Hoje, dia 29/08/2012, quarta-feira, fazemos memória ao
martírio de São João Batista. É uma oportunidade para refletirmos sobre os
nossos sofrimentos diários e a chamada teologia do “pare de sofrer”.
Em nenhum lugar dos evangelhos vemos Jesus falar em não
sofrimento. A todo momento,ele nos alerta sobre as forças do mal que agem sobre
aqueles que abraçam a fé no Filho de Deus.
João Batista é um destes exemplos. Primo de Jesus,
conhecia-o bem. Já deste o ventre materno reconheceu a divindade daquele que,
após a cruz, ressuscitaria. Ao relermos o relato da visita de Maria a sua prima
Isabel, contemplamos: “donde me vem a graça da mãe do meu senhor me visitar;
pois assim que a saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu em meu
ventre”. Esta passagem está relacionada com a de Jeremias: “antes que te
formastes dentro do seio de tua mãe, eu te conhecia e te consagrei para levar a
boa nova diante das nações”. Reconhecer a divindade de Jesus é ser profeta.
João Batista sabia de sua responsabilidade como profeta que
aponta o Cordeiro de Deus. João Batista sabia das implicações que isso levaria.
Ela sabia que o profeta denuncia aquilo que vai contra as leis e determinações
de Deus. João Batista não temeu enfrentar o poder constituído para anunciar a
Verdade. Obedeceu antes a Deus, que aos homens. Qualquer um de falaria de
prudência. Cautela. Não fale tanto assim.
João Batista assumiu a função de profeta. De evangelizador,
como dizemos hoje.
João foi preso. Em quantas prisões vivemos hoje: o medo, a
doença, as convenções sociais, o “não pode”, torturas psicológicas. Prisões que
nos calam. Que nos paralisam. João não temeu. Mesmo acorrentado, continuou a
anunciar e denunciar aquilo que estava errado na vida de Herodes.
Herodes era um homem, até certo ponto, dividido entre
aceitar a verdade, e viver longe de Deus. Respeitava João Batista. Sabia que
ele era um profeta. Um homem de Deus. Homem que queria sua libertação também.
Por isso denunciava o pecado no qual ele vivia.
Entretanto, uma pessoa se colocava entre os dois:
Herodíades. A ganância. A inveja. O desejo de poder e de riqueza. Isso
representa Herodíades. Poderíamos crer que essa pessoa foi o fator decisivo para
a tentativa de eliminar João Batista. Digo tentativa, pois a morte de João não
foi o fim do profetismo. Sua morte foi necessária para que Jesus pudesse
aparecer: “é preciso que eu diminua, para que ele cresça”. João é o último dos
profetas do Antigo Testamento. Ele é aquele que aponta Jesus como o salvador. Vê
a concretização das promessas messiânicas.
Hoje somos chamados a meditar sobre as nossas prisões e
sobre o que fazemos para delas nos libertarmos. Às vezes, é necessário a morte.
Matar vícios, pecados, preconceitos. Libertar-se de prisões. Libertar-nos
daquilo que faz da nossa vida desejos que nos levam a pedira a morte do outro.
Irmãs e irmãos, aprendamos a ser firmes até o fim de nossa
existência. Não temamos a prisão dos poderosos deste mundo. Temamos, sim, o
silêncio que nos paralisa diante das injustiças que vemos. Herodíades passou.
João permaneceu. Sua morte é para nós a manifestação gloriosa de Deus, pois se
ele ao morresse por Jesus, o Cristo não poderia aparecer no meio de nós, e João
Batista não teria cumprido a sua missão.