sábado, 18 de abril de 2020

'Meu Senhor e meu Deus!'

Tomé, o Apóstolo – Wikipédia, a enciclopédia livre


Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-31



19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco'.

20Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

21Novamente, Jesus disse: 'A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio'.

22E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo.

23A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos'.

24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio.

25Os outros discípulos contaram-lhe depois: 'Vimos o Senhor!'. Mas Tomé disse-lhes: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei'.

26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: 'A paz esteja convosco'.

27Depois disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'.

28Tomé respondeu: 'Meu Senhor e meu Deus!'

29Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'

30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos,
que não estão escritos neste livro.

31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.


Palavra da Salvação.

Meditação

Inciamos a segunda semana do período pascal. Continuamos meditando os textos da aparição de Jesus após sua ressurreição. Hoje, temos a narrativa da incredulidade de Tomé, ou crer naquilo que se pode provar, ou acreditar no testemunho da comunidade.

O texto pode ser dividido em três partes distintas. Isso nos ajuda na compreensão e meditação. Além disso, Jesus deseja a paz a seus discípulo três vezes, em momento e situações diferente. Vamos falar sobre cada uma delas. Mostra as marcas da tortura para provar que é ele mesmo. A ressurreição não muda as marcas da dor. A ressurreição dá um novo sentido ao sofrimento.
Em seguida, faz o envio. Sopra o Espírito Santo. E este é a fonte do perdão e da misericórdia. É o Espírito Santo que anima os discípulos a perdoarem aqueles que os ofenderem. 
E por último, a já conhecida história de Tomé, sua profissão de fé, e a bem aventurança para os que vão crer sem terem visto.

Então, iniciamos com o "Anoitecer". Inicia-se a semana. Após o Sábado, o primeiro dia da semana judaica. É o início da noite. Os discípulos estão trancados em casa, ainda temerosos com os acontecimentos. Tudo está recentíssimo. Eles temem serem perseguidos. Muitas vezes, somos assim. Quando começamos nosso processo de conversão temos medo do que vão dizer de nós. Qual vai ser a reação das pessoas. 

Para Jesus não existem barreiras. Ele entra, mesmo com a porta fechada. Coloca-se no meio dos discípulos. Diz, "A paz esteja convosco"! Jesus, ressurreto, tem o poder de adentrar a nossa casa, de adentrar ao nosso coração. De tirar o medo e o receio, e nos dá a Paz. É lugar comum dizer que a paz é fruto da ressurreição. E é mesmo. Mas, a paz é fruto da justiça. E a justiça, neste caso, se deu na ressurreição, pois Deus cumpriu a promessa, e isso é justiça.

Jesus deseja a paz, e mostra as marcas da tortura que sofreu. A ressurreição não apaga as marcas da dor, a ressurreição dá novo significado a dor. Quando saímos das nossas situações dolorosas da nossa vida, as marcas ficam, o que muda é a nova significação que damos, porque Jesus mudou a nossa vida.

Ao verem os sinais no corpo, eles se alegram. Reconhecem o Senhor. E Jesus dá a paz novamente. Uma nova paz. Uma paz que vem do Espírito Santo. Uma paz que envia em missão. Uma paz que faz com que abramos as portas e saiamos para anunciar que Jesus vive.

Jesus sopra seus discípulos. Lhes envia o Espírito Santo. Recria a nova humanidade. O mesmo sopro que deu vida a humanidade no Gênesis, agora dá vida ao novo jeito de ser. Dá vida a nova humanidade. Dá vida aos que serão testemunhas da presença amorosa de Deus no meio de nós. O Espírito Santo é aquele que nos ajuda a viver a misericórdia divina. Lembremos do Pai Nosso, "perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

João toma cuidado de dizer que Tomé não estava junto com eles. Isso introduz a história da experiência comprovada. Outro detalhe, o evangelista diz que oito dias após o fato, Tomé estava junto, e Jesus reaparece.
Os discípulos dizem que o Senhor está vivo. E Tomé não acredita. Se não fizer a experiência de ver, não acreditará. Tomé, mal comparando, é o racional que precisa ter comprovação empírica. Precisa ter provas concretas, por isso diz que se não colocar as mãos no lado, e ver as marcas dos pregos, não acreditará. Tomé coloca em questão o que lhe disseram.

Então, Jesus reaparece. Deseja a paz, ou seja, acalma os corações. E diz a Tomé que faça como ele quer. E oferece o lado e mostra as mãos. Tomé, fazendo a experiência, declara, "meu Senhor e meu Deus". ele crê por que viu. Jesus então afirma, "porque vistes, crestes. Bem aventurados os que crerem sem terem visto". Crer no testemunho da comunidade é importante. Era preciso dizer a comunidade joanina que aquilo que eles diziam era verdade. E por isso, João afirma que muitos outras coisas Jesus fez. Mas estas foram escritas para para que creiamos que Jesus é o Filho de Deus. E que, crendo nestas palavras, tenhamos a vida em nós. A vida nova que brota da ressurreição. A vida nova que brota do testemunho. A vida nova que brota do amor. A vida nova que brota da paz. A vida nova que se faz pelo Espírito Santo. 

Sejamos profetas da vida nova que brota do Espírito Santo dado por Jesus. 

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