa dele" (At 8,2). É a primeira experiência de morte, após Jesus, de alguém que vive para anunciar o Reino de Deus entre a comunidade. Até esse momento, a comunidade cristã de Jerusalém só havia passado pelos sofrimentos físicos, e não pela morte. Com certeza, muitos daqueles primeiros cristãos ficaram a pensar se era necessário passar pela morte para anunciar e viver a fé em Jesus Cristo.
Em rápida pesquisa feita pela internet, observei que algumas pessoas dizem que os setes diáconos estavam entre os 72 discípulos narrados por Lucas (Lc. 10,1-9). Isto significa dizer que já conheciam Jesus e os apóstolos. Passaram pelo sofrimento da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Poderiam fazer parte do grupo das 500 pessoas que viram Jesus ressurreto (I Cor. 15,6).
O que nos importam é que, a partir do martírio de Estêvão, a Igreja vai para a dispersão.
Após o martírio e sepultamento de Estêvão, Felipe parte para uma região da Samaria. Veja que interessante. No mesmo livro dos Atos dos Apóstolos, ouvimos Jesus dizer: "Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia, na Samaria e até os confins do mundo" (At 1,8). Felipe parte para a Samaria sob inspiração do Espírito Santo que havia recebido das mãos dos apóstolos quando fora "ordenado" diácono. Felipe não parte por vontade própria, mas é impelido pelo Espírito Santo. Não somente as circunstâncias de perseguição em Jerusalém. Mas movido pelo Espírito Santo. o texto nos diz que os apóstolos ficaram em Jerusalém. O natural seria que os diáconos fizessem o mesmo. Mas não é o que lemos. o texto não nos fala, mas podemos crer que os apóstolos determinaram, sob ação do Espírito Santo, que os diáconos acompanhassem os dispersos. Assim, teriam a garantia da continuidade da pregação e da ação da Igreja em outras terras.
Irmãs e irmãos, hoje escrevo isso pois devemos valorizar nossas diáconos. Eles hoje estão em várias diásporas (dispersão). Inseridos em realidades que os Bispos e Sacerdotes não se encontram diariamente. Foram ordenados para o serviço da Caridade, da Palavra e da Liturgia. Os diáconos são colaboradores dos Bispos (sucessores dos apóstolos), em comunhão com os presbíteros, em manter a Palavra de Deus viva e eficaz no coração da Comunidade, esteja onde ela estiver. Viva da forma que viver.
Tendo a Palavra de Deus como orientadora, e ouvindo as diretrizes do Magistério da Igreja, vão ao encontro dos sofredores: encarcerados, doentes, famintos, prostituídos, sedentos, enlutados. Estão dispersos em todas as situações da vida humana que exige uma presença real de Cristo pela sua Igreja.
Se você tem um diácono em sua paróquia de forma permanente, ore por ele. Ouça o que ele diz. Não se furte em agradecer esta graça que sua comunidade recebeu de Deus.
Na Vª Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, realizado no Brasil em 2007, lemos: Os diáconos "são ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia, especialmente para os sacramentos do Batismo e do Matrimônio; também para acompanhar a formação de novas comunidades comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja" (205). E conclui a parte em que fala dos diáconos, dizendo: "A V Conferência espera dos diáconos um testemunho evangélico e impulso missionário para que sejam apóstolos em suas famílias, em seus trabalhos, em suas comunidades e nas novas fronteiras de missão" (208).
Oremos: "Deus e Pai nosso, fortalecei com a graça do Espírito Santo os diáconos da vossa Igreja, para que desempenhem com alegria, fidelidade e em espírito de comunidade eclesial, o seu ministério de diáconos, seguindo os passos de vosso Filho, Jesus Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos". Nós vos pedimos pelas famílias dos diáconos casados: que sejam autênticas igrejas domésticas, segundo o exemplo da Sagrada Família de Nazaré, e delas surjam vocações sacerdotais e religiosas. Virgem Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, rogai pelos ministros do Senhor! São Lourenço, diácono e mártir, rogai pelos diáconos, servos do Povo de Deus! Amém!"
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