“Irene preta. Irene boa. Irene sempre de bom humor. Imagino
Irene chegando no céu: ”Dá licença, meu branco?! E São Pedro, todo bonachão: ‘Pode
entrar Irene. Aqui você não precisa pedir licença’!”.
Não deu para não pensar nesse poema de Manuel Bandeira. Estou
imaginando Marielle, preta, entrando no céu pelo seu martírio.
E, como religioso, não posso esquecer das frases de Jesus: “Eu
garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho.
Mas se morre, produz muito fruto” (Jo. 12,24). E mais, “Não tenham medo
daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt. 10,28).
Ao dar sua vida como grão que germina, Marielle nos deixou o
legado de não fugir à luta. De não deixar de lado os sonhos. De não abrir mão
da libertação do povo pobre, negro, feminino. Povo colocado à margem pela burguesia
detentora dos meios de produção. Que exclui, e cria excedentes, e “sobras”
(Papa Francisco, EG).
Não vou escrever muito. Apenas dizer que a alma de Marielle,
seus desejos, seus sonhos, sua luta germinará entre nós.
“Marielle! PPRESENTE!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário!