Brasil, Rio de Janeiro, ano do coronavirus, 2020, mês de abril, dia 12, Páscoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
Encerramos, na noite de ontem, o Tríduo Pascal. Passamos três dias pensando no processo de entrega de Jesus. De sua condenação. De sua morte. De sua ressurreição.
Na Quinta-feira Santa, contemplávamos a cena do Lava-pés. Jesus, antes de se por à mesa para a ceia, ajoelhou-se aos pés dos apóstolos, e disse que se ele lavou os pés de cada um deles, eles deveriam fazer o mesmo uns com os outros. Para o evangelista João, eucaristia é serviço, é ministério, é diaconato, não sacerdócio.
Na Sexta-feira Santa, meditamos sobre o processo que Jesus sofreu. Sua entrega, sua prisão, sua condenação, sua tortura, a cruz (instrumento de morte). No evangelho deste dia, Jesus se deu livremente. Altivo, afirma, "Sou Eu". Esse é o nome que Deus se dá. Quando Moisés diz, qual o seu nome? Ele disse, "Eu sou".
Os guardas, e todo o povo se ajoelham diante daquele que seria preso. Jesus permanece de pé. No evangelho de João, ele é proclamado rei.
No Sábado Santo, o senhor volta à vida. Ressuscita! Deixa o sepulcro vazio. Nada pode prendê-lo. Mas, aqui, aparece um pequeno detalhe, Jesus indica que seus apóstolos devem encontrá-lo na Galileia. E perguntamos, o que é a Galileia? Só um lugar? Só uma região? Não. A Galileia é o lugar do encontro com Jesus. A Galileia, dos pagãos, dos excluídos, das "sobras" do mundo, é o lugar onde tudo começou. E se tudo começou na Galileia, lá deve ser o lugar do encontro com o Ressuscitado. Não em Jerusalém, no centro do poder religioso e político. É na Galileia que todos vão se reunir.
Então, surge a pergunta, onde é a minha Galileia? Onde fiz meu encontro com Jesus? Onde devo voltar para ver o Ressuscitado?
Hoje, Domingo de Páscoa. Três personagens vão dar testemunho dessa ressurreição, Maria Madalena, João e Pedro. Nessa ordem mesmo. Maria Madalena, cumprindo o precito religioso, vai ao túmulo para perfumar o corpo de Jesus. Mas, encontra o túmulo aberto e vazio. Não se atreve entrar. Vai ao encontro dos apóstolos e diz o que ela viu. Aquele que era o discípulo amado corre mais rápido. Não poque era jovem, mas poque amava muito o Senhor. E atrás, vem Pedro, aquele que negara Jesus. Aquele sobre o qual a Igreja de Jesus deveria ser edificada. Aquele que disse que morreria com Jesus, que nunca o negaria.
Aqui falo do amor. Três níveis de amar. O de Maria Madalena a impele de ir ao túmulo, de madrugada, sozinha, sem saber quem a poderia ajudar. Depois, João, que corre muito. Corre porque amava tanto que queria entender o que acontecera. E por último Pedro. Este só após a aparição de Jesus vai confirmar seu amor pelo mestre.
Interessante notar que o autor do evangelho, que se identifica como "o outro discípulo", diz que "ele viu e acreditou". O outro discípulo crê na ressurreição. Acredita que Jesus esteja verdadeiramente vivo, apesar de ainda ser um mistério.
Celebramos a páscoa. Em nossa temporalidade, não atingimos a real situação da história. Não conseguimos compreender aquela experiência de ressurreição. Depois de tanta carnificina, como alguém poderia retornar a vida. Somente quem ama, e ama muito, pode crer na Ressurreição.
A chave para compreender a Ressurreição, e acreditar que Jesus vive, é o Amor. Quem ama vai ao encontro. Quem ama anuncia. Quem ama vai além das aparências.
Sejamos portadores do amor de Deus pela humanidade. Sejamos anunciadores que o amor ressurgiu em nosso meio. Sejamos mensageiros de que, se Cristo Ressuscitou, e vive no nosso meio, o amor voltou à vida, e disso nós somos testemunhas.
Feliz Páscoa. Feliz dia do amor.
(FiqueEmCasa. Tudo vai passar. Confia!).
Excelente reflexão, com caracteristicamente são as suas. Trazendo-nos a Boa Nova vívida, muito bem contextualizada.
ResponderExcluirParabéns!!!