O evangelho de deste domingo, 22/10/2017, trata de quem vamos
servir. A leitura desse texto me fez pensar em outra frase de Jesus, também do
Evangelho de Mateus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a
um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem
servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6,24).
Muitas pessoas entendem de foram equivocada essas duas
passagens. Partilho com vocês meu entendimento.
Primeiramente, os fariseus, os herodianos, e toda a cúpula do
poder instituído, fosse ele civil (Rei), ou religioso (fariseus) queriam
arrumar um pretexto para ele fosse preso.
Como não conseguiram que ele caísse pelas leis religiosas,
tentaram pela vertente política, queriam que Jesus denunciasse a exploração do
governo romano sobre Jerusalém.
Caso Jesus disse que não se deveria dar à Roma o que lhe era
devido, ele seria acusado de subversão. Caso ele mandasse pagar a taxa imposta
por Roma, ele estria ao lado dos que oprimiam (e oprimem) o povo mais pobre.
Uma tentativa e tanto. Dir-se-ia no jogo de bilhar, “uma sinuca
de bico”.
O evangelista diz que Jesus conhecia o pensamento deles. Sabia
que o queriam pegar numa armadilha. Aqui um parênteses. Se observarmos nossas
palavras e atitudes hoje, veremos que fazemos as mesmas coisas. Em muitos
grupos religiosos que se sentem contrariados em suas vontades, logo ouvimos
dizer: “lá vem ele querendo mudar tudo”! Pessoas assim não são abertas à graça
de Deus. Não compreendem de que Deus permite mudanças, desde que seja para o
bem.
Diante daquela situação, Jesus então, conhecedor da moeda que era
pago imposto, pergunta, “de quem é a figura e a inscrição nesta moeda”? Ouve a
resposta: “De César”. Quer dizer, de Roma. Do poder opressor. Daquele que nos
permite viver nossa religião, se continuarmos a pagar o imposto.
Na vida temos duas atitudes distintas: ou servimos a Deus, ou nos
sujeitamos às leis de morte e pecado do poder constituído. A quem Jesus servia?
Era a hora de mostrar que ele vinha de Deus. Era hora de mostrar a quem a
humanidade pertence. Era hora dizer que somos de Deus, pois somos sua imagem e
semelhança.
O que fazer, então? Vejam a saída fantástica. Devemos dar a Deus
o que lhe pertence, a nossa vida por inteiro. O nosso coração. Viver as
bem-aventuranças. As nossas forças. A nossa vontade (ou vontades). A nossa
liberdade. A nossa memória. Nossa vida pertence a Deus. E a ele devemos
restituir tudo. Tudo o que for de Deus, a Deus deve ser devolvido.
E o que temos que dar a César? Apenas uma moeda com uma figura
impressa e algumas palavras. César não é nada diante de Deus. Um Deus que tirou
o povo do Egito. Um Deus que conduziu o povo pelo deserto. Um Deus que
alimentou esse povo. Um Deus que deu água para beber. Um Deus que caminhava ao
lado do povo na Arca da Aliança. Deus caminha junto. César oprime o povo. Deus
liberta. César escraviza. Deus ama. Cesar rouba. Em uma breve frase, Jesus
desconcertou aqueles que o queriam lhe acusar de alguma coisa. E o pior de
tudo, eram judeus tal como Jesus.
Abramos bem nossos ouvidos para a leitura de hoje. A quem
estamos servindo, aos poderes desse mundo (que oprime, mata, sufoca, rouba), ou
a Deus (que liberta, que abre os olhos e ouvidos, que faz coxos andarem, que
quer instaurar uma mundo de paz)?
Sejamos honestos a nós mesmos, a quem estamos servindo, a César
ou a Deus? Lembrando que servir a César e deixar que todo nosso egoísmo, prepotência,
arrogância aflorem em nós. E seguir a Deus é deixar que os frutos do espírito
aflorem em nós: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade,
mansidão, domínio próprio” (Gal 6,22). E ainda, “os que pertencem a Jesus
Cristo crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos. Se vivemos pelo
Espírito, procedamos de acordo com o Espírito. Não busquemos vanglória,
provocando-nos ou invejando-nos uns aos outros” (Gal. 6,24-26).
Deus vos abençoe.
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