segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Senhor, que eu veja de novo

Segunda-feira da XXXIII semana do Tempo Comum.
A liturgia de hoje quer nos recolocar no caminho de Jesus. No caminho de Deus.
O Evangelho nos apresenta o episódio do cego de Jericó. Alguns detalhes desse texto devem ser apresentados: 1) Jesus se aproxima de uma cidade: Jericó. 2) Existe uma caminho, uma estrada. 3) Uma multidão segue Jesus. 4) O cego quer saber o que está acontecendo. 5) A multidão fala que é Jesus nazareno. 6) O cego começa a GRITAR por Jesus, pedindo que tenha compaixão dele.
Jesus está a caminho. É a primeira lição deixada por Jesus: devemos ser missionários, andar pelos lugares, pelas cidades. Não ficar parado. Não enterrar o talento (evangelho de ontem). Ir ao encontro. Ao encontro dos que sofrem. Ao encontro daqueles que buscam compaixão.
Jesus passa por um caminho. E um caminho tem dois lados: a passagem principal e a margem. Jesus anda no caminho principal, aquele que sofre se encontra na margem. Alguma coisa em sua vida o levou para a margem. Ele não caminha mais na estrada principal. Está à margem. Excluído. Não pertence mais a comunidade. Ficou de fora. Mendigando.
Uma multidão segue Jesus, isto é, tentam esconder Jesus. A multidão não se preocupa com aqueles que estão à margem. A multidão, que pode caminhar, impede que outros façam o encontro com Jesus. A multidão é cega. Não entende que outros querem ver também. A multidão cega os outros, ou os mantêm cegos.
O cego percebe que alguma coisa diferente está acontecendo. Nunca tanta gente (multidão) passara por aquele caminho. Algo de novo está acontecendo, pois uma multidão não se reuni por nada.
Ao saber que é Jesus nazareno que está passando, o cego grita. Mas o que motivou esse grito do cego? Provavelmente, ele já teria ouvido as ações de Jesus: multiplicação dos pães, curas, conversões, transformação de água em vinho, dentro outros. O cego sabia que essa era sua chance. Sua oportunidade única. Caso contrário, continuaria cego.
Ao saber que é Jesus, o cego grita. Usa a força dos pulmões para chamar atenção de Jesus. O cego não pede dinheiro. Pede que Jesus tenha piedade dele. A multidão manda o cego se calar. A multidão não entende que Jesus veio para essas pessoas. O cego era considerado um ser impuro. Jesus não poderia se aproximar dele. A multidão quer manter o cego afastado de Jesus. Mas o cego é persistente. Ele sabe que poderá encontrar em Jesus a solução de seu problema.
Jesus manda o cego se aproximar. Ele vem. Uma situação inusitada acontece: Jesus pergunta o que ele quer. Mas a pergunta tem sentido: o cego tinha duas possibilidades, podia pedir dinheiro, o a recuperação da vista; a final de contas quem estava diante dele era aquele que fizera muitos milagres.
O cego dá uma resposta inusitada: “... eu quero enxergar de novo”. Inusitada, pois há uma palavra que nos dá um novo sentido a essa passagem: “de novo”. Isso significa que o cego, em algum momento de sua vida, havia enxergado. E que perdera a visão.
Ao pedir para recobrir a vista, Jesus atende o seu pedido. Mas acrescenta que “a tua fé te salvou”. Isso significa que o cego foi além do meramente material de Jesus. Jesus não é aquele que somente nos faz rever a situação social. Jesus reinsere no convívio social aquele que não enxergava. Além disso, ao reconhecer Jesus como filho de Davi, ele dá a Jesus o seu título divino, e reconhecer a divindade de Jesus é inserir-se no grupo dos que são salvo eternamente. Por isso a “tua fé te salvou”.
A partir desse momento, o cego começou a seguir Jesus e glorificar a Deus. A cura do cego fez a multidão se converter: “todo o povo deu louvores a Deus”. A partir do cego, a multidão também recuperou a vista.
Quantos milagres Jesus operou na cura de uma só pessoa. Quantos milagres ele faz hoje quando um irmão ou uma irmã uma de vida. Ao invés de desconfiarmos devemos nos converter também. Pessoas que tinham uma vida de pecado, e agora agem de forma caridosa. Pessoas que não pagavam o salário justo aos seus empregados, e agora dividem o lucro de suas empresas. Pessoas que maltratavam seus empregados domésticos, e agora o percebem como filho(a) de Deus. Quantos não davam esmolas, achando que aquele que pedia era um malandro (quem somos nós para julgar).
Portanto, irmãos e irmãs, peçamos a Deus que nos cure de nossa cegueira espiritual e material.
Deus abençoe a todos e a todas

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