sábado, 22 de setembro de 2018

“Vinde benditos de meu Pai”!


Fé e política se misturam?!

Após o discurso de Jesus sobre ser o pão descido do céu; onde ele afirma que devemos comer de sua carne e beber do seu sangue para que tenhamos a vida, a partir do versículo 30 até o fim do capítulo 6 do evangelho de João, vemos as pessoas tendo que tomar uma decisão diante de suas das palavras. Muitos dos discípulos tomam a decisão de não mais seguir Jesus. O texto não deixa claro o porquê dessa decisão de abandonar Jesus.

Ao perceber que muitos começam a abandonar o caminho, Jesus volta-se aos apóstolos e pergunta se eles querem ir embora também. Pedro, tomando a palavra, diz: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus.

Ao reconhecermos que Jesus tem palavras de vida, e de vida eterna, observamos que Jesus gera vida, e essa vida começa aqui. Então, quais palavras de Jesus geram vida em nós?
Procuro inspiração nas palavras de Jesus para tomar decisões políticas, decisões religiosas, decisões?

Comer da carne e beber do sangue significa assumir na nossa vida, as palavras e gestos de Jesus. Viver como Jesus viveu.
Em dois textos distintos, vou partilhar o que penso sobre a vida eterna, e a vida aqui na terra. O primeiro, está em Mt. 25,31-46. O segundo, em Mt. 5,1-12.

Como diácono, a pedido da CNBB, devo estar próximo às dores do mundo. Dos pobres. Fazendo a opção preferencial pelos pobres (CNBB, doc 96, parágrafo 58), e pelas suas lutas e conquistas.

Sendo assim, leio a passagem de Mt. 25,31-45 da seguinte forma.

“Tive fome, me destes de comer”. Dar de comer não é apenas dar comida, mas é apoiar políticas públicas que deem emprego e salário digno para que as pessoas possam se alimentar. Que possam alimentar sua família. Que possam ter previdência social digna. Que possam estudar, que possam alimentar a alma tendo liberdade para viver sua opção religiosa, inclusive não tendo religião. Dar de comer é proporcionar ao outro uma vida digna.

“Tive sede, me destes de beber”. Dar de beber é apoiar políticas públicas que se preocupem com saneamento básico, e com o meio ambiente (Laudato si, Papa Francisco). Água gera vida. Água sustenta a vida. Na cruz, ao ser transpassado pela lança, do lado de Jesus jorrou sangue e Água. Essa água, junto com o sangue, gerou uma nova forma de relacionamento social.

“Estava doente, e cuidastes de mim”. Visitar (cuidar) doentes é preocupar-se com a saúde pública de qualidade, com gestão pública (não privada) do sistema de saúde. É valorizar os trabalhadores da saúde e manter hospitais equipados com tecnologia de ponta. Saúde não é mercadoria, não deve gerar lucro. Saúde é direito de todas e de todos, e dever do Estado.

“Estava na prisão, e fostes me visitar”. Visitar os encarcerados é garantir aos privados da liberdade condições dignas de se refazerem do delito cometido. Ter dignidade no tratamento dos presos. Uma política pública que garanta aos encarcerados saúde, educação, formação para o trabalho. Um sistema que garanta a dignidade da pessoa.
“Eu era forasteiro, e me acolhestes”. Acolher os que estão em situação de vulnerabilidade por serem expatriados. Apoiar políticas públicas que se preocupem com aqueles que hoje se encontra em situação de exílio. Refugiados. O povo de Deus viveu essa experiência. Jesus passou pela experiência quando teve que deixar sua terra e ir para o Egito (Mt. 2,19-23).

Essas são palavras que geram vida, e vida em abundância. Por isso Jesus declara que “todas as vezes que fizestes isso a um destes ‘mais pequenos’, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes”!

Viver as palavras de vida eterna é trabalhar para que tenhamos uma nova forma de relações sociais. Um novo mundo. Uma nova sociedade. Concretizar a “Civilização do Amor” (Paulo VI).

Estamos em momento de mudanças políticas e sociais em nosso país. Que saibamos escolher candidatos e partidos que tenham propostas que geram vida, e não sua supressão, em todas as suas instancias, desde a concepção até o seu fim.

2 comentários:

  1. Excelente reflexão. A política pública deve ser exercida e voltada em benefício do povo e para o povo, e deve privilegiar os mais necessitados. Pelo menos assim o pensamos.
    O que temos hoje de política e políticos está tão corrompido, que há necessidade de mudança radical. Cabe a nós a reação consciente através do voto para alcançar esse objetivo. A prática da Palavra deve ser possibilitada com nossa real participação.

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