sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Compromisso Social

Sou católico apostólico romano. Creio em Deus Pai todo Poderoso. Creio em Jesus Cristo, único filho de Deus. Gerado e não criado. Creio no Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, e que santifica todas as coisas. Creio na Igreja, una, Santa, católica e apostólica. Confesso um batismo para a remissão dos pecados. Creio que Maria, virgem, concebeu pela ação do Espírito Santo, e deu à luz, Jesus Cristo, que sofreu a paixão, morreu, ressuscitou e está vivo no meio de nós. Creio na comunhão dos santos. Creio na ressurreição. Na vida eterna.
Creio que Jesus se faz presente na Eucaristia. Creio nos sinais deixados por Jesus para a concretização do plano de salvação. Creio que Maria, nossa Senhora, mãe de Jesus, é co-redentora. E que foi concebida imaculada. Que foi assunta aos céus.
Minha fé se baseia na Sagrada Escritura, no Magistério da Igreja, e na Tradição apostólica.
Jesus Cristo disse, tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era preso e fostes me visitar, estava doente e fostes me ver, estava sem roupa e me vestistes, era peregrino e me acolhestes. Além disso, sempre questionou as autoridades de seu tempo com sua ação misericordiosa. Em sua pregação afirmou, não são os sãos que precisam de médico, e sim os doentes; eu não vim para os justos mas para os pecadores. E acrescentou, eu quero misericórdia e não sacrifício. Comia com pecadores. Acolhia prostitutas. Tocou e curou leprosos. Caminhou com aqueles que eram excluídos da sociedade.
Dentre seus apóstolos havia gente de tudo que era condição: zelota, publicano, pescador, incrédulo, temerosos. Mas todos fizeram uma experiência do poder de Jesus. Poder espiritual, expulsava demônios, e poder temporal, curava doentes físicos. Jesus é Deus.
Toda minha fé me leva a olhar para as relações sociais com um olhar diferenciado da exclusão. Jesus, em sua prática, nunca excluiu ninguém. As pessoas mesmas se excluíam.
Eivado dessa carga religiosa, declaro meu voto em Marcelo Freixo 50. Esse voto é um voto pela luta daqueles que tombaram defendendo a vida dos mais pobres. Aqueles que deram voz aos excluídos e marginalizados de nossa sociedade. Ao votar em Freixo50 continuo a luta pela Educação Pública e de Qualidade. Pela Saúde Pública de Qualidade, com acesso aos mais modernos e complexos tratamentos financiados pelo poder público. Por uma cidade onde a mobilidade seja prioridade para a população trabalhadora, que não defende o interesse dos donos das empresas de transporte. Por uma cidade que valorize toda a forma de expressão cultural. Por uma cidade aberta a todas as manifestações religiosas, independentemente do credo que professem. Por uma cidade que valorize a infância, as mulheres. Que deem dignidade aos excluídos, aos pobres. Que todos possam viver com dignidade de seu próprio trabalho sem se venderem para os poderosos (aliás, a mãe de Jesus disse, “derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes”). 
João de Deus.

Em trinta de outubro voto Freixo50.

domingo, 23 de outubro de 2016

"este último voltou para casa justificado"

(Lc.18,9-14) Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda.’ O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’ Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.”

Estamos diante de uma das passagens que nos faz olharmos para nós mesmos e pensarmos, "minha relação com Deus baseia-se nas leis, ou na experiência da misericórdia divina"? Onde está a verdadeira religião, ou seja, onde colocamos nossa vivência religiosa, nos preceitos ou na relação amorosa que Jesus revela de Deus?
Se menosprezar as práticas, Jesus faz uma sátira (cf. Bíblia do Peregrino. Paulus Editora. página 2515, comentário) com a situação religiosa daqueles que se colocam diante de Deus. Existem duas posturas, a de quem faz o que manda a lei, o que determinam os preceitos, o que se pode ou não pode. Do outro lado, estão aqueles que sabem que são pecadores, que estão doentes, que, aparentemente, sabem que não deveriam se colocar diante de Deus. Entretanto, este último sabia que precisava da misericórdia divina. Que era desprezado pelo povo, mas Deus, que ele identificava como pai, o que queria por perto.
O fariseu, cioso da lei, cumpridor da lei, vangloria-se de suas práticas. É quase um Deus, perfeitíssimo. Cumpre tudo o que se manda na lei. Paga o dízimo, não é injusto, não comete adultério, não é ladrão. E além disso, jejua duas vezes por semana, quer dizer, faz mais do que manda a lei.
Ao dizer que pagava o dízimo do que possuía, diferencia-se do publicano. Estes eram tidos como pecadores porque trabalhavam cobrando os impostos para Roma, e por isso, exigiam mais do que o necessário. E não recolhiam o que determinava a lei. O pecado do publicano, roubar, era considerado injusto. Ao exigir mais do que necessário não agia com misericórdia. Adultério, a princípio está relacionado à relação sexual de um pessoa casada com outra não casada (ou casada). Entretanto, ao se alterar qualquer valor na cobrança de impostos estava-se adulterando também. Então o fariseu quer dizer que ele é melhor do que o publicano, pois não adultera nem a lei.
Para se justificar diante de Deus, o fariseu lista todas as boas obras que a lei mandava praticar. Pensava consigo que se tudo isso fizesse, estaria bem com Deus. Inchava-se de orgulho por ser diferente daquele publicano. Achava-se melhor do que ele.
Eis a primeira meditação: ajo assim?
Então, o publicano, sabendo-se menor diante de Deus, e não fazendo-se quase igual a Deus, bate no peito, ação de humildade e de humilhação. Reconhece-se pecador. Não merecedor de estar na presença divina. Não é santo. Não vive uma vida virtuosa de acordo com a lei. Mas sabe-se pecador, e necessitado da misericórdia divina.
Sem muitas palavras, o publicano não fez uma lista de suas virtudes. Mas, ao reconhecer-se pecador, atingiu o coração de Deus, pois assim pediu ao senhor misericórdia. 
Jesus afirma que este voltou justificado. 
Assim escreveu padre Adroaldo Palaoro: "Nesta parábola, Jesus revela também um Deus desprovido de dogmatismos, de controle e de poder. O Deus de Jesus não é um juiz com um catálogo de leis que tem necessidade de mandar, impor, verificar. Basta-lhe a misericórdia, a compaixão. A misericórdia torna o Deus de Jesus acessível a tudo que é imperfeito, limitado, humano. A misericórdia constitui a resposta à indigência do ser humano. Ela oferece a possibilidade de pôr de lado o julgamento e a condenação. O passado de erros e fracassos é substituído pelo presente de aceitação e perdão. Onde não há misericórdia, não há sequer esperança para o ser humano. A misericórdia é a resposta de Deus ao delírio do ser humano de querer ser perfeito; é a única força capaz de deter o ser humano naquele processo de auto-divinização, própria do fariseu. Jesus propõe um modo de ser humano inseparável da misericórdia do Pai: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc. 6,36)
Ser misericordioso “como” Deus constitui o mais elevado convite e a mensagem mais profunda que o ser humano recebe sobre como tratar a si mesmo e aos outros.

sábado, 15 de outubro de 2016

"Toda escritura é inspirada por Deus..."

Nossa liturgia desse domingo, 16/10/2016, está baseada em três leituras: Ex.17,8-3; 2Tm.3,14-4,2; Lc.18,1-8. Bem oportunas para o momento em estamos vivendo em nosso país.
Inicialmente, vemos os hebreus em guerra com os amalecitas. Um fato nos salta aos olhos, a posição de Moisés em relação à luta. Duas figuras se destacam, Moisés e Josué. Percebemos o quanto era a organização do povo israelita. Josué era o comandante dos homens de batalha. Moisés o homem da oração e do contato com Deus. Os dois trabalhavam em conjunto. Um confiava no outro.
Num determinado ponto da narrativa aparecem Araão e Ur, dois ajudantes de Moisés. Percebemos que nem para guerra, nem para a oração, deve-se estar sozinho. Na hora da batalha, seja ela física ou espiritual, a força da comunidade é fundamental. Cada um no seu campo.
Entretanto, a batalha física estava intimamente ligada a batalha espiritual. "Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel  vencia". A força daqueles guerreiros estava nas mãos de Moisés, e na sua confiança em Deus. Mas, braços e mãos iam cansando. A posição não era a das mais confortáveis. Era necessária a ajuda dos outros dois, Araão e Ur. Eles sustentavam os braços de Moisés. Ajudavam na sustentação da oração. Moisés conduzia a batalha espiritual,Josué a batalha física. Percebemos, inicialmente, que as batalhas nos dia-a-dia, as pequenas lutas que vamos travando, seja no plano físico ou espiritual dependem da nossas orações e das orações da comunidade.
No Evangelho de Lucas temos a clássica cena da mulher que interpela um juiz iníquo. Um juiz não temente a Deus (parece o nosso país nos dias de hoje). Mas aquela mulher tinha uma característica, era persistente. Persistente no pedido; tal como Moisés que foi persistente na sustentação da batalha. Assim somos convidados a sermos persistentes. Nenhum mal, nenhuma "não", nenhuma perda momentânea pode tirar nossos sossego. Nossos direitos são conquistados no grito, na persistência, com a boca. A mulher do evangelho nos ensina que diante de Deus, ou dos poderosos desse mundo, devemos ser persistentes nas nossas reivindicações. Não cansar jamais.
E por último, é a palavra de Deus que é fonte de toda nossa luta. A escritura é "útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, e para educar na justiça. Todo e toda aquele e aquela que persevera na Palavra de Deus e na oração está apto e qualificado "para toda boa obra".
É a Palavra que nos anima a estarmos sempre atentos às necessidades dos mais pobres, dos sofredores, dos perseguidos por causa do Reino. Paulo, falando a Timóteo, diz: "proclamava a palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com paciência e doutrina".
Se Moisés não tivesse diante de si a Palavra de Deus; se não Moisés não tivesse exortado a Josué, Araão e Ur, se ele mesmo não tivesse deixado se tocar pela palavra de Deus, a vitória não teria chegado.
Portanto, orar, insistir, e viver a Palavra de Deus são três ações que nos fazem vencedores e vencedoras. 
Oremos: Deus eterno e todo poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

"O dragão começou a perseguir..."

Assim está escrito no livro do Apocalipse (12,13a). Vendo essa imagem, perguntamos, que dragão é esse? O que simboliza do dragão? Porque João traz essa imagem?
A princípio, o dragão representa o mal. Tudo e todos que são contrários à vontade de Deus. Que não deixam o reino de Deus se concretizar. Ou que nos impedem de viver e praticar a justiça.
O dragão rouba a dignidade dos filhos e filhas de Deus. O dragão rouba garantias sociais. O dragão que rouba salário, direito previdenciário. O dragão que persegue. Que corta investimentos sociais. Que rouba a nossa fé. Que rouba a esperança. Que rouba a paz. O dragão fica a espreita para roubar, matar, devorar tudo o que possa ir contra ele.
Maria sempre esta atenta às necessidades dos seus amigos. Na festa das Bodas de Caná, ela não está sentada a mesa como uma conviva. Ele está atenta a tudo o que está acontecendo na festa. Ele circula por todos os ambientes da casa. Tem intimidade na casa. É ouvida pelos empregados. Sua palavra é uma ordem. Tem a liberdade de tomar decisões.
Vendo que o vinho viria a faltar, ela intervem junto ao filho dizendo, "eles não tem mais vinho". Que cena linda. Indo além das aparências, vemos ela intercedendo junto ao Filho. Poderíamos imaginar ela falando, 'eles estão perdendo a fé; estão sem rumo, a velha bebida chegou ao fim; é preciso um vinho novo, uma vida nova, uma palavra de esperança e de fé'. Jesus, então, ouvindo e vendo a apreensão de sua mãe, age. Percebamos que participam desse milagre, Jesus, Maria e os empregados. O meste sala e o noivo não sabem o que está acontecendo. Estão fora da cena.
Um detalhe, são seiscentos litros de água. Não é pouca coisa. Dá-se o milagre. Os empregos tiram água da talha. Levam água. Mas o que vai ser colocado no cálice é o vinho. Vinho novo. Da nova e eterna aliança. O vinho que será derramado para a remissão dos nossos pecados. O sangue do próprio senhor. A transformação se dá na caminhada. A mudança se dá na vida. Através das mãos dos pobres. dos serviçais, e não passa pela mesa dos convivas. Os que testemunham o milagre são os que estão a margem da festa.
Ao celebrarmos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, lembremos de todos os pobres, dos indigentes, dos desempregados, dos sem esperança, dos tristes, dos famintos, dos sedentos dos encarcerados, dos sem terra teto, dos sem teto, dos que são vilipendiados em seus direitos sociais e trabalhistas. Dos idosos que não são tratados com dignidade. Dos que tem suas aposentadorias roubadas.
Volvemos nosso olhar para os pobres desse nosso país. Assim, digamos, Ó Deus, "alimentados com o corpo e o sangue de vosso Filho, nós vos suplicamos, dai ao vosso povo, sob o olhar de nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!"

"Viva a mãe de Deus e nossa"!

Hoje celebramos a solenidade da padroeira do Brasil, nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Elevada a padroeira do Brasil a 110 anos, hoje olhamos para essa pequena imagem e lembramos de sua fala, "olhou para a pequenez de sua serva, doravante as gerações hão de me chamar de bendita". És bendita entre as mulheres, ó mãe, porque soubestes ouvir a voz de Deus, e aceitastes a missão a ti anunciada. És bendita, pois soubestes ver a necessidade dos teus filhos, e interveio junto ao Filho, mesmo sabendo que não poderias intervir nos destinos divino. És bendita porque nunca deixastes de anunciar, "façam tudo o que ele lhes disser". É bendita, pois tu também fez o que lhe foi pedido pelo Pai, e deu seu "sim", o seu "faça-se". És bendita, pois em ti a promessa de um messias pode ser cumprida. És bendita, pois dentre todas as mulheres, tu fostes a escolhida. És bendita porque por causa de ti, Deus derrubou os poderosos do seu trono. És bendita, porque abriu para nós a porta que leva ao vinho novo; o vinho que restaura todo pecado, o vinho que gera vida. És bendita, pois nunca ficastes sentada na mesa dos convivas, mas preocupava-se com a festa do céu. És bendita, pois de ti nos veio o novo, rompendo com o antigo.
Ó Maria, Imaculada, Conceição, Aparecida teu povo hoje te venera. Faz descer sobre nós o Espírito Santo do Pai e do Filho, o vinho novo que nos dá a força necessária de sermos os discípulos missionários de teu Filho. Cubramos com manto cor de anil. Dai ao povo brasileiro paz constante e prosperidade completa. Favorecei-nos com os efeitos contínuos de vosso amor. Não nos deixeis cair em tentação. Ora por nós, agora e na hora da nossa morte. Amém!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

"Esta é uma geração perversa" (Lc. 11,29b)

Ao ver aquela multidão que só queria se beneficiar dos milagres dele, Jesus chama sua geração de perversa.
Os sinais acompanhariam o messias. Ele faria prodígios no meio do povo. 
Entretanto, um dos maiores feitos de Jesus não fora somente os milagres físicos. Ele queria que a multidão entendesse sua palavra, sua pregação. Não basta ter a cura física se o coração continua doente. Não basta a cura física se as relações sociais ainda são de dominação e exclusão. A cura física serve para se colocar a caminho, em missão, para nos tornarmos discípulos missionários. 
O mundo foi feito pela palavra, "e Deus disse, faça-se... e foi feito". É a palavra que muda, que converte.
E mais uma vez, Jesus dá o exemplo com os estrangeiros. Os que não estavam na comunhão judaica, a Rainha de Sá, e o povo de Nínive. Apesar de a palavra vir do povo da aliança, ela é universal, cabe para todos os que querem ouvir. 
Diz São Paulo aos romanos, citando o livro do Deuteronômio, "a palavra esta perto de ti, em trua boca e em teu coração" (Rm 8,8). 
Sendo assim, é a palavra que cura, que salva que liberta. É a palavra que rompe muros, que constrói pontes. Que une as pessoas. Que nos faz todos irmãos sob o mesmo Pai, tendo a filiação divina através de Jesus, confirmada pelo Espírito Santo.
Bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a poem em prática. Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e praticam a justiça.
Desçamos das nossas certezas doutrinárias, e nos façamos discípulos missionário da Palavra de Deus.

domingo, 9 de outubro de 2016

"Levanta-te e vai! A tua fé te salvou"

Lucas 17,11-19 - os dez leprosos.
Nossa liturgia de hoje narra a cura dos 10 leprosos. Além da cura do Sírio Naamã (2Rs. 5,14-17).
Muitos dos pregadores destacam o agradecimento dos que foram curados. Entretanto, vou destacar outro aspecto dessas leituras, a universalidade da palavra de Deus.
Lembremos o que diz Paulo a Timóteo (2Tm 2,8-13), "a palavra de Deus não está algemada". Não se pode prender a palavra de Deus. Ela está dentro de nós. Ela faz parte de nossa vida. Aprisiona-se o corpo, mas não a fé, a palavra. Quem traz em si a palavra de Deus nunca será prisioneiro, por mais que prendam o corpo.
Naamã faz a experiência da cura pela palavra. O profeta Elizeu havia dado uma solução simples e rápida para a sua cura, levar-se sete vezes no rio Jordão. Dando crédito a palavra do profeta, Naamã se viu curado.
No evangelho, Jesus cura dez leprosos. Vejamos, os leprosos eram excluídos da convivência social e religiosa. Eram colocados a parte. Não podiam se aproximar das pessoas. Alguns andavam com uma sineta para que os outros soubessem que eram leprosos. Alimentavam-se pela caridade das pessoas que deixavam os alimentos em lugares onde passavam para pegar, sem ter contato. 
Na narrativa de hoje, com certeza, Jesus deveria estar passando por um desses lugares. Por isso o encontro com esses leprosos.
Nos chama a atenção a fala deles. Eles pedem que se tenham compaixão. Que sofra junto, ou que participe daquela situação.
O que nos salta aos olhos é que a palavra de Jesus é livre. Ela atua onde quer. Até no meio daqueles que não tem a mesma fé que a nossa. Que não estão na mesma Igreja. No mesmo grupo. Deus age onde quer, quando quer, como quer. A palavra de Deus "não está algemada". 
Nossos textos de hoje, nos impulsionam a ir ao encontro de todos. De toda crença. De todas as pessoas. Anunciar as maravilhas que o Deus de Israel e de Jesus fazem na nossa vida. Não discriminar, pois a fé, muitas vezes se revela onde se menos espera, em pessoas que não estão na mesma igreja que nós.
Prezadas e prezado, vivamos a experiência da universalidade de Deus. Façamos de nossa fé uma experiência pessoal e profunda de ir ao encontro dos excluídos e não crentes da mesma fé.
Assim, podemos orar junto com a Igreja: "Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".

terça-feira, 4 de outubro de 2016

"Maria escolheu a melhor parte, é essa não lhe será tirada"

Com essa frase o evangelista Lucas encerra a narrativa de hoje, memória de São Francisco de Assis. (Lc.10,42). 
A proposição do tema está relacionado com os nossos afazeres. Jesus é recebido em casa das irmãs Marta e Maria. A primeira, prontamente se coloca ao serviço doméstico, enquanto a outra, coloca-se em posição de quem quer ouvir o que Jesus tenha a dizer.
A cena é interessante. Existem duas posturas. A de quem serve sem ouvir, e a de quem ouve para servir.
Assim somos nós. Muitas vezes entramos num ativismo apostólico e deixamos de lado a oração, a meditação da palavra, a leitura e a direção espiritual, a confissão. 
Ao elogiar Maria por ter escolhido a melhor parte, Jesus ressalta que antes de qualquer serviço, antes de qualquer atividade pastoral, antes de se começar as atividades diárias, é importante sentar-se aos pés dele e ouvir a sua palavra. Deixar-se iluminar pelo que ele tem a dizer. Clarear o dia com a Palavra de Deus. É ela o norte de nossas ações e palavras. É ela que nos faz entender o "senões" da vida. Os hiatos que nos aparecem cotidianamente. Somente a palavra de Deus nos faz suportar as dores e sofrimentos, a falta de compreensão. É ela nos alenta para seguirmos em frente. 
"Maria escolheu a melhor parte". Aprendamos com Maria a ouvir a Palavra de Deus, para, em seguida, colocarmos em prática aquilo que ouvimos, meditamos e contemplamos.
São Francisco de Assis, rogai por nós.