domingo, 20 de agosto de 2017

“Tirar de si todas as afeições desordenadas”

Durante seu processo de conversão, Inácio de Loyola descobriu a presença de Deus em sua vida. Então, ele começou a procurar como fazer a vontade de Deus. Em seus Exercícios Espirituais, ele pergunta: “O que fiz, o que faço, o que farei por Cristo”? Uma pergunta que o inquietou.  Ele sabia que o homem havia sido criado para “louvar, reverenciar e servir a Deus nosso Senhor, e assim, salvar a sua alma”.
Entretanto, para que se concretizasse o fim para o qual fora criado, o homem deve “tirar de si todas as afeições desordenadas, e, afastando-as, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da própria vida para o bem da mesma pessoa”. Isso “se chama Exercícios Espirituais”.
Durante todos os exercícios, Inácio nos convoca a olharmos para nós, a nos colocarmos diante de Deus que nos ama e deseja nossa salvação. A espiritualidade inaciana é encarnada, pois parte do princípio de que o Filho se encarna para a nossa salvação. No exercício sobre a “Encarnação”, ele nos convida a contemplarmos “como as Três Pessoas divinas, lançando os olhos sobre toda a redondeza da terra cheia de homens, e vendo como todos se precipitavam no inferno, decretaram em sua eternidade que a segunda Pessoa da Trindade se fizesse homem para salvar o gênero humano...” (EE-102).
O processo de escolha, que chamamos de Discernimento, e Inácio de “Eleição”, deve levar em conta que “toda boa eleição, quanto de nós dependa, a nossa intenção deve ser simples, olhando somente o fim para que fui criado”. Assim, então, ele completa afirmando que “qualquer que seja o objeto da minha eleição, deve ser tal que me ajude a obter este fim...” (169).
Quanto ao “objeto da eleição” ele é variado. Pode-se fazer uma eleição para a escolha de um estado de vida: matrimônio, vida religiosa, sacerdotal, diaconal. Ou para uma reforma do estado de vida, quer dizer, depois de casado ou escolhido o sacerdócio, ou a vida consagrada, fazer uma reforma buscando uma nova maneira de viver sua vida. Ou, uma eleição para o início de um trabalho pastoral: educação, catequese, política, coordenação de um grupo etc. Para Inácio de Loyola toda ação humana deve estar voltada para o louvor a Deus, e para a salvação da alma do ser humano.
Buscar fazer a vontade de Deus, eis o que devemos viver. Sendo assim, nossa vida religiosa deverá sempre ser uma contemplação na ação. E uma ação contemplativa. Por isso, rezando com Inácio, entregamos a Deus nossa liberdade, nossa memória, nosso entendimento. Tudo é de Deus. Tudo nos foi dado por graça, e de graça devolvemos a Deus.

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