Prezadas e prezados leitores,
O evangelho da liturgia de hoje, tirado de Marcos 8,27-35, nos suscita três reflexões: 1. Jesus pergunta aos seus discípulos no caminho; 2. A pergunta central: "E vós, quem dizeis que eu sou?"; 3. E por último, a questão da salvação.
Inicialmente, Jesus inqueri seus discípulos no caminho. É na vida que o senhor pergunta para nós. Jesus não precisa de situações extraordinárias. É no ordinária da vida que devemos refletir juntos com Jesus. São os afazeres diários que nos questionam sobre Jesus.
Jesus usa das situações do dia-a-dia para nos fazer a pergunta que deve perpassar nossa existência: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Está é a pergunta central e fundamental de hoje. Somos convidados a refletir pessoalmente quem é a Jesus. Responder a esta questão é fundamental para a nossa fé. Dele depende toda nossa existência. Toda nossa visão de mundo. Todo nosso relacionamento com o outro. Responder a essa questão é tomar uma atitude diante da vida.
Fiquei imaginando a cena narrada no evangelho. Vi os discípulos se entreolhando. Todos voltando seu olhar para Pedro. Pela primeira vez eram convidados a confrontar a sua fé em Jesus. Deviam colocar em palavras a experiência que até então tinham vivido.
Pedro toma a palavra. Tenta dizer o que eles, provavelmente, já haviam conversado em várias outras oportunidades. Sem a presença de Jesus. Eles sabiam o que as pessoas diziam do mestre de Nazaré. Agora era a hora de assumirem o próprio messias em suas vidas. Assim somos nós. Quando inquiridos quem é Jesus, somos treinados para dizer aquilo que as pessoas esperam que digamos. Jamais nos colocamos nas respostas. Fomos educados nesta fé. Aprendemos, desde criança, quem é Jesus. E somos capazes de responder a essa pergunta a qualquer um que nos pergunte.
Mas, Jesus é insistente. "E vós, quem dizeis que eu sou?" A resposta de Pedro reflete todo nosso anseio pela presença de Deus ao nosso lado. "Tu és o messias". Jesus é aquele Deus que está ao nosso lado. O emmanuel. O Deus conosco. Aquele para o qual viramos as costas no jardim do Éden. Jesus é o Deus que caminhava com Adão e Eva, e agora se faz presente diante de nós; no meio de nós. O Deus que cura. Que liberta. Que salva.
Entretanto, neste momento bíblico, seus discípulos são proibidos de divulgar essa descoberta. Este encontro deve ser provado pela cruz. Por isso, ele apresenta todo o sofrimento pelo qual deveria passar. A libertação só vem pela cruz. Mas não estamos preparados para isso. Pedro, então, questiona Jesus. Mas devemos tomar cuidado. Os sofrimentos fazem parte da vida. Não devemos rejeitá-los. Eles são o caminho para o encontro com Deus. A dor faz parte da vida. Deus sofreu com a rejeição de Adão e Eva. Deus sofreu com os pecados dos povo liberto do Egito. Deus sofreu com as infidelidades do seu povo. Nós sempre temos momentos de infidelidades. Essas são as nossas cruzes. É preciso passar por elas para chegarmos ao messias.
Se somos capazes de dizer que "tu és o Messias", devemos ser capazes de perder a nossa vida. E perder a vida é colocar em primeiro lugar os projetos de Deus. O que vemos é a nossa tentativa de adequar o projeto de Deus aos nossos projetos. Queremos que nossas vontades sejam feitas ("assim na terra como no céu"). Queremos que os céus digam amém para os nosso projetos.
Mas Jesus deixa claro, se quisermos fazer com que nossa vida seja uma vida liberta e salva, devemos perdê-la para Deus. Colocá-la em suas mãos.
Irmãs e irmãos, neste dia, entregue-se totalmente a Deus. Entregue-se totalmente ao projeto do Senhor. Seja você casado ou celibatário. Jovem ou idoso. Bispo, padre, diácono, leigo. Para podermos afirmar que "tu és o messias" devemos estar preparados para perdermos nossa vida, em nome de Jesus.
Oremos: "Senhor, dai-me coragem para assumir em minha vida sua cruz, para que a verdadeira felicidade possa inundar meu coração. Amém!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário!