Todos os anos, os clérigos são obrigados, por força do direito, a fazer um retiro espiritual. Este é o momento em que entramos em contato mais intimamente, em silêncio, com Deus.
Este ano, nosso retiro, dos diáconos permanentes, versou sobre a identidade do ser diaconal. O ministério diaconal permanente é algo novo na Igreja Ocidental. Restaurado pelo Concílio Vaticano II, ainda está em fase de consolidação. A Igreja Ocidental precisa aprender a conviver com essa realidade ministerial, comum na Igreja do Oriente.
Segundo o documento 96 da CNBB, parágrafo 28, página 25, o "diácono define-se como sacramento de Cristo Servo e como expressão da Igreja servidora".
Assim, fomos convidados, num primeiro momento, a meditar sobre: 1. A natureza do diaconato; 2. A identidade do diácono; 3. A missão do diácono; 4. A sacramentalidade do diácono.
Num segundo momento, a tríplice missão do diácono: 1. A diaconia da caridade; 2. A diaconia da palavra; 3. A diaconia da liturgia.
Quanto a natureza do diaconato, "o processo de restauração do diaconato permanente tanto mais se solidificará e o próprio ministério diaconal encontrará sua razão de ser, quanto mais o ministério ordenado for capaz de assimilar e testemunhar a diaconia de Cristo". (Doc CNBB 96, página 26).
A identidade do diácono não deve ser definida "a partir das funções ou dos poderes que lhes confiados. Ele recebe, através da ordenação sacramental, uma marca indelével" (Doc CNBB 96, parágrafo 34, página 27). O documento da Conferência de Puebla afirmou que "o diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono, sinal sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma igreja servidora e pobre, que exerce sua função missionária com vistas à libertação integral do homem" (in Doc 96, CNBB, página 28).
Quanto à sua missão, assim definiram os bispos da CNBB: "Com a ordenação diaconal, a Igreja evidencia que o serviço da Palavra e da caridade, primeiras exigências da evangelização, requerem testemunhas em integral comunhão com a Igreja, para poderem anunciar com autoridade a Palavra infalível da salvação definitiva e irrevogável" (Doc 96, CNBB, parágrafo 39. página 28/29).
Continuam os bispos, ""A missão do diácono está ligada ao Cristo-Servo. (...). Ser ícone de Cristo-Servidor constitui a identidade profunda do diácono. Ao vê-lo deveríamos ser interpelados aos gestos concretos e à alegria do serviço" (Doc CNBB 96, página 29).
Disse o Beato João Paulo II aos diáconos dos Estados Unidos: "O serviço do diácono é o serviço da Igreja sacramentalizado. O vosso não é apenas um dos muitos ministérios, mas deve realmente ser, como definiu Paulo VI, uma força motriz para a diaconia da Igreja. Com a vossa ordenação estais configurados a Cristo na sua função de Servo. Vós deveis também ser sinais vivos da condição de servos da sua Igreja" (Doc 96, CNBB, parágrafo 4, página 30).
Quanto à sacramentalidade, os diáconos "contam com a graça sacramental, pela qual, junto com os bispos e presbíteros, são postos à parte para uma missão específica e irrevogável" (Doc 96, CNBB página 30).
O Papa emérito, Bento XVI, afirmou que os "diáconos sejam habilitados para servir o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade" (Doc. 96 da CNBB, página 31).
Falando da missão do diácono, observou-se que "segundo a tradição apostólica, o diácono participa da missão plena do bispo, realizando sua função não apenas em nome do bispo e com sua autoridade, mas em nome de Cristo e com sua autoridade, mediante a consagração do Espírito Santo" (Doc 96 - CNBB, parágrafo 53).
Em nossos dias, "o ministério do diácono situa-se em três âmbitos bem definidos: o serviço da caridade; a evangelização; a ação litúrgica.
A diaconia da caridade. "O diácono (...) vai ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus" (doc 96, página 34). Sendo assim, "em razão da graça sacramental recebida e da missão canônica, compete aos diáconos administrar os bens e as obras de caridade e promoção social da Igreja (Doc 96 - CNBB, parágrafo 58.).
A diaconia da Palavra está profundamente ligada a ação evangelizadora de Cristo que gerou a Igreja. "A evangelização é missão primordial da Igreja. Ela 'existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o Sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é memorial de sua morte e gloriosa ressurreição' (EN n. 14)" (doc 96 cnbb página 35/36).
"A missão evangelizadora do diácono não se restringe à homilia ou ao anúncio da Palavra no contexto litúrgico" (doc 96 n. 61). "Mas sobretudo quando administra os sacramentos", deve "evidenciar a unidade que formam Palavra e Sacramento no ministério da Igreja" (Doc 96. n. 62).
Quanto à diaconia da liturgia, o "diácono traz para o altar as oferendas dos fiéis e leva a eles o pão eucarístico. Leva aos doentes o Corpo do Senhor. Seu ministério demonstra que a liturgia e a vida social não são realidades justas postas" (Doc 96. n. 66).
Uma boa oportunidade de se meditar sobre nossa vocação diaconal. E confirmar o chamado que Deus fez a cada um de nós, em particular, para servir a sua igreja na dupla sacramentalidade do matrimônio-ordem.
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