domingo, 20 de março de 2016

“Dai a César o que é de Cesar; e a Deus o que é de Deus”

O contexto da frase era a pergunta se era lícito ou não pagar o imposto ao império romano, representado pelo imperador Cesar.
Esta frase sempre me intrigou. O que queria dizer Jesus com isso. Alguns afirmam que Jesus fala de que os impostos devem ser pagos. Que é lícito pagar aquilo que é impositivo por parte do poder dominante.
Entretanto, essa explicação sempre me foi vazia de sentido. Não acreditava que seria apenas isso. É uma resposta muito simplória para Jesus.
Depois de longos anos meditando essa expressão, tive a seguinte inspiração, “Quem é César?”; “Quem é Deus”?
César representa toda a opressão política e religiosa. César é tudo aquilo que tira a paz. César é a representação da tirania humana. César é aquele que nos impede de chegarmos até Deus. César é a experiência da escravidão no Egito, na Babilônia, na Pérsia. César é o demônio tentador que oferece a Jesus todos os prazeres do mundo, poder, fama, adoração. César representa as obras da carne (Gal. 5,19): imoralidade sexual, impureza, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizada, contenda, ciúmes, iras, intrigas, discórdias, facções, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. César é a personificação do egoísmo, da ausência de Deus. E Paulo disse, que “os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gal. 5,21g).
Em oposição a César temos Deus. E a Deus devemos amar sobre todas as coisas. Em Deus se dá a unidade, pois o chamamos de Pai Nosso. E em torno do Pai comum a de se conquistar o Reino de Deus. Dar a Deus significa visitar os doentes e encarcerados, alimentar os famintos, saciar a sede dos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos. É isso que devemos a Deus, a caridade, a misericórdia, a esmola. Sendo assim, aqueles que buscam fazer a vontade de Deus experimentam os frutos do espírito, que são amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio (Gal 5, 22-23). E por fim, ouviremos de Jesus, “vinde benditos do meu Pai”. Pois vós deixastes que os frutos do Espírito, impregnassem a vossa vida, e praticardes a caridade para com o próximo.
Então, dar a Deus o que é de Deus é crucificar “a carne com suas paixões e seus desejos” (Gal. 5,24). Se quisermos viver em Deu devemos “proceder de acordo com o Espírito” (Gal. 5,25). Sendo assim, “não busquemos vanglória, provocando-nos ou invejando-nos uns aos outros” (Gal 5,26). Quem age assim, está a serviço de César e não de Deus.
Lembremos que dar a Deus o que é de Deus é viver as bem-aventuranças; sendo pobre com os pobres, ter fome com os famintos, chorar com os que choram, ser perseguido pelo nome de Jesus. Isso é motivo de alegria (Lc 6,20-22), pois os que nesta vida possuem riquezas (não partilhada), os que se fartam de comida (não distribuída), os que riem dos necessitados, e os que são elogiados são aqueles que vivem ao lado de César.
Amigos e amigas, lembrem-se sempre “nosso Deus fica ao lado dos pobres, colhendo o que sobrou”. E que se a “voz dos profetas se calarem, as pedras falarão”.

Portanto, deem a Deus o que lhe é devido. Afastem-se de tudo aquilo que pode levá-los ao errôneo caminho de César.