Aproximam-se as eleições para presidente do Brasil de 2018.
Dois candidatos disputam as eleições. O primeiro defende as liberdades
democráticas. Está ao lado da vida. Preserva o direito das chamadas “minorias”:
gays, negros, indígenas, mulheres em situação de risco. Além disso, prega a
igualdade entre homens e mulheres. Entende de Ecologia, e prega a defesa da
biodiversidade no Brasil. Respeita a liberdade religiosa de um país onde há
várias representações religiosas, de vários matizes. Apresenta uma proposta
clara de política econômica, tanto para os trabalhadores (aqueles que vendem
sua força de trabalho), quanto para os chamados empresários (detentores dos
meios de produção, ou capital especulativo). É transparente em seus posicionamentos. Não
oculta nada.
Entretanto, pertence a um partido (chamado dos
Trabalhadores) que por razões humanas sucumbiu ao pecado da corrupção, da
roubalheira. Alguns de seus integrantes se envolveram em vários escândalos. E é
preciso fazer esse mea-culpa para seguir adiante. É como os cristãos católicos
que buscam o sacramento da confissão diante das infidelidades que cometeram
perante o Deus da vida, o Deus de amor. O Deus misericordioso. Reconhecem os
erros, e perdem perdão. O Partido dos Trabalhadores deveriam fazer o mesmo.
Agora é o momento histórico para isso. Esse se chama Fernando Haddad.
Do outro lado, temos um candidato que é reformado das forças
armadas. Uma pessoa que pensa com a cabeça de militar. Que enxerga no outro um
potencial inimigo, sempre. Não é capaz de dialogar com quem se coloca em sua
oposição. Seu pensamento é do extermínio. Da aniquilação. Do confronto. Não
entende as mulheres e seus anseios e desejo. Não é favorável a demarcação das terras
indígenas. Acredita que negros são indolentes. Que as terras quilombolas devam
ser “resgatadas” pela nação brasileira. Não aceita que os trabalhadores tenham
férias remuneradas, 13º salário, e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS). Quanto a licença maternidade, onde a mulher, mãe, recebe seu salário
para cuidar da vida de uma criança, ele é contra. E ainda afirma que se a
mulher engravida deve receber salário menor que o do homem. Como podermos
cumprir o mandato de Deus que diz “crescei-vos e multiplicai-vos”? Além disso, esse candidato discrimina
denominações religiosas diferentes da sua. Esse se chama Bolsonaro.
Diante desse quadro, nós, brasileiros, teremos que decidir
que posição tomar. Que tipo de país vamos querer nos próximos quatros anos, ou
o país da barbárie (Bolsonaro), ou o país da liberdade, da pluralidade, da
compreensão, do respeito as leis (mesmo que sejam injustas e não morais) Fernando
Haddad.
Então, como religioso, cristão, não poderia me furtar em
escrever essas palavras. Jesus Cristo foi condenado pelas forças religiosas,
políticas e militares de seu tempo. Jesus foi encarcerado, torturado e morto.
Mas, em nenhum momento fugiu a luta. Recentemente, o Papa Francisco proclamou
santo da Igreja Católica Dom Oscar Romero, arcebispo de São Salvador. Romero
era um bispo palaciano. Vivia nas rodas do poder durante o período da ditadura
militar salvadorenha. Romero passou por um processo de conversão. Vários padres
e agentes de pastoral da Igreja eram assassinados por denunciar a corrupção das
forças militares diante do povo. Estes, violentavam e matavam mulheres.
Metralhavam igrejas. Profanavam o sacrário, onde fica recolhido o corpo do
senhor para os católicos.
Após o assassinato de seu amigo, Pe. Rutilio Grande, Dom
Oscar Romero abre os olhos para o que estava acontecendo. Percebe que o poder constituído
nos palácios e quarteis era contra o povo. Queriam ver o povo salvadorenho em
situação de escravidão. Submissos.
São Oscar Romero utilizou sua autoridade enquanto arcebispo
para fazer essa denúncia. Teve coragem. E aqui faço uma ressalva, ter coragem
não significa não ter medo. Ter coragem significa fazer o que deve ser feito,
renunciar ao que deve ser renunciado por fidelidade à palavra de Jesus Cristo.
A coragem coloca o medo que se sente em segundo plano. Jesus teve medo, e disse
“pai afasta de mim esse cálice”, demonstrou o medo; mas, em seguida, afirmou, “contudo
seja feita a tua vontade”.
Enquanto religioso. Enquanto cristão católico apostólico
romano. Não posso admitir que religiosos apoiem a barbárie. Que apoiem a
discriminação. Sejamos coerente com a nossa fé. Defendamos o evangelho de Jesus
Cristo. Rezemos mais. Façamos a lectio divina diariamente, ou seja, a leitura
medita da palavra de Deus. Lembremos, disse Jesus, “Eu vim para que todos
tenham vida”! E, “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Não sei deixe dominar pelo ódio e pela violência. Não se
deixe dominar pela falta de misericórdia.
E encerro com as palavras do Cristo nas bem aventuranças, “Felizes
os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.
#EleNão
Amém!
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