domingo, 29 de janeiro de 2017

O que fazer para ser feliz?!(Mt. 5,1-12)

Lembro-me de que em outra passagem uma pessoa perguntava a Jesus o que deveria fazer para entrar na vida eterna (Mateus 19,16ss). Naquela oportunidade, Jesus lhe disse que deveria viver os mandamentos. Mas como os judeus tinham muitos mandamentos, a pessoa lhe pergunta, “Quais”? Então, Jesus recorre à parte do decálogo que está relacionado com a vivência comunitária, com o outro. A vida eterna não se conquista sozinho. Ela esta intimamente ligada às relações sociais.
Hoje, nos é proposto meditarmos sobre as Bem-Aventuranças. Sobre o programa de vida para ser feliz. Como encontra a felicidade humana, tendo o outro como parâmetro.
“As Bem-aventuranças não são uma doutrina, mas um estilo de vida, um modo de proceder” (Pe. Adroaldo Palaoro,sj). Quer dizer, somos questionados sobre como queremos viver. De que modo vamos nos relacionar com o “outro”. De que forma vamos nos apresentar diante de Deus e dizer como vivemos nossa vida peregrina. “Em outras palavras, o que Ele afirma é que a felicidade de cada um está em íntima relação com a felicidade dos outros, com quem cada um convive” (Pe. Adroaldo Palaoro,sj).
Pode-nos parecer que os enunciados das Bem-Aventuranças possam soar como utópicas, idealistas, não possíveis de serem vividas no mundo real no qual estamos inseridos. Porém, elas são uma proposta realista, revolucionária e eficaz.
A dificuldade que alguns veem na vivência das Bem Aventuranças está relacionada com as contradições, dramas e violências que vivemos nos dia-a-dia. A mensagem de “humildade, de mansidão, de paz, de pureza, de misericórdia nos parecem utópicas”; diria até impossível de se viver e praticar. Isso nos incomoda. Construímos, e vivemos, uma realidade onde, muitas vezes, nos empenhamos mais fomentar um mundo “arrogante, agressivo, violento, intolerante, excludente, injusto...”.
“Temos resistências em escutá-las porque elas nos colocam de novo frente à verdade para a qual nascemos, diante do mais original de nosso coração e de nossas entranhas humanas. A ética de Jesus nas bem-aventuranças encontra resistência para ser assumida por nós precisamente em virtude de sua desconcertante humanidade”.
A simplicidade de como viver as bem-aventuranças nos incomoda. Parece que estamos mais propensos a coisas mais grandiosas, a feitos mais extraordinários do que a simplicidade. As bem-aventuranças nos impulsionam a proclamar que “a paz é possível, a alegria é uma realidade, a justiça não é um luxo, a mansidão está ao alcance da mão... Elas nos dizem que nascemos para a bondade, a beleza, a compaixão...”.
“Ao proclamar bem-aventurados os pobres, os que choram, os perseguidos, os humildes... Jesus, certamente, jamais quis sacralizar a dor humana. Ele constata a situação do povo, de pobreza, humilhação, submissão; percebe o esforço que o povo faz para mudar a situação, e o proclama feliz nesta busca, porque esta busca mora no próprio coração de Deus”.
“Aos olhos de Jesus nada é mais perigoso para o espírito humano do que vidas satisfeitas, acomodadas, sem desejos, sem a afeição das esperas e o desassossego das buscas; corações quietos, indolentes, medrosos, covardes, petrificados, sensatamente contentes com aquilo que são e têm”.
Portanto, “ser feliz é deixar viver a criatura livre, alegre e simples presente dentro de cada de nós. A felicidade é, assim, o livre curso da vida, o fluxo contínuo da Vida em nós que se entrelaça com a vida dos outros”.
“Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Todos aqueles que se despojam de seus bens materiais em detrimento do outro. São capazes de dividir o pouco que tem. Não se apegam ao que o mundo oferece como valor. São desprovidos de poder humano, confiam-se plenamente a Deus. São descentralizados de si. Tudo repartem. Partilham, pois onde há partilha, há lugar para todos, e todos são inclusos.
“Bem aventurados os que choram, porque serão consolados”. São aqueles que padecem a injustiça de uma sociedade excludente. Os marginalizados, os que não contam para um sistema econômico cuja base se assenta no consumo. O Papa Francisco nos alertou sobre isso na exortação apostólica Evangelii Gaudium, número 53: “...com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são ‘explorados’, mas resíduos, ‘sobras’” (EG. 53). Choram todos os sofridos cujos sofrimentos são impostos pelo próprio ser humano.
“Bem aventurados os mansos, porque receberão a terra por herança”. Quem são os mansos? São todos aqueles que estabelecem relações alicerçadas na não violência. Os mansos apresentam-se desarmados, sem preconceitos, sem defesas. Eles acolhem o outro.
“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. São aqueles que procuram ser justos e realizar a vontade de Deus. Não é meramente praticar a justiça humana. São aqueles que buscam construir um mundo mais humano, no qual todos possam viver com dignidade, mesmo que estejam encarcerados.
“Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. São os que se deixam mover pela compaixão. Neles o amor se concretiza em atos, colocam-se em comunhão com o sofrimento alheio. Não apenas falam, agem. Fazem acontecer. Aprenderam a fazer a hora acontecer. Estes alimentam os famintos, saciam a sede dos sedentos, visitam os doentes e encarcerados, acolhem os peregrinos, os idosos, os drogados, os sofridos de nosso tempo.
O misericordioso se descentraliza, o outro passa a ser mais importante, colocam-se no lugar dos excluídos, daqueles que são a “sobra” da sociedade. Vão ao submundo da existência humana. Por isso, têm a visão de Deus.
“Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”. Perseguidos por causa da justiça, não revidam com o mal. Perdoam seus perseguidores; contribuem para extinguir o pecado do mundo.
E por último, “bem aventurados os que são perseguidos”. Perseguiram os profetas, que previam a vinda de Jesus. Perseguiram Jesus, tanto o poder político como o religioso, os discípulos, em todos os tempos, serão perseguidos. Ao abraçarem este estilo de vida, os discípulos de Jesus serão incompreendidos, e por isso, perseguidos.
Optar pelo estilo de vida das bem aventuranças é arriscar a vida. É arriscar não ser aceito. É colocar-se diante da justiça divina, e tornar-se um outro Jesus no meio da humanidade.

Todos os que abraçam essa forma de viver, podem repetir com o Papa Francisco: “A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (EG 1).

domingo, 22 de janeiro de 2017

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz!

Mateus (4,12-23)
NAQUELE TEMPO, AO SABER QUE JOÃO tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz.” Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.”

Mudança de Vida
Jesus deixou Nazaré. Deixou a cidade na qual crescera. Deixou a segurança dos amigos e dos familiares. Nazaré foi onde Jesus cresceu em “estatura, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens” (Lc. 2,52). Nazaré era o porto seguro. O lugar do cheiro de infância. Da recordação do carinho e dos beijos de mãe. Lugar onde conviveu com José. Local da descoberta religiosa. 
Jesus larga tudo isso. Muda-se. Foi para a “Galilei dos pagãos”. Dirigiu-se ao encontro daqueles e daquelas que viviam nas trevas, na ausência de luz, na ausência de amor, na ausência de carinho, na ausência de Deus. Era necessário levar luz para aquele povo. Ele era a luz. Ele é a porta do Reino de Deus. Mas, para entrar no Reino é preciso Converter-se. É preciso mudar de práticas. E preciso ter novas relações sociais. É preciso deixar de lado o preconceito. É preciso construir pontes, e não muros. Ser luz é anunciar (pregar) que o “Reino dos Céus está próximo”, mas é preciso converter-se!

O Chamado
[Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens.” Eles imediatamente deixaram  as redes e o seguiram. Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram].
Jesus está à beira do mar; do mar da Galileia. Da região dos pagãos. Olha a movimentação. São pessoas indo e vindo. Barcos de pesca chegando. Pessoas comprando e vendendo. 
Jesus observa a destreza de como aqueles dois irmãos, Simão Pedro e André, manipulam a rede de pesca. Como são hábeis na sua profissão. Fazem bem feito o que deve ser feito. Jesus entende que são aptos para o serviço de pregar, de anunciar o evangelho. Que serão bons pescadores de homens. Jesus lança o desafio: “eu farei de vós pescadores de homens”, venha, e aprendam. Eles vão! Simplesmente assim, “imediatamente deixaram as redes e o seguiram”. Pronto! Não perguntaram nada. Não fizeram reclamações. Não precisavam se despedir de ninguém. Nem arrumar a própria vida. “Imediatamente deixaram as redes e o seguiram”. E assim, se deu com Tiago e João.
Viram a luz. Receberam o chamado. Mudaram de vida, converteram-se. E seguiram Jesus. Tornaram-se propagadores do Reino dos Céus, e pescadores de homens.

Nós Hoje
[Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo.]
Jesus nunca abandonou a “Igreja”, isto é, a sinagoga. Ali era o lugar de ouvir e meditar a palavra de Deus. Pregava o evangelho do Reino. Curava todo tipo de doença, vejam, TODO tipo de doença. E aliviava o povo de suas enfermidades.
Assim hoje, como naquele tempo, somos chamados a deixar nossas redes, nossa região de conforto espiritual, material e emocional e partirmos para anunciar o Reino dos Céus. A sermos pescadores de homens. A mudar de vida. E a fazer com que outras pessoas mudem de vida também.
Somos chamados a viver as bem-aventuranças. Somo chamados a sermos promotores da paz, porque só assim seremos filhos de Deus. Devemos saciar a fome e sede de justiça. E justiça é estar ao lado dos que sofre; dos doentes e encarcerados; dos famintos e sedentos; dos nus e peregrinos. 
Assim, poderemos dizer, junto com o salmista, “O Senhor é minha luz e salvação/O Senhor é a proteção de minha vida”. Amém!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

São Sebastião: exemplo de coragem de fé para o povo

Hoje, 20 de Janeiro, celebramos a memória de São Sebastião. 
Sebastião, como diz nosso título, é exemplo de coragem e de fé para o povo. Os santos mártires, em sua maioria, nos são exemplo de coragem e de fé, sempre.
Coragem, pois sempre tem que vencer situações adversas. São perseguidos. São incitados a afastar-se da fé, a renegar o evangelho, a negar a Deus e a Jesus Cristo. Então, esses santos mártires se enquadram na bem aventurança que previa perseguições e mortes. São homens, e mulheres, que dão testemunho, com a vida, da fé em Jesus Cristo. Seguem o que disse Jesus: "todo aquele que se
declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai
que está nos céus" (Mt. 10,32). Sim. É isso que fazem. Não inventam desculpas. Não procuram subterfúgios. Entendem a fé como expressão de vida e comportamento. É a palavra de Deus vivida até a morte, e morte de cruz.
São exemplo de fé. De fé porque creem que em Jesus tudo pode ser novo. Tudo pode ser mudado. Tudo pode ser transformado. "Eis que faço nova todas as coisas". E fazer novas todas as coisas é ser solidário com os que tem fome e sede de justiça; é ser solidário com os doentes e encarcerados; é ser solidário com os nus; e acolher os peregrinos. Ter fé é acreditar mesmo sem ter visto. Ter fé é crer no testemunho de quem viu, e acreditar, mesmo que não tenha visto nem experimentado. Ter fé é saber que Deus age enquanto eu trabalho. Ter fé é acreditar que posso mudar as relações sociais com a ajuda de Deus, e vivendo o evangelho de Jesus Cristo.
Sebastião é coragem e fé. Hoje, o povo do Rio de Janeiro é chamado a ter coragem e fé. Vivemos um momento crítico e adverso. Temos um governo estadual que priva seus trabalhadores do sustentarem suas famílias por que não lhes paga seus salários em dia. Um governo que ignora necessidades básicas. Um governo que reage com violência diante das manifestações por vida feita pelo povo.
Ao contemplarmos a imagem representativa da primeira tortura de Sebastião, o vemos representando com três flechas no corpo. Hoje me veio uma luz. O povo, ao revindicar vida é recebido com três flechas ainda hoje: balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta. Mas Sebastião resistiu às flechas. Seus guerreiros, hoje, resistem às armas que tentam destruir a vida, e a todos/as que lutam por um mundo novo, por um novo céu e uma nova terra.
Oremos por todos e por todas que dão a sua vida para a mudança da vida do povo da Cidade do Rio de Janeiro. Deixemos que a vida de Sebastião nos seja inspiradora. E que sejamos guerreiros na hora da reivindicação daquilo que é necessário para a vida de todos e de todas.
Oremos: "Deus eterno e todo-poderoso, que destes a São Sebastião a graça de lutar pela justiça até a morte, concedei-nos, por sua
intercessão, suportar por vosso amor as adversidades, e correr ao encontro de vós
que sois a nossa vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém"!

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Carta às autoridades e à sociedade

(esta carta foi apresentada pelos alunos de Mestrado e Doutorado do IFCH-UERJ)
   A Universidade do Estado do Rio de Janeiro, bem como o serviço público estadual, vive momentos tristes e dramáticos. Nos últimos anos, os governos demonstraram um grande desprezo por uma das maiores universidades da América Latina. Fizeram isso amparados em absurdos argumentos de "crise financeira".
   Vamos direto ao assunto: NÃO HÁ CRISE, como estão dizendo. Já ficou comprovado que há um projeto em curso para o desmonte da Educação e da Saúde públicas. Exemplo disso foi a criminosa renúncia fiscal como instrumento de mitigação dos gastos privados, que é ainda ocultada, facilitando o discurso do caos econômico.
   Para aqueles que gostam de "competição", até nisso as universidades públicas destacam-se. Empresas especialistas em "medição" de serviços apontam a UERJ como a 20ª universidade no Ranking da América Latina (Cf. The Higher Educacion - World University Rankings). Ou seja, mesmo nessa formatação a nossa universidade tem destaque mundial. Dentre os critérios apontados está a qualidade do corpo técnico e docente, além das pesquisas científicas e publicações internacionais.
   Faz-se necessário afirmar que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro possui um perfil próprio, que a diferencia. Por isso a perseguição implacável dos governos. Ela é pioneira no sistema de democratização do ensino superior para a população mais carente, por meio das cotas. Seus serviços têm capilaridade social e estão distribuídos por vários municípios do Estado: Duque de Caxias, São Gonçalo, Resende, Nova Friburgo, Teresópolis, Angra dos Reis. Acrescente-se o fato de que outros municípios são alcançados pela natureza do serviço prestado, tanto no ensino, como na pesquisa e extensão.
   A UERJ ramifica-se pelo campo da educação e saúde, sendo ela parte da Ciência e Tecnologia. Referências são o Hospital Universitário Pedro Ernesto e a Policlínica Piquet Carneiro, unidades assistenciais de saúde, que se destacam ainda como campo de ensino, pesquisa e extensão. Infelizmente, os governos têm feito de nós instrumentos de barganha política, num joguete vergonhoso.
   É inegável o valor de nossa universidade para a população. A construção do conhecimento, com a autonomia do pensar, constitui um verdadeiro entrave para os políticos desonestos e corruptos. A ideia de um povo ignorante e submisso para ser dominado é tão antiga quanto a própria humanidade. Por isso, tentam nos destruir.
   Recentemente, tivemos três grande eventos mundiais: a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Em todos eles, as dependências da universidade foram utilizadas pelos organizadores. O Hospital, inclusive, foi notificado para que pudesse absorver qualquer ocorrência. Não nos furtamos a qualquer atendimento. Mas é preciso investimento. É preciso garantir o básico para funcionar. Onde está o dinheiro que eles disseram que seria arrecadado com os jogos?
   É inadmissível manter a situação da forma como está, com as pessoas sem salário. Cada "chefe de família" sem pagamento, representa várias pessoas passando fome. São dezenas de contas sem pagar, com incidência de juros etc. Quem vai pagar por isso?
   Nós, estudantes das pós-graduações da Uerj, somamos forças em defesa de uma das maiores instituições de ensino superior do país.
   Exigimos dos governos que parem com o ataque à UERJ. Ela é patrimônio do povo, foi construída para a população, que merece respeito e dignidade. Precisamos resistir para vencer.
   Rogamos ainda aos parlamentares sensatos que apresentem Projeto de Lei tornando "CRIME DE RESPONSABILIDADE" o não pagamento de salários dos servidores, o que possibilita a punição dos culpados pela má gestão administrativa.
   Clamamos à sociedade que levante a voz contra a destruição dos serviços públicos, porque será sua própria destruição. Somos nós, funcionários públicos, mesmo sem salários, que continuamos lutando para que o povo continue a ser bem atendido e de forma gratuita.

ALBERTO DIAS MENDES - Técnico-Universitário - Membro do Conselho Universitário - Doutorando/UERJ
DURVAL DA COSTA NETO - Doutorando/Uerj
GABRIEL SIQUEIRA - Mestrando/UERJ
IBIS PEREIRA - Mestrado/Uerj
HUGO MULLER - Mestrando/UERJ
ROBERTO SANTANA SANTOS - Doutorando/ UERJ
RAFAEL SALES ROSA - Mestrando/UERJ
PEDRO GUIMARAES PIMENTEL - Técnico Universitário e Doutorando/UERJ
EULER COSTA - Doutorando/ UERJ

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

"Querida UERJ"!

Querida UERJ,
(Depoimento da aluna do Instituto de Letras da UERJ, Karine Troncoso)
Sei que você não está no seu melhor momento. O governo não repassa a verba para você se manter funcionando. Seu corpo docente, administrativo e seus terceirizados estão sem receber direito seus salários. Seus alunos estão sem receber suas bolsas, sejam eles cotistas ou bolsistas de algum projeto. Sei que você agoniza e corre o risco de fechar por algum tempo. E você não tem noção do quanto isso dói em todos nós uerjianos.
Quem não te conhece bem, acha que você é apenas um bloco de concreto, cheio de corredores e andares, com paredes cinzas e deprimentes. Ah... Se eles soubessem que você é tão mais e melhor que isso! Se eles andassem pelos corredores, veriam que você é acolhedora e miscigenada. Veriam que você acolhe pessoas de classes sociais diferentes e de "raças" diversas, dando oportunidade que pessoas totalmente distintas façam parte de você. Perceberiam que você é mais do que um prédio antigo, que você é a nossa segunda casa e que passamos mais tempo no seu espaço do que em qualquer outro lugar.
Eles notariam que você está em cada um de nós, uerjianos. Que está no brilho do olhar de cada calouro que entra e de cada um que fala com orgulho "eu estudo na UERJ". Que está naquela emoção que cada veterano concluinte tem ao dizer que foi formado por você. Que está presente na formação de algumas crianças e adolescentes que passaram pelo CAP. Que está na conquista acadêmica de cada um dos seus graduandos, pós-graduandos, mestrandos e doutorandos. Que é a responsável por fazer as pessoas se conhecerem e criar amizades para a vida toda. Que você faz com que seus alunos cresçam, evoluam e se tornem seres críticos e pensantes.
Sabe, UERJ, eu gostaria tanto que eles notassem tudo isso. Atualmente, eu espero que todos sejam capazes de entender importância que você tem para nós, para todos os cidadãos, para o Estado do Rio de Janeiro. Espero que eles vejam que você que abriga muitas pesquisas importantes para o desenvolvimento como um todo. Torço para que notem que você é responsável pela formação acadêmica de várias pessoas, recebendo calouros que se tornam profissionais qualificados através de você. Espero que eles vejam que você tem um corpo docente incrível e de peso. Que você vai além de uma instituição de ensino, você acolhe, integra e ensina.
Hoje eu só peço que você resista. Que cada um que te constitui mostre a importância e a essencialidade que você tem para a sociedade. Que você resista e continue aberta para formar as novas gerações. Que apesar de agonizar agora, você se mantenha e continue a fornecer ensino de qualidade para todos. Eu tenho fé e certeza, UERJ, que esse momento de crise vai passar e que você voltará ao seu melhor momento. Afinal, somos todos UERJ e estamos resistindo com e por você.
#souUERJ #somostodosUERJ #UERJresiste

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Muito além das aparências!

Um mundo Cultural vasto.
A UERJ é muito mais do que simplesmente ensino e pesquisa.
A UERJ tem um lado cultural e de extensão que vão além daquilo que possa imaginar a sua vã filosofia. 
Existe uma sub-Reitoria que se denomina de Extensão e Cultura. Internamente, chamamos de SR-3. Nela estão contidos o CTE; o Departamento Cultural;  O Departamento de Extensão; e a Universidade Aberta da Terceira Idade. Cada um deles é responsável em gerir aquilo que a UERJ devolve à sociedade do Estado do Rio de Janeiro em forma de cultura e desenvolvimento social.
CTE
“Suas principais atividades são: produção de vídeos educativos, científicos e culturais; produção de programas de tv; produção de programas de rádio; gravações em vídeo de atividades institucionais; webrádio e webtv; videoteca; cursos na área de produção de tv e vídeo e vídeo-conferência”. Acesse o site do CTE e confira seus Produtos: programas de TV, Web Rádio, Web TV, Vídeos e Serviços: gravação em áudio e vídeo, produção de vinheta para rádio e tv, vídeo conferência, produção e distribuição de vídeos, videoteca. Esses, muitas vezes desconhecidos do grande público do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, os Projetos: Banco de Imagem, Memória Uerj em Vídeo, Radio UERJ online, Videoteca Cidadania e Direitos Humanos, Pró-Ilha Videoteca Intinerante.
Departamento Cultural
O Departamento Cultural é responsável pelos seguintes espaços: Centro Cultural (internamente chamado de prédio dos alunos), o Teatro Odylo Costa,filho, a Galeria Cândido Portinari, a Concha Acústica, Ecomuseu Ilha Grande. 
Teatro Odylo Costa, filho
“O Teatro Odylo Costa, filho foi criado pela resolução 486/79, na gestão do reitor Caio Tácito. O término das obras e a abertura oficial ocorreram em 28 de julho de 1997, na gestão do reitor Antonio Celso Alves Pereira. Sua capacidade é de 1.106 espectadores. Tem projeto arquitetônico de Luiz Paulo Conde e Flávio Marinho Rego. Projeto acústico de Roberto Thompson Motta e projeto cênico de Fernando Pamplona. Trata-se de um espaço com acústica privilegiada e palco com excelentes dimensões, com visibilidade perfeita de qualquer lugar da plateia, além de apresentar muitas outras qualidades técnicas que o tornam um dos melhores espaços cênicos do Rio de Janeiro. Ao longo dos anos, em seu palco, se apresentaram grandes nomes do teatro, da música e da dança. O Teatro Odylo Costa, filho, em 2010, passou a abrigar a Orquestra Sinfônica Brasileira que ali realiza ensaios e apresentações abertas ao público”.
Galeria Cândido Portinari
Galeria Cândido Portinari. “Situada em espaço privilegiado, numa das entradas principais da UERJ, a Galeria Candido Portinari possui em seu histórico exposições de relevo para o campo das artes e da cultura do Rio de Janeiro. Por ela já passaram obras de artistas como Emiliano Di Cavalcanti (1992), Nazareth Costa (1996), Fayga Ostrower (1997), Cristina Salgado (1998), Malu Fatoreli (1998), Livia Flores (1999), Leila Danziger (1999), Sebastião Salgado (2000) e muitos outros. Conforme sua linha curatorial atual, na Galeria são realizadas: mostras de artistas contemporâneos reconhecidos pela crítica por sua contribuição à produção cultural; mostras de coleções institucionais e particulares de relevo para a produção do saber acadêmico sobre arte e cultura; exposições que reflitam sobre a história da arte e da cultura no Brasil, integradas às atividades universitárias. A galeria possui sistema de refrigeração, sistema de iluminação e sistema de som. O sistema de monitoramento / acompanhamento das exposições é feito por alunos de diferentes áreas, integrantes do Programa Bolsa Cultura”. 
Concha Acústica
“A Concha Acústica possui palco coberto e plateia sem cobertura, com assentos para 2000 espectadores. Conta com dois camarins com capacidade para 10 pessoas cada, duas coxias laterais de apoio com capacidade para 30 pessoas cada, cinco varas fixas tubulares (1,5 polegadas) com capacidade para 300 kg cada. Conta também com dois projetores de filmes 35mm de fabricação alemã, tela de projeção corrediça em trilhos, com duas caixas de som, uma coiadeira e dois rebobinadores de filmes de 16 e 35 mm em bom estado de conservação e poucas horas de utilização”. 
Centro Cultural
No Centro Cultural estão localizados o Ateliê de Cerâmicas, o Centro de Referência do Carnaval, a Galeria Gustavo Schnoor, a Midiateca, Musikfabrik, Teatro Noel Rosa, e dois salões.
Ecomuseu Ilha Grande
“O Ecomuseu Ilha Grande tem como um de seus principais objetivos o desenvolvimento de ações e atividades de pesquisa voltadas à preservação e difusão de conhecimentos relacionados ao meio ambiente, à história e à vida sociocultural da ilha. Local reconhecido pela beleza e riqueza naturais, a Ilha Grande, no litoral sul fluminense, possui um total de 87% de sua área preservada por legislação específica. Com área total de 193 km², é a terceira maior ilha oceânica do Brasil, com fauna e flora nativas da Mata Atlântica, rica vida marinha e relevo acidentado e montanhoso, dentre outras características. Sua história é também fortemente marcada pela presença de sistemas prisionais que ali vigoraram por cem anos (1884-1994). Com a desativação das instalações carcerárias, o turismo se tornou a base da economia local, recebendo cerca de 120 mil visitantes por ano. Considerada patrimônio ambiental, cultural e histórico, a Ilha Grande é um dos pontos turísticos mais importantes do Estado do Rio de Janeiro, atraindo visitantes nacionais e estrangeiros que buscam os seus rios paradisíacos, praias, cachoeiras, enseadas, trilhas, natureza e tradicionais vilas de pescadores, repletas de especificidades e memórias locais. O Ecomuseu Ilha Grande, vinculado ao Departamento Cultural da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ, possui quatro núcleos básicos – Centro Multimídia, Museu do Cárcere, Museu do Meio Ambiente e Parque Botânico – que funcionam de forma integrada com o meio-ambiente e a comunidade da ilha, tendo sede em Vila Dois Rios. O acesso à área é comumente feito pela trilha Abraão – Dois Rios, que percorre a antiga estrada do presídio e possui vista privilegiada. O trajeto montanhoso possui cerca de 11km, com tempo médio de 2h30 a 3h de caminhada. O museu oferece transporte para grupos de até 20 pessoas, prioridade para escolas públicas e terceira idade, mediante prévio agendamento. Abrange: Centro Multimídia, Museu do Cárcere, Museu do Meio Ambiente, Parque Botânico. Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 16h (incluindo feriados, exceto 1/1 e 25/12).
UnATI-UERJ
A Universidade Aberta da Terceira Idade-UnATI.Uerj iniciou suas atividades em 25 de Agosto de 1993, com um programa destinado à população com idade mínima de 60 anos, sendo as suas atividades inteiramente gratuitas. Este programa visa contribuir para a melhoria dos níveis de saúde físico-mental e social das pessoas idosas, utilizando as possibilidades existentes na instituição universitária.
Seguindo o seu objetivo único de ser um Centro de ensino, pesquisa, extensão, estudos, debates e assistência voltados para questões inerentes ao envelhecimento da nossa população, e formar recursos humanos Especialistas nas áreas de Geriatria e Gerontologia a UnATI.Uerj estruturada em uma Micro Universidade Temática vem contribuindo para a transformação do pensar da sociedade brasileira sobre os seus idosos.
A UnATI.Uerj conta com uma Coordenação de Projetos de Ensino estruturada em um Centro de Convivência para idosos que oferece cerca de 50 Cursos/Oficinas livres por ano administrados por uma Coordenação Pedagógica, além de inúmeras atividades abertas como conferências, seminários, fóruns, workshops, palestras, encontros, grupos de estudos, rodas da saúde, aulas abertas, exposições, comemorações, festas temáticas, etc, promovidas pela Coordenação de Eventos Educativos e Socioculturais.
Desde a sua inauguração, o núcleo tem sido muito procurado pela população idosa, que chega em busca de um espaço onde possam atualizar seus conhecimentos e ampliar suas redes de relações, e cabe a Secretaria Acadêmica da UnATI.Uerj administrar esta demanda.
Conta também com uma Coordenação de Projetos de Extensão que desenvolve atividades multidisciplinares, envolvendo projetos vinculados às unidades de ensino da Uerj, que buscam estes espaços para treinamento de alunos e desenvolvimento de pesquisas; e uma Coordenação de Projetos de Pesquisa que tem estudos aprofundados sobre as questões do envelhecimento humano no país e no mundo.
Nesta coordenação encontra-se o Centro de Referência e Documentação Sobre o Envelhecimento que tem como objetivo suprir, de forma abrangente, as necessidades de pesquisa e disseminação de trabalhos nas áreas de geriatria e gerontologia, oferecendo a pesquisadores, pós-graduandos e demais estudiosos, produtos e serviços que auxiliem no aprimoramento do conhecimento e na realização de projetos de pesquisa.
Na linha da assistência à saúde, a UnATI-Uerj conta com dois ambulatórios – O Núcleo de Atenção ao Idoso (Nai) e o Serviço de Cuidado Integral a Pessoa Idosa (Cipi), integrados ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), e a Policlínica Piquet Carneiro que atendem idosos.
Abordando teoria e prática, através de debates e trocas de experiências institucionais e profissionais, de uma ação multidisciplinar, e de uma completa visão do idoso como ser humano integral a UnATI-Uerj, em parceria com a Faculdade de Medicina, oferece um Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Geriatria e Gerontologia, Mestrado e Doutorado, além de cursos de extensão e residência nas áreas de medicina, enfermagem, nutrição, fisioterapia, psicologia e serviço social.
Portanto, nestes 22 anos de existência a UnATI-Uerj reflete sua competência nos meios acadêmico e comunitário como o espaço que melhor espelha os assuntos referentes à geriatria e gerontologia, pois consegue a interação do tripé ensino, extensão e pesquisa.
Departamento de Extensão
“O Departamento de Extensão coordena e supervisiona as ações de extensão classificadas em Programas, Projetos, Cursos e Eventos desenvolvidos pelas unidades acadêmicas e administrativas da UERJ”.
Acesse http://www.sr3.uerj.br/ e conheça toda a vida cultural da UERJ. Esse patrimônio está sendo ameaçado pelo sucateamento da Universidade. Defenda esse patrimônio.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

“Buscai antes de tudo o reino de Deus e a sua justiça, e o resto vos darão por acréscimo” (Mt. 6,33)

A justiça é um valor a ser conquistado. Mulheres e homens, em todos os momentos da história, estão sempre envolvidos à procura da justiça.
Filosofias políticas. Pensamentos sociológicos. Esquemas religiosos. Todos buscam entender as relações sociais da humanidade. Muitas vezes, fazer justiça é dar oportunidades a todos de terem as mesmas coisas. Para outros, justiça é valorizar o que cada um pode oferecer ao conjunto da sociedade. Há os que entendem justiça como valorização das conquistas individuais.
O título desse texto é uma frase de Jesus Cristo. Associa justiça ao Reino de Deus. E o Reino de Deus é um lugar onde qualquer pessoa pode entrar. Entretanto, é preciso algumas ações para isso. Dentre elas, preocupar-se em amenizar o sofrimento alheio: fome, sede, doença, privação da liberdade, ausência de moradia. Todos os que se voltam para o sofrimento alheio compartilham da justiça divina. Além disso, ouvimos “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.
Quem vive a experiência da justiça divina deve sair de si. Não deve ficar apenas na lei, mas ir adiante. “Se a vossa justiça não superar a dos letrados e fariseus, não entrareis no reino de Deus” (Mt. 5,20). A justiça divina é sentir as dores dos que sofrem. 
Justiça, para Deus, é defender o direito daqueles que estão privados dele. É não caçoar dos pobres. “Quem caçoa do pobre ofende o Criador dele, quem se alegra com a desgraça não ficará impune” (Pv 17,5).
A justiça do reino de Deus consiste em paz e alegria. Ninguém participa da luta, o tempo todo, sem alegria, sem esperança, sem vontade de ver a alegria no rosto do outro. Pois, “o reinado de Deus (...) consiste na justiça, na paz e na alegria do Espírito Santo. Quem serve assim o Messias, agrada a Deus e é estimado pelos homens. Assim, pois, procuremos o que favorece a paz mútua e é construtivo” (Rm. 14,17-19).
Para sermos portadores da paz e da justiça, devemos viver aquilo que nos impulsiona a andar para frente: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, modéstia, autodomínio. Devemos abandonar sentimentos que nos destroem: devassidão, idolatria, inimizades, rixas, inveja, cólera, ambição, discórdias, facções, ciúmes. 
O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium, diz que “a paz social não pode ser entendida como ausência de violência”. E acrescenta, “as reivindicações sociais, que tem a ver com a distribuição de renda, inclusão social dos pobres e dos direitos humanos não podem ser sufocados com o pretexto de construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma minoria feliz”. E finaliza, “a dignidade da pessoa humana e o bem comum estão por cima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios. Quando estes valores são afetados, é necessária uma voz profética”.
A experiência de quem luta pela paz e pela justiça social, transforma-se em força quando é pensada para os outros, assim, “o resto vos darão por acréscimo”. Pois, tudo que quereis que vos façam, fazei aos outros também. Assim, uma luta por justiça não pode estar associada a benefícios pessoais, mas a conquistas sociais, para todos e para todas.
A mudança só vem pela união, unidade de sentimentos. Vem para luta! Vem pra rua! A conquista e a vitória nos aguardam. Tendes fé! Tendes coragem!
Parafraseando o Papa Francisco, digo que é perigoso e prejudicial habituar-se ao que nos leva a perder a maravilha, a fascinação, o entusiasmo da fraternidade e da justiça.

TRAGÉDIA, DESCASO OU PROJETO DE PAÍS? (Reimont Ottoni))

Tenho ouvido muitas coisas sobre os massacres nos presídios. O nível de desumanização, nesses locais, é alarmante. Deveriam ser espaços de ressocialização e de caminhos para a reinserção na sociedade, como nos pede, não só a luta pelos Direitos Humanos, mas, muitos humanistas, como o Papa Francisco.
Nos horroriza as informações recebidas nas trocas de correspondência, entre a governadora de Roraima e o governo golpista do Sr. Michel Temer. Ela pede ajuda federal, explicita e oficialmente; o ministro da Justiça nega, também oficialmente, mas vem a publico dizer, descaradamente, não ter sido acionado.
Os membros do governo ilegítimo não conseguem expressar sequer uma emoção. São frios em suas respostas, tratam o episódio com espantosa indiferença. De vez em quando, aparece um sincericida que diz ter sido bom o massacre, porque bandido bom é bandido morto. Estamos nas mãos de uma gente sem compaixão ... e, eu não consigo conceber qualquer atividade política sem compaixão, sem humanidade, sem respeito à dor alheia.
Mas não quero me dirigir a esses homens “fortes e destemidos” e machistas e cheios de razão do desgoverno. 
Quero me dirigir a homens e mulheres sensíveis, que ainda choram, se emocionam e se compadecem das histórias humanas...
Aos que ainda acreditam nas pessoas...
Aos que compreendem que residem nas desigualdades as mazelas da sociedade...
Aos que acreditam no projeto de Jesus de Nazaré de vida plena para todas as pessoas...
Aos que se levantam todos os dias com a destemida obstinação de construir uma sociedade mais justa e igualitária...
Caso não tivesse as oportunidades que teve na vida, você seria o que é, faria o que faz, viveria como vive? 
Passei por um homem de minha idade deitado numa praça do centro do Rio e me perguntei: por que ele e não eu?
Por que aqueles quase 100 morreram nas rebeliões e não eu? Muitos dirão: porque eram criminosos e você, não. 
Esta resposta não basta. 
Quando os privilégios estão à frente dos direitos, condenamos muita gente que poderia ser luz para a sociedade, mas que, ao invés disso,  “torna-se o seu terror”.
Não podemos aceitar que aqueles irmãos nossos, mortos nos presídios, mereciam tal morte. Ninguém merece.
Alguns me dirão: mas são criminosos. E isso nos dá o direito de nos igualarmos a eles na prática do crime?
Aos que reclamam que temos outros problemas, que os aposentados são desrespeitados, que a escola pública não está a contento, que a saúde não atende corretamente as pessoas, digo que temos acordo total. Isso, no entanto, não inviabiliza a nossa luta pelos direitos humanos de todas as pessoas.
As mães e os filhos dos que morreram violentamente nas últimas rebeliões sofrem a dor que não podemos mensurar.
A luta dos direitos humanos vem ao encontro de todo homem e toda mulher e se faz presente na busca da educação de qualidade, da saúde, da previdência e de todos os direitos sociais, humanos.
Existe uma clara intenção de “limpeza social”, de “gentrificação”, de “higienização”, de “perseguição aos pobres”. Com isso, não temos acordo.
Você sabe quantos deles eram pobres, negros e moradores de favelas, desprovidos dos direitos básicos de todo ser humano? Pense uma vez: “por que eles e não eu”.
Reimont Ottoni (Vereador na Cidade do Rio de Janeiro)

domingo, 8 de janeiro de 2017

“Nós vimos a sua estrela, e viemos adorá-lo” (Mt. 2,2c)


Estamos tendo uma forte batalha física e espiritual. Parecemos até o povo da primeira aliança. O povo hebreu no deserto, enfrentando os outros povos. Somente Deus, o "emanu - el" (emanu=conosco; el=Deus), caminha conosco.                       
Hoje celebramos a Solenidade da Epifania. Ou seja, a manifestação de Jesus, ainda recém-nascido, a todos os povos da humanidade; neste caso, representado pelos magos.                       
Na fragilidade de uma criança está contida toda a salvação e esperança da humanidade. Esperança porque esperavam o grande dia da vinda do Senhor. Libertação porque a humanidade já se precipitava no inferno (meditação da encarnação proposta por Inácio de Loyola nos Exercício Espirituais).                       
Espiritualmente, vivemos dias de "guerra", de "confronto", de "batalha" contra o mau; contra aquele que quer destruir a raça humana. E, ao mesmo tempo, vemos na criança que nasce uma possibilidade de vida nova; de soerguimento dos abatidos; de vitalidade para os desanimados; de esperança para os desesperançados. De vida para os mortos. De libertação para os cativos. De luz para os que andam na escuridão.
A manifestação de Jesus, através de sua vida e pregação (Evangelho) nos traz a certeza de que estamos inseridos no mesmo corpo dos filhos e filhas de Deus. Em Jesus não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, rico ou pobre. Em Jesus, participamos da mesma herança libertadora de Deus.
Hoje, Deus se manifesta em várias situações da vida real. Deus se manifesta naqueles que defendem a vida, em qualquer circunstância. Do nascimento ao fim. Deus se manifesta naqueles que não admitem assassinatos, pena de morte, aborto, massacres. Deus se manifesta naqueles que promovem a paz; Deus se manifesta naqueles que consolam os aflitos; Deus se manifesta nos despossuídos; Deus se manifesta nos que são perseguidos por causa da justiça. Deus se manifesta nos que alimentam os famintos; Deus se manifesta nos que vestem os nus; Deus se manifesta nos que dão água aos sedentos; Deus se manifesta nos que consolam os doentes e encarcerados. Deus se manifesta nos que lutam por moradia aos desabrigados. Deus se manifesta na solidariedade humana.
Ao oferecermos ouro, incenso e mirra, oferecemos nossas riquezas, materiais e espirituais. Nosso ouro, incenso e mirra são nossas Obras de Misericórdia Espiritual e Material. Ao ofertamos ao próximo o conforte para uma vida digna, estamos manifestando Deus na vida destas pessoas. “Eu vos asseguro, o que fizestes a um desses meus irmãos menores, a mim o fizestes” (Mt. 25,40). A solidariedade divina supera o sentimento humano, pois completamos em nossa vida os sofrimentos que faltaram a Cristo (Col 1,24).
Sejamos reflexo dessa luz que iluminou o caminho dos magos. Sejamos o brilho da luz que nos ilumina, na vida dos outros.

Hoje celebramos a luz que brilhou no oriente. Hoje celebramos o brilho da estrela que ilumina nossas vidas. Hoje celebramos a manifestação da vida em nossas vidas. Amém!