O contexto da frase era a pergunta se era lícito ou não
pagar o imposto ao império romano, representado pelo imperador Cesar.
Esta frase sempre me intrigou. O que queria dizer Jesus com
isso. Alguns afirmam que Jesus fala de que os impostos devem ser pagos. Que é
lícito pagar aquilo que é impositivo por parte do poder dominante.
Entretanto, essa explicação sempre me foi vazia de sentido.
Não acreditava que seria apenas isso. É uma resposta muito simplória para
Jesus.
Depois de longos anos meditando essa expressão, tive a
seguinte inspiração, “Quem é César?”; “Quem é Deus”?
César representa toda a opressão política e religiosa. César
é tudo aquilo que tira a paz. César é a representação da tirania humana. César
é aquele que nos impede de chegarmos até Deus. César é a experiência da
escravidão no Egito, na Babilônia, na Pérsia. César é o demônio tentador que
oferece a Jesus todos os prazeres do mundo, poder, fama, adoração. César
representa as obras da carne (Gal. 5,19): imoralidade sexual, impureza,
devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizada, contenda, ciúmes, iras, intrigas,
discórdias, facções, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. César
é a personificação do egoísmo, da ausência de Deus. E Paulo disse, que “os que
praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gal. 5,21g).
Em oposição a César temos Deus. E a Deus devemos amar sobre
todas as coisas. Em Deus se dá a unidade, pois o chamamos de Pai Nosso. E em
torno do Pai comum a de se conquistar o Reino de Deus. Dar a Deus significa
visitar os doentes e encarcerados, alimentar os famintos, saciar a sede dos
sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos. É isso que devemos a Deus, a
caridade, a misericórdia, a esmola. Sendo assim, aqueles que buscam fazer a
vontade de Deus experimentam os frutos do espírito, que são amor, alegria, paz,
paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio (Gal 5,
22-23). E por fim, ouviremos de Jesus, “vinde benditos do meu Pai”. Pois vós
deixastes que os frutos do Espírito, impregnassem a vossa vida, e praticardes a
caridade para com o próximo.
Então, dar a Deus o que é de Deus é crucificar “a carne com
suas paixões e seus desejos” (Gal. 5,24). Se quisermos viver em Deu devemos
“proceder de acordo com o Espírito” (Gal. 5,25). Sendo assim, “não busquemos
vanglória, provocando-nos ou invejando-nos uns aos outros” (Gal 5,26). Quem age
assim, está a serviço de César e não de Deus.
Lembremos que dar a Deus o que é de Deus é viver as
bem-aventuranças; sendo pobre com os pobres, ter fome com os famintos, chorar
com os que choram, ser perseguido pelo nome de Jesus. Isso é motivo de alegria
(Lc 6,20-22), pois os que nesta vida possuem riquezas (não partilhada), os que
se fartam de comida (não distribuída), os que riem dos necessitados, e os que
são elogiados são aqueles que vivem ao lado de César.
Amigos e amigas, lembrem-se sempre “nosso Deus fica ao lado
dos pobres, colhendo o que sobrou”. E que se a “voz dos profetas se calarem, as
pedras falarão”.
Portanto, deem a Deus o que lhe é devido. Afastem-se de tudo
aquilo que pode levá-los ao errôneo caminho de César.