terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nossa Senhora das Dores

Prezados irmãos e irmãs,

Hoje lembramos Maria, mãe das Dores. Ela sofreu com seu filho junto a Cruz. Ela sofre com todas as mães que choram os seus filhos que são mortos. Ela sofre com as mães que buscam assistência nos hospitais públicos e se deparam com a morte. Ela sofre com as mães que veem seus filhos sendo mortos pela violência das cidades. Ela sofre com as mães que veem seus filhos que são mortos lutando para ter um pedaço de terra para viver. Ela sofre com as mães que veem seus filhos sendo agredidos por lutarem por uma educação de qualidade.
A memória de Nossa Senhora das Dores é um oportunidade para lebrarmos as dores de nosso povo para continuar vivendo, mas que matem a fé e a esperança no Deus vivo.
Segue texto de São Bernard, abade, do século XII.

Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo in dom. infra oct. Asumptionis,14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)(Séc.XII)

Estava sua mãe junto à cruz

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de
contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.

E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a
divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de erro?

Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto;
esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou
donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho
de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no
coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

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